quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 Para fechar o ano

Apenas umas linhas para fechar o ano 2020, de má memória.

A Pandemia - A Natureza tem destas coisas, mesmo que teorias da conspiração digam que o vírus foi criado em laboratório e deixado escapar pelos chineses, para derrubarem as economias ocidentais, leia-se norte americana, e dominar o planeta. Não é que eles não sejam capazes disso, mas nada de científico comprova essa teoria. Agora que grande parte da Humanidade, cada vez com menos recursos, começa a devorar tudo quanto pode ser comido, incluindo animais selvagens que não tinham até agora grandes contactos com o organismo humano , isso pode ser.

Por cá continuam as asneiras, os escândalos sucedem-se, mas lendo as "Farpas" de Eça e Ortigão, já nessa altura era assim, e prolongou-se -talvez apurando... - até hoje.

Depois dos tiros nos pés do Cabrita, Ministro da Administração Interna, uns atrás dos outros, das falhas graves na Justiça e no Ambiente ( de fazer corar um morto!!), começou em relativa paz a vacinação contra a pandemia, com prioridade para os profissionais de saúde que têm dado a cara e o corpo ao manifesto desde há um ano para cá, com verdadeira heroicidade. Pois há quem diga alarvidades destas : Rui Rio acusa : o responsável pelas mortes em Portugal é António Costa, e mesmo para quem não gosta deste, como eu, dizer alarvidades destas  só pode ser para concorrer com o Ventura do Chega. E para não ficar atrás o grande líder do CDS diz que tudo isto é só show - e dizem estas coisas com as caras deslavadas que têm.

Não deixa de ser curioso que quem se posiciona contra as medidas de confinamento e restrição de liberdades de circulação e de associação , apoiadas na ciência em todo o mundo e que em vários países da Europa são  muito mais rigorosas ainda do que por cá,  têm sido o PCP e os liberais. Tem graça, não ? O PCP deve ter receio que nestes estados de emergência acabem por ser implantadas  as "amplas liberdades" das democracias populares que eles tanto defendem... E os liberais devem querer que as liberdades absolutas arrasem a economia, abatam as camadas da população mais velhas e doentes para recomeçar a boa economia de mercado livre em que eles prosperam.  Como os opostos se encontram, hen?

O planeta e a nova sociedade pós pandemia

Começa a perder-se alguma esperança de que, passado o pico da pandemia e depois de esta ter revelado o estado de dependência, de destruição de equilíbrios naturais e de desigualdades que a globalização liberal implantou em todo o mundo nas últimas décadas, a Humanidade reagisse e começasse uma nova etapa do entendimento que o Homem faz do seu papel no planeta e das suas relações de solidariedade com todos e  em todos os lugares.  Mas a hidra liberal, e os poderosos interesses económico-financeiros libertinos começam a movimentar-se para retomarem  as suas posições. Certamente que haverá nos países mais evoluídos do Ocidente uma  boa parte das populações mais conscientes que se vão bater contra esse regresso ao ante-pandemia. Veremos de  que maneira as duas forças irão enfrentar-se. É matéria para maior reflexão,  daqui a uns dias...






quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

 O que vai pelo mundo e por cá

Por mais incrível que pareça, vivendo numa região turística portuguesa, na Europa e não num qualquer remoto lugar sub-sahariano, voltei a estar uns dias sem internet- a eficiente e "competente" Altice acha que esta zona de fim de rede, onde moram poucos habitantes ( poucos cliente) não merece investimento. Em menos de um mês sucede a mesma coisa - em Novembro estive 10 dias sem internet e  nem vou repetir as trocas de comunicação que então se deram ... Retomemos então a normalidade enquanto a rede aguenta.
1 - 250 anos - 16 de Dezembro, possivelmente, e há 250 anos, em Bona,  nasceu Beethoven, o maior génio  de todos os tempos na música, a música por sua vez mais melódica sem ser  delicodoce e viril e poderosa sem ser  ensurdecedora que já se escreveu. Torna-se quase incompreensível que a maior parte da sua obra, nomeadamente as grandes Sinfonias tenha sido escrita quando já estava surdo, A maravilhosa e empolgante 9ª Sinfonia!- Beethoven nunca a terá ouvido,  a surdez já era quase total.
Quer dizer que a música, as ligações entre instrumentos, a gradação, os timbres, a melodia, tudo isso estava dentro daquele cérebro.
Custa a entender que a chamada música erudita, composta na sua grande maioria na Europa, não seja considerada uma música universal e haja civilizações e culturas, nomeadamente as muçulmanas, que não a cultivam pois tudo o que não seja musica de louvor divino não tem valor para a alma humana. Coisas destas espantam-me, não percebo, até porque há indivíduos árabes ou iranianos, chineses e japoneses, que se tornaram grandes intérpretes e rivalizam com os melhores ocidentais - mas os regimes e as religiões como que boicotam a extensão dessa maravilhosa arte aos seus povos, é  uma tristeza! Eu já passei horas no interior de mosteiros budistas  no Tibet ou no Butão, ouvindo os mantras e as músicas monocórdicas  que forçam a uma introspecção, quais drogas que nos ministram, e é bom - mas toda a vida a ouvir aquilo ? No interior das mesquitas de vários países já tenho estado nos períodos de oração e ouvido uns zumbido musicais  que servem naquele momento, mas mais nada depois... Como é que se pode viver uma vida intelectualmente rica sem ter, pelo menos de vez em quando, umas sessões de boa música de Bach, de Haydn, de Mozart, de  Shubert, de Chopin, ou de Méssian - ou de Beethoven? Somos capazes de imaginar estarmos por cá a ouvir apenas o cantochão ( que é muito bonito) e  as orações musicadas das igrejas cristãs?  Como a inteligência é igualmente universal entre todos os seres humanos de todos os povos e culturas, uma das questões com que me interrogo muitas vezes é porquê a arte fica tão limitada nesses povos e nessas religiões que são autenticamente castradoras da personalidade dos seres humanos - até porque, como já disse, dessas mesmas partes da humanidade saem grandes intérpretes das chamadas artes ocidentais. Não me venham com a história do eurocentrismo e da supremacia racista branca, se o ocidente europeu se desenvolveu mais neste sentido é porque houve alguma razão para isso - nada tem a ver com supremacia cultural, antes certamente económica que mais depressa se generalizou a todo o mundo. Estamos agora a assistir ao expansionismo chinês mas se quisermos ser bons observadores veremos que eles o que fazem é servir-se habilmente dos valores ocidentais e pouco nos transmitem dos seus valores próprios, para além dos dragões  nas danças rituais... Onde já vou só porque celebro hoje os 250 anos de Beethoven!

 Na minha pequena sala de estar, que é assim por decisão própria e por  apreciar o intimismo das pequenas velhas casas rurais,  existem 3 retratos ( eu que não sou muito dado a heróis) : um busto do Eça de Queirós ( como um Eça faz hoje falta neste jardim à beira mar mal plantado!), uma fotografia do Fernando Pessoa (com quem a alma humana atinge uma espécie de estratosfera) e um retrato ( por sinal de má qualidade) de Beethoven. 

O "Concerto para violino e orquestra" é  sublime, se alguém não conhece faça o favor de tentar ouvir e deixe-se extasiar.


2- 120 anos
Eça de Queiroz - está a chegar ao fim o ano em que comemoram os 120 do seu falecimento e seja pela pandemia, seja pela habitual inércia cultural e intelectual portuguesa para além do que seja o pequeno diz-que-diz  quotidiano, quase passou despercebida esta comemoração. Agora querem transladar os restos mortais para o Panteão . Vá lá, apressem-se porque o ano está a chegar ao fim...

3 - O Estado criminoso 

A morte do ucraniano, assassinado às mãos de tres agentes policiais do SEF, em instalações do aeroporto de Lisboa, é um crime  perpetrado pelo Estado português, por agentes do Estado, actuando em nome do Estado que se torna assim um Estado criminoso.
A gente pasma como é possível que isto aconteça e que só agora, nove meses depois, porque saltou para as primeiras páginas, vem o Governo bradar aos céus que uma coisa destas não podia ter acontecido. E o próprio MAI a dizer que não há indícios de outros crimes destes terem acontecido porque os inquéritos nunca assinalaram mortes ilegais. Mas estão a fazer de nós parvos ou quê? Então o primeiro relatório do incidente da morte deste ucraniano não diz também que tinha sido uma morte acidental? O investigador chefe olhou para o vídeo gravado na altura, falou com os tres energúmenos seus subordinados e não encontrou motivos para perceber que a morte tinha sido violenta e provocada por mero ódio ? Todos os anteriores relatórios sobre violência praticada nas catacumbas do aeroporto, que atestaram nada de muito grave, podem ser falsos como este também era!
E o Ministro acha que cumpriu o seu dever e nem sequer por vergonha - que ele disse que sentia - nem por isso  se demitiu . E o Primeiro Ministro por muito que lhe custe ver atingir amigos do peito e  por coisas deste calibre,  por muito que lhe custe, devia ter a dignidade de lhe pedir ( ao menos pedir,,,) que se demitisse. Por uma gravidade  diferente se demitiu a anterior Ministra, quando os incêndios rurais tiveram como causa principal a falta de  uma política florestal adequada e a falta de uma organização nacional de defesa e gestão da floresta de que ela não era culpada e de que o  próprio dr. António Costa  é  grande responsável, por ter dado a machadada principal nos Serviços Florestais, Pouca vergonha a mais.
4 - As eleições presidenciais
Quase ninguém vai dar pelas eleições presidenciais, dado este clima de temor pela  pandemia em marcha. Coisa que não preocupa nada o actual Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, autêntico suporte dizem a direita mais extremista e a esquerda em geral dos Governos do PS pela simples razão - disfarçada  sempre pelo "interesse nacional" - de que precisa dos votos socialistas para ser eleito sem problemas. Mas é evidente para todos que o segundo mandato de Marcelo não vai ser igual ao primeiro, e ele que é estruturalmente da direita vai fazer tudo para desgastar  o PS e abrir a porta à direita  mesmo, como já admitiu, que isso signifique aceitar o Chega. Ora não ! É evidente também que António Costa sabe muito bem que será assim mas ao seu próprio programa de vida não interessa, tem outros horizontes em vista e que quem  cá ficar que se aguente...
Não deixa também de ser curioso que toda a gente se preocupe com o Chega e com André Ventura, em especial a comunicação social que os traz ao colo e é a comunicação social a principal responsável pela publicidade feita àqueles dois expoentes da direita extremista. Parece que não querem ver - ou vêem e fingem que não - que o Ventura é um bluf, sem cultura política nem convicções de direita radical, bem falante e chico-esperto com certeza,  o que ele tem é um enorme apetite e uma excepcional capacidade de ir buscar os assuntos mais contundentes para apoiar. Não se nota nele - eu não noto, talvez seja falha minha... - grandes convicções ideológicas o que se nota é o  sábio aproveitamento de tudo quanto possa cair bem na grande massa de portugueses iletrados e/ou pouco ou mal formados ideologicamente, que querem ver as suas causas resolvidas Digamos que ele é um Trump em ponto pequeno e à portuguesa, 
Agora com quem  ninguém parece tomar atenção e é muito mais perigoso em termos ideológicos são os liberais acantonados (apenas alguns...) na IL. Esses são convictos e sabem que tipo de sociedade querem ; o mercado do laissez faire, laissez passer, o assistencialismo aos mais pobres e o recurso à saúde  privada equiparado à publica, para a livre escolha; claro  que só os ricos têm essa capacidade de escolha. Mas depois o Estado paga aos pobres para irem ao privado -  IL e os seus até agora apagados sequazes esses sim são perigosos -  é bom saber-se quem são e onde estão...

5- Democracia de novo assegurada nos EUA
A autêntica palhaçada que têm sido as eleições presidenciais nos EUA está a chegar ao fim, por agora. Virem dizer que os EUA são o exemplo e o farol da democracia no mundo - vão cantar essa loa lá para a China ou para a Arábia Saudita, aí  devem gostar...
Que a vitória de Biden não faça esquecer que 70 milhões de americanos votaram no maior idiota, mentiroso e  mentecapto  que o Ocidente já conheceu. 
E o sistema de eleição em que deixam de contar os votos da sempre válida  lei "um homem um voto" para contar uma eleição de um colégio eleitoral que pode falhar na última hora,  com uma Justiça que por pouco falhou  face aos assaltos que Trump lhe encomendou, não é exemplo de democracia para ninguém.
Com Biden pode ser que alguma normalidade volte ao Ocidente e que a figura dum louco e desvairado deixe de ser exemplo para outros tantos títeres deste mudo em convulsão.
6-Brexit
Finalmente o desacordo entre a UE e a GB está a chegar ao fim,  Sem acordo em assuntos fundamentais para a economia, eu acredito que virão muito maus tempos para os britânicos. Claro que os principais responsáveis são os ingleses, convencidos com a sua Rainha de que ainda têm o Império quando governavam, punham e dispunham no mundo inteiro. Talvez os escoceses lhes dêem a volta...







terça-feira, 1 de dezembro de 2020

 A espuma dos dias ...

1 - O 1º de Dezembro

Em 1640 recuperámos a independência,  e pena é que a Catalunha na mesma altura tenha sido sacrificada ao jugo castelhano.  Teríamos uma Península Ibérica muito mais equilibrada e pujante, se em vez de ser só Portugal independente ao lado do vizinho gigante,  tivéssemos também outras nações com cultura e identidade próprias como é o caso do País Basco.

Comemorar o 1º de Dezembro é ajudar a relembrar a luta de quase 900 anos deste pequeno povo esclarecido e por vezes genial, que superou dificuldades  século após século que teve a capacidade de entender o Renascimento e daí lançou a epopeia das descobertas pelo mundo fora.  Olhar a História com os olhos de hoje, como querem fazer certos  intelectuais de pouca sustentabilidade mas ávidos de  protagonismo , é  um processo redutor da Humanidade; podemos hoje discordar de métodos e processos usados pelas gerações de há séculos,  sim senhor, ninguém hoje sustenta a escravatura, a violência racial e outras praticas que se propalaram  nos séculos anteriores. Mas a escravatura existe desde que o homem é homem, em todos os povos e em todas as culturas, até escravatura de seres humanos das mesma etnia ou próxima ( o clássico exemplo da Rainha Giga de Angola, que lutou contra os portugueses mas ela mesma tinha centenas de escravos negros ao seus serviço é significativo...)  - por isso devemos lamentar também termos estado envolvidos nessa prática desumana - mas ainda não vi nenhum chefe ou lidere africano pedir desculpa aos seus concidadãos por os antepassados terem vendido os seus irmãos ao comerciantes  que chegavam com as caravelas  até às praias. Peçam lá desculpa, vá!!

Por isso temos todas as razões para nos orgulharmos das nossas façanhas e da nossa História, sem que daí possam nascer nacionalismos e xenofobias espúrias.

 2 - Eduardo Lourenço, da colheita de 1923

Faleceu hoje Eduardo Lourenço, pensador e  escritor  de grande gabarito, talvez um dos maiores senão o maior e mais profundo pensador dos séculos XX e XXI. Morreu com 97 anos,

Aqui há uns anos o Arqº Nuno Portas disse que os anos de 1922 e 23 foram de "grandes colheitas" em termos do nascimento de homens de elevada craveira intelectual. Na verdade, e certamente vão faltar alguns nomes, dessas colheitas fazem parte Gonçalo Ribeiro Telles, Nuno Teotónio Pereira, Fernando Távora, Eduardo Lourenço, ou Adriano Moreira


3- A crise que se aproxima - Creio sinceramente, como já foi  afirmado por alguns especialistas, que o próximo ano será de uma enorme crise em todo o mundo e nós seremos dos mais afectados, pela pequena dimensão da nossa economia e pela sua dependência do comércio externo. E muito perigosas serão a crise social e a crise politica inerentes, com o rol de desempregados, de falências de empresas e de agitação social . Serão os tempos dos populismos e do crescimento dos extremismos que hoje já não serão, sejamos claros, da esquerda mas antes os da extrema direita.  Já ninguém, nos países ocidentais pelo menos, espera que comunismos e  radicalismos de esquerda venham   a dominar seja lá onde for,  porque as sociedades  ditas burguesas já não toleram a tenaz do capitalismo de Estado.

Já tenho dito que a História se repete se nós  deixarmos que ela se repita, e o que aconteceu depois da pandemia da pneumónica, em 1917- 18 foi o crescimento exponencial, ano após ano, dos ideais fascistas e ditatoriais precisamente tirando partido das dificuldades das camadas mais desfavorecidas. As políticas dum liberalismo financeiro exacerbado, explorando nas fábricas e nas cidades superpovoadas os trabalhadores e a própria classe média que despontava, levaram a enormes desigualdades entre países e em cada país entre os diversos estratos das suas  populações. A  grande crise do  liberalismo sem regras que atingiu os EUA no final da década de 20, foi agravada com as decisões do então Presidente Hoover e dos seus conselheiros financeiros sobre um Estado menor, de que valia mais deixar rebentar a economia, deixar falir as empresas que não aguentassem a crise,  para depois se poder reconstituir de novo a economia de mercado. Essa decisão agravou a crise até ao limite e começou a sentir-se a sua repercussão nos países europeus. 

Foi então que eleito o Presidente Roosevelt, que adoptou uma política inversa, depois esplanada e teorizada  por Keynes, que foi a injecção maciça de investimento público nas empresas e na sociedade, graças à  reconstituição de um Estado forte.

Mas a falência das economias europeias prosseguia, a Inglaterra, a França, a Itália e em especial a Alemanha viviam anos de grande  dificuldade económica e a pobreza aumentava. O nazismo deu  resposta aos anseios da população mais desfavorecida, não foi por acaso que se intitulou Nacional Socialismo e Hitler chegou ao Poder  ganhando eleições livres, desde logo usando tácticas e métodos  de terror público que parece não terem feito recuar a maioria dos alemães que esperavam por um futuro melhor - o resultado da guerra demonstrou que foi um engano terrível.

Na Itália nasceu o fachismo de Mussolini e na Península Ibérica os proto fascismos franquista e salazarista; noutra economia relevante no Oriente, o Japão, sob a capa fanática do Imperador, nasceu o feroz nacionalismo nipónico que só Hiroshima e Nagasaki haveriam de  destronar.

Nesta ano da nova pandemia os EUA voltam a estar na linha da frente do grande  desastre mundial. desde que a percentagem mais estúpida por um lado dos americanos menos cultos  e por outro lado dos manipuladores  da economia de mercado e das religiões extremistas, muitas vezes associados, enviaram opara Presidente o paranóico e sem escrúpulos Donald Trump. O seu posicionamento e as suas ideias  anti democráticas têm servido de exemplo e de estímulo aos protagonismos da direita reaccionária um pouco por todo o mundo.

O comportamento de alguns países da União Europeia é bem demonstrativo como as influências das ditaduras em povos mal preparados para a democracia, deixam resquícios altamente perigosos em termos civilizacionais para todo o continente europeu e - eu continuo  a ser eurocentrista... - para todo o mundo .Veja-se a dificuldade que alguns países que estiveram décadas integrados nas ditaduras comunistas eufemisticamente designadas democracias populares ( quem as visitou como eu, viu como era,,,) em aceitarem as regras da democracia liberal ou "burguesa" a ponto de, casos da Polónia e da Hungria, porem em risco a disponibilidade de fundos europeus para acudir à pandemia. Aqueles povos, depois de umas primeiras experiências democráticas a seguir ao  desabar do Muro Berlim ( que o PCP português diz que não foi nada...) deixaram-se voltar a seduzir pelas ideias  mais extremistas e  antidemocráticas de salvadores da Pátria. Esses dois são os mais explícitos, mas noutros países da Europa oriental a estabilidade democrática como a conhecemos por  aqui está sempre em risco.

Estamos num desses tempos de encruzilhada e devemos estar preparados para rebater todos os sinais de ameaça para a democracia que não é "orgânica" como queria o salazarismo nem "popular como querem  (ainda hoje !...) os marxistas leninistas ou trotzequistas  ou maoistas ou sejam á o que  forem - é a democracia  de origem liberal e burguesa, sim senhor, mas moldada  aos valores da solidariedade e da defesa do colectivo e de um Estado Social forte para poder acudir, como nesta pandemia, às necessidades prementes da economia e dos cidadãos. Veja-se como agora os autodenominados liberais pedem que o Estado intervenha, que ponha dinheiro nas empresas, que ajude o mercado a funcionar...  Menos Estado para melhore Estado, não é ? Pois, foram das crises, claro.