sexta-feira, 28 de maio de 2021

 A propósito do 5 de Junho - e não só...


No calendário nacional e internacional há dias para tudo,  tudo se comemora, mesmo acontecimentos ou causas que apenas dizem respeito a minorias - mas as minorias têm os mesmos direitos cívicos e humanistas que as maiorias. 

Quantas vezes são elites minoritárias que conseguem levantar as grandes questões de que as maiorias nem se lembram ou não têm força para tal - as grandes mudanças e as grandes utopias saem frequentemente das minorias mais sensíveis e, quando são mesmo essenciais, a elas acorrem as grandes massas. Foi assim entre nós com o 25 de Abril de 74, que alguns poucos  levaram a cabo mas que no fundo interessavam à maioria do povo.

Restam neste caso os saudosistas e os pseudo-historiadores, como uma tal Bonifácio que assina nos jornais como historiadora e que proclama, do alto da sua imensa sabedoria e da sua autoridade, que único estadista português do  século XX foi Salazar - pois claro, que outro havia de ser ? Tal como os seus correligionários, pelo menos em ideias parecidas, vêm agora apelar à queda desta 2ª República  para se instalar uma 4ª república, parecida com a que eles consideram ser a 3ª republica, o caduco e anacrónico regime ditatorial do Estado Novo. Na ponta esquerda também há  quem queira reescrever a História como sempre foi apanágio das ditaduras, uns "historiadores" do mesmo calibre.

Não sou historiador, mas sempre li e estudei a História, tenho uma razoável pequena biblioteca de  História, e por isso ao ver estes escrevinhadores que interpretam a História ao sabor das suas ideologias, não posso deixar de reconhecer o alto nível dum José Matoso e de quanto a sua  independência intelectual  contribuiu para nos oferecer a História de que todos nos podemos orgulhar.

No próximo dia  5 de Junho comemora-se mais um Dia do Ambiente,  assunto que também começou a ser levantado por minorias e, a pouco e pouco, tem vindo a alargar a adesão de mais pessoas conscientes daquilo que representa defender o Ambiente. Só não se alarga á grande maioria das populações porque os Poderes instituídos não querem fazer esse trabalho de envolvimento da opinião pública porque os interesses  instalados vivem desses constantes ataques ao Ambiente - e os Poderes dependem deles...

Em Portugal a melhor comemoração seria termos um Governo que, em vez de retórica e de palavras de circunstância,  nos reconstruísse um Ministério do Ambiente com gente de convicções e capaz de ser impertinente o suficiente para discutir as políticas sectoriais que atentem contra o fundo de fertilidade e a perenidade o território, tornado paisagem pela acção dos homens. É pedir demais...







terça-feira, 25 de maio de 2021

 25 de Maio

Neste dia, em 1922, nasceu Gonçalo Ribeiro Telles, faria 99 anos se a morte o não tivesse colhido em Novembro de 2020. Para quem o recorda, lembra-se da figura sorridente, irrequieta, sempre com utopias mas muito agarradas à terra, de convicções fortes - de resistência persistente ao velho  Estado Novo,  de anseio pela liberdade e pela plena democracia. Nunca os seus ideais monárquicos populares o fizeram deixar de lutar ao lado dos republicanos contra a ditadura, conseguindo granjear amizades e respeito em todos os quadrantes ideológicos. Deu ao País as soluções para muitos dos seus graves problemas estruturais enquanto território e  paisagem, quase nada aproveitaram os políticos arregimentados aos seus clientelismos de esquerda e de direita - o que ele propunha era demais para a mediocridade nacional predominante.

A ultima homenagem  pública em 1 de Dezembro de 2017

sábado, 22 de maio de 2021

 Mais uma vergonha no Mundo Ocidental

Depois de mais uma paragem no blogue, espero agora poder ter tempo para ir deixando algumas notas e reflexões que ficam  - e é apenas esse  o objectivo - para memoria futura, já que não alinho em debates e controvérsias que nas redes sociais atingem limites insuportáveis.

O  conflito israelo-palestiniano

Começo por declarar que não sou anti judeu  como não sou anti cristão ou anti muçulmano, as tres religiões abraanicas são religiões de Poder, partem do mesmo tronco comum e depois diferenciam-se conforme o circunstancionalismo histórico e étnico. O que sou afincadamente é anti imperialismos, sejam eles quais forem, como sucede com o sionismo; e neste campo importa dizer que sempre houve e há milhares de judeus que não assumem o sionismo. 

Se calhar muita gente não sabe mas existem no norte da velha Pérsia, hoje Irão, milhares de judeus que ali se fixaram desde o tempo de Círus o Grande, que os chamou por eles serem então grandes artesãos de couro. Não são perseguidos,

Os israelitas continuam a comportar-se da forma  mais atrós e inaceitável, se tiverem em conta - o que nem eles nem os seus aliados americanos e ingleses consideram -  que foram ocupar uma terra que era menos deles do que dos palestinianos que nunca de lá saíram; e porque  na altura os árabes tinham reduzido peso político internacional e aceitaram a contra gosto a imposição ocidental de instalar o Estado de Israel  naquelas circunstâncias, embora rodeado de cláusulas de salvaguarda dos direitos de quem lá vivia e  que se sabia  que nunca seriam respeitadas - nem ingleses nem americanos alguma vez forçaram a que fosse cumpridas- nem por isso reduz as consequências erradas da decisã0.

A vaga de anti-semitismo que volta a crescer n mundo, devia colocar os israelitas e quem os apoia sem restrições,  a pensarem na forma de reduzir as razões para essa antipatia ; secularmente os judeus ganharam contra si a antipatia de outros povos, e isso deve-se ao seu comportamento dentro das sociedades em que viviam, a sua garra financista, o seu espírito de usura e de lucrar  desmedidamente com o dinheiro que amealhavam.    Nada disso desculpa ou minimiza o horror do Holocausto nazi, onde a barbárie ultrapassou os limites  do que é humanamente admissível - mas os israelitas em vez de terem aprendido a maior lição que sofreram  em toda a História, aprenderam foi em aplicar os mesmos métodos aos povos de quem eles ocupam terras, casas, tudo.

Também não se desculpa a raiva do Hamas, que é afinal a luta do Irão xiita contra os árabes sunitas pelo controle do Médio Oriente. Mas a raiva de quem se sente espezinhado será cada vez maior...

E pode perguntar-se o que já fizeram os riquíssimos países árabes, com as suas monarquias medievais ou as suas ditaduras militares. para auxiliar os irmãos palestinianos?  NADA ! Até com a influência de Trump e dos fascistas americanos, esses países muçulmanos estabeleceram relações diplomáticas  com Israel  e aceitaram placidamente que  os EUA mudassem a sua embaixada para Jerusalém!!

O mundo ocidental, onde a Europa tem cada vez menos peso político,  está a assistir quase impávido a esta vergonha civilizacional.






sexta-feira, 7 de maio de 2021

 Retomar o blogue

Depois de algumas semanas de impedimento por motivos de saúde, cá estou a tentar registar algumas notas do muito que me preocupa. Passaram-se coisas  de bradar aos céus!

A tragédia e escândalo de Odemira

Começo por deixar a Carta ao Director do Publico, que enviei ontem, e seja ou não publicada, fica já a abrir estas notas.

" Esta situação, agora despoletada, das ocorrências com os imigrantes asiáticos em Odemira, causa irritação a qualquer pessoa bem formada e revela o cúmulo da hipocrisia da nossa política nacional.  Então só agora é que toda a gente descobriu o horror das vidas de milhares de imigrantes que trabalham na agricultura no Baixo Alentejo (pelo menos)? Há anos e anos, ainda antes do governo da Troika, que se anunciavam os atropelos à (des)humanidade destas levas de homens arrebanhados por máfias de empregadores sem escrúpulos. O que fez o Governo PSD/CDS? O que fizeram os Ministérios destes Governos de António Costa? E Rui Rio muito escandalizado com a situação, o que fez ele como chefe da oposição, ao longo de todos estes anos ? Apresentou alguma moção no Parlamento e deu seguimento a essas moções ? E os Partidos da esquerda, quantas vezes levantaram o problema no Parlamento e que seguimento deram a essas intervenções, se as fizeram ? Apenas hipocrisia. Mais um cúmulo da hipocrisia da nossa política.

Já a morte do ucraniano no aeroporto deveria ter levado, pura e simplesmente, à demissão do Ministro  Cabrita - em vez das desculpas esfarrapadas meses depois, outro cúmulo de hipocrisia política. Basta de falta de vergonha, assumam-se de uma vez por todas!"

António Costa vai pagar caro por isto

Depois destas ocorrências escandalosas e da descoberta das máfias de empregadores, da confusão de argumentos entre proprietários agrícolas, Câmara Municipal e forças da ordem, ontem á noite assistiu-se a mais uma asneira colossal do inevitável Ministro Cabrita-

Às 4 h da madrugada montaram uma operação policial com dezenas de GNRs e cães-polícia para realojar os asiáticos, coitados empurrados de um lado para o outro,  nas barracas "de luxo" do empreendimento turístico que estavam desocupadas e tinham sido requisitadas, devido á falência da empresa - mais ou menos parece que é assim. Mas que disparate foi este? 

Então não poderia ter havido um realojamento pacífico, durante o dia, com calma, certamente vigiando os proprietários das casas que não querem ter aqueles vizinhos mas não têm força para provocar qualquer motim? Esta prova de força gratuita é mais uma obra do incrível Cabrita !!  Então um político tão clarividente como António Costa não consegue mandar para casa este Ministro, por muito amigo do peito que seja?  Será que não se apercebe do impacte que tudo isto tem na opinião pública ?  Se A. Costa não vier a pagar um preço elevado por um erro deste calibre, começo a desconfiar do grau de consciência cívica do povo português...

Bem, fico à espera de novos desenvolvimentos...