quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 Este mundo conturbado e este país destroçado

Escrevi a última nota a 5 de Novembro e só hoje posso retomar, por mais um exemplo do atraso deste país - um temporal mais forte ( que seria se tivesse ocorrido um ciclone ou uma tromba de água?!) arruinou a rede de que dependo para ter internet e a Altice, ou MEO, levou 10 dias para reparar um problema de fios de cobre lá fora e o meu router cá dentro, sendo que este já era velho demais...

Só quero deixar uns apontamentos de alguns assuntos, para memória futura.

NESTES DIAS TANTAS COISAS ACONTECERAM !

   1- Gonçalo Ribeiro Telles

  Finalmente chegou o seu dia de partir. Quando há uns meses lhe perguntei como estava, ainda falava mas mal, e balbuciou " estou morto mas eles não sabem".  de outra vez, tentando mantê-lo interessado nos assuntos desta época, falei  da pandemia; e deixou escapar um comentário : "esta doença não tem cura", disse-lhe que a pandemia teria cura mas ele retorquiu " a doença que eu tenho não tem cura"- estava bem ciente do seu destino. Com autorização da família para o visitar, visitei-o quase todas as semanas, cheguei a ir a Lisboa quase só para  estar com ele; quando nas últimas semanas já tinha largos períodos de inconsciência, debaixo daquela letargia que lhe proporcionavam os tão apregoados cuidados paliativos, ( dá-me vontade de aplicar em vida activa aquela receita aos estridentes técnicos, uma delas pelo menos, que aparece sempre na TV e acha que com aquilo resolvem tudo, o diabo que a carregue mais a sua receita) ; tinha outras alturas de plena consciência, apesar de cego e de não conseguir falar - dei-lhe a minha mão, disse-lhe quem era, perguntei se sabia quem eu era e ele apertou a mão longo tempo e deixou cair uma lágrima pela face abaixo. Quem fica indiferente a este sofrimento, semana após semana ? Se eu não fosse  já acérrimo defensor da eutanásia, com todos os cuidados e regulamentos que deve ter,  estes anos de acompanhar o GRT bastavam para me convencer,

Gonçalo Ribeiro Telles, sempre enquanto tivermos um sopro de vida !!

2 - O perigo mundial dos EUA

Os EUA sob a presidência de Trump constituem um enorme risco para a segurança mundial; e como já tem sido dito por muita gente, o pior nem é o próprio Trump, se bem que da mão dele podem sair actos de grande perigo para a paz no mundo, O pior são os 70 milhões de americanos que votaram nele e o suportam nos imensos disparates que faz e diz todos os dias.

Estas cenas caricatas de estar dentro da casa Branca, a negar o resultado das eleições e a mudar o visual do cabelo do louro cor de cenoura para o grisalho natural, para mim não passam de tentativas de atrair sobre ele as atenções dos imbecis capazes de o ajudarem a manter a situação estupidamente  equívoca  de que ganhou e não vai sair lá de dentro.

Os discursos do Joe Biden e o da Vice foram  reconfortantes, e com eles pode ser que volte a tranquilidade ao mundo que é tão afectado pelas medidas que os EUA  tomarem.

3 . O PSD  e o Chega - como se pode descer tão baixo?








quinta-feira, 5 de novembro de 2020

 Assim vão os anacronismos deste mundo...

Lá pela América -   Estes dias de contagem de votos nos EUA  revelam  como é falsa a ideia de uma velha e  estabilizada democracia, exemplo para todas as outras. Exemplo uma ova !

Como é possível considerar exemplar uma democracia que, para eleger o Presidente, não conta a regra democrática de um homem um voto, antes a opinião de milhões de cidadãos se esvai num colégio eleitoral ainda por cima repartido de forma desleal pelos diferentes Estados, pois mesmo que existam votos a favor de um candidato, quem tiver mais arrecada tudo !? Já nas anteriores eleições a Clinton teve mais votos que Trump...mas perdeu - isto é aceitável?

Como é possível considerar independente e  exemplar uma democracia em que os juízes membros do Supremo Tribunal decidem  quem ganha ou perde conforme estiver na presidência desse Tribunal um juiz favorável a este ou àquele candidato ?! 

Como é possível que um Partido, neste caso  com a responsabilidade do Partido Republicano, se deixe aprisionar por um sujeito que qualquer pessoa bem formada   não tolera, mentiroso, raivoso, prepotente, capaz das maiores pulhices, sem educação cívica e política !?  É ridícula, e basta por si mesma, esta situação de num Estado os apoiantes de Trump estarem a  pedir na rua que não parem a contagem dos votos e no outro Estado estarem a clamar para pararem a contagem dos votos ?! Parece uma comédia barata demais para ser verdade - mas é verdade.

O islão no seu pior 

Em França várias vezes, agora em Viena, sucedem-se os atentados horrendos contra cidadãos indefesos por uns marginais extremistas islâmicos que mata e decapitam as pessoas aos gritos de Ala é grande como se estivessem nas suas terras a combater infiéis.

Começa-se por estranhar - ou talvez não - que os Governos dos países islâmicos não venham de forma clara   denunciar os crimes praticados em nome da sua religião - e percebe-se porque, por exemplo dos Emiratos como Dubai ou Abu Dabi, nas praias e hotéis os turistas andam à ocidental,  as mulheres de biquini, sem qualquer repressão das autoridades que o promovem até para terem mais turismo -não seria de os extremistas começarem por combater os infiéis nos seus próprios países ? É que nem lá entram... 

Os países ocidentais têm de se deixar de democracia nas relações com os Estados islâmicos, com as coisas muito bem definidas - quem emigra para um país obriga-se a respeitar as regras, o estilo de vida, a religião e todas as formas de civilização do país que escolhem.   Se a emigração é um direito dos homens, ela tem que ser regulada por regras, e é mais que altura dos países ocidentais imporem restrições a quem não oferece garantia de integração. As religiões foram sempre responsáveis por estas situações de extremismo, já o fizeram os cristãos mas numa época em que essas práticas condenáveis  faziam parte da maneira de ser. Hoje não ! Avançamos muitos séculos sobre a barbárie dos cruzados e das purgas da Inquisição. Agora é tempo de exigirmos a todo o mundo que cada macaco fica no seu galho se não gosta do galho do parceiro.

A ONU devia iniciar um processo em que os países de origem de emigrantes criminosos sejam obrigados a  receber os sujeitos que forem recambiados para os seus países de origem - claro que cada um quer ver-se livre desses energúmenos, mas que tratem deles à maneira islâmica...

Eu até acredito que o Islão pode ser uma  religião de paz, embora tenha na sua essência o proselitismo militante, como têm o missionarismo cristão ou o lamaísmo budista, qualquer um destes dois sem provas de serem violentos. Lemos  Mohammed Arkoun, eminente filósofo e docente argelino  e acreditamos que o Islão pode ser uma religião  fortemente humanista  - mas os governos dos  países que assumem a religião como matéria de Estado estão a atrasar a evolução da religião para aquilo que outras religiões - cristianismo, judaísmo, hinduísmo- conseguiram que foi separar o Estado das igrejas, César e Deus podem ser amigos mas não se fundem. Mas os países não islâmicos têm fortíssimas responsabilidade pois calam ou apenas fingem que protestam porque lá vem atrás os grandes interesses dos recursos naturais, do negócio financeiro internacional,  da interdependência das economias - e tudo isso pesa mais que a felicidade dos povos...











quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 Hoje

Vou escrever o que tem sido dito e escrito em vários tons e meios de comunicação social - hoje joga-se em larga medida a continuidade da nossa civilização ocidental.  Trump pode ganhar as eleições nos EUA. Mas mesmo que eventualmente as perca, o mais grave é a existência  dos milhões que votam nele e significam  metade ou mais de metade da população da maior potencia ocidental. A esperança numa mudança das políticas mundiais, depois  da pandemia  ter revelado as consequências da globalização liberal  das últimas décadas , vai esvair-se com a influência que um regime trumpista  terá nos nacionalismos e fascismos nacionais um pouco por todo o mundo.  De pouco vai valer alguma união que ainda se note entre a maioria dos países europeus, porque também em muitos deles  a subida das  avalanches  de extrema direita  vai ´baralhar tudo.                                 

domingo, 1 de novembro de 2020

 Estes tempos que vivemos

As nossas gerações estão a viver algo que acontece de vez em quando neste mundo, uma  pandemia.

 Para os mais velhos é um risco maior de morte, mas para os mais novos vai marca-los profundamente, pois alterou hábitos e rotinas, transtornando a percepção de valores essenciais ao crescimento da mentalidade, abrindo brechas  na formação e na informação de vastas camadas da juventude. É preocupante.

Com a crise social e económica que segue por arrasto a crise sanitária, o mundo está numa altura crucial que pode produzir ou uma nova visão do futuro, da vida, da forma de viver em democracia mais exigente, ou então um desvio civilizacional terrível em termos da Humanidade. A seguir à última pandemia de 1917 seguiram-se anos de pobreza e desgoverno, passou-se pela grande depressão dos EUA, formaram-se par a par os comunismos asfixiantes das liberdades e os ainda piores regimes fascistas europeus, os nacionalismos japonês e chinês, enfim, um tempo de  confrontação implacável. Na altura da grande depressão os EUA salvaram o descalabro com a intervenção de um grande Presidente, Roosevelt, que aplicou a receita keinesiana de atirar milhões de apoio público para a economia, o que só um Estado forte pode fazer: ao travar a depressão americana aliviou - a também nos países europeus que tinham com os EUA, como hoje tem, forte dependência económica e ideológica.

A diferença hoje é que temos como Presidente dos EUA um perigoso charlatão, mentiroso, arruaceiro, senhor dos piores valores éticos que um político pode ter e ainda mais relevantes com a posição que ele tem.

As eleições daqui a dois dias são assim um ponto do fio da navalha em que está todo o mundo.





terça-feira, 20 de outubro de 2020

 Começou a chover no Algarve

Esta noite começou a chover abundantemente aqui pelos meus lados e creio em todo o Algarve do Sotavento, o mais ameaçado pela seca.  Nada me faria mais feliz do que as minhas previsões pessimistas sobre a continuação da seca serem contrariadas por chuvas abundantes durante todo este mês de Outubro.  Com base a na opinião de tantos  especialistas credenciados também afirmei sempre que ou chovia abundantemente em finais de Setembro e durante Outubro ou antes do final do ano teríamos sérios problemas de falta de água. Ficam  felizes hoje os plantadores de abacateiros, e os de citrinos alguns dos quais já estavam aflitos com falta de água, com furos a secarem.

sábado, 17 de outubro de 2020

 Continuando...

O disparate-mor dos últimos dias

Só faltava esta espantosa proposta do António Costa, o uso obrigatório de uma aplicação de telemóvel para localizar os infectados com o Covid. Como dizia Pacheco Pereira hoje no seu artigo de jornal, nunca, jamais em tempo algum, usarei aquela aplicação de telemóvel nem que tenha de deixar de ter telemóvel. Como é que se cai num erro destes, um disparate desta dimensão ? Então o Primeiro Ministro julga que todos os portugueses têm telemóveis de topo de gama que podem receber uma aplicação daquelas ? O meu telemóvel é quase pré-histórico, serve para aquilo que preciso que é falar e receber e enviar mensagens. Vai o Governo oferecer telemóveis às centenas de milhares de portugueses que não têm telemóveis capazes de receber a aplicação ou simplesmente nem sequer usam um zingarelho desses? Vão multar quem  não tiver,  vão pôr um polícia a vigiar os telemóveis de cada um, verificando se têm a bateria carregada, etc? Disparate - mor do Reino Costa.

A esquerda  comete um erro

As dificuldades postas pelos Partidos de esquerda para aprovarem o Orçamento do Estado deixa no ar esta questão :  querem uma crise política nesta altura ? Querem dar trunfos nem sequer ao PSD do Rui Rio mas à direita mais radical e populista que aproveitará esta crise como um maná caído do céu? Por muito mau que esteja a ser o António Costa, acham que é melhor o  regresso dos passistas -ou julgam que o Passista - mor não está à espreita ?







 Reflexões sobre isto tudo

Esta crise provocada pela pandemia vai marcar  todas as gerações  e não custa acreditar que vai ter repercussões a muito longo prazo.  Para já creio, pelo que vejo, serão as  gerações mais novas a sofrerem muito  com as limitações aos seus movimentos e às suas actividades - todos nós, os mais velhos, vivemos as nossas vidas mais activas  segundo as nossas preferências e escolhas, nem sempre realizando os nossos sonhos mas  nunca fomos confrontados com estas imposições drásticas que hoje a gente nova sente.  Falo por mim, tirando o uso da máscara e a desinfecção mais frequente das mãos, continuei  a fazer  quase sempre a vida anterior, e estas filas de espera nos comércios, nas estações de serviço ou  nos transportes  tem pelo menos a vantagem de disciplinar  a malta  e talvez fique a memória para comportamentos futuros pelo menos para, quem como eu, sempre foi um "baldas".

Politicamente quero acreditar que a maioria das populações mais informadas , como as europeias, norte americanas, algumas orientais, vão  resistir a que se volte a uma ordem mundial neoliberal como aquela que  existiu nas últimas décadas.  E isso será inevitavelmente mais certo  se nos EUA, nas próximas eleições, correrem com Trump. A reacção de muitos republicanos,  que se traduz em movimentos de opinião cada vez mais numerosos e poderosos a preferirem que ganhem os democratas para depois poderem refundar o Partido Republicano, é  a melhor prova disso.

Por cá na nossa santa terrinha a situação é já historicamente caricata e perigosa. Vivemos em capitalismo e apesar de termos há anos e anos Governos de um Partido que se diz Socialista, democrático ou social democrata de esquerda ( quem diria!!), a governação é tudo menos social democrata; e veio o Cavaco Silva com toda a lata dizer que foi com ele, nos Governos que dirigiu, que se aplicou a social democracia, quando ele apenas cavou a sepultura que o PS veio a completar, primeiro com Sócrates e agora apenas atenuada em parte com A. Costa.  

Temos de reconhecer que se o primeiro Governo apelidado pela direita  de geringonça, ainda tomou medidas de socialismo democrático foi graças ás imposições do BE e do PCP ( se bem que este, sozinho., se pudesse, instituía a "democracia popular" de má memória...) - este segundo Governo  tem sido uma derrapagem indecente para a direita.

Eu, em Dezembro de 2oo5, quando Sócrates havia ganho as eleições e governava à vontade, escrevi uma crónica no "Barlavento" intitulada  "Este socialismo liberal", eu que não tenho pergaminhos de especialista em ciência política; e A. Costa limita-se a seguir a mesma linha, por isso é que agora resiste tanto a novos acordos com os Partidos à sua esquerda.

Aparecem críticas na comunicação social. para além de alguns cronistas medíocres que se intitulam de liberais (embora haja outros com essa convicção assente culturalmente em ideias  consolidadas), textos de comentadores com  bastante categoria e sobretudo  independência partidária, a confrontarem as políticas seguidas e propostas. Sabemos que A. Costa não pode ultrapassar certos limites impostos pela UE, pelo menos enquanto em países determinantes como  os nórdicos, a Alemanha, a França, etc,  não surgirem, claramente, opções de esquerda democrática que se esperam possam surgir após a pandemia. Mas o exemplo do primeiro Governo em que a Europa não acreditava e  resultou com medidas muito mais à esquerda do que aquilo que a Europa hoje conhece,  devia bastar para A. Costa prosseguir esse caminho - se tivesse convicções para tal. Ele pensa  nele e no seu próprio prestígio e carreira política, mais nada.

Governos de esquerda democrática deviam  ter como prioridade - e não vejo isso realçado pelos comentários - a criação de um Estado forte, sem pôr em perigo de forma alguma a actividade privada que é motor da economia mas não é o único motor num regime social democrata a sério. E o Estado forte precisa de efectivos na Função Pública, hoje envelhecida e desmotivada. Temos 13% de emprego público, quando a média dos países europeus anda pelos 17% - ora 3 ou 4% a mais que tivéssemos não excedíamos a média europeia e eram uns milhares de empregos que poderiam permitir dar ao SNSaúde os efectivos que não tem, tal como a Justiça a Educação e tarefas fundamentais como as políticas ambientais e  florestais. Isto é fundamental, se a média europeia é de 17% quer dizer que há países com muito mais que isso...

 O perigo hoje, para a democracia que nós criámos no Ocidente, não vem dos extremismos de esquerda que não passam de tigres de  papel, vem, isso sim, dos extremismos de direita que assolam as sociedades com os seus populismos e demagogias que captam a gente mais carenciada e/ou saudosista dos regimes da  Lei de Ordem.

(Há-de continuar daqui a pouco...)