terça-feira, 4 de março de 2025

 Intervalo

Não pode deixar de nos preocupar a evolução do tempo em que vivemos.

Desde o famigerado Trump e a  quadrilha que o rodeia, no país mais importante do mundo,  até esta parcela de território à beira-mar implantada, é chocante a troca dos valores civilizacionais pelo negócio.

É um tempo terrível este em que, de um dia para o outro, se descobrem ligações espúrias entre pessoas que se elevam acima dos pobres mortais.

Trump descobre-se agora, pelo menos para os menos informados,  foi  "servidor"  de Putin que o ajudou a sobreviver em maus momentos- e agora troca a defesa da liberdade de um  país invadido por um autocrata perigoso e maníaco pelo negócio em que ele e os seus amigos vão ganhar fortunas. E Trump tem ao dispor talvez as  maiores forças armadas do mundo  ( em que situação se devem encontrar os principais chefes  militares?).

Por cá um primeiro ministro está a exercer o cargo e a receber  "mesadas" de empresas  privadas...

 Ao que nós já chegámos!

Tal está a moenga, hem?

segunda-feira, 3 de março de 2025

 Este tempo em que vivemos

A  vida do mundo habitado pelos seres  humanos realiza-se por ciclos  do seu comportamento colectivo, mais ou menos  longos consoante  a civilização aumenta em conhecimentos, em tecnologias e em desenvolvimento de ideias ; houve tempo, no início, em que os homens acompanhavam os ciclos que a Natureza lhes impunha porque ainda eram parte integrante e integrada dessa Natureza.

Mas à medida que se foi consolidando o domínio do ser humano sobre os ecossistemas que o rodeavam, as  iniciativas e actividades das diferentes culturas foram-se distanciando da base natural. Depois a perspectiva de cada cultura sobre o meio  também se foi diversificando  - e as religiões  iniciais traduzem essa diversidade, nitidamente entre as ideias dos homens do que chamamos Ocidente e daqueles a que colocamos no Oriente ( visão que vale para nós que somos ocidentais).

No Génesis, da Bíblia judaico-cristã,  está lá bem explicitado que "enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre  os animais que se arrastam na terra". Depois o homem cometeu o pecado original que foi ter comido o fruto proibido do conhecimento  e daí em diante rompeu as suas ligações ecossistémicas até ter aprendido à sua custa que deve servir-se da tecnologia de que dispõe em cada tempo histórico para reconstruir ecossistemas de substituição.

No Oriente Buda ensinava que todos os seres vivos estejam em segurança e paz, os seres  fortes e os seres fracos, grandes ou pequenos visíveis ou invisíveis, próximos ou distantes, já nascidos ou ainda por nascer. 

Daí que também aqui  o homem tenha aprendido, mas  mais cedo, a usar a Natureza sem a hostilizar.

São duas mentalidades opostas que traduziam a diferença  básica  do comportamento entre os seres humanos e o meio - no entanto,  e apesar dessas diferenças de mentalidade, um facto ressalta: o comportamento dos seres humanos entre si, as suas  relações, repetem-se ao longo dos milénios.

continua







sábado, 1 de março de 2025

O desprezo pelo bom senso e pela   vergonha
Estamos a viver um tempo em que  o bom senso e a vergonha, nas relações entre os homens e entre  as nações, entraram em rotura.
Cá pela terra ainda não pararam as poucas vergonhas dos politicos que parece ignorarem totalmente o mal que estão a fazer à  democracia - já dura há 50 anos,  muitos mais do que a 1ª República,  mas nunca nestas décadas estivemos  tão em crise como agora. 
E pelo mundo fora,  ficamos abismados com a pouca vergonha das decisões dum fantoche chamado  Trump e do gang que o acompanha - como é possível que os norte americanos que já tiveram grandes  Presidentes, agora aceitem um tipo destes craveira tão baixa? 
É um especulador como dizem que foi toda a vida, mas chegar ao extremo de se portar agora com se fosse já dono do mundo, insultando Chefes de Estado e tratando toda a política como um negócio especulativo, ultrapassa tudo aquilo que é admissível!!
Até custa escrever sobre estas poucas vergonhas.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

 A famigerada lei dos solos

A lei dos solos teve um mérito -  trazer á luz do dia a quantidade de gente envolvida. Desde o Secretário  de Estado do Ordenamento que se demitiu, não  por vergonha mas por quase imposição do Governo,  saltam como coelhos da toca outros grandes do Governo desde o Ministro do OT, em cujo ministério   se desenvolveu a famigerada lei, até   ao  próprio  primeiro-ministro. Mesmo que não fossem ilegalidades. dava muito mau nome manterem aquelas empresas... 

Mais uma vez reitero a certeza de que foi uma estratégia  em prol da liberdade dos mercados, tipicamente neoliberal, o retirar o Ordenamento do Território do Ministério do Ambiente para o colocar neste da "Coesão" territorial: foi para possibilitar esta disputa à tripa forra dos solos, negociatas com a REN e a RAN e desbaratar o trabalho que ao longo de mais de quatro  décadas se conseguiu fazer para equilibrar  o uso do espaço português.

E a  primeira notícia ai está: a Câmara Municipal de Miranda do Douro alterou a delimitação da REN para construir um hotel; por mero acaso a Câmara é da responsabilidade do PSD e CDS...


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Ainda a democracia 

Com esta  subida do Trump à presidência dos EUA vamos atravessar uns anos de aflição, com aquele energúmeno a mandar - a querer mandar - em todo o mundo e com uma corja de autênticos sabujos à sua volta a darem cobertura.

Bastou uma conversa ao telefone com o estupor do Putin, para o nosso sagaz presidente  mudar a opinião que tinha umas semana atrás, o que revela uma absoluta falta de conhecimentos, de inteligência e de cultura. As baboseiras  que o alarve disse sobre a Ucrânia e sobre a guerra que o ditador, ex-comunista agora fascista, fez rebentar na Europa, bradam aos céus e mostram como bastou um conversa  com  um  seu igual em ideias para ele mesmo mudar a sua posição.

As autocracias estão num ciclo de  crescimento e vai ser necessária uma sábia resiliência das democracias para ultrapassarem esta crise que pode durar anos. As eleições na Alemanha vão ditar alertas sobre este ciclo que varre o mundo, vai ser uma prova da robustez da consciência  democrática dos europeus  e de outros povos que ainda são democracias.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

 A nossa democracia

A gente  pasma com as autênticas patifarias que se estão  praticando por uso, ou melhor, puro abuso, das liberdades que a democracia nos consente.

A primeira   república  durou 16 anos e rapidamente  conseguiu reunir tantos anticorpos que baqueou a 28 de Maio de 1926; depois da longa noite fascista que durou até 1974, conseguimos recuperar a democracia, frágil  mas aparentemente com energia que já aguenta 50 anos. Mas não vale abusar...

Quer haja quem não queira ou não goste  que se puxe pelos galões, a  verdade é que na Europa é que se  foi construindo o edifício conceptual  e a progressiva mentalização da pessoas para a liberdade e a democracia.

Na Antiguidade Epicteto, ele mesmo escravo no século I dC, deixou estas palavras :"Soberano  de si  próprio é todo aquele  que face ao que quer e ao que não quer, tem a liberdade de o conservar ou de o recusar."

No século XVII Espinosa proclamou que" a liberdade é inalienável, a liberdade natural que é intrínseca ao ser humano, e antecede a liberdade que nos é outorgada  pelas leis que nos devem governar ."

O homem, como qualquer ser  vivo superior, procurou no início satisfazer sobretudo as suas  necessidades básicas, sem outra preocupação alem de  assegurar a  sobrevivência sua e do seu agregado familiar, mais tarde com maior organização, a liberdade do seu grupo ou etnia, e por aí fora até à complexa organização do Estado.

Só um homem livre sabe o que é  democracia e se torna responsável por ela; o ideal democrático baseia-se no primado da soberania da lei votada livremente por todos - todos os cidadãos são iguais perante a lei e responsabilizados pela falta de respeito aos ditames sociais e políticos  escolhidos pela "vontade geral"  como dizia  Rousseau,
Começou na Grécia, ainda imperfeita, atravessou os séculos da autoridade divina de reis e Papas,  renasceu contra as autoridades através de enforcamentos, das fogueiras, das torturas perpetradas  pelas minorias no Poder,  e brotou com o Renascimento, as Descobertas que deram a conhecer o mundo, as alquimias que foram desvendando os segredos dos elementos  naturais ...
  

No século XVII Montesquieu, no seguimento do que já Maquiavel escrevera nos finais do século XV, reconheceu que havia três regimes possíveis - a republica, a monarquia e a ditadura e ensinava  que a republica seria o sistema político mais justo porque a dinâmica que desenvolvia  o seu desempenho, o sentimento que a faz durar e perdurar, é a virtude. Esta virtude ou motivação ética é da natureza republicana.

(continua)








sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

 E  ninguém liga...

Nos últimos 30 anos  os fenómenos extremos provocados pelas condições climáticas alteradas pelo trabalho ( desregulado  e consumista) do homem, e que foram registados pelo Painel internacional -9.400 fenómenos extremos-   provocaram  800.000 mortes.

E ninguém liga, pelo memos alguém com poder para ajudar a transformar as intervenções que afectam, o clima; pelo contrário, avantajam-se os negacionistas comandados por Trump e Musk - e só mudariam se a Trump Tower lhes caísse em cima das cabeças.

Até um pacifista como eu recorda que já houve 4 Presidentes dos EUA assassinados, começando por Lincoln e acabando em Kennedy -será que não haveria mais um, mesmo protegido pelos deuses como ele afirma que foi ?!

Penso que o mundo vai embater de frente  desde já com a posição de Trump e de Putin, ambos com a mesma mentalidade,  e quem vai sofrer é a Ucrânia. Como é que Trump  pode negar o direito de Putin em ocupar os territórios ucranianos que lhe interessam por serem russófonos  (e acabámos de saber ricos em terras raras que interessam a Putin,  ele não vai largar aquilo para os ucranianos venderem  depois  a Trump), quando o despudorado Trump é um ditador, não em potência mas de facto se a democracia norte americana não o travar; quer o Canadá como o seu 51º Estado  dos EUA, quando quer ocupar o Canal  do Panamá e - pasme-se - quer  a Groenlandia que é  território dinamarquês  e europeu  porque tem terras raras... Está mesmo a ver-se que Putin e Trump pensam da mesma maneira,  só não são mais amigos porque "rivalidade política oblige" mas vão entender-se e a Ucrânia que se vá lixar. Começo a não ter dúvidas.

Para já teve aquele gesto arbitrário, patético e ditatorial de mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, fica com o ego a deitar por fora de arrogância.

Ainda  falta a Riviera de Gaza,  com praias magníficas, belos hotéis  maravilhosas casas ...só que tem que pôr de lá para fora 2,5 milhões de habitantes palestinos, mas que vão para o deserto, com  casas  maravilhosas e uma vida que eles hoje  nem sonham.