quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A espuma dos dias
1-Racismo - Volta e meia surgem fenómenos de racismo na sociedade portuguesa, e ficamos todos muito indignados. As recentes agitações em Lisboa e nas terras em volta  levantam sempre a mesma questão : é racismo ? A polícia, que é branca, actuando nos bairros de maioria negra para pôr cobro a distúrbios, está a portar-se assim  por racismo?
Não  nego que haja racismo, sempre ao longo dos séculos mesmo entre a intensa convivência entre brancos ( em geral dominantes) e outras raças ( em geral dominados)  a par dessa convivência e da miscigenação  coexistiu o racismo; também existe racismo entre os negros, entre as suas etnias, e o mesmo noutras sociedades como a indiana.,
Agora o que fomenta o racismo nos bairros periféricos das grandes cidades é o seu teor de ghetos, de baixa condição social, é  a desigualdade social e a consciência sobretudo da juventude negra que não vê futuro para si.  Sejam negros, asiáticos ou brancos  quem vive na miséria ao lado da ostentação é racista certamente.
2 - A Venezuela e o Governo PortuguêsA situação na Venezuela é gravíssima, e um regime que começou por ser com Chavez  uma experiência de socialismo exacerbado mas apesar de tudo contido entre limites que podiam permitir , com maior desafogo económico previsível, um regresso a  um processo mais democrático, tornou-se com este sargentão analfabeto do  Maduro numa ditadura abominável. Não vale a pena atribuir o desastre económico apenas ao boicote dos EUA, porque a grande causa  é a "monocultura" do petróleo. O regime não conseguiu por incompetência desenvolver a economia e diversificá-la. O mundo não afecto aos americanos esteve e está pronto a negociar com os venezuelanos se eles tiverem alguma coisa para troca.
Atingido o caos total,  a ditadura só tem um caminho - endurecer ainda mais e lá estão a China e a Rússia, e agora também a Turquia, sempre tão amigos das ditaduras, a aguentar o tempo que puderem pois são esses países que estão a "chupar" o petróleo a baixo preço. 
Errada, gravemente lesiva dos portugueses que ainda vivem na Venezuela, é a posição do Governo português ao apoiar de imediato a auto nomeação do Presidente da Assembleia Nacional como Presidente interino. Não houve unanimidade dos países membros da UE nesse apoio,  e nenhum deles, excepto talvez a Espanha, tem tanto a temer a sorte de compatriotas como  Portugal. Não havia necessidade de  dar este passo apressado e oxalá não venhamos a ter sérias consequências por este gesto  diplomático descabido por ser  fora de tempo,

3 - A greve dos enfermeiros - Todas as greves são políticas, pois os sindicatos têm por trás os Partidos, em geral os da esquerda. Não é novidade nenhuma dizer que o PCP controla a maioria dos sindicatos e das greves que eles promovem. Por isso não é por a greve interminável dos enfermeiros ter por  de trás o PSD ou gente da direita que é menos legal. O que é  estranho e condenável é que se esteja a conspurcar o significado da greve, que é o direito dos trabalhadores em lutarem pelos seus direitos e que o fazem com sacrifício das suas vidas. Quando trabalham não ganham, a não ser  quando os sindicatos, poucos que o fazem, têm um Fundo de Greve perfeitamente legal que atenua aos grevistas alguma perda  dos salários. Ora nesta greve os enfermeiros já conseguiram através de uma plataforma da internet de recolha de fundos  juntar de uma vez mais de 200 mil euros e de outra mais de 400 mil - quer dizer podem fazer greve indefinidamente porque não perdem um chavo - mas a maior parte dos donativos é de anónimo. E aqui é que está a raiz da indignidade desta greve. Podem negar mas a não ser que provem quem é que dá o dinheiro, pode admitir-se que seja o sector privado da saúde que os esteja a financiar. porque a greve cirúrgica ás cirurgias de alguns hospitais públicos está a beneficiar as cirurgias que têm de ser feitas nos hospitais privados.
Se as reivindicações dos enfermeiros são justas, e é claro que podem ser justas mesmo que exageradas, porque é que a greve não é estendida também aos enfermeiros dos privados ? Talvez porque seriam despedidos logo em seguida...Porque não fazem uma greve geral? Se os privados lhes concedessem as reivindicações que os enfermeiros exigem,  o sector publico não teria outro  remédio senão fazer o mesmo, ou não? Deve ser formalmente vedado a uma greve ser apoiada por fundos anónimos, quem quer apoiar a greve que dê a cara. Esta é a verdadeira razão da indignidade desta greve e abre um precedente asqueroso para o mundo do trabalho. Não é por ser greve da direita ou da esquerda que a greve é legal ou não - é sim pela forma como é conduzida e pela arbitrariedade com que os enfermeiros estão a jogar com a vida de pessoas que dependem deles. Não é a mesma coisa ter uma greve de estivadores ou de maquinistas dos caminhos de ferro ou do metro, ou uma greve nos hospitais e ainda por cima cirúrgica e arbitrariamente decidida como, quando e aonde. Haja um mínimo de dignidade própria de quem é trabalhador, não se aviltem as condições de trabalho desta forma.











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