quinta-feira, 14 de maio de 2020

Esta clausura forçada
Cá continuamos nesta clausura que a peste nos impõe e que tem permitido descobrir, mais fundo, a alma humana. Têm vindo a público cenas lamentáveis, cá  pelo País como em outros cantos do Globo, e que revelam que o lado bom  do ser humano  não é generalizável, infelizmente.
Numa das últimas aparições públicas que fez, há uns anos, o Mestre Gonçalo Ribeiro Telles disse que o " homem do futuro está a nascer por todo o lado"; eu que sempre fui também um optimista e que acredito na tese de Teillhard de Chardin de que a evolução não parou com o surgimento do Homo sapiens mas se continua neste, já não tanto como evolução biológica mas como evolução de consciência ( o que terá necessariamente implicações biológicas, anatómicas  e fisiológicas), não deixo de ter por vezes dúvidas que o futuro do Homem seja aquilo que muitos esperam - porque a Terra não precisa do homem, este é que não pode viver sem a Terra; mas a generalidade dos homens,  em particular os que têm poder, não dá mostras de entender isso.
A pandemia, inesperada como tantos outros fenómenos que a Natureza nos reserva, pode ser o motivo da grande  mudança, inevitável e urgente, que tantos esperam.
Esta crise veio pôr a nu o que a  globalização neoliberal tem produzido - as crises económicas com sucessivas depressões, tempos de pobreza, desigualdades gritantes  entre países ricos e países pobres e, dentro do mesmo país, entre classes possidónias e ricas e as classes pobres e dominadas. Como referem economistas insuspeitos como Stiglitz ou Dani  Rodrik são os próprios economistas que se desacreditaram  por não serem capazes de prever as crises que até as pessoas sem formação parecem adivinhar. Do neoliberalismo apregoado ao longo do século XX por tantos gurus, desde Friedman e Hayek, passando por Fukuyama que chegou ao ridículo de prever o fim da História com a queda do comunismo e o desaparecimento das ideologias democráticas - até aos nossos  auto-proclamados liberais fala-baratos, é toda uma galeria de gente submetida aos patrões dos mercados e aos seus agentes de  avant garde, como são as agências de rating e algumas agências de auditorias.
A dependência que agora veio a ser demonstrada, para quem não a tinha entendido, de uns países mais críticos face outros dominadores,  espera-se que traga a consciência e a vontade colectiva para inverter a situação; a Terra respira e vive melhor sem a poluição que a tem vindo a envenenar, a solidariedade transforma-se em mercado de favores, a China e o seu Partido Comunista são os novos gurus da globalização, vão comprando empresas em todo o mundo e ocupando posições difíceis de remover  na América latina e em África - e Portugal tem servido de porta para ela entrar na Europa, estamos agora todos a convencer-nos disso...
A democracia está em risco !

Um crime hediondo
Houve um frémito de espanto e horror com esta notícia de um pai e a madrasta terem assassinado uma criança e com requintes de tortura, o que nos deixa atónitos. E mais uma vez os serviços sociais, locais ou regionais, sejam lá eles quais forem, falharam: a criança já tinha fugido anteriormente para tentar ir viver com a mãe, já tinha dito na escola que não queria estar em casa do pai - e ninguém moveu uma palha para solucionar a situação.  " A criança não estava sinalizada" -  porquê ? Não se tem dito nada da mãe da menina, não conheço informações se  é flor que se  cheire ou não, mas essa notícia a comunicação social não tem dado. Agora é inadmissível que com tanta coisa grave a acontecer nesta terra e no mundo, o telejornal seja aberto largamente com a notícia do assassinato da criança. Assunto para abrir telejornais ?









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