quarta-feira, 9 de outubro de 2024

 Crónica da sociedade (2)

O mundo em que vivemos atravessa uma das piores crises gerais de que há conhecimento. Sabemos que, ao longo da História, se criaram situações de graves conflitos que redundaram em tragédias, e o mais próximo de nós. o século XX, conheceu duas guerras mundiais, guerras de abuso de uns países sobre os outros como os EUA e as suas intervenções no Médio Oriente, no Vietname. no Afeganistão; a URSS e, depois da sua queda, a Rússia nos países europeus e asiáticos que ocuparam e tentaram reconquistar, a China abafando o Tibete; guerras mais pequenas em África  onde a região do "corno de África" nunca deixou de estar em luta .

Mas neste século XXI seria de esperar que, assumida a  consciência dos problemas de manutenção da Vida que já  não podem ser desmentidos, se entrasse num tempo de paz e convivência mundiais. Mas não.

Em plena Europa, onde se desenrolaram os maiores conflitos do século XX que deveriam servir de claro aviso, estala a invasão de um país -a Ucrânia por outro, a Rússia -  exactamente com as mesmas declarações expansionistas e demagógicas com que Hitler desencadeou a 2ª Grande Guerra: invadir regiões limítrofes para proteger as populações russófonas e aumentar a sua área de influência. Hitler invadiu os países à volta da Alemanha para proteger as populações germanófilas e aumentar o seu espaço viral. Qual a diferença?

O pavor da pata russa amedronta todos os países que se safaram da URSS e adquiriram a independência. Eu estive em Setembro uns dias na Geórgia onde a Rússia, já com este Putin, invadiu e ocupa 20% do território, ameaçando os poderes georgianos de nova  intervenção se falarem em entrar para a União Europeia. Que dizer também da Moldávia, já que com a Roménia  e os países bálticos o "czar" não terá a veleidade de atacar.

Sempre, nestes casos de guerras de conquista (Alemanha nazi e Russia de ontem e de hoje) se trata de países de onde desapareceu a democracia, assumindo regimes autoritários,  policiais e absolutamente escravizantes da sociedade. E há quem goste disso, mesmo depois de terem conhecido a liberdade, porque há muita gente "fraca" de ânimo , que tem medo do confronto e prefere a "ordem" e a autoridade - e a possibilidade de, pertencendo a essa "ordem", poderem assumir funções e adquirirem riqueza que de outro modo lhes fogem das mãos.

E eis que no Próximo Oriente o histórico antagonismo de judeus e palestinianos muçulmanos voltou a rebentar de forma catastrófica. Claro que o pretexto foi dado pelos terroristas do Hamas, mas como disse corajosamente  António Guterres, o acto de 7 de Outubro do ano passado não saiu do nada.

Há mais de 70 anos que Israel faz o que quer, invade, mata, ocupa, despreza as directivas da ONU, claro que com o beneplácito dos EUA.  E quem se atrever a apontar o dedo às causas da tragedia de 7 de Outubro, sem que com isso esteja  minimamente a desculpar a carnificina que os terroristas praticaram,  é logo apelidado de anti semita. Anti semita uma ova! 

A informação que nos chega diariamente é sobretudo proveniente da parte hegemónica da ordem actual mundial; Israel pratica crimes contra a humanidade tão graves quanto os praticados pelos grupos terroristas, só que nem toda a informação  chega à opinião publica ocidental ( porque à opinião publica não ocidental se calhar ainda  pior, de sentido inverso).

Só para vermos um exemplo: Israel bombardeou moradias em Teerão e matou lideres do Hamas - alguém acusou Israel de ter atacado um país independente que é o Irão? Mas toda a comunicação social fez eco de que o Irão retaliou e enviou mísseis para o país judaico - credo, é preciso que Israel reaja! Os americanos fazem de nós parvos, continuam  a apoiar sem peias os crimes que Israel comete todos os dias. Existem mais de 100 reféns israelitas nas mãos do Hamas; pensar nos horrores que aqueles que estiverem vivos estarão a passar, causa calafrios. Então a sobrevivência e resgate dos prisioneiros deveria ser a prioridade de Netanayhu - mas não. Um ditador deste calibre, é o que ele é, apesar de ter sido eleito democraticamente ( Hitler também foi e Putin, etc), não se importa de sacrificar 100 conterrâneos para atingir nos seus fins, por isso em vez de fazer os possíveis e impossíveis para um cessar fogo, agora está a invadir outro país independente, o Líbano.

Eu visitei o Líbano há meia dúzia de anos e encontrei um país exemplar - se o deixarem viver sem o molestar; estive lá pela altura da Semana Santa cristã, havia imagens da Virgem Maria e bandeiras cristãs entre bandeiras do Hamas e do Hezbollah. Atravessava-se um período de acalmia. O grande vale de Becka são milhares de hectares do melhor solo agrícola e com água - aqui está uma das invejas quer os israelitas quer da Síria ( venha o diabo e escolha um destes) - os judeus mais ortodoxos dizem que o Líbano é parte da terra prometida, será uma questão de tempo até reivindicarem também ficar por lá...

E esta conversa não acaba aqui...






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