quarta-feira, 22 de maio de 2019

Um fantástico país , o Líbano  Faltava-me conhecer o Líbano para conhecer praticamente todo o Mediterrâneo, esta região que me fascina,  verdadeiro berço da civilização  ocidental, o Mare Nostrum dos romanos que antes foi domínio de fenícios e gregos e que através destes conheceu as ideias e os avanços de sumérios, persas, egípcios...
É espantoso vir encontrar aqui florestas de folhosas mediterrânicas frondosas e, nas montanhas mais altas,  as célebres florestas de Cedrus libanii ainda com tanta pujança, acima de 1500 m de altitude com abundância de nevoeiros e de neve apesar de já estarmos em meados de Maio!  Rios caudalosos que nós bem  gostaríamos de ter por cá, o famoso vale de Bekaa que é uma enorme planície fértil, verdejante, pomares e vinhas com produção de vinhos a quererem ombrear com os melhores - tudo surpresas!
O Mediterrâneo está ali no seu melhor - aquelas águas de azul tão profundo como o firmamento, sem marés e apenas pequenas ondas a morrerem nas praias; e no seu pior - a poluição , aqui deixada acontecer de forma inadmissível : ao longo da bela baía de Beirute, bordejada por uma praia contínua de alguns quilómetros, há várias bocas enormes de canos de esgoto a lançarem caudais volumosos de águas negras para a praia e para o mar, indiferente às pessoas que ali se passeiam e aos hoteis de turismo implantados à borda da água !!
O Líbano hoje vive em paz e parece tranquilo e com harmonia entre as suas populações tão diversas; estávamos agora em pleno Ramadão para os muçulmanos, com os seus estandartes e proclamações mas entre imagens da Virgem ou de Cristo em crucifixos !! Mas é um caldeirão em ebulição, um barril de pólvora... 
A guerra civil que o país conheceu entre 1975 e 1982, com a entrada de milhares de refugiados da Palestina, envolveu os cristãos contra os muçulmanos,  os exércitos da Síria e de Israel, e as milícias da OLP já que esta quis fazer do Líbano a sede da sua acção e com autonomia como se fosse um Estado autónomo. Cometeram-se atrocidades que ainda hoje são dolorosamente recordadas, Beirute ficou em ruínas quer pelos combates dos maronitas cristãos, quer pelos bombardeamentos da Síria e de Israel que invadiu o país em 1982. Houve tréguas conseguidas pelos países ocidentais, Israel porém só abandonou o território em 2000; mas também a Síria que tinha ocupado o norte libanês, ficou e só saiu face à pressão internacional e do próprio povo que começou a hostilizar as forças ocupantes.
É evidente que tanto a Síria como Israel acalentaram - e acalentam... - o sombrio desejo de ocuparem o espaço libanês, com tantos terrenos férteis, com tanta água, com um litoral tão importante e portos de mar estratégicos...
Houve mais escaramuças e conflitos sobretudo devidos ao Hezbolah, inicialmente milícias xiitas que combateram Israel, apoiados pelo Irão, mas que finalmente se tornaram um partido político e interiormente nunca fizeram actos de terrorismo.
Podemos dizer que existem uns 42% de cristãos maronitas e alguns poucos de outras confissões cristãs, e vivem sobretudo no Monte Líbano e nas regiões do norte do país; os xiitas uns  24%, habitam  em especial no sul do Líbano, em Tiro e a sul e norte de Beirute; os sunitas , uns 25 ou 26% estão maioritariamente na zona ocidental do vale de Bekaa, nos bairros centrais de Beirute e em cidades como Tripoli e Byblos a norte mas também Sidon a sul.E ainda uma minoria de druzos, que habitam sobretudo no Monte Líbano e a sul do país. 
Pode-se viajar em plena segurança por todo o país e Beirute como a Fénix, vai renascendo das ruínas e hoje é já uma cidade moderna, com boa arquitectura em torres elevadas, e apenas os bairros periféricos são de prédios velhos e mal conservados, Mas todas as avenidas novas e as marginais são bem o exemplo de uma cidade com planeamento urbanístico a querer fazer esquecer os anos negros do passado recente,
Voltarei a falar do Líbano um dia destes.





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