terça-feira, 17 de março de 2020

Crise do famigerado  vírus - exaltação a mais
Há certos  sectores, que são sempre os  mesmos por serem os  mais "securitários", prontos a pedir "a lei e a ordem", que não param de exigir medidas urgentes, drásticas e salvíficas contra o famigerado  vírus.  Escrevo isto antes do Presidente da Republica decidir pela instalação do Estado de Emergência, sim ou não, que certa gente anda a pedir para JÁ e devia ter sido promulgado na semana passada! Conhecendo-se o lado hipocondríaco de Marcelo Rebelo de Sousa, o mais provável é que ele decida pelo sim. Mas porquê tanto sufoco ? 
De uma maneira geral o pessoal português tem respeitado as medidas preconizadas pelas autoridades, salvo algumas patetices  induzidas pelo outro vírus, o do medo, como foi o assalto ao papel higiénico e o açambarcamento de produtos nos  supermercados, mas isto vai parar porque ou há muito dinheiro escondido debaixo dos colchões e nas contas bancárias, ou  o "cacau" acaba.
Estado de Emergência para já - e cada cabeça sua sentença, esta é a minha -  não se justifica. Tal significa parar mesmo o país o que  só agrava o stress e o medo; antes importa fazer respeitar as medidas já em vigor, deixando que a população se vá refazendo do susto e cumpra. E os portugueses até são resilientes. Ora há profissionais de saúde com as duas opiniões, uns querem tudo a parar já, outros propõem menos exaltação. Se estivéssemos habituados a uma ditadura como os chineses -  e acredito que aqueles bilião e meio de pessoas não conhecem outra forma de vida e só daquela maneira foi possível combater a epidemia - parávamos tudo; mas com algum treino que vamos tendo de um Estado de Direito, e sendo eu um optimista democrático, gostaria que se esperasse algum tempo para concluir que o vírus vai mesmo  proliferar com a velocidade  e a energia que os estudos matemáticos apresentam - até porque a vida ( e os vírus são formas de vida) nem sempre se comporta com a previsibilidade das máquinas que obedecem a leis físicas e matemáticas , há um outro élan que escapa aos modelos, ou não ? Eu tenho consciência de que a progressão de uma epidemia deste tipo é rápida e que neste momento há pessoas  em situação aflitiva, problemas quase de sobrevivência, falhas nos apoios, um cenário de catástrofe mas que é preciso não piorar por quem tem obrigação de, pelo menos manter a cabeça fria.
Os profissionais de saúde estão na primeira linha da luta, com esforços redobrados e em risco permanente, têm que ser estimados e  homenageados, mas cada guerra tem os seus soldados, conforme as ocasiões. Eu sei que é fácil estar, como eu, a debitar sentenças, mas não podemos deixar de intervir desde que estejamos de boa fé.
Também seria aconselhável que instituições como as Ordens dos Médicos e dos Enfermeiros e alguns sindicatos não fizessem politica nesta fase da crise; em vez de criticarem a torto e a direito o SNS, podiam deixar essa crítica para depois, quando for o balanço final - é pedir muito? No sector privado vai tudo em beleza, mas como é ao serviço publico que acorrem os milhares de pessoas aflitas, vá de atacar quem está na mó de baixo...
Daqui a pouco tempo verei se tenho ou não razão na minha posição




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