terça-feira, 25 de novembro de 2025

 Ao correr do tempo

Democracia e autocracia- Certamente em todos os tempos as pessoas mais preocupadas  com a vida em sociedade devem ter colocado as mesmas interrogações que hoje muitos de nós assumimos -  tempo de convulsões e de fragilidades sociais.

No chamado Ocidente, mas que inclui países que não são propriamente ocidentais, como Austrália, Japão ou Nova Zelândia, conseguiu-se aperfeiçoar uma noção de vida social em democracia. Foi a Europa, e sobretudo no Sul,  que  se revelou sempre como  um cadi8nho de inovações sociais, desde a paidea  grega  e depois com a romanização do continente.

Mais tarde evidenciou-se  o Renascimento, - não foi por acaso que também surgiu na Europa do Sui,com a força cultural da latinidade e  que o pequeno território que é Portugal  se lançou nas rotas marítimas de dar a conhecer o  mundo.

Pode-se dizer hoje que fomos colonizar outros  territórios, que negociámos escravos, que explorámos os recursos de outras latitudes ( diga-se  em abono da verdade que nem sequer explorámos, como poderíamos ter feito...) - podemos dizer isto hoje, quando a nossa mentalidade felizmente  evoluiu ao contrário de outros povos que acham que invadindo países vizinhos estão a acrescentar algo de bom para a Humanidade.

E se nós devemos pedir desculpa pelo que fizemos nas ex-colónias, será que Roma pede esculpa por nos ter colonizado ou os antigos gregos? Isto é importante: fomos negreiros, mas quando as caravelas chegavam a uma praia africana, não desembarcavam tropas para irem apanhar os escravos -eram os chefes das aldeias que acorrentava, os homens e os vinham vender aos navios. Em Angola é conhecido o papel da Rainha Ginga que  era forte negreira e fazia guerras aos povos vizinhos só para capturar escravos Algum chefe africano já pediu desculpa por os seus antepassados terem praticado a escravatura de irmãos da mesma raça?

O nosso colonialismo é certo só se tornou obsoleto e indigno para o nosso tempo em pleno século XX, com o Estado Novo e o salazarismo; quando todos os países deram a independência  às suas colónias Portugal salazarista inventou desculpas para manter as nossas colónias - as Províncias Ultramarinas - como se o resto do mundo acreditasse nesta invenção!! E no entanto tínhamos sido o primeiro país a descolonizar quando se deu a independência ao Brasil.

Mas com uma velha ditadura cá dentro como é que podia o regime aceitar que as colónias fossem países independentes e democráticos?! Neste aspecto só Cabo Verde e São Tomé e Príncipe se mantêm ainda hoje como democracias -até exemplos para a maioria de outros países de todo o mundo.

Portanto não podemos negar que fomos colonizadores, que andámos no repelente regime da escravatura mas  quando o tempo era esse; nós fomos colonizados pelos romanos e não nos demos nada mal com isso...

Corrupção quotidiana

Não passa um dia sem que surjam na comunicação social casos de corrupção, que abrangem todas as camadas, desde banqueiros, a  funcionários públicos e até médicos.

É o retrato da sociedade que nos envolve, mas pasmo como é que certas pessoas envolvidas podem pensar que faziam aquelas manigâncias sem serem descobertas mais dia menos dia. Como é que podem acreditar que  faziam aquilo e passavam despercebidas ?!

As guerras  indecentes

Há guerras decentes quando um país tem de enfrentar inimigos  para se defender e manter a sua independência. É o caso da Ucrânia que foi invadida e o pior exemplo de autocrata que é Putin da Rússia, este faz uma guerra indecente, apenas por cá só os comunistas o defendem...

Mas o que se passa na Palestina, e no Sudão, para referir os mais espectaculares, são guerras totalmente  indecentes,   repletas de crimes contra a Humanidade, em pleno século XXI!!

A vergonha da proposta de Trump

Como é ainda possível fiar-se nas promessas e aviso do Trump? A proposta de paz para a guerra na Ucrânia coloca todas as exigências que o estupor do Putin pretender  alcançar. A Europa tem rapidamente que assumir um papel mais interventivo  nos negócios do mundo; apesar de muitos governos europeus estarem já nas mãos da extrema direita, s dois, entre eles a Hungria,  tem as desvergonha de se opor.

25 de Novembro

Cá estamos hoje  na reivindicação da direita mais retrógrada a comemorar a data que querem equiparar ao 25 de Abril; eu acho estranho que  seja assim, pois nesse dia a direita não conseguiu o que queria, que era a inviabilização do PCP.

Eu já tenho dito noutras alturas que sinto que tive o privilégio de estar a trabalhar no olho das acções do PREC - como Chefe de Gabinete do G R Telles, trabalhei todo o ano de 75 no Terreiro do Paço, e vi todas aquelas confusões, manifestações, algazarras, era a democracia  a implantar-se, num parto difícil de aprendizagem. Ninguém foi morto ou ferido, as Únicas mortes que ocorreram com o 25 de Abril ainda foram feitas pelos pides que disparam pelas janelas contra a multidão que se amontoava em frente ao nojento quartel, mesmo pegado com o Centro Nacional de Cultura. O PCP tinha mais fama que proveito ( nas primeiras eleições o PCP teve 13%...) e  quem realmente organizava os grandes protestos eram os da extrema esquerda com o respaldo do Otelo, um pateta sem formação política que era perito em organizar as acções mas sem  jeito para comandar fosse o que fosse. Os Governos do Vasco Gonçalves, já com prática de intentonas ( eu sei do que falo...) eram um regabofe de instabilidade, querendo fazer o jogo claro do PCP mas sempre rodeado de uma encenação teatral, cada vez  eram piores, o Vº Governo foi um desastre. Pelo contrário a extrema esquerda era mais anarquista que outra coisa, e chegámos  ao VIª Governo do Pinheiro de Azevedo com uma política moderada, porque por trás dele estavam os moderados do Grupo dos Nove, em que sobressaía Melo Antunes  (de quem eu fui amigo desde a patente de alferes). 

 A extrema esquerda - com o PCP a aproveitar, claro- em Novembro criou tal desordem que se preparavam para um golpe já que algumas unidades, como o Ralis em Lisboa e os paraquedistas, alinharam com essa bagunça. O que interessava à direita mais revanchista era que o PCP fosse erradicado, e essa reivindicação  saiu-lhes furada..

Em 26 de Novembro, depois de executado o plano elaborado por Ramalho Eanes e com a intervenção dos Comandos de Jaime Neves, surgiu na Tv à noite o Melo Antunes  a dizer quer a revolta fora dominada e que o PCP não seria erradicado porque fazia parte da ampla democracia que as Forças Armadas apoiavam. O General Costa Gomes, que era o Presidente da República, fora fundamental para acalmar as Forças Armadas e substituiu o Otelo na chefia do COPCOM pelo Vasco Lourenço, um dos mais evidentes do Grupo dos Nove.

No embate da tropa do Jaime Neves contra a Polícia Militar, na Calçada da Ajuda, morreu um  dos sitiados porque tentaram ripostar contra os comandos e estes não brincam em serviço...; eu e o Gonçalo estivemos lá, misturados na rua com a multidão que, nas vizinhanças  do embate , se havia juntado. São memórias que guardo com saudade e com respeito, porque fui testemunha de actos definitivos para a defesa da democracia.

E não se pode esquecer a importância que tiveram Mário Soares e Salgado Zenha, verdadeiros  baluartes  da democracia.

Por isso comemorar hoje o 25 de Novembro como se se tratasse duma vitória da direita sobre as esquerdas, é um disparate mas atesta bem como este actual Governo do PSD e CDS  se aproxima dos "chegas" e das forças mais reaccionárias que pululam no país.









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