Olhando para o mundo que me rodeia...
1- A democracia é o melhor dos sistemas políticos, democracia sem qualquer adjectivo- porque, quando lhe acrescentam um nome, quer dizer que se serviram e servem da democracia e a deformam para servir ideologias de esquerda ou de direita - já conhecemos a democracia orgânica, a democracia popular, a democracia musculada...
Nesta altura do século XXI estamos a assistir ao assalto das democracias pelas forças extremistas, criando autocracias que procuram de imediato alterar as regras com que conseguiram a chegar ao Poder. A grande virtude da democracia é também a sua grande fragilidade .
Ao longo do século XX, sobretudo depois da 2ª Grande Guerra, a extrema direita sempre fez tentativas de chegar ao Poder em alguns países e noutros chegaram à ditadura, como Portugal e a Espanha. Entre nós há 51 anos que conseguimos instalar este regime democrático e tem sido para mim surpreendente como se manteve tanto tempo, apesar de sucessivas governações que foram vítimas de abusos, de corrupção e de endividamentos da fazenda publica - uma vergonha.
Tivemos a sorte de ter havido uma primeira geração de grandes personalidades que vinham das oposições ao velho e caquéctico Estado Novo, pessoas de todos os quadrantes ideológicos e que asseguraram o início do funcionamento do novo regime; mas começaram também a funcionar as "Juventudes" dos Partidos, que na verdade não têm sido aquilo para que existem, serem escolas de cidadania e de aprofundamento das ideologias mas para pouco mais têm servido do que para compor as clientelas; deixaram de ser aulas de formação de novas consciências entre as camadas dos jovens, antes são escolas de trampolins para o assalto ao Poder. Ora para mim esta é a verdadeira causa de ternos tanta gente nova que entra nos Governos e depois são confrontados com situações de, no mínimo, falta de honestidade - e também falta de competência.
Como isto em Portugal tem acontecido com os dois principais partidos do Poder, PS e PSD, o impacto para o desgaste da democracia é evidente; mas igualmente grave é que essas causas de falta de honestidade, falta de educação cívica e falta de capacidade profissional, também surgem na nova força politica da extrema-direita e que tem crescido rapidamente; o Chega ganha projecção com um excesso de publicidade gratuita na comunicação social e também graças às asneiras comezinhas feitas pelos outros Partidos - mas em tão pouco tempo já deu para ver que os "chegas" serão ainda muito piores - entre os seus militantes tem havido de tudo quanto é mau e perigoso. Mas a retórica de Ventura tem conseguido manter a atractividade das suas posições, denunciando as falhas e explorando as fraquezas da politicas democráticas. E aquela gente não se exime de praticar, cada vez com a maior desfaçatez, actos nitidamente fascistas, xenófobos, racistas, de desprezo pelos valores da democracia. Ainda assim Portugal tem sido dos poucos países a conseguir conter a extrema direita fora do Poder; outros países considerados adiantados têm visto a sua extrema direita a subir, ainda agora foi a Holanda ou, como se passou a dizer os Países Baixos,. a conter por pouco o acesso ao Poder dos extremistas de direita.
Estamos no mundo a atravessar uma crise identitária das ideologias democráticas que, como qualquer pandemia, vai percorrendo todos os países desde os mais ricos e avançados até aos mais desfavorecidos se assim pudermos dizer. É necessária uma mudança de comportamentos dos partidos democráticos.
2- A carnificina em curso na Palestina deve-se ao apagamento dos que deveriam ser os principais apoios dos palestinianos- os países muçulmanos- e ao fanatismo sionista do Netanyahu, com o apoio descarado de Trump e de alguns outros como os alemães que, por terem a consciência pesada, dão todo o apoio a Israel. Como é possível neste século XXI a humanidade ter comportamentos do mais primitivo estado de civilização?!! Quer os terroristas islâmicos quer os sionistas israelitas revelam uma selvajaria imprópria dum século XXi
,Mas noutros pontos do globo prosseguem outras carnificinas e situações de primitivismo existencial, como a guerra do Darfur, a que ninguém neste mundo dá importância.
Depois temos a guerra imposta por Putin à Ucrânia, naquilo que pode ser considerado como o maior falhanço político do ditador russo. Aquela guerra, que começou por ser apenas uma operação militar "especial"" ( nas vésperas da entrada no pais vizinho os russos andavam em manobras perto da fronteira e negavam cinicamente que estivessem a pensar numa invasão) e por nítido erro de cálculo do neo-czar, transformou-se numa guerra em plena Europa. Se não fosse o apoio da UE com o qual Putin não contava, a guerra já teria acabado e Russia aumentava mais a sua "área vital", como já fez com 20% do território da Geórgia e como tentou fazer com a Roménia e com a Moldavia. É o que propõem os "pacifistas" que apelam ao fim do fornecimento de armas, não têm coragem pra explicar o que querem e se traduz em não se entregar mais armamento aos ucranianos. Assim a paz vinha logo porque o neoczar espezinhava a Ucrânia e impunha a paz... Pacifistas e comunistas estão do mesmo lado...
Eu que, certamente como muitas outras pessoas, passei a maior parte da vida a pedir o fim da NATO e as manifestar-me contra o poderio americano no mundo e as guerras que ele fomentava, agora sou forçado a pensar que a NATO é precisa, pois nunca atacou ninguém e está a salvar os povos da tirania que seria imposta.
E paro por aqui, outras reflexões vêm a caminho.
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