terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 Nestes dias que correm...

Tempo de Natal

Com a pandemia a estender-se sem fim à vista, com meio mundo por vacinar  por não ter acesso às vacinas e uns cretinos ditos civilizados a não se quererem vacinar por "ideologia", o Natal deste ano vai ser um triste simulacro. Natal não é só para os cristãos por razões  de religião,  ele foi adoptado pela maioria das pessoas com ou sem religião, como a festa da família. E a família deve ser honrada com uma festa. 

Mas é também um  pretexto para se socorrerem os indigentes. os sem abrigo, os desviados da boa sorte - e aqui tanta desgraça que ocorre por esse mundo fora.

 Já não bastavam as doenças, as fomes crónicas, a pobreza endémica de milhões de seres humanos, cada vez maiores demonstrações da rotura da Terra, das alterações do clima e das actividades telúricas um pouco por todo o Mundo - já não bastava tudo isto e ainda temos cada vez mais autoritarismo, mais regimes despóticos que se aproveitam  das facilidades ( e das fragilidades) da democracia para  elegerem chefes que mal chegam ao poder o que fazem é alterar as regras, modificar  as Constituições, alterar a independência do poder judicial moldando-o  aos seus desejos de domínio. Se olharmos para a História do mundo, em especial do Ocidente, vemos como ciclicamente até onde se pensava que a democracia estava forte e exemplar, ocorrem fenómenos como o Trump, o Bolsonaro, o Orban da Hungria, o Erdogan da Turquia, e aqui há uns anos no Egipto com a Irmandade Muçulmana.

Aqui neste rectângulo temos assistido como o desempenho de um mau Governo que se dizia de esquerda democrática e deveria, por isso, ser exemplar, tem contribuído para o descrédito da democracia, com clientelismo descarado, ocupação geral de todos os cargos possíveis pelos que possuem cartão do PS ou dão garantias de lealdade - quando um partido da esquerda democrática deveria premiar o mérito, certamente com alguns dos seus em certos lugares chave mas chamando para lugares do aparelho do Estado pessoas capazes sem lhes perguntar - ou mesmo sabendo - a que ideologia pertencem.

Foi assim nos primeiros anos do regime democrático, quando se pensava que tudo era possível em liberdade e confronto limpo de ideias até á primeira purga feita pela AD em 1979-80 - eu testemunhei e fui um dos últimos  "saneados".  Daí em diante foi  um constante apelo ao clientelismo, foi  acenar com mordomias, tanto do PS como do PSD só que este... esteve menos anos seguidos no Poder.

As asneiras e tiros no pé deste Governo do A. Costa tem sobretudo feito crescer é a corja do Chega, que com um discurso fácil, apontando os deslises, a estupidez crónica dum Cabrita, as irregularidades na Justiça, ( e fala-se menos porque ninguém se interessa por isso, no  morcão do do Ambiente) e prometendo aquilo que, se atingisse o Poder, não faria, atrai muita gente até com instrução e inesperadamente que eu julgava acima dessa atracção.

Perguntavam-me ontem - então os exageros radicais do Chega são maus e os radicalismos do BE são bons? E esta lógica impõe-se porque falha redondamente a eficácia, a justeza de decisões (mas abunda em arrogância) dum partido de esquerda democrática que deveria  exactamente ser o fiel do equilíbrio entre aqueles dois radicalismos. O PCP existe mas é um cadáver adiado, mantendo-se incrustado no leninismo como se o exemplo de décadas dessa distorção do marxismo não  bastasse para arrepiar caminho como ain da há dia explicava muito lucidamente o Carlos Brito.

Em tempo de Natal e com eleições daqui a uns 30 dias, com a pandemia a aumentar e a alterar a vida de cada vez mais pessoas, era pedir muito ao PS que pusesse a mão na consciência e enveredasse por um caminho diferente; há muitos militantes que acham que isto está mal, mas nada dizem, são excluídos do Poder logo a seguir. Já vimos isso...

O fim do CDS

O CDS tem visto sair grande parte dos seus militantes para a IL e até para o Chega, e é pena ver que um partido fundador da democracia portuguesa ( embora tivesse votado contra a primeira Constituição) seja esvaziado assim.   Os ratos num navio, quando vêem o barco a afundar-se, pulam para qualquer coisa que passe ao lado.

Um desses ratos que pulam fora foi um cronista do Publico, Francisco Mendes da Silva, que acaba a última crónica com esta pérola: "É uma infelicidade que nos últimos anos o PSD e o CDS se tenham deixado bloquear intelectualmente pela desconfiança das ideias liberais..." E depois : "Não vejo como possa prescindir do liberalismo económico e social..." E termina " O liberalismo é o oposto ao socialismo. A direita ou é liberal ou não é alternativa".

 Esqueceu-se que ele pertenceu ao CDS que é (  era...) um partido da democracia cristã, agora ignorada como sendo uma oposição ao socialismo, o que significa que ele estava lá por ser o mais à direita que encontrava no mercado.

Personalidades como Amaro do Costa,  Freitas do Amaral, Adriano Moreira, Bagão Felix, para citar só estes, defenderam a democracia cristã como alternativa ao socialismo democrático , como aconteceu e acontece em toda a Europa; e revela um desconhecimento lamentável para o ex-militante da democracia cristã que a Rerum Novarum, a partir da qual nasceu a doutrina social da Igreja, condenava tanto o marxismo ( não era propriamente o socialismo) como o liberalismo, por serem ambas ideologias não democráticas e castigando os povos com restrições imorais. E podemos invocar o guru do liberalismo ( que o nosso cronista deve adorar, caso o conheça...)  Fukuyama, que escreveu a tontice do Fim da História depois da queda do bloco soviético, mas que em 2019 reconhecia que nunca esperou que os desvios liberais tivessem levado à eleição de Trump e que a culpa era da esquerda democrática por  não ter sido capaz de segurar as suas posições. Ora esta, hem ?

Fico hoje por aqui.













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