sexta-feira, 20 de julho de 2018

A sociedade e a tecnologia

   Hoje ouvi na Antena 1 um pedaço da crónica do veterano Sena Santos em que referia um livro dum autor, creio que americano ( não guardei na memória...) tratando de um assunto em que penso muitas vezes. Penso eu e todos nós, estou certo, desde  que tenhamos alguns conhecimentos culturais e científicos - isto é,  tenhamos um mínimo de cultura : o efeito que as imensas e novas tecnologias virão a ter, ou estarão mesmo já a ter, sobre as sociedades, as suas estruturas e o seu futuro  humanista ( e humano...).
     É já impensável admitir a nossa sociedade sem tecnologias de comunicação e sem internet, e esquecer as enormes vantagens que elas trouxeram à Humanidade.
     Não se trata de questionar o uso das tecnologias, mas sim o abuso que delas se faz. Em qualquer lugar e em todas as situações o que vemos ? Seja nas paragens dos autocarros, seja dentro dos transportes, seja nas salas de espera dum consultório médico ou do hospital, nos pátios das escolas , nos intervalos das aulas ( e às vezes mesmo dentro da sala de aula...), nos cafés, nas reuniões de amigos - e em família, nas nossas casas - toda a gente está agarrada a um zingarelho com "phones" ou sem eles, a comunicar, a jogar, a  consultar a net, a fazer  quase tudo  menos conversar uns com os outros, repete-se, mesmo  na família.
      É quase impensável impedir os filhos e os netos de estarem agarrados a um qualquer aparelho dessa panóplia que a sociedade de consumo nos impinge  constantemente, às vezes com pequenas alterações de funcionalidades e de aspecto, mas o suficiente para atrair a cobiça do pessoal!
   Falta um estudo sério e exaustivo, pelo menos é o que penso,   que analise  como as sociedades estão a evoluir e a reagir a esta situação e o que pode resultar de negativo ( ou de positivo, quem sabe?)  deste abuso das novas tecnologias.
   Um dos aspectos que se foca normalmente é a perda da vontade ou do hábito de ler livros impressos. Poderíamos pensar que não é assim atendendo, num pequeno mercado como o português, ao número impressionante de títulos de livros que saem todos os anos e ao número de pequenas e grandes editoras que tem sobrevivido. Mas nos nossos contactos, até em nossas casas, certamente que reparamos que os nossos adolescentes na sua  maioria pouco ou nada lêem impresso - ou será um juízo precipitado?
    Um outro aspecto que já vi referido embora escassamente, é a perda da capacidade de manipular que  foi a arma da evolução do ser humano desde os seus primórdios. Desde a mais tenra idade, mesmo antes de saberem falar e articular frases, as nossas crianças aprendem a bater nas teclas dos aparelhos.  Será que as actividades escolares de artes criativas ( os antigos trabalhos manuais...) compensam  a pouca  utilização da mão humana para realizar actos de criação e de manipulação de materiais e equipamentos manuais ? 
      Que efeitos a médio e longo prazo esta perda da manipulação pode acarretar para o desenvolvimento do cérebro humano e das suas capacidades criativas ? Hoje a maior parte do tempo dos jovens e dos adultos é a bater com os dedos no mesmo movimento em teclas ou a "clicar" em indicadores de monitores. Acho que nos devíamos todos preocupar um pouco mais sobre estes assuntos, por mais que pareçam caturrices de "velhos do Restelo"...


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