terça-feira, 22 de janeiro de 2019

China, Budismo e a hipocrisia do nosso tempo

  1 -   Alguém mais  ouviu ou leu, por uma vez que fosse,  nos últimos anos , algum país do mundo convidar o Dalai Lama para visitas oficiais ?     Algum  órgão de comunicação social refere a existência de exilado do chefe espiritual do Tibete ? Alguém comenta o que os chineses fizeram e fazem no Tibete ?
     Porque será este silêncio sobre um dos mais brilhantes espíritos que a Humanidade conheceu no século XX?
        A razão é só uma, medo da China ! Nem os EUA, nem a Alemanha, nem os países escandinavos, nenhum pais democrático e independente se atreve sequer a referir a existência dos milhões de tibetanos colonizados pela China. Qualquer referência a esse assunto fica sob a ira da China que ameaça com retaliações pelo menos económicas, e ninguém quer correr esse risco. 
     O Tibete é um país vizinho da China, não é uma etnia das muitas que a população chinesa integra. Durante mais de mil anos os dois povos viveram lado a lado e nunca a China mandou no Tibete; pelo contrário até em tempos recuados houve pelo menos um imperador chinês que era tibetano.
   Mao Tse Tung invadiu o Tibete como invadiu a Mongólia e fez desses países e povos suas colónias, sob a figura meramente retórica de serem regiões autónomas.  Região autónoma é se ela é administrada pelo seu povo, respeitada a cultura e a idiossincrasia desse povo. 
   Os chineses invadiram o Tibete, enviaram, e continuam a enviar para lá milhares de chineses que ocupam a economia, os postos de trabalho e todos os cargos administrativos. A quando da invasão destruíam  mosteiros, queimaram bibliotecas, mataram monges e pessoas indefesas.O palácio Potala, uma das maravilhas do mundo, foi salvo in extremis por Shou en Lai, que talvez fosse mais culto  e ajuizado que a demais gentalha que ocupou Lhasa e as outras cidades; em Lhasa deram cabo de toda a arquitectura, substituída pela arquitectura chinesa de tipo caserna, sem qualquer valor patrimonial. Apenas deixaram o bairro em volta do mosteiro de Jokdham, o mais antigo mosteiro tibetano, e onde acorrem milhares e milhares de peregrinos todos os anos,Também ali acorrem os turistas,  enfastiados com o resto da cidade e que apenas naquele bairro antigo respiram um  pouco da cultura e da civilização  tibetanas. Eu estive lá quando começou a abrir ao turismo, E estive na parte da Mongólia que a China não  libertou e a que chama Mongólia Interior; num dos maiores mosteiros de todo o  budismo, os invasores destruíram e queimaram uma das maiores bibliotecas com  manuscritos dos primeiros séculos e só  restou um  monge, que eu conheci já velho e que estava a refazer a comunidade com mais 12 novos aderentes.
Os chineses destruíram a Academia de Medicina Tibetana,  que se situava em frente ao Potala, e era um repositório de medicina alternativa; apenas escaparam alguns monges médicos que salvaram uma dúzia de tankas com prescrições de saúde datadas...do século IX.
                    Fixem Tenzin Gyatso 14º Dalai Lama
(continua)

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