quinta-feira, 13 de abril de 2017

Florestas e florestais

Os dois últimos Governos liberais que tivemos em Portugal causarem as piores crises que a nossa sociedade conheceu desde a implantação da democracia,  Um dos domínios em que a sua acção foi mais nefasta e de cujas consequências o país está a sofrer e vai ainda sofrer muito mais, foi a destruição da organização e controle do sector florestal que o Estado exercia. 
No final de 2005 escrevi uma crónica intitulada "Este socialismo liberal", como resultado da análise das políticas que o sr. Pinto de Sousa *  estava a conduzir, e de que transcrevo apenas as seguintes linhas:  " As mesmas consequências que o  liberalismo do sex- XIX gerou............ voltam a repetir-se ainda com mais agressividade no final do séc. XX e agora nestes tempos conturbados que vivemos.
A esquerda deixou de ter ideias e a social democracia que na Europa parecia  ter construído um regime quase perfeito,   ........ acabou por soçobrar perante as investidas das progressivamente gigantescas empresas multinacionais.
.... e agora Sócrates proclama o seu socialismo liberal enquanto não puder deixar cair de vez a primeira palavra e ficar apenas a segunda, Este socialismo liberal...! E dava-se logo por isso em 2005!!
Foi nesse Governo que em 2006  foi extinto o Corpo de Guardas Florestais que existia, como acontece em todos os países do mundo que têm florestas, nos Serviços Florestais ( seja DG ou Instituto) e os guardas florestais  passaram a ser integrados na GNR. Quer dizer, em vez da cadeia de comando que partia dos Engºs silvicultores dirigentes  e terminava nos Mestres Florestais e nos guardas, estes passaram a ser comandados pelos tenentes e sargentos da GNR, que, quem havia de dizer,  sabem muito de política florestal. 
Esta machadada na organização florestal portuguesa devia ter sido chamada de criminosa, mas não foi e as  consequências começaram a sentir-se nas dimensões dos incêndios florestais. Desaparecida a vigilância que os guardas florestais mantinham através dos seus postos e casas de guarda. nas serras, os fogos só são notados quando  adquirem uma dimensão tal em que a única solução é deixar arder. Paraíso para os meios aéreos !...
Com o segundo Governo liberal  seguinte, agora de Passos Coelho, foi dado o último passo,  graças ao clarividente ex-deputado do queijo limiano, arvorado em Secretário de Estado de uma Ministra ex democrata cristã : extinguiram-se os Serviços Florestais e integraram os seus técnicos no ICN, diminuindo a independência funcional que a Conservação da Natureza, como pilar duma Política de Ambiente eficaz, que deixou de existir,  deve manter  face a todas as actividades económicas que intervêm directamente com o espaço territorial sejam a agricultura, as florestas, as estradas, etc.
Quer dizer, acabaram por descaracterizar e tornar quase obsoleto o papel dos engenheiros silvicultores, que foram sempre vítimas de uma descriminação por vezes ostensiva dos agrónomos, Eu sou do tempo em que essa descriminação era bastante notória.
Desorganizado o sector florestal, com o peregrino argumento de que a maior parte da área florestal é privada por isso entregar progressivamente aos privados a gestão desse crucial recurso natural é a medida lógica dos liberais, que tudo indica nos continuam a  governar agora - apesar de parecer que existe um suporte da esquerda e até de um  Partido Ecologista.
O final glorioso desta senda persecutória será ... extinguir os cursos universitários de engenharia silvícola ou florestal. Lá chegaremos !












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