quinta-feira, 1 de julho de 2021

 De novo pronto para umas notas

Mas hoje fico-me apenas por  um episódio.


Há um mês que deixei de  escrever no blogue, vou retomar com a assiduidade possível, e embora goste e pretenda que alguns amigos as leiam, a verdade é que escrevo estas notas para mim, para guardar as memórias que ainda vou tendo, para memória futura...
E começo mostrando a  capa do livro que escrevi e foi apresentado no dia 26, último sábado de Junho, dedicado ao Gonçalo Ribeiro Telles. 
Tinha escrito apenas um ensaio  curto sobre o Homem e a Obra do meu mais devotado e velho Mestre, Amigo e Companheiro de uma vida - pois  desde 1962  que o conhecia e com ele lidava de perto. Mas o Arqº Filipe Jorge da Argumentum empenhou-se logo em fazer um livro de memorias que em princípio devia sair no dia 25 de Maio, quando o Gonçalo fizesse 98 anos.  Ao meu Amigo monárquico popular, que dizia frequentemente que, se tomasse uma bica com cada português ( ele que tomava várias bicas por dia) convencia-o a ser monárquico como ele, e eu respondia invariavelmente que não dissesse aquilo quando eu estivesse presente porque passavam as décadas e eu nunca deixei de ser republicano. " Tu és um republicano mas não és jacobino e tens boas ideias com quem gosto de discutir" - e discutíamos muito, no bom sentido.
Era um ensaio com o qual queria fechar o ciclo GRT, pois não penso voltar a escrever e a falar dele porque tudo quanto eu tinha para dizer já está dito e escrito e vão continuar a surgir opiniões, aproveitamentos, textos e mais discursos, até políticos a dizerem maravilhas dele, tudo numa amálgama de intenções, umas hipócritas outras sérias e demonstrações de afecto verdadeiros e elevados com outros de quem apenas apanha o comboio e se serve dele para justificar até  aquilo que ele, GRT, nunca faria nem diria. 
É natural,  a sua grande projecção de figura nacional de primeira água não escapa a esses movimentos  de opinião.  Ninguém se pode ou deve arrogar a postura de herdeiro ou especial intérprete de quem foi GRT - mas o Tempo, o grande  escultor que Marguerite Youcenar denunciou,  é que ditará o seu lugar na escala dos valores portugueses na História. Ele que brincava com as agressividades que por vezes lhe dirigiam, ao longo da longa vida , por exemplo com os ataques da esquerda durante aquele inigualável PREC de 1975. O PCP atacava-o no "Avante" mas respeitou-o sempre; e a quando da discussão sobre a central nuclear para Ferrel, apenas o PPM e o PC se manifestaram contra e quando um jornalista lhe perguntou se não se sentia incomodado por ter só os comunistas a seu lado, ele respondeu que "antes vermelho que morto".
Já o mesmo se não dirá da chamada esquerda revolucionária para quem as suas utopias eram frouxas e seriam contrárias â renovação das "mentalidades revolucionárias" -  e nesse sentido uma das  coisas com mais piada saiu de alguns colaboradores próximos do Gonçalo, que até aí o endeusavam, mas  que, envolvidos naquele élan super marxista  e super tudo, em Novembro de 75 elaboraram uma lista de saneamentos, que eu  tive na minha mão, com o Gonçalo â cabeça  e a seguir eu, que era Chefe de Gabinete, o Luís Coimbra que era adjunto e até a Elvira, a simpática e  dedicada secretária.  Eu, nos últimos temos da sua vida, recordava às vezes, esse episódio com o Gonçalo e ele ria mas achava apenas uma brincadeira; e o Luis Coimbra disse-me há tempos que, como  não temos documentos que o provem -  a tal lista que tivemos na mão desapareceu -  fica apenas a nossa memória e a piada que tem perceber como certos  espíritos se "adaptam" tão facilmente aos excessos de revolucionarite anti- burguesa... Mas foram os tempos mais entusiasmantes que mereceram ser vividos!! Felizmente em 25 de Novembro a coragem de Ramalho Eanes e a capacidade organizativa e influência política esclarecida de Melo Antunes deitaram por terra esses "arrotos" de revolucionarite  aprendidos à pressa em  manual de instruções oportunistas, a que meninos e meninas, burgueses até dizer chega (!!), se viam envolvidos ...
Nesse livro outras memórias ficarão gravadas, como o pormenor do resto de calçada de vidraço que esteve implantada na Avenida da Liberdade no troço que se estendeu do Marquês até à Rua Alexandre Herculano e foi mandado destruir pelo General França Borges Presidente da C M de Lisboa, que levou à demissão do GRT da Câmara Municipal. Ninguém já se lembra disso...
Por hoje chega










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