Imperialismos
Desde que me conheço que estive sempre mobilizado contra os excessos que década após década, o imperialismo americano ia perpetrando pelo mundo fora. Mas não me lembro de ver manifestações contra os excessos idênticos ou piores que o imperialismo soviético - e agora "apenas" russo- também foi cometendo.
Há um, que pouca gente parece conhecer, que foi talvez o maior desastre ambiental provocado deliberadamente pela humanidade : a destruição do Mar de Aral. Eu andei pelo Uzbequistão e vi e falei com as pessoas: durante décadas de submissão do país ( e dos países vizinhos Turquemenistão, Azerbaijão, etc - e faltou o Afeganistão que bem tentaram mas saíram de lá derrotados e com rabo entre as perna) os grandes agrónomos russos impuseram a cultura intensiva e regada do algodão. Desviaram rios, implantaram redes de rega e quando saíram de lá com o desabar da URSS, deixaram o Mar de Aral reduzido a uma poça de água, milhares e milhares de hectares de solos desertificados, carcaças de barcos a apodrecerem no que antes era o leito do Mar - uma desgraça ambiental que deixou muitos milhares de pessoas sem trabalho nem modo de vida.
Mas em termos de imperialismo russo aqui vai uma extensa ( possivelmente nem completa) lista do que foi a actividade imperialista russa para dominar outros povos e países. A agora admirem-se de ter sido a própria Rússia a ter estimulado a adesão de novos membros para a NATO, que estava em baixo de forma. Olhem para esta lista e percebem porquê...
- guerra de independência da Letónia, 1918-1920
- Guerra polaco- russa 1919-1921
- anexação da Ingria finlandesa 1919-1920
- invasão e ocupação do Azerbaijão, 1920
- Invasão e ocupação da Arménia, 1920
- invasão e ocupação da Geórgia. 1921
- repressão da Karélia, 1921-1922
- instalação do gulag na Sibéria ( campos de educação), 1923-1961
- deportação dos Ingrios finlandeses, 1924-1944
- Holodonor, Ucrânia, 1932-1933
- Guerra de Inverno, tentativa de invadir a Finlândia, 1939-1940
- Massacre de Katyn, 1940
- ocupação da Bessarábia e Bucovina do Norte, 1940-1941
- Razia da insurgência da Tchetchénia, 1940-1944
- Guerra da continuação, 2ª guerra contra a Finlândia, 1941-1944
- Deportação dos gregos Pônticos, 1942-1949
- Deportação dos Calmucos, 1943
- Operação militar especial Lenil (limpeza étnica na Tchetchénia e Inguchétia
- Deportação dos Tártaros da Crimeia, 1944
- deportação dos Turcos Mesquécios, 1944
- Deportação dos Bálcaros, 1944
- Ocupação da Roménia, 1944-1958
- Oposição ao Plano Marshall, 1948-1951
- Repressão de Berlim e Alemanha de Leste
- Massacre de 9 de Março, Geórgia, 1956
- Massacre dos protestos de Pozdam (Polónia), 1956
- Intervenção na Hungria. 1956
- Aniquilação dos Irmãos da Floresta, Países Bálticos, 1945-1956
- Massacre de Novocherkassk (Rússia) 1962
- Repressão das manifestações de Yerevan, Arménia, 1965
- Operação militar especial "Danúbio"- invasão da Checoslováquia, 1968
- Repressão dos Protestos de Dezembro, Polonia.. 1970
- Repressão da Sublevação da Lituânia, 1972
- Repressão dos Protestos de Junho, Polónia, 1976
- Repressão do levantamento na Geórgia, 1978
- Invasão do Afeganistão ( a tal..) 1979-1989
- Lei Marcial na Polónia, 1981-1983
- tragédia brutal do 9 de Abril, Geórgia. 1989
- Tentativa de esmagamento da Revolução Romena, 1989
- Laneiro Negro no Azerbaijão, 1990
- Primeira guerra na Tchetchénia, 1999-1009
- Segunda guerra na Tchechénia, 1999-2009
- Guerra no Daguestão, 1989
- Luta na guerra civil da Inguchétia, 1999
- Invasão e anexação da Crimeia, 2014
- Intervenção no Donesk (Ucrânia) , 2014
- Operação militar especial- invasão da Ucrânia, 2014, 2022
Ficam de fora as ocupações depois da 2ª Grande Guerra, prolongadas para muito depois das ocupações dos países aliados ocidentais.
Portanto quando falarmos de imperialismo convém ser abrangente e falar não apenas do americano ( que apesar de tudo nos deixa liberdade de expressão e fazer oposição livremente com responsabilidade) mas também falar do russo, que envenena, mata a tiro, mete na cadeia quem quer que fale contra o governo ou defenda a suas ideias. É crime de lesa Pátria, como dizia por cá o nosso "Botas": só Deus, Pátria e Família - que hoje alguns querem renascer.
Portanto eu que nem sequer sou apologista 100% da NATO, que gostaria de ver a unidade europeia em volta da democracia de que gozamos, percebo por esta lista de atrocidades, a importância que os países limítrofes da Rússia dão a sua adesão a uma organização que garante a democracia, e que os defende da fúria imperialista e bruta dos russos, que outra coisa não conhecem. século após século, senão a submissão dos milhões de pessoas á ordem de um czar e de uma minoria de latifundiários e agora do novo czar peralvilho e dos oligarcas que vivem dos negócios em todo o mundo e que não querem mudar -é o mudas!1
Minorias ocidentalizadas , intelectuais e com ideias de democracia "à ocidental" representam uma minoria . não se exporta democracia como quem exporta minério ou electrodomésticos. A democracia que alcançámos no Ocidente e hoje se pratica em países e povos evoluídos na Ásia, na Austrália, um pouco (muito pouc0) em África, é um luxo, todos a invejam e muitos a usam para a destruir por dentro - não é preciso dar exemplos.
Quando se deu a revolução bolchevique de 1917 os trabalhadores rurais ainda era servos da gleba como na Idade Média - isso diz tudo, não ? quando se visita S. Petersburgo percebe-se, ao ver aqueles milhares de palácios, porque é que foi ali que rebentou a revolução dos bolcheviques.
A Rússia actual, com a sua prosápia de grande potencia mundial - mas com a vergonha de ter de recorrer ao contracto de hordas de mercenários para fazerem, a guerra em nome da Pátria ( e estabelecendo o terror em vários pontos do mundo), esta Rússia não suporta ver-se rodeada por países que não querem nada fazer parte da sua área de influência, querem é manter-se livres do jugo russo e que, umas melhor outras pior, lá vão implantando e mantendo democracias muitas delas musculadas, mas não tão aterradoras como a Rússia e a sua única "aliada" Bielorussia. Daqui a estupefacção que é ver os "pacifistas de esquerda" que deviam por princípio ser contra a invasão de um país por um outro com regime de direita ditatorial insistirem no fim da guerra de uma só maneira : ainda não ouvi nem li nenhum deles dizer claramente à Rússia que pare os combates e retire as tropas com que invadiu a Ucrânia. Já os comunistas empedernidos têm tal ódio ao imperialismo ocidental que vêem em Putin, antigo dirigente do KGB e que já denunciou o fim da URSS como uma tragédia, venha a repor o seu regime de ditadura do proletariado com que sonham, como se agora os oligarcas e o próprio Putin, podre de rico quisessem voltar atrás - mas os comunas sonham com isso.
Lula da Silva que foi vítima de um regime de direita radical, agora que voltou ao de cima, mastigando a sua ideologia terceiro-mundista e tanto ódio aos americanos, que continua a contradizer-se todos os dias e não é capaz de condenar o Putin que é um exemplo dum Bolsonaro mas em grande. Pobre Lula, estraga o que de bom pode trazer ao Brasil
A única paz que estes pacifistas querem, lá vão dizendo (alguns) que condenam a invasão, mas querem que se deixe de dar armas aos ucranianos (negócio horrível este, dos capitalistas e imperialistas americanos e aliados e é uma grande negociata, a gente sabe), porque assim os invadidos serão esmagados pelos bandos de mercenários russos e ... eis a paz!
Ninguém pára a Rússia, e esta guerra em plena Europa no século XXI é insuportável porque anuncia o que nos espera se ela ganhar - mais nenhum país da sua orla fica em sossego.
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