Diversas ocorrências, incluindo problemas domésticos, afastaram-me temporariamente do blogue, mas espero agora poder retomar uma colaboração regular. E não posso deixar de registar alguns aspectos do momento político que atravessamos.
1 - O Acordo Ortográfico de 1990
Apenas para pouco mais que uma exclamação : quando é que há coragem política e desígnio patriótico suficientes para acabar de vez com esta aberração, em que uns auto iluminados linguistas se acharam donos do património português insubstituível que é a língua portuguesa?
Custa-me a crer que os deputados da AR que aprovaram este ataque ao património linguístico português, tivessem a noção do que se estava a aprovar. Na verdade só mais tarde, quando começaram a vir ao de cima as aberrações que o AO veio introduzir, é que certamente os deputados e a maioria dos interessados, nos quais me incluo, teve a ideia exacta do que fora aprovado. De "fato", quero dizer, de facto, nunca mais houve coragem para denunciar este atentado linguístico.
2 - Paulo Portas
O político do CDS e da direita conservadora portuguesa, que tornou revogável a sua decisão irrevogável de abandonar o Governo com o PSD, trocando-a pelo apetitoso cargo de Vice-Primeiro Ministro - onde foi preparando inteligentemente o seu futuro no mundo dos negócios - defende agora o MPLA e José Eduardo dos Santos, como exemplos da democracia angolana que - quem sabe? - ele talvez gostasse de ver repetida cá pela nossa terrinha...
Já o lírico João de Deus, no século XIX, referindo-se ao dinheiro, dizia " é tão lindo o manganão"...
3 - O regresso da múmia
Inesperadamente assistimos ao regresso de Cavaco Silva, qual múmia empalhada que saiu do silêncio da tumba.
A primeira questão é esta : o que leva o PSD a ressuscitar aquele "cavaleiro da triste figura" ? Passos Coelho das duas, uma : ou não tem mesmo categoria nenhuma para chefiar o partido, como já não tinha quando era Primeiro Ministro, e tem de recorrer a expedientes destes para suscitar alguns apoios internos ; ou foi pressionado para esta operação de recuperação do político, que sempre disse que não era político mas um professor economista a servir o povo - mas dando-se muito pouco com esse povo...
Ou ainda a terceira opção : o PSD não voltará a ser um partido social democrata, envolvido na economia social de mercado, para continuar - como aconteceu com a ascensão de Passos Coelho- um partido da economia liberal, interessado no dinheiro, nos grandes interesses económico-financeiros, com a verborreia populista associada a essa opção. Daí a chamada deste responsável por graves atentados à economia portuguesa, que curtiu um longo tabu de silencio qual novo Conde de Abranhos. Arrogante, vaidoso, irascível numa aparente calma crispada, Cavaco Silva foi igual a si mesmo : até teve o desplante, inaugurando uma nova moda, de criticar o seu sucessor, apoiando-se no exemplo de que os seus antecessores também o fizeram .- mentira !
Pelo menos conseguiu que falassem de novo nele, e por comparação - até quem não votou em Marcelo Rebelo de Sousa, como eu - conseguiu que também o povo português se aperceba da diferença abissal entre os dois !
4 - A organização florestal e o novo Secretário de Estado das Florestas
Dizia o meu amigo e colega Dario Reimão que a esperança é a última a morrer quanto ao futuro da organização florestal no nosso País, com a entrada dum novo Secretário de Estado das Florestas, com pergaminhos de ser bem informado e capaz de fazer a diferença. Problemas fulcrais como a reorganização do Corpo de Guardas Florestais e a criação , de novo, dos Serviços Florestais, que o novo SE deu a entender logo de início que eram imprescindíveis, deixaram de ser mencionados. Por mim aguardo para ver, ainda dou algum espaço à esperança...