domingo, 11 de abril de 2021

 A União Europeia e a Turquia

Aquela reunião em Ankara entre o ditador turco, o Presidente do Conselho Europeu e a Presidente da Comissão  Europeia veio revelar mais uma vez a fraqueza da Europa.

É certo que a Europa está refém da Turquia para conter nas suas fronteiras os milhares de emigrantes que ali acorrem na esperança de chegarem à Europa - mas há um velho ditado que diz quanto mais a gente se baixa mais se vê o cu... 

Fazer sentar a Srª Úrsula von der Leiden num sofá, separada dos dois homens, foi um vexame que sucede poucas horas depois de a Turquia ter abandonado a Convenção de Istambul que pretende salvaguardar as mulheres da violência doméstica, porque as disposições daquela Convenção...contrariam as tradições familiares turcas!! Negociações com muçulmanos só em pé de igualdade, ainda vamos pagar caro todas as cedências que se praticam. Respeitinho sim senhor, mas se houver reciprocidade.

Os turcos foram sempre pouco fiáveis e uns arreigados imperialistas ao longo dos séculos. No século XVI já dominavam o Mediterrânio oriental e o norte de África até à Argélia, e foi graças á batalha de Alcácer Quibir que eles não entraram em Marrocos. Se o tivessem conseguido nada os impedia de atravessarem o Estreito de Gibraltar e porem os pés na Europa ocidental.

Houve uma altura em que graças a Ataturk parecia que a Turquia ia enveredar por um caminho de ocidentalização e de via democrática - mas tudo se agravou nos últimos anos, sobretudo com a chegada ao poder do ditador pseudo-democrata Erdogan.

A sujeira que o pateta do Charles Michel fez em aceitar aquela atitude sem sequer mover  gesto  de protesto, revela bem o estado a que está a chegar a força civilizacional da Europa, Mais uma vergonha.





sexta-feira, 9 de abril de 2021

 A vergonha da justiça

ou a justiça da vergonha

São 18 h, acabou de ser transmitido o resultado do processo MARQUÊS, que envolvia uma dúzia de "grandes" figuras da vida portuguesa, tendo á frente o Sr. José Pinto de Sousa, chamado na gíria de Sócrates, o que eu sempre me recusei a usar porque deixo esse o nome para o insigne filósofo grego, que muito admiro.

E como também já se esperava, o processo iniciado há sete anos acabou na vergonha para a justiça, com a maior parte dos arguidos ilibados dos crimes, restando apenas crimes menores que qualquer bom advogado irá rebater em julgamento. A corrupção, nos vários processos em que era citada, não vai a julgamento porque os crimes... prescreveram. Pudera, há sete anos a prolongar este mega processo!  Terá sido apenas morosidade ou a "teoria da conspiração" dirá que foi para isso mesmo que o processo demorou tantos anos?

Mas o Sr. Pinto de Sousa  vai ficar para sempre com a suspeita em cima dele de que houve corrupção mas não chegou a ser julgada - se fosse comigo e eu estivesse  consciente de que a acusação era falsa, garanto que exigiria que a prescrição acabasse e houvesse mesmo um julgamento e resultasse a respectiva apreciação de sim ou não houve corrupção.  Deixar ficar o assunto assim "enterrado sem autópsia" é para deixar a dúvida permanecer.

Toda a nata da sociedade capitalista, Ricardo Salgado, o indiano da PT e o Granadeiro, e todos os industriais acusados pelo Ministério Público, ficaram - todos - ilibados de crimes que "não praticaram. Ah, grande justiça, justiça da vergonha "!! 

A velhota que roubou um pão no Supermercado vai a tribunal e paga ali a vergonha de ter roubado para comer...  É a vida !






quinta-feira, 8 de abril de 2021

 A espuma dos dias...

Forçado por razões de força maior a estar longe do blogue, retomo agora algumas notas das miríades de coisas que poderiam ser recordadas para memória futura.

1- O escândalo das barragens da EDP

O negócio da venda das barragens da EDP tem saltado para as primeiras páginas da comunicação social, e além das Finanças meterem os pés pelas mãos, lá aparece o tamanco do Ministro do Ambiente envolvido em mais um negócio, sempre na fímbria da legalidade, e isso tem sido um apanágio deste actual Governo de António Costa (AC) - as coisas passam-se todas no limiar do legal, mas eticamente são deploráveis.

O que mais me perturba e penaliza é ser uma governação de um anunciado socialismo democrático que devia ser um exemplo de lisura e de gestão da res publica, e acaba por ser o exacto contrário; se uma esquerda democrática tem ministros como o do Ambiente, da Administração Interna, da Justiça ( as trapalhadas  mesmo que impostas por AC, descredibilizam quem parecia ser uma mulher  eficiente), da Agricultura ( que é como se não existisse), da Saúde (embora se desculpe em parte pelo enorme esforço de ter apanhado com a pandemia onde nem a OMS nem a União Europeia tem sido capazes de trilhar um caminho escorreito ) - qualquer direita faria melhor.

2 - A História passada vista com o solhos de  hoje

Já ultrapassa largamente a decência intelectual as baboseiras que se tem dito e escrito a propósito da nossa História, do colonialismo, da escravatura etc.

Só por um enviesamento ideológico, muitas vezes para apanhar o comboio do sensacionalismo e para estar in, é que continua a olhar-se  e a criticar a História passada com os olhos de hoje.

Colónias houve sempre, desde que há Estados mais fortes e outros mais fracos, e o Mediterrânio - para só falar deste  teatro mais perto de nós - é um excelente tratado sobre as colónias. Falando apenas nestes dois, a Grécia teve colónias em vários pontos, desde a Ásia Menor, à Líbia, à Magna Grécia. Roma teve a Grécia como colónia e teve outras inúmeras colónias mesmo quando lhes dava a designação de províncias ( tal como o Salazar fez no século XX...) - então os gregos e os romanos de hoje devem ter vergonha de terem tido aquelas colónias ? Ou por ter sido há muitos, muitos séculos, são de aceitar? Ah, mas os portugueses exploraram os territórios de outros povos- e os gregos e romanos, não ?

Se falarmos de colonialismo moderno é outra coisa.

Uma "historiadora" muito apreciada pela direita, disse que Salazar não criou o Imperio Colonial, recebeu-o de vários séculos de História - pois é, ai  é que está a má figura dos portugueses,  è que quando todos os países europeus colonialistas estavam a dar a independência às suas colónias, Portugal manteve a ferro e fogo as suas colónias eufemisticamente chamadas de províncias ultramarinas - para tentar enganar quem? Depois de termos sido pioneiros a dar a independência ao Brasil no século XIX, tivemos o atraso civilizacional que foi o salazarismo e a sua  ideia medieval do Império  - mas saiba-se que  ainda hoje há  monárquicos absolutistas a acusarem D. Pedro IV de ter sido um traidor...

E quanto à escravatura é outra conversa do mesmo género, sobre a qual já tenho escrito algumas vezes. K. Marx considera a escravatura uma fase da história da economia, que existiu em todos os continentes e em todos os povos e civilizações; não vejo nenhum país preocupado em pedir desculpa pela escravatura que os seus antepassados praticaram, por que esse pedido de desculpa é  em si mesmo um absurdo.

Retirar  daqui a acusação para hoje em dia se dizer que quem não sente essa culpa  está a defender  a escravatura, é uma baboseira. É impensável, por ser moralmente insuportável, alguém se propor a fazer escravos, no entanto quer o nazismo quer o estalinismo o que fizeram ao criar  os "campos de trabalho" ( o trabalho liberta, como  escreviam os nazis) ou o gulag da Sibéria, foi escravatura da mais bárbara,

Quanto aos portugueses  terem que abdicar e envergonhar-se  da sua História e dos feitos que fizeram e que estavam correctos na sua época, é só um aproveitamento populista dos "ventos da História" e para parecer progressista, como aquela proposta de derrubar o Padrão dos Descobrimentos...

Volto a escrever o seguinte : os barcos dos comerciantes de escravos  (portugueses, holandeses, franceses, ingleses, espanhóis...) chegavam às praias africanas e não desembarcavam tropas para irem terra dentro arrebanhar os escravos - eram os chefes das aldeias, animistas ou muçulmanos, que acorrentavam os homens e os vinham  vender às praias - já se viu algum chefe africano de hoje pedir desculpa aos seus povos por os chefes antepassados terem vendido os seus conterrâneos?

E fico por aqui.

3 - Disparates do confinamento

Tive de ficar uma noite num hotel de média qualidade, com uma diária  que incluía pequeno almoço. De manhã deixaram do lado de fora da porta o pequeno almoço, que incluía sumos de fruta - mas não podiam deixar chá, leite  ou café. Percebe-se ?

4 - A raspadinha do património

Só faltava ao Governo do AC mais esta anomalia : lançar uma raspadinha para financiar o património. Trata-se como todos sabem dum jogo que interessa sobretudo às camadas mais pobres da sociedade, com parcos rendimentos, a quem o vício do jogo fará gastar mais uns euros para tentar ganhar alguma coisa. Mais palavras  para quê? É uma vergonha.

5- A direita em folia

Um cronista minorca, que ganha a vida a defender ideias liberais e a  denunciar a esquerda e as suas capacidades de juntar  centro com extremos, escrevia há dias  que a direita tem de se expandir se quer ganhar eleições, e então o PSD só terá futuro se se juntar à "nova direita ( Chega e IL)" - assim, sem reticências, pois juntos têm mais de 13% de votos. Não sei o que a IL dirá desta sua inclusão no mesmo pacote do Chega...