terça-feira, 14 de março de 2023

 Percurso Ecobotânico Manuel Gomes Guerreiro

Na passada 6ª feira dia 10 consegui finalmente que fosse inaugurado  o jardim botânico in situ que projectei e acompanhei a construção, em Querença, na propriedade da Fundação Manuel Viegas Guerreiro.

Viegas Guerreiro e Gomes Guerreiro, dois ilustres filhos daquela aldeia da transição da serra para o  barrocal, dois grandes amigos meus, com quem convivi e de quem tenho saudades. E tive lá na inauguração, a meu convite, duas personalidades de alto gabarito, que vieram porque eu insisti e acederam ( e não foi fácil...) : Ramalho Eanes e Jorge Paiva.

Do primeiro é uma honra ele considerar-me seu amigo e aceder, apesar da saúde precária, em se deslocar com a esposa, Manuela Eanes, para esta   incómoda viagem de ida e volta ao Algarve. O segundo velho amigo do mesmo lado da barricada, um biólogo de renome internacional, que também é difícil de convencer ( eu bem sei...) e que veio abrilhantar a sessão com uma grande aula sobre biodiversidade -  valeu a pena!!





A Europa e a guerra

A guerra suja levada a cabo por um fanático da extrema direita,  que tudo esmaga à sua volta, continua a ser o maior crime perpetrado  neste continente depois da 2^Grande Guerra. Claro que americanos e russo igualaram-se em guerra e crimes  pelo mundo fora, só a diferença - que já tem sido assinalada e que não desculpa tudo, mas  não deixa de ser verdade - é que este imperialismo americano deixa-nos viver as nossas vidas, deixa que existam oposições e liberdade de expressão, deixa que o Estado de Direito e o Estado Social  ganhem a pouco e pouco maior expressão entre os países que têm a sorte de os adoptar.  E não é só no "ocidente " pois  países da Ásia e da Oceanía,   que estão no "oriente",  também são democracias mais ou menos estáveis.

O que está a evidenciar-se com esta guerra da Ucrânia é a fragilidade da Europa, que sem o apoio dos EUA não conseguiria defender os ucranianos como eles merecem. 

Falarei da Europa noutra altura, merece uma reflexão...

Agora o que começa a ser preocupante é que os EUA estão mesmo a querer manter esta guerra, e podiam tentar chamar a China à cooperação - mas como há uma rivalidade de poder económico e  político mundial entre os dois países, Biden não está a aceitar que a China lidere a tentativa de paz. Os chineses são manhosos,  a gente sabe, mas se a guerra se prolonga demasiado  eles também acabam por sofrer - e  não é pouco.

Se a China oferece a tentativa de se  entrar em negociações devia aproveitar-se essa oferta, se a UE tivesse força para exigir isso aos EUA. Veremos o que a visita do presidente chinês à Rússia vai trazer e ele se dá o passo a seguir  de também ir a Kiev.




domingo, 12 de março de 2023

 A minha geração

Hoje estou desde manhã pensar nisto, não sei porquê: a minha geração é a melhor de um século!! porque a minha geração viveu o 25 de Abril de 1974 !!

O meu pai falava-me da sua  geração que viveu a Republica, 1910; ele era miúdo mas o meu avô, José Augusto Pessoa, chefe torneiro nas oficinas da Companhia do Caminho de Ferro da Beira Alta, o primeiro aluno a matricular-se na Escola Comercial e Industrial da Figueira da Foz, viveu com entusiasmo a  mudança do regime e foi um dos fundadores da delegação local do  Partido Evolucionista de António José de Almeida.

Depois entrou-se na bagunça, veio  a longa noite negra da ditadura e o meu pai sentiu-se feliz quando voltou a viver a liberdade democrática de 1974.

E hoje tenho dado comigo a pensar e repensar nesta sensação de pertencer à melhor geração de mais de um século - a do 25 de Abril.

domingo, 5 de março de 2023

 Ao correr dos dias...

A falta de água

Eu não devia fazer previsões destas, mas vou fazer e que bem eu me sentiria se a previsão falhasse !!E a previsão é a de que vamos ter, no Sul de Portugal e com gravidade no Algarve, sérios problemas de falta de água  no próximo Verão se entretanto não chover a sério. O que choveu até agora foi muito pouco, dá-se uma cavadela e a terra está seca. A "minha" ribeira, que é um aviso sobre a situação dos aquíferos por aqui, mal correu com um pequeno caudal quando caíram umas chuvadas,  mas secou e assim continua. É pouco provável que daqui até ao Verão volte a chover com aquela abundância que seria necessária para reverter a situação -mas se chovesse assim nesta altura do ano trazia também  graves inconvenientes  para algumas culturas.

Entretanto as competentes autoridades agrárias que continuem a expandir os pomares industriais de regadio, que é disso que se vai alimentar a população -  os pequenos produtores de hortas e pomares que se lixem...

Portanto quem  dera que a minha previsão venha a estar errada!

 E há anos e anos que se podia ter apostado no dessalinização da água do mar -  mas nada,  continuam certamente os estudos para descobrir a pólvora...


O património das Áreas Protegidas

Embora o anterior ministro do Ambiente, com a sua prosápia balofa, tenha escrito e dito por diversas vezes que com ele agora é que as coisas estavam bem, antes era tudo um disparate, estava tudo errado, o que resta hoje da APs é uma tristeza. Com isto - e ele escreveu um texto no "Publico", ele que ocupou a pasta da politica ambiental depois de ter declarado ao Expresso que não era ambientalista ... era apenas oportunista e eu sou dos que não lhe perdoa nem a quem o nomeou - ofendeu as dezenas de directores e técnicos dedicados e competentes  que ao longo dos anos fizeram das nossas Áreas Protegidas exemplos de que os vangloriávamos  na Europa e que de lá  recebíamos apoio.

Pois o património construído das APs,  casas de diversas tipologias, está ao abandono; em Montesinho chega a ser criminoso o ponto a que o Parque deixou chegar o seu património. Uma vergonha e não havendo directores que se responsabilizem pelas APs - inovação portuguesa criada pelo PS enquanto Governo -pede-se responsabilidade a quem ? Aos ministros, que deixam que as coisas corram assim tão bem...





domingo, 26 de fevereiro de 2023

 

Frustração e ética na vida pública

É inevitável revisitar estes temas, perante a geral apatia que eles geram na opinião pública. Já vimos a CAP e a CNA manifestarem-se contra a situação da agricultura, sabemos que algumas ONG tem tomado posição face à situação do Ambiente. Mas se houvesse um décimo da garra dos professores ou do pessoal da saúde, os sectores fundamentais que garantem o futuro estariam na ordem do dia – e não estão.

Pouca gente parece preocupar-se com os aspectos que têm a ver com políticas de médio e longo prazo que visam a sustentabilidade e a perenidade do território enquanto espaço biofísico. Sei que sou uma voz quase isolada…

Tenho perfeita consciência de que os novos "iluminados" definem aqueles que defendem posições como as minhas como ultrapassados, porque - embora as noções básicas de que falo sejam resultado de largo consenso internacional ao longo de muitas décadas - pensam agora que descobriram o segredo do fabrico da pólvora ( e os interesses que, no fundo, estão a servir).

Por um lado a fragmentação do sector primário terrestre (veremos o que sucederá com o mar), separando os sectores agrícola e florestal e esquecendo (propositadamente, como estratégia bem definida e que sabemos a quem aproveita ) que o sector deve ser - é - agro-florestal e dessa forma desprezando as críticas e pareceres que ao longo do tempo têm vindo  a lume de técnicos e de associações de produtores "agro-florestais"; por outro lado o  desmantelar da Política de Ambiente que surgiu em Portugal com o Abril de 74 ( e já com atraso face aos países mais avançados), voltando a manter a Conservação da Natureza (CN) presa às florestas como era há 50 anos atrás. Mas pior ainda -e isto também não foi por ignorância, antes com um fim preconcebido - retirando do Ambiente o Ordenamento do Território (OT) - brada aos céus e, volto a insistir, não tem havido. como se poderia esperar, uma viva reacção enérgica de ambientalistas e suas organizações e muito menos da população para quem estes assuntos passam ao lado.

A grande inovação das preocupações ambientais criadas em Portugal com o regime democrático, acompanhando os movimentos de pensamento mais proeminentes internacionalmente, foi ter lançado como  dois pilares da defesa e gestão do Ambiente a CN e o OT, que estiveram na base dos instrumentos legais fundacionais da Política de Ambiente como são a REN, a RAN, os PDM, os PROT e a Rede Nacional de Áreas Protegidas- e mal de aguentaram até hoje. Já no Governo de Durão Barroso houve uma tentativa de dois Secretários de Estado para promoverem esta manobra, anulada então pelo Ministro Eng. Amílcar Teias. Demorou, mas tudo começou a ficar de rastos nas últimas governações e agora culminou neste desastre institucional.

O primeiro ministro António Costa poderá ser um grande estratega político e capaz de enfrentar situações graves momento a momento, nomeadamente na Europa, mas tem sido responsável por uma confusão insuportável de falta de ética com a sua maioria absoluta e. pior, não tem revelado sensibilidade nem conhecimento, profundo e sustentado, para se libertar de interesses de mercado incompatíveis com uma esquerda democrática e assumir perspectivas e medidas de médio e longo prazo para o território - e isso é grave porque se ignora que estamos sob ameaças climáticas nas nossas condições mediterrânicas.

Fica a frustração!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

 Um ano

"Festeja-se "  por alguns lados, o primeiro aniversário da guerra que Putin desencadeou na Ucrânia. Para os que apoiam um ditador e megalómano, como todos os ditadores, pretendente a ser um novo czar e restaurador do  saudoso Império soviético, os culpados foram os EUA, a NATO e a EU, por terem dado força ao desrespeito pelos acordos de Minsk. Claro que estes têm culpas no processo, mas quem é que invade e quem foi invadido? Não é que aqueles não tenham culpas no cartório, sabemos bem que houve provocações mas as provocações não se resolvem com uma guerra, a não ser que haja  outros propósitos ... O fundo da questão é outro...´

 E lá vem a História contada por historiadores "credíveis" como o Manuel Loff, Escreveu ele  no Publico, que um ciclo foi aberto com a invasão americana do Afeganistão e do Iraque; esqueceu-se dizer que enquanto muitos de nós, como eu e milhares de europeus democratas, simplesmente democratas, protestaram sempre na rua contra os desmandos dos EUA, no Vietnam, no Iraque, no Afeganistão, etc,  nunca fomos mobilizados para protestar contra idênticas façanhas prosseguidas pela URSS de saudosa memória.

 Por exemplo que quem desestabilizou o Afeganistão - que era um país de seculares lutas tribais mas não passava daí e que por fim tinham encontrado um rei aceite por todas as tribos - foi a URSS,  que invadiu aquele país para apoiar um pequeno  partido comunista e instalar lá a sua maravilhosa democracia popular, desencadeando a fúria de todas as tribos - e nasceram os talibã. Acabaram por sair de lá com o rabo entre as pernas e nunca conseguiram incluir o Afeganistão nos países que compunham o seu império e onde hoje lavra uma raiva surda contra os russos ( eu estive no Uzbequistão e falei com as pessoas...). Depois vieram os americanos que são pouco dados à História e pouco clarividentes e foram para lá implantar o seu capitalismo espúrio- e fizeram a asneira que já tinham feito no Vietname.

Mas voltemos ao acordo de Minsk. Em 2013 houve na Ucrânia, em Kiev,   a "euromaidan", a revolução contra os pro -russos do Governo e que tinham recusado estabelecer um acordo com a UE. O Parlamento de então, que se julgava fosse fiel ao Presidente, afinal queria a adesão à Europa ( oh! escândalo, trocar a Rússia pela UE !!) e destituiu  o dito Presidente.

A Crimeia  foi anexada â Ucrânia pelo Krustchev ( imperdoável atitude da sacrossanta URSS) e voltou a ser confirmada no tempo de Ieltsin. Em 2014 uma parte dos russófonos da Crimeia instigados por Putin revoltaram-se, tomaram o Poder e proclamaram um referendo que naquelas condições já se sabia o que iria dar. Porque realizado em tempo de paz mesmo muitos dos russófonos prefeririam continuar ucranianos embora com autonomia o que era razoável. E em meados de Março Putin promulgou por diploma a anexação da Crimeia ou, como ele diz, a libertação da Crimeia face aos nazis ucranianos. Claro que a Ucrânia fez guerra, tentou travar a anexação, mas aqui é que a História começa  ser contada às avessas.

Como a Europa e o Ocidente em geral  ficaram calados perante a anexação da Crimeia, foi aqui que Putin deu prova da sua mediocridade - pensou que agora voltar á Ucrânia seria um passeio de quinze dias. Claro que todas as democracias têm que ajudar os ucranianos, um país invadido tem o direito absoluto, tem até o dever, de pedir o auxílio seja a quem for,

Na Assembleia Geral da ONU 100 países votaram contra a Rússia, 5 votaram a favor e os restante  cerca de 50, abstiveram-se. Claro que para Putin nada disto interessa, ele já deixou bem claro por diversas vezes, que o seu objectivo é recuperar o império da URSS - e é aqui que os comunistas embandeiram em arco e batem palmas. Querem lá saber que o povo ucraniano tenha sido invadido, eles querem é rever a saudosa URSS, mesmo que o comunismo não volte a ser lá implantado, antes um capitalismo desnaturado liderado por oligarcas ( Putin é um dos homens mais ricos do mundo) formados no tempo soviético e que nunca mais deixarão que o comunismo voltasse.

O que Putin faz é servir-se da pouca cultura da maioria do seu povo, servir-se da falta de consciência do que é a liberdade - um povo que foi sempre tratado como servos da gleba, que nunca conheceu a liberdade "burguesa" onde os comunas  afinal gostam de viver.

O terror de Putin é ver-se rodeado por países que escaparam ao seu controle, quando a URSS se desmembrou ( uma tragédia, diz ele  )e que querem cultivar a liberdade e a democracia, mesmo que esta seja ainda uma "aproximação", estejamos disso conscientes, como na Ucrânia, ou como na Hungria, na Polónia... O que marca esses países  ( e os do Cáucaso e das antigas republicas asiáticas)  é verem-se livres da pata russa, que sempre os oprimiu. E Putin sabe que sem esses países todos submetidos, a Rússia é grande mas nunca será aquilo que já foi. Se Putin esmagasse agora a Ucrânia que não restem dúvidas que a seguir iria acabar as tragédias que provocou na Chechénia, na Geórgia, vai querer a Moldávia e depois se verá o que mais. Onde não volta com certeza é ao  Afeganistão...

Hei-de continuar a pesquisar informações sobre esta tragédia de uma guerra na Europa em pleno seculo XXI, com o gáudio mal disfarçado de alguns portugueses que vivem em democracia ( que gozam e exploram) mas que  queriam viver noutra coisa... Eu fui um dos apoiantes  da geringonça que incluía o PCP e trazia um sopro de esquerda ao governo do PS - ainda bem que foi antes desta guerra!...

Viver em democracia é exigente demais para fanáticos do poder como Putin que diz combater o nazismo, não faz afinal coisa muito diferente. As atrocidades que os seus militares têm cometido  na Ucrânia nem as SS do Hitler as fizeram tão descaradamente e sem sequer um pouco de piedade.















 Um Governo sem emenda

Não passa uma semana sem que surjam tiques de arrogância  e protagonismo bacoco  de governantes, para além das pouca-vergonhas de falta de ética. Quando eu fui um dos que contestei a valia democrática da maioria absoluta de um  só partido  houve quem dissesse que não, o PS é um dos fundadores da democracia, o  que é verdade, e não iria comprometer o seu prestígio. o que quer dizer é que esses ignoram, talvez de boa fé, o clientelismo e o sentido de rebanho ( pior que o sentido de "família...) que o PS tem demonstrado, para meu enorme desagrado porque é  no âmbito da social democracia que eu me sinto.

Agora foi João Cravinho, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, pelos vistos useiro e vezeiro em gafes de protagonismo, se não for outra coisa... Vem então anunciar que o Lula da Silva vai discursar no dia 25 de Abril no Parlamento - custa a acreditar que ele tenha tomado essa atitude sem primeiro ter falado com António Costa, e se o fez deixou ficar mal o primeiro-ministro que, a ter concordado, está a perder qualidades e a demonstrar o tal ímpeto de  dominar tudo quanto é Estado. Se foi de ímpeto próprio do Cravinho então é mais uma para o seu currículo de asneiras, e  A. Costa não lhe diz "porque não  te calas!".

Então o Governo agora é que diz ao Parlamento como é que vai decorrer a sessão comemorativa do 25 de Abril? Que falta de respeito é esta por um órgão de soberania que, ao contrário do Governo, representa todos os portugueses  a bem e a mal?





segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

 Vergonha 

Impus-me, enquanto conduzia o carro, a ouvir na rádio depoimentos sobre os abusos sexuais de padres sobre jovens, ao longo de décadas. E digo impus-me porque o assunto é por demais revoltante, sabendo que a Igreja, só pela muita pressão da sociedade civil e por ter agora um Papa de excepção,  acabou por denunciar aquilo que sabia, aquilo que sempre soube, sem nunca resolver a maior vergonha que uma instituição como aquela podia ter dentro de si.

Mas acabei por desligar, dava vómito ouvir aquelas declarações de rapazes, hoje homens adultos, que transmitem uma angústia sem limites; e fala-se pouco das raparigas, quando se suspeita que sempre houve assédio sexual de padres a meninas que calavam por vergonha e as famílias também. Foi preciso o escândalo dos rapazes para se falar das raparigas, e haverá muito ainda a descobrir aqui, não tenho dúvida.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

O discurso de Lula no encontro com Biden revela um cinismo que esconde a verdadeira posição que ele assume no conflito da Ucrânia. Então diz que não fornece armas aos ucranianos porque isso não contribui para a obtenção da paz- qual paz? Um país, a Rússia, invade outro país, a Ucrânia, por motivo de provocações dos contactos entre este e os EUA e a União Europeia, e em vez de propor conversar, invade; e agora não fornecer armas à Ucrânia quer dizer que ela perderá a guerra, a Rússia completará a destruição e a invasão e por isso... virá a paz. Porque não diz logo que o que pretende é que a Rússia ganhe a guerra? Não tem coragem para assumir essa posição? Quer estar de bem com Putin e com Biden e com os europeus e os países democráticos? Diga-o, sem cinismo. Não se pode estar com um pé em cada lado, há gente de todas as cores (como o Miguel Sousa Tavares) que me deixa atónito. Não gostam do Zelensky porque acabou com o domínio russo no país, porque inviabilizou alguns partidos como o partido comunista que era pró-russo, porque efectivamente teve práticas pouco democráticas nos primeiros tempos da sua governação ( não custa a aceitar, claro que fez isso) e porque é apenas um comediante de televisão, já ouvi esta, quer dizer, um tipo sem preparação para a figura que agora desempenha, não aceitam que ele foi capaz, talvez fazendo uso da sua prática de actor, de mobilizar o seu povo e de o manter neste caminho duro da independência. Há uma maneira decente de acabar a guerra e haver negociações: o país invasor retira as tropas e deixa de bombardear, e senta-se à mesa para converar. Mas isso era se Putim apenas quisesse calar a Ucrânia - ele já o disse, ele quer reconstruir a área de influência e de domínio da "saudosa" URSS. Depois da Ucrânia seguem-se os outros paises que tiveram a ousadia de quererem ser indepndentes, vejam lá !! Como é que isto é encoberto pelos que negam auxílio aos ucranianos, a não ser por cinismo? Querm um imperialismo oriental que se oponha ao imperialismo americano e estão sempre a enxovalhar a Europa por "estar a perder a sua perspnalidade ao subnmeter-se aos EUA". Aliada não é submissa, é concordância de pensamento. Também há na UE muita coisa que eu não gosto e me custa a calar, e se quiser falar, falo sem ser preso... Esta democracia neo-libertal não me agrada e denuncio-a - e bato-me por mudança. Castela sempre quis ter o domínio do seu espaço peninsular, conseguiu travar os catalães e os bascos e leva há séculos a tentar o mesmo com os portugueses; a última vez foi nos anos 40 quando Franco ganhou a guerra civil e esperava que de Hiter viesse o apoio para ocupar toda a Peninsula, o que com a derrota nazi não ocorreu. Conheci quem viveu esses tempos em Madrid. ENTÂO, se agora Castela retomasse o seu sonho de grandeza e invadisse Portugal, este não tinha o direto de recorrer a todos os seus aliados para o ajudarem a garantir a independência? Há assim uma diferença muito grande com o que ocorre na Ucrânia? Essa treta de que russos e ucranianos são o mesmo povo, ( os ucraniamos estão a demonstrar o contrário) é o mesmo argumento de Hitler para ter invadido todos os países germanófonos - ou também não se compara ? Sou ferozmente pela democracia total mas responsável- se o imperialismo americano me deixa ter essa liberdade e me deixa até falar contra ele sem represálias, não tenho outra escolha a fazer se do outro lado está um imperialismno que mata, envenena, assassina os adversários e que impede a liberdade de expressáo, etc etc

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

 Menos um...

Não tenho andado virado para esta escrita, com vários afazeres... mas agora vou aqui deixar  para memória futura. Morreu o Luís Moreira, mais ou  menos da minha idade, velho arquitecto e folião .

Conhecemo-nos na Madeira nos anos 60 do século XX; fizemos parte de uma equipa magnifica chefiada pelo Arq.º José Rafael Botelho e de que faziam parte entre outros, o Gomes Ferreira e o Keil do Amaral. Eu era o paisagista  de serviço...

Realizámos o primeiro PDM que se produziu em Portugal, muito antes de o GRTelles os ter colocado em lei em 1983 - o Plano Director do Funchal, entre 1968 e 1969.

Da equipa o Gois Ferreira morreu há muitos anos,  engº ( não me lembro do nome mas estou a ver a cara dele) também, o Pitum está bastante doente, agora o Luís foi-se - é menos um do meu tempo...Ah! O Rafael Botelho, grande senhor da arquitectura,  está com 100 anos, ainda vivo, mas cego e falando com ele ao telefone  há uns meses atrás pediu-me para eu não o visitar, queria ter a recordação de mim como eu era e falando comigo tinha essa lembrança.

O meu "universo" vai-se reduzindo...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

 Mudar de políticos e, sobretudo, mudar de políticas...

Nunca se esperaria que um Governo de António Costa fosse descambar para tanta confusão e tanta incompetência.  E torna-se cada vez mais evidente que ir buscar fora do PS pessoas capazes de executar um bom programa, além de muitos dos  bons profissionais não estarem para aí virados, também o próprio  A, Costa deixaria de ter "na mão" os seus governantes, embora tenha vindo a dar -se conta que mesmo os seus próximos, por vezes. fogem á ordem...

O que está a acontecer em Portugal, semanas a fio, é digno de ser lembrado antes que seja esquecido; em alguns sectores fundamentais da governação o descontentamento geral aí está  a demonstrar quanto ilusória era a imagem de uma maioria absoluta que só  se verificou por receio de muita gente do centro" de que o PSD se juntasse aos "chegas". O PS traiu esse eleitorado.  Saúde (um SNS de precariedade); educação ( incompreensível o tratamento dado, desde há décadas, aos professores) e agora finalmente começa a vir à luz do dia alguém a protestar nos domínios da agricultura e do ambiente,

Além de tudo ressalta o facto de estar o próprio A. Costa  com manifesta   incapacidade para ultrapassar o espírito de rebanho, que é pior que o de família, que impera entre os socialistas.

Finalmente agora os agricultores começam a protestar contra a evocada "descentralização", aprovada sub-repticiamente em Conselho de Ministros como a atirar barro à parede a ver se pega e  que abrange a educação - vieram logo desmentir- cultura ( também desmentido)e agora a agricultura ( também a começar a ser desmentido...). Tudo para disfarçar as reais intensões.

A descaracterização do Ministério da Agricultura começou quando Cavaco Silva incentivou o abandono das pequenas e médias explorações e subsidiou esse abandono e, ao extinguir os Serviços de Extensão Rural, assumiu  a morte do sector. Depois  António Costa quando era  MAI e com o seu colega de então na agricultura, desmantelou os Serviços Florestais. Quem beneficiou com estas modificações foram a agricultura industrial e a indústria das celuloses..

Nunca se explicou ao pais as vantagens publicas que vieram da destruição da estrutura territorial de administração florestal ( a não ser beneficiar as celuloses...?) que visavam a gestão das áreas de matas e matos ( que são património natural nacional sejam publicas ou privadas), a sua defesa e controle ao longo de todo o ano /(não apenas no Verão...).Não nos explicam, porquê ?

No domínio agrícola, continua a descaracterização das Direcções Regionais de Agricultura que eu denuncio quase isolado há bastante tempo (agora empurrando competências para  as CCDR, pasme-se !!) -  competências que foram progressivamente perdendo; uma delas foi a experimentação agrária deixando em ruínas instalações e equipamentos que, por exemplo no Algarve, estava a ter uma função primordial na pesquiza de culturas adaptadas ás condições climáticas regionais, desperdiçando excelentes técnicos e investigadores... Pergunta-se então porquê ?

E para completar o quadro, nasceu o ICN(F), demonstrando que a política de Ambiente ia ser também desfigurada - e foi. Nascido como um aborto o ICN(F) serviu para descaracterizar o papel estrutural da Conservação da Natureza (CN) e do Ordenamento do Território (OT) na política de Ambiente,  duas matérias que deviam ser consideradas indissociáveis, deixando assim os sectores primário e ambiental como caricaturas. Com a arrogância dos titulares a dizerem ( querendo  fazer os portugueses de parvos) que antes estava tudo mal e agora é que ia ficar tudo bem, tudo em dia com  a modernidade.

Um artigo saído há dias no jornal Publico online sobre o ICN(F) vem finalmente juntar mais uma voz aos poucos que têm tentado  denunciar o caos que se verifica. Sobre mim já um responsável do ICN disse que eu estava ultrapassado e tinha ideias antiquadas, seguindo assim  a "voz do dono" que proclamou a "nova " ideologia ambiental..

O primeiro -ministro António Costa já teve tempo suficiente - se tivesse vontade e independência para isso- para em vez de mudar ministros ( não é que muitos deles não devam  ser mudados...) mudar as políticas.  

Nunca nos explicou porquê foi desmantelado o Ministério da Agricultura, tal como sempre existiu, que benefícios públicos e gerais  se extraem do desmembramento desse Ministério, quem ganha com isso ao impor-se a gestão em tutelas diferentes do sector agro-florestal, nem porquê a perda de interesse, para o Governo, das Direcções Regionais... Somos capazes de ter suspeitas... Não nos explicam, porquê? 

Como cidadão interessado e interveniente, atrevo-me a propor que, além de manter as contas em ordem, claro,  também :

-recrie um Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, com uma Autoridade Florestal Nacional implantada regionalmente como eram os Serviços Florestais, (acredite  que ficava mais funcional e mais barato do que o negócio actual dos incêndios que tanto interessa aos privados), deixe-se dessa catadupa de legislação que sai todos os anos  sobre   reconversão da paisagem, fogos, faixas de combustível e outras tretas; dê autoridade às Direcções Regionais de Agricultura e ponha-as a trabalhar em termos do futuro   com técnicos competentes mesmo que não sejam boys do seu clã... E esqueça isso de as entregar às CCDR.

- recrie um  Ministério do Ambiente onde existam os serviços de combate à poluição, de energia, etc, mas também  um outro serviço  de Educação   Ambiental ( que tanta falta faz ao país...) e sobretudo um renovado ICNP  (P de paisagem, para responder à Convenção Europeia da Paisagem,,,)), onde se voltem a reagrupar a CN e o OT que garantem uma política de Ambiente consciente e  eficaz, capaz de conter os interesses produtivistas que têm controlado desde há décadas a agricultura industrial, tipo economia de casino, e as celuloses.

Ter as Áreas Protegidas,  de âmbito e valor  nacional como são os Parques Naturais e algumas preciosas  Reservas Naturais , entregues às CCDR e geridas ou em co-gestão pelos Municípios é a demonstração de incompetência e falta de convicções dos manda- chuvas de Lisboa, mortinhos para se verem livres daquilo que não são capazes de governar decentemente como seria gerir as APs tal como quando elas foram criadas e que era em colaboração com as autarquias locais sem perder o sentido nacional dessa gestão. Difícil demais para a compreensão e falta de convicções de alguns dirigentes,  sob cujas ordens  trabalham técnicos competentes e dedicados mas desmotivados.

E que se escolha para tutelar esses dois "novos" Ministérios  pessoas empenhadas e competentes  (o que, diga-se, não será fácil...) e não apenas quem esteja à espera dum lugarzinho de Governo que dá sempre jeito e protagonismo - mesmo temporário...

É pedir demais?














terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 O desmoronar dum Governo...e do Estado

Só faltava isto na vida da política portuguesa, ver a pouco e pouco um Governo a desabar e entrar no pântano do insuportável esvaziamento da ética, da dignidade, do sentido de Estado. Tudo graças a uma maioria absoluta que, mais uma vez, os portugueses resolveram dar. Já na anterior   maioria deste género, com  o Cavaco, os últimos tempos tinham sido de derrocada, de buzinões, de desgaste, mas os portugueses  esqueceram-se e lá voltaram ao mesmo com este António Costa. Maioria absoluta que  inesperadamente saiu da eleições porque um bom número de eleitores do "centro" desconfiou da possível  ligação do PSD de Rui Rio aos "chegas"- ninguém esperava uma tal abundância de votantes no PS.

E António Costa revela que não está à altura de governar numa condição de poder quase absoluto,  digam  o que disserem, seja por arrogância, seja por estar a pensar mais na Europa do que neste rectângulo à beira mar implantado.

Agora é mentira sobre mentira, corrupção à vista caso a caso, não passa um dia sem que sejamos confrontados com mais poucas vergonhas, até de um homem que parecia sério e capaz de alterar a vida dentro do PS, o Pedro Nuno Santos, que afinal também se esqueceu de que tinha autorizado uma "pequena"  despesa, a tal "subvenção" de quinhentos mil euros à gestora da TAP, nomeada para Presidir à NAV e depois renomeada para o Governo; presidentes de Câmaras apanhados em actos de corrupção e compadrio - quantos devem andar, por esse país fora, agora com o rabinho entre as pernas e escondidos na multidão, antes que reparem neles...

Lá aparece, aqui e ali, alguém do PSD também metido em trafulhices pela simples razão de que este Partido  está há muito tempo fora do Poder e perdeu Câmaras e cargos.

Depois crescem os "chegas", autêntico conglomerado de oportunistas a usufruírem das fragilidades da democracia para melhor acabarem com ela apesar de uma retórica que o povinho adora- dizer mal de todos, apontar o dedo - e até têm razão, mas fariam muito pior, pela amostra dos políticos que têm à frente, se atingissem o poder.

Mas grave é o crescer da IL, porque os liberalistas não brincam em serviço.  Já  várias vezes tenho feito referência ao mito da hidra, quando lhe cortavam uma cabeça nasciam logo outras. O liberalismo económico-financeiro tem sido assim desde o século XIX, provoca as maiores crises mundiais, são escorraçados, mas ao menor deslize  aí está de novo a hidra. Tem sido assim desde a grande depressão dos EUA, depois sucessivamente em anos de crises  em que só a aplicação de medidas keynesianas com o Estado a injectar dinheiro na economia permitiu aguentar o equilíbrio mundial.

Com a queda da URSS os liberalistas entraram em êxtase, e um dos seus gurus,  Fukuyama, pateticamente previu o fim das ideologias, o fim da História, como até lhe chamou - ficaria apenas a lei do mercado. O Prémio Nobel de Economia J. Stiglitz não teve receio de denunciar em 2019  que o neoliberalismo prejudicou gravemente a democracia nos últimos 40 anos.

 Pois acabo de ouvir o manda chuva em retirada a IL a dizer aquilo que o PS adoptou de medidas liberais sugeridas ( e já em 2005 eu denunciei este socialismo liberal...), e o que era preciso fazer em termos liberais para a felicidade chegar ao país,.. 

Como é possível  ter um PS a criar esta pouca vergonha?! Toda a falta de medidas de médio e longo prazo para o sector primário tem apenas um objectivo, liberalista, de resto conseguido : impor a agricultura industrial e indústria da celulose.

A IL é mais perigosa em termos de futuro que os "chegas", pois têm um  projecto multisecular e uma cartilha reinventada sempre que uma crise estala.









sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

 Amendoeiras em flor

Há uns 35 anos quando me fixei no barrocal, as amendoeiras começavam a florir em alguns recantos em finais de Janeiro, mas era em Fevereiro que elas abriam em grande o esplendor da sua floração, Este ano, nesta altura e desde há mais de uma semana, as amendoeiras já estão cobertas de flor...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

 

A Montanha do Inferno.

Se a suja guerra da Ucrânia terminar com este país independente, portanto sem a solução de paz  imediata que alguns intelectuais pacifistas preconizam e que  quer dizer  aquele pais ser usurpado pelas tropas de Putin, talvez mereça ser  sugerido um memorial eterno.

A quantidade de escombros  já hoje deve  ser enorme e todos esses materiais têm que ir para algum lugar e aqui  eu recordo a Teufelsberg, a Montanha do Inferno, erguida nos arredores de Berlim.

Uma grande parte dos escombros alemães depois da 2ª Guerra Mundial  foram juntos num enorme monte, hoje o ponto mais alto da região da capital alemã. Cobertos por grandes camadas de terra e depois arborizada, hoje uma enorme floresta de carvalhos e outras espécies autóctones cobre toda aquela imensidão. A Ucrânia  bem merece a sua Montanha do Inferno  que ficaria para sempre como  memorial desta suja guerra de que foi vítima.

 

Eugénio de Andrade

Passam cem anos sobre o nascimento deste grande poeta português com que tive o privilégio de estar junto por umas horas.

Foi há muitos anos e lamento não ter fixado a data; foi num encontro que se realizou em Arouca, no seu grande convento, e em que eu participei a convite do Ilídio de Araújo, uma tarde inteira em que nós os tres - e mais alguém que o tempo me apagou da memória - conversámos em amena troca de ideias.

há palavras/ leves/ como sementes de álamo-  erguem-se /levadas pelo vento/e voltam a cair/  difícil agarrá-las/ porque se afastam muito/ como sementes de álamo ....






segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 Fica-se farto !!

Fica-se  farto de tanta  pouca vergonha, ainda bem que se sabe, claro, e parece que por cá foi sempre assim - mas  vive-se um tempo do pior possível,  Não há dia que não saia uma notícia de falcatruas, de conivências, de clientelismo e olha-se em redor e não há perspectiva de melhoria. 

Tomei uma resolução, não volto a escrever artigos para o jornal; o último que saiu no Publico deu-me imenso trabalho  limitar a linguagem para não ser excessiva,  e não estou mais para isso. Enquanto me lembrar  não volto a publicar nada, vou ficando por estas memórias no blogue.

Apenas enviei esta carta ao director do Publico porque o assunto não é polémico

 A Montanha do Inferno.
Se a suja guerra da Ucrânia terminar com este país independente, portanto sem a solução de paz  imediata que alguns intelectuais pacifistas preconizam e que  quer dizer  aquele pais ser usurpado pelas tropas de Putin, talvez mereça ser  sugerido um memorial eterno.
A quantidade de escombros  já hoje deve  ser enorme e todos esses materiais têm que ir para algum lugar e aqui  eu recordo a Teufelsberg, a Montanha do Inferno, erguida nos arredores de Berlim.

Uma grande parte dos escombros alemães depois da 2ª Guerra Mundial  foram juntos num enorme monte, hoje o ponto mais alto da região da capital alemã. Cobertos por grandes camadas de terra e depois arborizada, hoje uma enorme floresta de carvalhos e outras espécies autóctones cobre toda aquela imensidão. A Ucrânia  bem merece a sua Montanha do Inferno  que ficaria para sempre como  memorial desta suja guerra de que foi vítima.

domingo, 15 de janeiro de 2023

 Uma imensa satisfação

Hoje de manhã tive uma manhã atarefada, pois quem mora no campo e tenta ser minimamente coerente e não tem empregados, acaba por lhe sair do corpo. De forma que depois do almoço um tanto cansado, assolapei-me  num sofá e fiquei a ver "Serenata à chuva", um velho musical com Gene Kelly, Debbie Reynolds, Donald O'Connor e outras antigas vedetas que animaram a minha juventude, em especial a Cyd Charisse que tanto dançou com Fred Astaire!! Já me esforcei para  ver o filme até ao fim,  queria rever a quase lendária cena da "dança á chuva" e quando acabou senti uma imensa satisfação: aquela gente já morreu toda e ... eu ainda cá estou !!

sábado, 14 de janeiro de 2023

 Cada vez pior

Até custa a acreditar. Ouvi num breve noticiário da manhã que o Governo pretendia reduzir as quotas de acesso às universidades dos alunos dos Açores e Madeira. Cada cavadela a sua asneira! O Governo  ensandeceu, de certeza...

E esta de ser preciso um questionário a preencher pelos presumíveis  escolhidos para ministros ou secretários de Estado, é de malucos! Primeiro A. Costa queria impingir para o PR a decisão sobre o perfil e o passado dos candidatos a governantes, um disparate  incrível; agora esta publicidade feita a um questionário é dum ridículo atroz, Costa passou-se, está cansado, arrogante,   e não dá por isso. Então não é ao próprio Primeiro Ministro e aos seus mais próximos que compete saber o que cada candidato foi e é -  é preciso  uma comissão especial para isso ?!! Depois de um sujeito ( ou sujeita ou entre os dois que agora é moda dizer...) assinar um papel em que diz que não tem esqueletos no armário, se estes forem descobertos depois - vai preso ? devia ir, não ?

Os "chegas" até já queriam que fosse o Parlamento a escolher e a decidir quem é que vai para o Governo, loucura final e absoluta ou um desavergonhado assalto ao Poder democrático Dê lá por onde  der,  o que A. Costa está a fazer à democracia é imperdoável.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023


 

A realidade e a ideia ficcionada da realidade

Já aqui há dias numa nota curta saída neste mesmo jornal apontei o dedo a uma grande confusão e desnorte que grassam num Governo arrogantemente empossado com uma maioria absoluta no Parlamento e volto a interrogar se o dr. António Costa terá percepção do mal que está a fazer à democracia, à política e aos políticos, com tanta desfaçatez, umas atrás das outras.  E ao que parece as trapalhadas vão continuar…

Parafraseando o filósofo Michel Onfray dir-se-á que para pessoas como o sr. primeiro-ministro a ideia que ele faz da realidade que lhe agrada é mais real do que a própria realidade. Um governo que quer afirmar-se de esquerda democrática devia ser um exemplo da ética (nem republicana nem monárquica, apenas ética) e no empenho da tomada de medidas de médio e longo prazo que garantam a sustentabilidade do nosso território. Governar á vista tem dado para ter as contas certas, mas não garante, por falta dessas medidas sérias, a perenidade dos sectores fundamentais dum território de condição mediterrânica e sob ameaça de graves alterações climáticas.

Agora foi-se a Secretária de Estado da Agricultura e lamenta-se que não tenha levado com ela a ministra.  Embora o problema seja mais das políticas do que das pessoas, há-de ser cada vez mais difícil ao sr. primeiro-ministro recrutar técnicos competentes, nomeadamente para este sector, pois um agrónomo que seja conhecedor e sério não aceita tutelar uma pasta em que o sector agrário não esteja completo, com agricultura e silvicultura; e não é pelo facto da CAP criticar a política agrícola que ela deixa de ser criticável.

Já vezes sem conta elaborei um historial do descalabro consciente que tem sido aplicado pelos últimos governos, mas tudo começou com o dr. António Costa como MAI  que, certamente apoiado pelo  Ministro da Agricultura de então - um dos piores senão o pior  que já houve durante o regime democrático- desmantelou os Serviços Florestais e enviou os guardas florestais para a GNR, acabando com uma estrutura que defendia o país das catástrofes  dos incêndios e com uma classe profissional que prestava os mais estimáveis serviços desde o século XIX. E daí em diante tem sido o desabar das verdadeiras políticas agro-florestais como tem sido o desmantelar de toda a estrutura de política ambiental, simbolizada com as Áreas Protegidas ao abandono (visitem os Parques e Reservas Naturais e perguntem pelo seu património para verem em que estado se encontra).  Ganham a agro-indústria e a indústria da celulose…

Para tutelar estes sectores, na situação em que estão, seriam precisos profissionais competentes, mas esses são difíceis de recrutar. Servem então políticos que querem subir na escala social e ganhar protagonismo - triste mentalidade, que tem vindo ao de cima com a pouca-vergonha das nomeações e demissões deste Governo.

Reconhece-se sem esforço as dificuldades que foram o enfrentar da pandemia e as consequências que essa revolta da Natureza tem e terá para os humanos   bem como logo a seguir a gravidade duma guerra suja e iniqua em plena Europa que altera todos os quadros normais da economia. Mas tudo isso teriam de ser estímulos para um governo socialista democrático se empenhar nas políticas mais sérias e não apenas nas medidas de terra à vista.

Adoptadas medidas de caracter assistencialista, como a ajuda aos “humilhados e ofendidos” por estas crises, o socorro aos que estão a sofrer, reparar injustiças, exaltar os valores da democracia   e da liberdade - é o que menos custa, são aspectos que ornamentam qualquer Estado, mas não desculpam, por exemplo, a falta da reposição dos sectores primário e ambiental como estratégia estrutural do país.

Sub-repticiamente vão passando ao lado resoluções do Conselho de Ministros como que a atirar barro  à parede a ver se pegam;  sob a capa da descentralização tentaram a colocação dos professores, mas esta prestigiada e até aqui desconsiderada classe reagiu com vigor; já  as competências municipalizadas  de politicas nacionais como devem ser a agricultura e o  ambiente ainda não provocam as mesmas reacções porque há um desinteresse generalizado quer de muitos  dos profissionais, que preferem ficar calados, quer da opinião publica que não está motivada e informada para ser massa crítica.

E assim vamos caminhando na cauda da Europa - triste destino…

06.01-023

(enviado para o PUBLICO ...)

domingo, 8 de janeiro de 2023

 Internacional Fascista

Está em formação, se é que ainda não existe organizada, uma Internacional fascista. O que assistimos agora no Brasil é uma cópia esfarrapada do que Trump impulsionou nos EUA.

Natal em tempo de guerra

 Na Europa de leste ( por enquanto) continua a guerra indigna ( porque até há guerras dignas, como  quando o agredido se defende do agressor, como foram aquelas em que os portugueses tiveram que se envolver sempre  que foram invadidos por castelhanos e franceses) - e cada lado comemorou o seu Natal á sua moda. Vimos cerimónias russas em que o "bispo" benze a guerra santa ( coitados dos soldados que morrem sem saberem porquê) e cerimónias ucranianas, estas em catacumbas e subterrâneos. Mas a mais sintomática cerimónia foi aquela de Putin assistir sozinho, numa cerimónia só para ele, a uma missa natalícia e amplamente noticiada - isto para um ex-KGB, marxista contra o ópio da religião, nada mau,.. Mas transmitir esta cerimónia de um presidente isolado, porquê?

Todos falam em paz, mas esta seria facilmente  obtida se o agressor e invasor retirasse as suas tropas do território invadido e deixasse de bombardear criminosamente os hospitais, os prédios de habitação, as escolas, os quarteis de bombeiros, os abastecimentos civis de água e electricidade,...  - era tão simples como isso..

Que chatice para alguns dos nossos cronistas verem que o tal Zelensky, um mero profissional de televisão, sem qualidades de chefia, até com arrogância, a afirmar-se como grande aglutinador do seu povo e , pior, como  democrata depois de ter inviabilizado alguns partidos pró-russos,  entre eles o partido comunista, que traíam o seu País a favor do vizinho que  talvez - quem sabe, talvez.. _  ainda venha a reconstituir a saudosa URSS.

Uma coisa seria certa, se Putin ganhasse esta guerra, nenhum outro país da sua vizinhança estava seguro, porque o sonho de alargar o seu espaço vital ( tal como  Hitler tanto necessitava) pesa muito na consciência do czar do século XXI. Estejamos atentos.

 Uma cena imaginada

Imagine-se uma médica a fazer uma consulta num hospital, a um doente e um familiar, ouve (ou foi avisada, é o mesmo) um tropel nos corredores e corre a cortina do seu cubículo/consultório, para garantir privacidade.

Nisto abre-se a cortina e, perante o espanto dos presentes, o PR surge e interpela a médica se não se sente honrada por ter ali o PR a visita-la... E, como se não bastasse, interrompe a consulta e dialoga com o paciente e o familiar. Dirão, não uma coisa destas nem imaginada sequer!!...


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023


E a vida continua

Hoje está um belo dia de sol matinal, 10º é frio mas não demais; e acabei de ver hoje o primeiro casal de perdizes a esgravatar na minha terra. Os javalis também estiveram cá de noite, foçaram bastante sinal de que estão com fome. É a vida que continua.