segunda-feira, 25 de junho de 2018

Afonso Cautela

Uma triste notícia : o velho lutador pelas causas ambientalistas,  Afonso Cautela, está em risco de vida. Só posso desejar que tudo se encaminhe segundo as leis da Vida que ele sempre defendeu !!

quarta-feira, 20 de junho de 2018

A pequena agricultura

  A entrega de subsídios aos pequenos agricultores para deixarem de produzir, praticada  com eficácia, nos Governos de Cavaco Silva, teve dois efeitos a curto e médio prazo ; deixou muitas terras e explorações de pequena dimensão ao  abandono e possibilitou  a expansão dos eucaliptais.
     Foram dois erros gravíssimos para o nosso território. Não quiseram perceber que a pequena  agricultura é a que ocupa realmente o interior, e em vez de ter sido incentivada a ser posta de lado, como aconteceu,  devia antes ter sido estimulada e incrementada.  
    Por esses anos andavam os emissários das empresas de celulose pelos campos e serras fora, de porta em porta, a incentivar os rurais a plantarem nos seus terrenos os eucaliptos porque todas as despesas eram por conta dos promotores. E a malta, sobretudo mais velha, foi evidentemente nesse engodo. 
     Lembremos-nos de quem eram os Ministros e Secretários de Estado da Agricultura e das Florestas...

    Muita gente hoje, em pequenas cidades e vilas do país - e pela Europa fora isso é significativo- tem a sua profissão e tem outra, a de pequeno agricultor . 
    No tempo presente, e cada vez mais no futuro, as pessoas já não têm apenas um emprego e uma profissão: a ocupação do tempo útil vai ser cada vez mais partilhada por cada pessoa por coisas que gosta ou precisa ou sabe fazer, diversificando as suas preocupações e a resposta aos seus anseios.
    As pessoas precisam cada vez mais de contrapor à vida urbana, em situações que em muitos e muitos casos continuam longe de satisfazer a sua  qualidade de vida, o encontro com os elementos naturais. E se os jardins e parques urbanos são cada vez mais planeados como espaços dinâmicos, nada se compara com o contacto de cada um com a res  rustica, com os afazeres e as descobertas da Natureza no mundo rural.
   O sucesso das hortas urbanas, persistente ideia de Gonçalo Ribeiro Telles durante décadas, sempre considerada utópica, lírica, está aí para provar a sua validade. 
   Por toda a Europa e não só, em muitas das grandes cidades de vários continentes, as hortas urbanas são uma forma genial de recriar a paisagem rural nas periferias da paisagem urbana e mesmo até entrando pela urbe dentro em raios de penetração da Natureza - valem mais que muitos jardins com relvados e flores que são  dispendiosos e exigem muita água.
  Agora que se fala "politicamente" em revitalizar o interior, estamos cá para ver o que vai ser feito para incentivar a pequena e média agricultura, o pequeno e médio pastoreio, que fixam população no terreno e criam condições económicas para a produção de qualidade que cada vez mais é necessária para contrapor à produção massificada e industrial.
       Sem as fantasias de Marcelo Rebelo de Sousa em acabar com as desigualdades entre litoral e interior até 2023,  há pequenos progressos que podiam ser incrementados - mas não esqueçamos que a pouca gente que vive no interior e aquela que possa vir a fixar-se por lá, dá poucos votos para justificar grandes investimentos...

Caiu um forte aguaceiro acompanhado de sonante trovoada, aqui nesta zona do barrocal. Segundo diz a "ciência" popular, e espero dizer certo, "águas pelo S. João tiram o vinho e não dão pão". Para já deram para regar os jardins...
O Monstro
     Os EUA vão aguentar durante muito tempo ainda o - ia dizer animal -  Monstro chamado Trump? Os animais não fazem monstruosidades, actuam pelos seus instintos, mas os homens esses podem ser monstros e actuarem reflectidamente para cometerem monstruosidades. A actuação de Trump e da camarilha de pequenos monstros que, por convicção ou  simples sobrevivência, o acompanham são um sinal deste tempo de insensatez que o Mundo atravessa. 
    73 anos depois da 2ª Guerra Mundial, quando julgávamos ter  destruído os monstros  nazis e a sua ideologia que iam despedaçando o Mundo, vemos surgirem  novos inícios de ideologias  tremendas, nos próprios países e povos que haviam sido vítimas da barbárie fascista e xenófoba ; é afinal como os cancros que, mesmo depois de pensarmos que foram extraídos, deixam metástases e voltam a rebentar. Na Europa. o continente da liberdade, das ideias de progresso social, que mais sofreu  com as políticas da pior extrema direita, começam a despontar focos  desse cancro na Hungria, na Polónia, na Áustria ( !!), em vários países do Leste europeu e agora - pasme-se !! - na Itália.
     Com a actuação de Trump o sismo das convicções democráticas  abala o Mundo inteiro. E faz-nos de novo repetir a velha máxima : a democracia é difícil de conquistar,  é difícil de manter - mas é o melhor de todos os maus sistemas políticos. 

segunda-feira, 18 de junho de 2018

As Áreas Protegidas juntas às florestas
- uma tentação da direita que a esquerda apoia-

Esta junção do ICNF n0 Ministério da Agricultura é o resultado de uma velha tentação da direita mais conservadora e mesmo reaccionária, e já foi tentada noutras ocasiões. No Governo de Durão Barroso ( PSD /CDS), o XVº Governo Constitucional, 2002 - 2004 ( quando o Durão bateu a asa  "a bem do Pais" e foi para Bruxellas) foi tomada essa resolução de juntar as Áreas Protegidas nas florestas, mas contou à partida com a oposição firme do então  Ministro do Ambiente , Engº Amilcar Theyas.
O Ministro disse numa entrevista que a eventual retirada das áreas protegidas do seu ministério para o da Agricultura será uma cedência a interesses particulares.  E disse ainda "A  conservação da natureza não pode ser vista  numa óptica colegial e de criação do produto agrícola e silvícola. É um conceito abrangente que respeita outros valores que não o lucro comercial e vai muito além da gestão da floresta."
Personalidades activas do PSD falaram contra essa medida, como o Engº Carlos Pimenta que salientou  que " a hipótese de transferência  das áreas protegidas para a tutela das Florestas é um pesadelo, um sonho mau e uma vergonha a nível europeu". O EngºMacário Correia   afirmou que era "um golpe palaciano" E terá admitido, entre outras afirmações, que "há interesses empresariais no domínio das florestas que fizeram eco no Ministério da Agricultura...." a Rede  Natura, a REN, a RAN e as próprias áreas protegidas sempre foram consideradas  por esses sectores como obstáculos às suas políticas florestais".
Por acaso quem era Secretário de Estado das Florestas nessa altura era o Engº João Soares, que saiu da Portucel para ocupar o cargo...

Ora  quando no anterior Governo Assunção Cristas e o CDS criaram o ICNF dando, talvez em "regime de transição" esta dupla tutela às áreas protegidas, mais não fizeram que retomar um "sonho mau" e retirar poder ao Ministério do Ambiente, que continua a ser considerado por esses sectores um obstáculo aos interesses empresariais em confronto.  Só que desta vez ninguém do PSD levantou um dedo para se opor, sendo Ministro do Ambiente desse Governo uma notável e muito badalada  personalidade, Moreira da Silva...
Mas a cereja em cima do bolo e que revela que dentro do PS há quem se posicione da mesma forma, é que o actual Governo apoiado nas esquerdas, incluindo o Partido Ecologista, não alterou uma linha e tem a desfaçatez de ter no Ministério do Ambiente uma Secretaria de Estado do Ordenamento e da ... Conservação da Natureza.
Desta vez ninguém protestou, nem as ONGs que da vez anterior sempre se manifestaram. É mesmo uma vergonha !!




sábado, 16 de junho de 2018

Carta ao Director do "Publico"

A Carta ao Director  do Publico sobre o falecimento do Arq.º Vassalo Rosa, acabou por ser publicada naquele jornal no dia 14 de Junho. Aqui fica a correcção ao comentário  que eu tinha feito quando  dei à estampa neste blogue a referida carta.
Jornalismo que deturpa
um populismo desnecessário

Enquanto conduzia o carro, ouvi o noticiário da Antena 1, onde se falava num artigo do Presidente da Republica no PUBLICO, em que ele diria que as assimetrias entre o litoral e o interior teriam de  ser corrigidas até 2023. Pasmei !Como é que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa podia dizer tal coisa, logo ele que conhece bem o País e conhece as capacidades de actuação seja de que Governo for.  Mas ele não disse isso, dessa forma tão exacta.  Depois de ler o artigo no jornal, vejo que entre outras considerações judiciosas, está escrito : " E essa correcção tem um tempo muito limitado para se concretizar. Até o fim da próxima legislatura se perceberá se somos ou não capazes de corrigir as assimetrias existentes, de ultrapassar as desigualdades que teimam em permanecer.
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Se formos capazes de fazer reviver até 2023 o que importa que reviva, Portugal será diferente
Mesmo o que está escrito já soa a populismo, mas dizer   "fazer reviver até 2023 o que importa que reviva " é diferente de corrigir  as assimetrias entre o litoral e o interior até essa data. O Presidente da Republica maneja sempre manhosamente o que escreve (digo isto no bom sentido), pois sabe muito bem que não se consegue acabar com as assimetrias regionais num prazo de cinco anos, e escrever o que escreveu além de ter um objectivo ( qual será ?...) já é de si mesmo abusivo -  mas o jornalismo que, simplificando, apregoou na rádio o fim das desigualdades nesse prazo, exagerou o sensacionalismo.
Já passou um ano sobre as primeiras catástrofes de 2017.  Fez-se alguma coisa ? Fez, claro, há um processo  de compensar as vítimas que está a correr.
Mas daqui a 5 anos o interior volta a ter as suas Juntas de Freguesia que foram extintas e em que a proximidade com as populações isoladas é a sua principal valência ? Vão voltar as escolas mesmo que tenham menos de 10 alunos? Vai aumentar o número de postos de Correio ? E de Centros de  Saúde ? Vai haver o quê para atrair indústrias e criar empregos ? Depois dos "bonus" que o Primeiro Ministro Cavaco Silva deu aos pequenos e médios agricultores para deixarem de produzir, dando cabo da agricultura familiar que era a forma expedita e fomentadora da economia para manter população no interior, vai ser feito o quê para revitalizar em cinco anos a  pequena agricultura ?
O PR, primeiro disse que, se se repetissem catástrofes como as de 2017, não se voltava a candidatar ; agora já vai dizendo que terá de pensar consoante as circunstâncias... Quererá dizer que se for possível "fazer reviver o que importa que reviva " já talvez haja motivo para novo mandato, não é acabar com as desigualdades, que ele sabe muito bem que não vão acabar nem daqui a vinte anos,  mas pelo menos que se consiga reviver alguma coisa.
Um populismo desnecessário ainda por cima aumentado pelo jornalismo de grandes parangonas radiofónicas só serve para criar confusão num país já de si cheio de confusões nas cabeças...





terça-feira, 12 de junho de 2018


Mandei esta carta ao Director do PUBLICO, mas não foi publicada, como não havia sido publicada qualquer notícia neste Jornal sobre o falecimento de Vassalo Rosa.   Mesmo o jornal que pratica, em meu entender,  melhor jornalismo, ignora a perda de cidadãos notáveis da sociedade portuguesa  - é o país que temos.
Ex~Senhor Director do PUBLICO

Continuo a comprar e a  ser leitor diário do jornal que V_Ex-ª dirige, porque me parece ser o de melhor jornalismo no nosso País. E por isso estranhei que não tenha sido feita qualquer  referência ao falecimento do Arq.ª Vassalo Rosa. Espero não me ter escapado alguma notícia, mas creio que não. Dão-se notícias com grandes parangonas de banalidades diárias, mas escapa informar o publico de factos tão relevantes como deviam ser por exemplo os que se referem a este notável arquitecto e urbanista.

O Arqº Luis Vassalo Rosa foi um dos mais distintos  profissionais de arquitectura e urbanismo do nosso País, falecido ontem. Nunca teve atrás dele a máquina de macketing  que acompanha outros colegas de profissão, por isso nunca foi uma estrela dos meios de comunicação social. Teve um percurso  sempre ao serviço da coisa publica, entre outros muitos  encargos esteve   na Câmara Municipal de Lisboa, no Gabinete da Área de Sines, no Fundo de Fomento da Habitação onde colaborou activamente com o Arq.º Gonçalo Ribeiro Telles. Não sou a pessoa mais competente para fazer a resenha biográfica de Vassalo Rosa, apenas quero destacar que foi uma pessoa de grande carácter, sempre discreto e de trato simples e afectuoso, e só venho a terreiro nesta missiva porque não vi no Publico qualquer referência a uma tão notável personalidade da vida publica portuguesa. Merece que fique registado o seu falecimento.

Com os melhores cumprimentos

Fernando Santos Pessoa




A espuma dos dias
-coisas que acontecem e fazem espantar ! -

1 -A "paz" na Península da Coreia -- Vamos ver quanto tempo  leva Trump a desdizer tudo o que disse  nas reuniões com Kim Jong-un. Como recomendava o Irão ao lidere norte coreano, é de não acreditar muito pois Trump é muito capaz de mudar de ideias antes de entrar em casa.
E está o mundo inteiro suspenso das decisões de dois tipos megalómanos deste calibre !!

2 - A vergonha da Europa - O Governo de  Itália a recusar a entrada no seu território de umas centenas de imigrantes  em risco a bordo de um navio que os recolheu do mar, é bem o exemplo do que espera a Europa com os governos de cariz fascista que estão a entrar em cena em vários países.
No entanto há um aspecto em que o Ministro italiano tem razão, e que já foi levantado inúmeras vezes : a Grécia e a Itália, porque geograficamente estão na fronteira sul da Europa, não podem aguentar sozinhas com as levas de milhares de pessoas que atravessam o Mediterrâneo; a falta de solidariedade dos países europeus revela bem o egoísmo do nosso tempo e a perda de carácter civilizacional da Europa É uma vergonha.

3 - O CDS na "linha da frente" do oportunismo -  O CDS vem agora com uma retórica de fazer chorar as pedras da calçada, propor a indemnização dos lesados da descolonização, ocorrida há 44 anos. O CDS já esteve várias vezes em Governos do país, ainda no que antecedeu o actual - nunca se lembrou do assunto ? Se se lembrou, fez as diligências que está a fazer agora com numa fúria caridosa impressionante ? Andam à procura de todos os "casos" que podem levantar problemas, mero oportunismo do momento.

4 - A destruição do Sporting - É impressionante como um déspota iluminado  rodeado de uma equipa de meia dúzia de  compadres, pode levar, com toda a desfaçatez, um clube como o Sporting ao seu ponto mais baixo de sempre !!
Eu sou sportinguista desde miúdo e custa-me a acreditar que uma agremiação tão prestigiada possa ser levada ao caos pelo desvario de um auto proclamado salvador da ética desportiva. Foi eleito ? O Hitler também foi eleito, não houve depois foi força para o tirar de lá. É nisso que aposta o actual Presidente do clube leonino.
Mesmo admitindo que possa haver culpas dos dois lados, a situação actual é claramente provocada pela erosão causada por Bruno de Carvalho - que vai ser o Sporting na próxima  época? Qualquer pessoa normal no lugar dele, mesmo podendo pensar que estavam a ser injustos com ele, o que decentemente devia fazer era demitir-se. O que se está a passar é uma vergonha e deixa os  sportinguistas em  transe !!


sábado, 9 de junho de 2018

Arq,º Luis Vassalo Rosa

Faleceu ontem o Arq.º Luis Vassalo Rosa, que conheço há décadas e a que sempre dediquei amizade e elevada consideração, pela sua competência e  pelas suas qualidades de carácter tanto nas relações de  trabalho e como de convivência  - mais uma perda para o nosso panorama de vida publica portuguesa !!
Aqui fica o meu preito de homenagem !
A triste sina dos Parques Naturais

Em 1983 dei uma volta pelas Áreas Protegidas /APs), estando eu já fora do Serviço, mas atendi a solicitações de diversos colegas e amigos que ali deixei e...lá fui. A situação deixou-me triste, desolado - e até hoje poucos mais momentos tive de melhoria de opinião à cerca do que se passa na generalidade das APs.  Desse ano tenho cópia duma informação da qual. por ser extensa, vou apenas transcrever algumas partes.
"A crise entrou nos PN
ou
Comissão de liquidação dos Parques Naturais

A crise de que tanto se fala, e com razão, não é só de ordem económica - é também crise de mentalidade, de competências, crise moral no fim de contas    ...................................
No sector do Ambiente só talvez o respectivo Secretário de Estado, que se tem revelado incansável para impor uma acção concreta e bem orientada, ainda consiga travar um certo vento de derrocada e de frustração que se abate sobre algumas áreas do seu pelouro.
Diversos indícios chamaram-nos a atenção para a situação de mal estar que se vem gerando no departamento encarregado dos Parques Naturais e da Conservação da Natureza. A orientação  do Serviço Nacional de Parques, como pudemos apreciar pela análise de elementos desde a sua criação e pelos contactos que estabelecemos com alguns dos seus componentes, apontou sempre para uma linha correcta e natural de conciliação da Conservação da Natureza com o Desenvolvimento, como consta aliás das directivas internacionais da UICN, da UNESCO, etc.
Porém ultimamente aquele Serviço afastou-se desse programa  e enveredou, ao que parece, por uma orientação estrictamente  conservacionista, pouco adaptada para o território  de uma nação europeia como Portugal, densamente ocupada por colectividades humanas desde há milénios................................
Como tudo neste País, também os parques e as reservas naturais entraram em crise.
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O descrédito, o desinteresse e a desmobilização parece terem entrado, conforme nos apercebemos nos contactos que fizemos, no Serviço que, até há algum tempo, era uma pedrada no charco da rotina da nossa Administração........................
São evidentes sinais daquela situação, primeiro a marginalização progressiva do papel desempenhado pelos parques e reservas no âmbito da política regional; depois o abandono sucessivo de alguns dos seus melhores técnicos, que faziam parte do Serviço quase desde a sua origem.
Foi assim que abandonaram os serviços centrais........; o director de Serviços  Arq.º Marques Moreira; a única licenciada em História dos quadros do Serviço, dr^Conceição Moreira; o Arqº João Reis Gomes que arrancou com a Reserva de Castro Marim e foi seu Director; a uma técnica antropóloga drª Isabel Fonseca, que pertencia aos quadros do Serviço, foi-lhe dito que já não há ali mais lugar para ela porque o seu ramo técnico não é prioritário para os estudos de Conservação da Natureza...
Na verdade uma estreita e ultrapassada visão conservacionista, falta de "bagagem" cultural e atraso de conceitos, tem vindo a presidir  nos últimos anos ao Serviço de Parques...
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Devia poder esperar-se que fosse o PS, pela ideologia de socialismo democrático que anuncia, quem tivesse maior abertura para formas de desenvolvimento integrado e de pequena escala, que privilegiasse o social e o humano antes do económico, que gerasse mão de obra local e compatibilizasse o crescimento económico de certas actividades com as aptidões e tradições  culturais de cada região..........................
Mas parece que, com o afastamento do Arq.º Gomes Fernandes, o PS passou a dispor, na área do Ambiente, de elementos de muito fraca craveira; por isso o PS tem sido veículo, através de alguns dos seus responsáveis, das posições mais tecnocratas e de crescimento económico industrialista. Assim a política dos parques naturais e a orientação da Conservação estariam balizadas por conceitos de mais curta visão, conciliáveis com outros valores que não aceitam o êxito das formas de desenvolvimento sustentável e privilegiam antes as acções fáceis de simples protecção da natureza.
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A Reserva de Castro Marim, de importância fundamental para o estuário do Guadiana, não tem um único técnico ao seu serviço.
O Parque Natural da Serra d'Aires e Candeeiros está na mesma situação...
Algumas reservas de importância internacional, nunca tiveram um técnico a olhar por elas : Paul do Boquilobo, Serra do Açor, Serra da Malcata...   O Parque Natural da Arrábida é bem conhecido pela  importância do património que encerra e a sua defesa tem sido uma verdadeira luta em que se empenharam quer as Autarquias locais quer o seu Director ,Eng.º Maia Barbosa............................  ; pois o Engº Maia Barbosa pediu a demissão e quer abandonar o Serviço.
Também a Reserva da Ria Formosa constitui uma área classificada de importância fundamental, e frequentemente os órgãos de comunicação social se tem referido à verdadeira luta que tem sido a defesa da sua integridade. Para além do muito mérito que tem todo o corpo técnico da Reserva, é bem conhecido o papel desempenhado pelo Arq.º Fausto Nascimento, devendo-se em boa verdade ao seu entusiasmo e à sua capacidade de diálogo, a salvaguarda da Ria Formosa. Pois também o Arq.º Fausto Nascimento quer pedir a demissão de responsável pela Reserva e pretende abandonar o Serviço dos Parques.
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Ajudas de custo que são um maná para certos funcionários, o antigo Presidente ( que entrou para a função publica logo directamente para o lugar de Assessor (!!) e que continua a dispor de carro com motorista e a mandar como se fosse ele o director.geral...; o encarregado do Parque da Serra da Estrela, que está lá destacado e assumiu o lugar por simples empenho político, a receber ajudas de custo permanentes ( um segundo e chorudo ordenado...), etc, são factos que contribuem para a crise daquele departamento.
Tudo isto só  é possível por compadrio, por politiquice, por protecção das incompetências, porque os incompetentes são úteis...
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A quem de direito a resposta "








quinta-feira, 7 de junho de 2018

Manifesto Alternativo
O Diário de Notícias de 5 de Junho de 1981 publicou o Manifesto Alternativo, assinado por cinco "militantes" da causa ambientalista, e que na altura teve bastante repercussão. A situação era outra, a sequência do Tempo trouxe  diferenças, mas as críticas e o optimismo são actuais. Entre os subscritores dois eram cientistas respeitados.  Dos subscritores tres ainda continuam vivos  e como eu  sou um deles reescrevo-o e faço deste manifesto  o meu manifesto do 5 de Junho deste ano da graça de 2018, 37 anos depois,

" 1- O 25 de Abril de 1974 surgiu na altura de maior crise económica internacional que se verificou no Mundo desde o quase colapso dos anos 30. Em Portugal e Espanha a resposta à crise foi o fascismo. Na URSS o estalinismo. No Ocidente industrializado, o desenvolvimento de inspiração keynesiana.
Em 1939 Keynes escrevia que (1) "durante pelo menos outros cem anos devemos proceder, face a nós próprios e a todos os outros, como se o justo fosse infame e o infame fosse justo; pois o infame é útil e o justo não o é... Avareza, usura, astúcia, devem continuar a ser os nossos deuses  por muito tempo". Mas o próprio Keynes também observou que "dentro de cem anos estaremos todos mortos". Dos 100 anos previstos 50 são passados.   A exaltação do infame, porque é útil, e a supressão do justo, porque o não é, esgotou tal tipo de desenvolvimento e gerou uma crise de valores e uma crise existencial sem precedentes, que ameaçam desembocar no suicídio colectivo, ainda que por acidente.
2 - A crise dos anos 30 gerou a II Guerra Mundial. A crise dos anos 80 é mais grave, A explosão demográfica e a natureza finita dos recursos do planeta levaram as ideologias tradicionais à contradição com as leis do universo físico e os modelos económico-sociais em vigor a inelutável esgotamento Por outro lado a robotização dos homens gera a insegurança individual e internacional; a violência individual acelera o "controle" institucional repressivo e este, por sua vez, só aumenta a violência e a alienação.
No ciclo vicioso da crise, decisões que a todos afectam tornam-se incontroláveis : todos manipulam na zona do Poder e o futuro da Humanidade fica à mercê do acaso.
3- No medo de enfrentar a realidade gerou-se o mito da salvação pela ciência e tecnologia. Um único meio para uma única finalidade transforma-se numa finalidade em si mesma. A tecnologia não é neutra como o não são as linhas escolhidas para o desenvolvimento científico. Transformadas numa finalidade em si mesmas, ciência e tecnologia geram o homem "robot" e a servidão definitiva.
O futuro da Humanidade não passa por novas descobertas científicas, mas sim pela utilização do já conhecido ao serviço de todos os homens. Uma sociedade viva gera a ciência e a tecnologia que a servem. Uma sociedade alienada resigna-se àquilo em que a tecnologia a transforma.
4 - É tempo de parar e reflectir. É tempo de desmontar muros e de ajudar os homens a reencontrarem-se e a reconstruírem um futuro à sua medida. É tempo de parar a corrida para a morte ou para explosões sociais incontroláveis, desumanas e traumatizantes. As revoluções não se impõem na violência, mas brotam do interior de cada um e afirmam-se numa aspiração colectiva integradora e irreversível.
Portugal, nas suas raízes culturais e históricas, dispõe de condições privilegiadas para catalisar uma síntese e justificar uma esperança.  Para isso, o primeiro e decisivo passo é aperceber-se da falência dos modelos económico-sociais que lhe vêm sendo propostos e se fundamentam no absurdo de admitir  que a sociedade de consumo ainda é possível ou que a planificação centralizada não degenera em opressão institucional  irreversível.
 - É necessário constatar a incapacidade das forças políticas organizadas conceberem uma relação diferente entre os homens e articularem um modelo alternativo de desenvolvimento que não conduza à morte ou à alienação definitiva ;
 - É necessário constatar a incapacidade de integrarem o conhecimento científico actual de um modo coerente e consistente com a melhoria da qualidade de vida, que não cessam de prometer;
 - É necessário constatar a incapacidade de gerarem novos hábitos de pensamento  e novas formas de organização social;
 - É necessário constatar que o peso crescente dos aparelhos partidários, em detrimento de participação informada e responsável dos cidadãos, bloqueia a evolução e gera um retrocesso explosivo;
 - É imperioso reafirmar o pluralismo autêntico e promover o aprofundamento das raízes  culturais e civilizacionais do povo português numa perspectiva universalista;
 - É imperioso oferecer aos jovens os pilares fundamentais de um futuro que eles possam construir à medida das suas aspirações;
-  É imperioso transmitir aos jovens a esperança; 
- É escandaloso fazê-los pagar no desemprego e na droga a falência de concepções que o presente já condenou.
5- Se é tempo de parar e reflectir, é também tempo de agir. Agir apontando erros. Agir fomentando a crítica participativa. Agir impedindo decisões de consequências irreversíveis. Mas agir, sobretudo, apontando alternativas viáveis e realistas no mundo em que vivemos.
Impedir uma central nuclear, uma celulose,  uma barragem ou um terminal de carvão não basta. É necessário mostrar que os benefícios apontados para os justificar são malefícios ou que os aspectos positivos se conseguem por outras vias. Não basta propor o sol, o vento, o mar !
É necessário abrir-lhes caminho e abrir-lhes caminho significa recurso a soluções intermédias. O Mundo não é  uma máquina que se pára para reparar.
É imperioso o sentido do tempo e do que, a cada instante, distingue a evolução da ruptura. É porque desejamos impedir a ruptura suicida ; é porque acreditamos no instinto de sobrevivência da espécie humana. É porque temos a certeza de uma evolução no sentido que apontamos que nos propomos contribuir para a descoberta das vias que impeçam a destruição  inútil de milhões de seres humanos.
   Assinado  Afonso Cautela . Delgado Domingos. Eduardo Cruz de Carvalho. Fernando Pessoa . João Reis Gomes
(1) - J. M. Keynes, " Essays in  Persuassion, Macmillan, London. 1933




quarta-feira, 6 de junho de 2018

A triste sina dos Parques Naturais

A criação dos Parques Naturais (PN) na Europa significou um grande avanço na Conservação da Natureza, das Paisagens e do Património. pela abertura do interesse colectivo já não apenas pelos pormenores da fauna ou da flora, como fazia a "protecção da natureza" ou pelas obras de arte e monumentos nacionais, mas pelos sítios e paisagens onde prevalecia a harmonia entre o Homem e a Natureza. A sua instituição em Portugal foi também, por isso, um grande passo que se poderá dizer civilizacional, e surgiram num altura em que,  após a queda do Estado Novo , veio a democracia e o acesso de muito mais gente ao direito inalienável a uma habitação, levando a uma pulverização da construção civil por todo o território, incluindo por paisagens rurais ainda bem conservadas, sem qualquer controle.
Os Parques Naturais surgiram como modelos de desenvolvimento equilibrado do território, onde a transformação das paisagens ficava dependente de cuidados  especiais na ocupação do espaço e no uso de materiais correctos e volumetrias adequadas.
Foi uma luta deste o princípio para fazer entender a importância dos PN já não apenas a certas camadas da população mas infelizmente a políticos e governantes.
E essa luta, se permitiu  que quarenta anos depois já não se ponha em causa a existência dessas Áreas Protegidas, nem por isso  deu aos PN a capacidade de serem entendidos e apoiados pelas sucessivas tutelas governamentais que têm tido. 
Mas foi assim desde o início. Vou transcrever partes de um de dois documentos da minha autoria que até podiam ser escritos hoje...
O primeiro é uma Informação datada de 26 de Março de 1980 quando ainda era Presidente do Serviço Nacional de Parques e dirigida à tutela imediata que tinha na altura.  A sua transcrição integral ocuparia imenso espaço , mas fica arquivado para consulta sempre que necessário.
    " À consideração superior. O Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico foi criado por minha iniciativa, apoiado na vontade e no entusiasmo do primeiro Secretário de Estado do Ambiente em Portugal, o Arq.º Gonçalo Ribeiro Telles. E foi criado para, sobretudo através dos parques naturais, instituir no nosso País instrumentos dinâmicos de experimentação e implementação  da política de Ambiente e Qualidade de Vida, nas quais se insere a conservação da Natureza.............................
..........    Há quatro anos que luto para conseguir condições de trabalho eficiente para o Serviço, quer na possibilidade de recrutar pessoal qualificado quer na obtenção de orçamentos capazes de permitirem efectuar na prática as acções que competem a este Serviço.
Governo a Governo tem aumentado a incompreensão para o papel específico da Secretaria de Estado do Ambiente.......
Governo a Governo se redobram os esforços para sensibilizar as pessoas para a problemática da aplicação prática da política de Ambiente através dos parques, numa doutrinação que se repete de forma desgastante para que a paralização das acções em curso não seja uma realidade.
Mas essa acção desgastante deixa marcas e a frustração aumenta.  Há cerca de  um ano e meio que o Serviço se encontra praticamente manietado por falta de condições de trabalho; mesmo assim , apoiando-se na meia dúzia de técnicos espalhados pelo Serviço central, pelos parques e reservas, foi possível em 1979 gastar a totalidade do orçamento em acções palpáveis e de resultado à vista.
................................
Nunca foi possível fazer compreender aos Governantes e aos serviços da Administração Central, o verdadeiro alcance dos parques naturais, tal como eles são concebidos em Portugal, e por exemplo também em França e Inglaterra, com as diferenças próprias de cada sociedade e região.
Persiste a ideia de parques sobretudo a partir daquilo que tem sido o Parque Nacional do Gerês : uma grande Reserva do Estado, que visa proteger a Natureza e permite quando muito um recreio de visitantes de passagem. Mas o parque natural não é isso : é antes um verdadeiro plano de desenvolvimento integrado, rural ou costeiro...
Assim o entendeu recentemente Lord  John Sandford, depois de uma visita a Portugal, que recomendou em Bruxelas a inclusão do Parque Natural da Serra da Estrela como quarto projecto do Programa de Desenvolvimento Rural Integrado financiado pela CEE, existindo apenas outros tres, na Bélgica, Escócia e França, dando assim o devido reconhecimento ao trabalho feito, coisa que em Portugal nenhum Governo ainda reconheceu.
.........................  Não vale a pena continuar a fingir que se faz política de Ambiente em Portugal com tão escassas verbas E é manifestamente querer brincar aos parques e à Conservação da Natureza atribuindo para implementação da sua criação e gestão 22 mil contos, a repartir por 4 Parques Naturais, 5 Reservas e 2 Gabinetes Regionais...    ( Só para comparar, o PNGerês tinha nessa altura mais de 30 mil contos)
Há quatro anos que me limito a inventar desculpas perante as Autarquias, a população e os organismos estrangeiros que se interessam...
....Fui o criador do Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico, emocionadamente abandona-lo-ei para não ser o seu coveiro.  Assim se não houver um mínimo de compreensão para as questões deste sector e não puderem ser dadas condições de trabalho, serei forçado a deixar à consideração superior a disponibilidade do lugar da Presidência do Serviço. "
Bom, isto daria pare ter sido logo despedido - e nos dias de hoje era de certeza...- mas não, só me despediram em Dezembro desse ano e por outras razões que não vem aqui ao caso.
Numa próxima ocasião darei conta de outro documento que, tres anos depois, ajudará a fazer a história dos Parques naturais em Portugal...


segunda-feira, 4 de junho de 2018

Curiosidades das coisas do Ambiente...
Não é só hoje que as coisas do Ambiente e da natureza são tratadas  por quem tem delas a ideia de um ornamento dos Governos...
Nas voltas que ando a dar aos arquivos do meu escritório, tenho deparado com algumas curiosidades que fui arquivando. Veja-se só esta preciosidade :
"Despacho nº.../M--/84
Considerando que é fundamental para uma equilibrada integração do homem no meio que lhe é peculiar, a sua ligação à natureza;
Considerando que deve o Ministério..... manter um equilíbrio no seu diálogo permanente com o Ambiente;
Considerando que se comemora hoje o Dia Mundial da Floresta:
Determino:
Todos os projectos ou apreciações devem preservar, sempre que possível, o manto vegetal existente, bem como procurar repor  a ambiência  natural.
Ministério....., 21 de Março de 1984   O Ministro,,,(assinado)
( retirei a identificação do Ministério e do Ministro, por uma questão de decoro )

sábado, 2 de junho de 2018

A espuma dos dias

-  A embrulhada da politica florestal -A política florestal , com os prazos das limpezas das matas e dos matos a expirarem, vai entrar agora na época da cobrança de multas, que dão sempre muito jeito. Numa volta que dei agora pelo norte do país tive ocasião de apreciar o esforço de particulares e autarquias para tentarem fazer em 3 meses o que devia ter sido feito ao longo do ano, ano após ano. Desde que deixou de haver Serviços Florestais e os guardas florestais abandonaram os seus postos, onde com a sua actividade vigiavam os proprietários e as matas do Estado e providenciavam a sua manutenção, que a área florestal portuguesa ficou ao abandono.
A dimensão catastrófica dos incêndios florestais ( e todos rezam aos deuses para que este ano não seja assim) é bem o testemunho da falência da política florestal em Portugal, mas apesar disso alguns dos responsáveis por essa "estratégia" continuam a dar cartas e a prometer a reforma da floresta, como senão tivessem tido nada a ver com o sucedido.
O negócio dos meios aéreos para combate aos incêndios vai de vento em popa; segundo noticia o Expresso o ajuste directo em vez de concurso ( por falta de tempo, como se desde o ano passado não tivesse havido tempo...)  para contracto de hélis vai custar mais 47 %, num total de 15,7 milhões de euros para dois anos. Ainda ninguém quis fazer as contas - mas valia a pena que fossem feitas - de quanto custará a reconstituição dos Serviços Florestais organizados em moldes consentâneos com a modernidade. Não interessa...

2 - A democracia  no Reino de Castela - Caiu o Governo de Madrid, finalmente alguns partidos resolveram unir-se para derrubar Rajoy  após tempo interminável de acusações de corrupção dentro do PP. No Reino de Castela formou-se uma coligação cujos parceiros pouco ou nada terão em comum, não comparável ao que sucedeu em Portugal onde, apesar das  diferenças, existem muitos pontos de contacto entre os partidos que apoiam António Costa. É provável que Sánchez  não se aguente muito tempo, mas para mim o que é de realçar , como democrata e acérrimo defensor  da democracia parlamentar que sou, é que não basta um partido ter ganho eleições para formar o Governo, o que só acontecerá sem dúvida em casos de maioria absoluta - o importante é  que nos Parlamentos se discutam e se formem os Governos e estes fiquem dependentes dos acordos permanentes que se façam em sede parlamentar. Para mim é esse o cerne da democracia.

3 - O futebol  -  Com o Sporting na berlinda, onde um Presidente  doentiamente agarrado ao poder (embora diga que não...) se  torna autista aos protestos que surgem de todos os quadrantes, o futebol português está em crise. Os tres "grandes" estão a ser investigados pelo Ministério Publico: recordo-me de aqui há uns anos a Drª Maria José Morgado ter dito que um dos domínios de maior corrupção em Portugal era o futebol, e os factos parece darem~lhe   razão.
Tinha graça os "tres grandes" serem forçados a descer de divisão, ou então haver maneira de reciclar os seus dirigentes , todos eles, sem excepção, dando lugar a nova geração de dirigentes com outro perfil e outra educação cívica - se é que isso existe...

4 - Santana Lopes julga que ainda "vai andar por aí"...  Santana Lopes cortou o acordo que tinha feito com Rui Rio para apaziguar o PSD, desligando-se do Conselho Nacional do Partido. Bom, ele deve pensar que ainda é o enfant terrible que se  distinguia na noite lisboeta e na politica do "aparelho", e não dá conta de que o seu tempo acabou. Não o disse desta vez, mas deve pensar que ainda vai continuar a andar por aí...  É duro enfrentar a realidade do ar de avozinho que agora revela.