domingo, 27 de março de 2022

 Pensando para mim mesmo

Ambiente

Desapareceu do Ministério do Ambiente (MA) o Ordenamento do Território (OT), mais uma inovação da nova governação onde se demonstra que António Costa será um bom estratega político e capaz de enfrentar as situações momento a momento, nomeadamente na Europa ( e ninguém lhe nega essa faceta positiva) -  mas não tem noção nem conhecimento sustentado de perspectivas de futuro de médio  e longo prazo para o território, que está sob alterações climáticas e inevitável condição mediterrânica.

Nunca me calarei e repetirei até ao fim dos meus dias : esta fragmentação por um lado do sector primário, mantendo separadas a gestão da agricultura e das florestas, esquecendo propositadamente que o sector deve ser o agroflorestal;  por outro lado desmantelando a politica de Ambiente ao  manter a Conservação da Natureza presa às florestas como era há 50 anos atrás ( que grande actualidade, hem??) e retirando o OT do MA, deu ao desbarato mais de 40 anos de Política de Ambiente que todos os Governos, mesmo os piores do PS, mais ou menos foram assegurando, década após década. E isto passa-se com um leve encolher de ombros de associações profissionais que se deveriam sentir afectadas ( e privilegio arqºs, arqºs paisª, agrónomos e silvicultores, pelo menos) e organizações ambientalistas que parecem mais interessadas em sobreviver no actual status quo do que levantar ondas e criar dificuldades a futuros entendimentos. É duro mas para mim é mesmo assim.

E  para corroborar esta análise ainda se refere que embora tendo saído o desastre que era o anterior Ministro do Ambiente, ainda ficou o pior Ministro(a) da Agricultura que só encontra parceiro no Ministro da Agricultura ( que me recuso a nomear) que existiu quando António Costa era Ministro da Administração Interna - quer dizer que  as más companhias e as más influências deixam marcas.

Que país este Portugal, com o seu sector mais valioso em termos de perenidade - o sector primário  terrestre ( veremos o que se vai passar com o mar...)- sem perspectivas sequer de médio prazo e muito menos de longo prazo. Espero que a História e os portugueses das próximas gerações venham julgar estes erros fatais quanto à sustentabilidade tão mal perspectivada pelos Governos deste início do século XXI.


A guerra - Enoja-me esta carnificina feita calculadamente, apenas com o intuito de arrasar, porque não há desculpa nenhuma, nem o auxílio dos americanos e da Nato nem o que estes tem feito ao longo dos anos, para que em pleno século XXI um mentecapto, armado em grande senhor das Rússias, se dê a si mesmo o direito de invadir e destruir um país independente, de mandar apontar misseis para estações de metro ( onde se escondem pessoas); de usar bombas de perfuração para destruir caves de armamento que também destroem caves onde se abrigam pessoas;  de arrasar por completo os bairros habitacionais como se fossem alvos militares; de tentar pela força voltar a juntar, sob a sua pata, os  países e povos que se autodeterminaram livremente (mesmo que nem tudo nesses casos seja perfeito nem limpo).

Acho ridículos os discursos de Jerónimo de Sousa, como o de ontem,  a falar de paz  e de direito dos povos, como se a santa Rússia possa ter e usar os armamentos que queira mas a Ucrânia não os possa receber do Ocidente ou da China - ainda não o ouvimos acusar a China... pois para ele o Ocidente é de onde vem tudo o que é maléfico como a democracia sem outra designação -apenas DEMOCRACIA. Tão maléfico que até ele,  camarada Jerónimo,  pode falar livremente e dizer as baboseiras da cartilha sem ser preso nem molestado, mas na saudosa Federação Russa - como antes na URSS- esses direitos não existem porque era  (e ainda é...) o povo que governa e dita as suas leis ! Hipocrisia e cegueira de velhice, sendo incrível como afecta ainda alguns milhares de portugueses,  mesmo depois dos crimes que se estão  a praticar e que o activo dirigente do KGB (que saudades também, não é camarada Jerónimo?) trouxe até nós desses velhos gloriosos tempos e os usa agora que se armou em novo e renascido czar.

E mais uma graça : assim como os católicos vão em peregrinação a Fátima, os muçulmanos a Meca, os nazis aos lugares de recordação do abençoado Fuhrer, onde é que os comunistas portugueses tem marcada as suas comemorações  dos 100 anos  do Partido? na santa Rússia, em peregrinação aos lugares sagrados do Lenine e do Estaline, para que todos os comunistas portugueses respirem o " ar limpo e desintoxicado" onde os malefícios do Ocidente não chegam.

Eu aqui há uns anos visitei "Leninegrado" e "Stalinegrado" com uma  excelente historiadora francesa, numa altura em que o actual czar não era ainda o "deus na Terra" ( preparava cuidadosamente o futuro...) e vivia-se e  sentia-se liberdade "à ocidental"; o povo na rua parecia alegre, havia oposição e órgãos de comunicação social independentes que exerciam o seu poder doutrinário como os outros órgãos afectos ao Governo.  Foi uma "Primavera  russa" que durou pouco, um czar não aceita quem se oponha, a santa Rússia vai voltar a ser o farol da Humanidade ( mesmo tendo sacrificado criminosamente a Tchechénia, o Azerbeijão, a Geórgia... que podem vir a ser as próximas vítimas do poder do czar)

Os camaradas portugueses vão agora rever os locais onde se impõe a mesma logica tirânica da anterior democracia popular e vão sonhar com o seu regresso como o renascer sol para todo o mundo... Que tristeza de retrocesso em pleno século XXI.  Os dinossauros não morreram todos num  mesmo momento, foram desaparecendo à medida que as circunstâncias ambientais de agravaram, os mais resistentes foram os últimos a desaparecer...






sexta-feira, 25 de março de 2022

 Desvalorização do sector florestal e da Conservação da Natureza

Novo Governo mas  mantem-se o desprezo e a desvalorização do sector florestal e a menorização da Conservação.

A Politica de Conservação é uma política nacional  - devia ser... 

Primeiro, a  designação florestal até já nem surge na titularidade  dum qualquer Ministério, continuando a manter-se a aberração, que se pagará  com preço alto  a médio prazo, de separar a agricultura da floresta, sendo que   deveríamos todos - pelo menos  todos aqueles que se preocupam com  as políticas de médio e longo prazo que deveriam nortear o sector primário - interrogar-nos (e interrogar responsáveis) porquê em Portugal se mantem esta situação anómala.

Tem vindo a publico testemunhos de engenheiros agrónomos, outros técnicos  e responsáveis por associações do sector agroflorestal - porque o sector é agroflorestal e não separadamente agros e floresta- que protestam e explicam como é errada esta mentalidade que se instalou nos políticos portugueses com acesso ao Poder.  De nada valem...

Sei que alguns  responsáveis do actual status quo acham que quem, como eu, defende ideias como a de unidade de concepção e de gestão do agros, e a separação e independência da Conservação da Natureza (CN) face aos sectores produtivos - pois só assim a CN  pode  exercer uma missão de observação e prevenção -  estamos ultrapassados.

 Estes "jovens" ( alguns não tão jovens assim e até  de barba grisalha) sentem-se uns iluminados que querem deixar nome pela inovação de métodos, quando toda a experiência e prática mundiais, desde há várias décadas veiculadas pelas organizações internacionais,  indicam o caminho certo. É como querer agora descobrir o segredo de fabrico da pólvora... 

 O grave é que são estes iluminados quem tem cobertura política, e também deveríamos tentar perceber porque é que as sucessivas  governações dão cobertura a estas teorias de pretensa inovação. Interesses envolvidos?

Pegando na CN, desde que em 1974 se criou a Política de Ambiente em Portugal ( e já com algum atraso face a países europeus e americanos mais avançados)  ela passou a ser um dos pilares do pensamento ambiental por ser uma das bases para o ordenamento  biofísico do território, criterioso e de longo prazo - porque  biodiversidade e sustentabilidade  só se garantem no longo prazo.

A missão duma visão holística que a CN deve exercer sobre as actividades económicas que originam impactes no meio, impõe que ela seja independente de todos os sectores produtivos, começando pelo  sector primário; quando há muitas décadas atrás CN e florestas estavam juntas a primeira era apenas um ornamento legislativo para se poder dizer que também cá tínhamos disso... 

Com esta solução voltaram a esse tempo, que era do antigo regime pré-democracia - a CN amarrada ás florestas e consideram que tal significava um avanço fantástico;  nas declarações públicas  dum recente ex- responsável governante, para quem  antes estava tudo mal ( e este antes foi a reforma efectuada depois de Abril de 74) e agora ( com o caos criado pelo ICNF) é que está tudo bem - mas se o antes  que foi retomado, foi o  antes de 74, como é afinal para estes iluminados aquilo  que  está bem e o que está  mal ?

A menorização do sector florestal começou há décadas, em plena governação de "direita", quando técnicos e dirigentes da industria da celulose foram para responsáveis governamentais do sector florestal, e em que chegou a haver um complot de Secretários de Estado  (denunciado pelo Engº Amilcar Teias, ex Ministro do Ambiente desse tempo e que se sentira ultrapassado)  para juntar as Áreas Protegidas(AP) com a florestas. Pretendia-se menorizar tanto a CN como os Serviços Florestais.

Porquê? Porque APs e os  Florestais eram impeditivos de uma liberalização dos eucaliptais e não foi por acaso que a excelsa Ministra do governo Passos/Portas alargou as possibilidades de plantação de eucalipto. Quando vieram governos "das esquerdas unidas" poderia ser expectável que se alterassem os caminhos e, na verdade,  foram feitas várias reconversões de arranjos e de politicas ministeriais - mas nas florestas e na CN ninguém mexeu, estava tudo bem ( e até havia na geringonça um Partido Verde!) E continua tudo bem para os interesses que "eles" defendem...

Continua a ser um mistério inexplicável ( será mesmo?...)  que no Ministério da Agricultura continue alguém que não se importa de ficar sem o sector florestal - quer lá saber disso, tem tanto com que se preocupar como seja a rega dos pomares industriais intensivos de olival, amendoal, abacateiro, etc, (porque pode não haver água de rega para as hortas e os pomares tradicionais dos pequenos produtores mas para os outros haverá sempre); podem continuar milhares de hectares de solos por agricultar e que podiam contribuir para diminuir o nosso déficit em culturas agroalimentares, mas isso é coisa de pouca monta, os fundos comunitários já tem destinatários.  Juntar a chatice das florestas?   Coisas do passado, é assim que pensa - e decide - a "esquerda contemporânea".

Ou, como voltam a  dizer os gurus liberalistas, ( que se repetem década após década, qual hidra a quem nascem cabeças sempre que uma é cortada) acabou a História, acabaram as ideias e as ideologias, finalmente temos  a ideia única do mercado livre - e  do pensamento único, viva a liberdade!

Como dizia um conceituado meu colega, técnico florestal,  ainda há cursos universitários de silvicultura ? Para quê? Na verdade engenheiros agrónomos, biólogos e outras especialidades resolvem os problemas. Guardas-florestais em harmonia com os  bombeiros? Qual quê, a Protecção civil e a GNR resolvem tudo como convém a uma democracia musculada, pouco dialogada, porque as maiorias absolutas não dão para fantasias.

Florestas? Temos as "florestas de produção" propagandeadas pelas industria da celulose ( passa a ensinar-se assim em silvicultura...) e o resto "é paisagem"...

Aditamento a estas notas

Porque se liga com o conteúdo destas notas, vou transcrever uma carta que enviei ao National Geographic Magazine, a 24-01-022; já esperava que não tivesse resposta, mas aguardei um tempo de espera e agora esse tempo passou. Dirigida ao Director da NGM Portugal, aí  fica :

Somos cá em casa, desde há muitos anos, assinantes da revista  National Geographic, que tem normalmente muitos artigos de grande interesse.  Porém agora neste número de Janeiro de 2022 tem logo quase na abertura uma fotografia de duas páginas de um eucaliptal e um texto intitulado " A floresta faz parte da nossa identidade".

Se se trata de publicidade esta deveria ter sido expressa claramente, porque se torna evidente que é uma publicidade da The Navigator Company, ou seja a industria da celulose, com a desfaçatez - permitam-me o termo - de afirmara que "as florestas sustentáveis da The Navigator Company apoiam a National Geographic Portugal a diminuir a sua pegada ecológica"-

Andamos nós a ensinar nas escolas e nas universidades o que são matas e o que são florestas, e textos como este enganam os que lêem e não esteja prevenido.

Em primeiro lugar sobre a "nossa identidade" é abusivo insistir que somos um país florestal, não somos nem nuca o fomos, fomos sempre historicamente um país de agricultores e pastores e  residualmente com floresta; depois nós não temos florestas de produção, temos matas de produção, povoamento estremes, monoespecíficos de eucalipto e de pinheiro bravo. Estas matas é claro que devem ter lugar no panorama silvícola português desde que enquadradas num ordenamento florestal nacional - que hoje nºao existe.

Dispenso-me aqui de falar sobre o que é um ecossistema florestal e como os eucaliptais são espaços sem biodiversidade porque não criam condições para diversificar a vida no seu interior.

No nosso entender, e de muitos especialistas desta área com independência de pensamento, trata.se de publicidade enganosa que já há alguns anos atrás, perante uns enormes cartazes afixados nas estradas com o mesmo tipo de fotografia e de mensagem, a Defesa do Consumidor deu razão à queixa apresentada e os cartazes desapareceram, A indústria da celulose tem lucros suficientes para estes gastos.

Também em rodapé informar como "fonte" o ICNF, mesmo só para falar de %, é uma forma encapotada de conferir credibilidade ao texto.

Por fim, existindo um Conselho Cientifico que inclui nomes relevantes da ciência e da cultura, alguns dos quais conheço e respeito, fica-nos a dúvida se esse douto Conselho se pronunciou sobre a veracidade e credibilidade do texto referido.

Uma revista coim o mérito da National Geographic não aumenta a sua credibilidade com a publicação de textos destes - é a nossa opinião.










 













 

quarta-feira, 23 de março de 2022

 Estes tempos...

Continuam a surgir de alguns comentadores que se dizem insuspeitos e quererem apenas discutir todos os lados da guerra, paliativos e atenuantes para não acusar o tenebroso czar do século XXI como o único responsável pelos crimes hediondos que o exército russo continua a perpetrar na Ucrânia.

Todos sabemos que os EUA  tem cometido atrocidades em todo o mundo mas isso não serve de desculpa para agora não acusar drasticamente o que está a ser feito por Putin. A Ucrânia nunca invadiria ou atacaria, de longe fosse, a Rússia; se existem neonazis na Ucrânia ( incluindo pelo menos um  português- outra história vergonhosa da nossa (i)Justiça), também os há na Rússia e apoiam o líder, De resto, haverá alguma diferença entre a ofensiva nazi alemã na 2ª G. Guerra e os crimes agora a serem cometidos, com  cidades arrasadas ( como não se rendem, arrasam-se!!), bombardeamento de longe -porque de perto, sempre que tentam combater de exército para exército os russos são repelidos; Mariopol completamente  destruída, não fica uma  casa em pé -que diferença para Guernica?

Volto a dizer. somos uns privilegiados por vivermos numa democracia a que dão nome de liberal ou burguesa, mas é simplesmente democracia; os outros regimes são arremedos, que  nascem, realmente quase sempre das democracias e cujos títeres, mal alcançam o poder, tratam de mudar as leis e regredir em todas as liberdades cívicas e culturais. Não vale a pena repetir sempre o mesmo.

Curioso é o panorama da comunicação social por cá ( e lá fora deve ser o mesmo); durante meses surgiram dúzias de especialistas sobre a pandemia e a saúde publica, uns a dizerem uma coisa e outros igualmente ilustres a dizerem o contrário; depois surgiu o caso do Rendeiro e saltaram novos especialistas em criminologia ; depois vieram as eleições e os outros assuntos saíram da ordem do dia; surgiram então novos especialistas encartados a falarem de política interna; quando a coisa estava a perder interesse, eis que rebenta a guerra na Ucrânia e de novo grandes especialistas ( ninguém maginava que houvesse tantos) debatem todos os dias  os maiores segredos de estratégia e das tácticas militares. Claro que precisamos de especialistas, mas parece demais esta enxurrada sobre tantos assuntos, somos um país privilegiado. 

E entretanto continuam os comentadores encartados e regulares que, esses então, sabem de tudo e dão as suas opiniões sobre tudo - que valem tanto como a minha que não sou especialista - só que não sou pago para escrever aquelas crónicas- porque não tem interesse a minha opinião pessoal. Como é que estes rapazes e raparigas sabem tanto de tanta coisa ?!!






sábado, 19 de março de 2022

 Tempos de loucos

Nem me tem apetecido escrever, nestes dias de loucura mundial  como se ainda fosse necessário demonstrar que o ser humano é do pior que a evolução conseguiu criar e existe na Biosfera para a destruir  conscientemente..

A cada dia quer passa fica-se estarrecido com a carnificina que os russos estão  a cometer na Ucrânia, sabemos que existe sempre  contra-informação e informação falsa de cada  lado dos que se confrontam, até as imagens serão manipuladas, mas há certas imagens que não são assim tão  manipuladas - são as dos edifícios de habitação civil destruídos, são os centros comerciais, os hospitais ( e vemos pessoal de saúde e doentes, crianças até, a rastejarem nas caves para se abrigarem do bombardeamento - então são todos alvos militares?  E  bombardear a entrada para um  Metro  onde se escondem as pessoas, também é alvo militar?

E os russos fazem uma guerra cobarde, não enfrentam os militares "inimigos" pois quando o fazem são mantidos à distância,    sofrem baixas - então atiram  de longe os misseis e destroem o país sem entrar nas cidades.  Onde está o poder  militar russo ? nas já reservadas bombas de fragmentação e  nucleares? É isto que um país considerado uma grande potência tem para demonstrar essa sua potência?

Ao fim destas semanas  de guerra já "cheiram mal" certos comentadores de esquerda, dizem eles que são de esquerda e - claro, lá vão dizendo nas entrelinhas que são contra a invasão da Ucrânia, mas..., mas,.,, -  mas o quê?  Depois deste demoníaco, frio e selvagem nacionalista extremista Putin  ( possivelmente com uma tara como tem todos os ditadores ( Hitler, Estaline, etc) estar  a destruir alvos civis, ainda virem esse intelectuais  pôr  água na fervura, é uma vergonha.   Os democratas que, como eu ( somos  liberais ou burgueses, para esses democratas "populares"  que dão tantas provas de abjecta submissão aos títeres) manifestámo-nos contra a guerra no Vietnam, contra o papel dos EUA na queda de Allende, contra  a invasão do Iraque naquelas condições, e por isso temos força e razão moral  para acusar e condenar, sem mas nem meio mas,  estes crimes do Putin e da corja de acólitos que o rodeiam.

Sabemos que a informação que vem da Ucrânia também não  é isenta e alguma coisa nos é escondida- mas isto não invalida que se deixe de  condenar o bombardeamento sistemático de alvos e população civis. Zelensky aparece com o herói, tem evidente facilidade de se impor mas não saberemos se o que ele diz de negociações de  paz tem sido conduzidas com vontade real de por fim à guerra- por muito odioso que nos seja Putin.








 

quinta-feira, 10 de março de 2022

 Isanidade, ódio e  aberração humana em pleno século XXI

Nem dá para escrever nestes dias de completa desumanidade  que se abateu sobre toda a Europa e, sem qualquer paralelo com os outros países, sobre a Ucrânia -  tal é a atmosfera pestilenta de insanos, de  loucos, de puro ódio  que se elevam como aberração humana  e de que ainda restam memórias das barbaridades de Hitler ou de Estaline, dois dos maiores facínoras que o mundo conheceu no século XX. Não me venham com desculpas esfarrapadas como faz a China,( ou os PCP e outros intelectuais de esquerda  sem vergonha)   que vai lucrar com as perdas de influência da Rússia e o descalabro da sua economia e que não condena a invasão de outro pais - e continua com a cassete de que foram os EUA e a NATO quem criou as condições para a Rússia intervir, É preciso lata. Eu participei em campanhas contra a guerra do Vietnam, contra os EUA pelo apoio a Pinochet, gritei contra a invasão do Iraque ( eu estive em Bagdad e resto do país destroçado em 2014 e, para lá de  terem  derrubado o Sadam, os americanos só fizeram besteira e estão na base do surgimento do Estado Islâmico que começou  ....15 dias depois de eu sair de lá). Mas agora não se trata disso :   quantos obuses ou foguetes foram lançados pelo Ocidente contra a Rússia ?  "O boca de favas" do Ministro russo dos Negócios Estrangeiros tem o descaramento, depois da  falhada reunião com o homólogo ucraniano, vir dizer na Tv que não estão a atacar  ninguém nem pretendem invadir qualquer país . então estão a fazer o quê, oh palerma? Palerma, a querer fazer de nós também palermas.

 Certo que haverá contra informação dos dois lados, mas há uma coisa que não  mente, são as imagens aterradoras dos edifícios destruídos, de cadáveres nas ruas porque ninguém os enterra, de crianças - centenas ou milhares de crianças aterrorizadas, imagens dos escombros do que eram residências e hospitais.  Putim um facínora, com olhos frios de gato bravo e o espírito soviético de révanche fria, servida com argumentos de estúpida arrogância como se a verdade lhe viesse caindo do céu,  Que arda no inferno, dizem alguns ;  que seja julgado  aqui na terra  digo eu !!.




quarta-feira, 2 de março de 2022

 O sector agroflorestal e a governação

Há anos, desde que nos últimos governos se separou o pelouro da agricultura  do florestal, que sou um dos que mais tem batalhado contra esse erro crasso. Uma das razões para essa solução terá que sair deste "trilema ": ou ignorância, ou teimosia e arrogância governativa ou submissão encapotada a interesses ( e nestes poderão estar a desregulação do sector silvícola que favorece a industria da celulose).

A indústria da celulose é necessária à economia do País? É, e quem o negar por qualquer excesso  ideológico também estará a dar um mau contributo para a causa do ordenamento florestal. Mas a expansão dos povoamentos estremes de eucalipto ( não são florestas como quer fazer crer a indústria da celulose) tem que ser enquadrada num ordenamento florestal científicamente  elaborado e não faltam Universidades com capacidade para o realizar em colaboração com os técnicos já bem conhecedores da prática de campo.

Ainda agora, num artigo de opinião, o Presidente da CAP dizia que o atraso na nomeação do próximo Governo poderia ser benéfico se der tempo a que se pense na consolidação do sector agroflorestal; e reafirmava aquilo que vários profissionais tem escrito ao longo dos anos, que "O sector agroflorestal tem um papel social e comunitário único, é um motor da coesão social e territorial".  E diz mais, como "precisamos de nos afirmar com uma voz de peso em Bruxelas, de agregar as florestas à agricultura, de reforçar a tutela  da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária na esfera do Ministério da Agricultura, de valorizar a Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, de pagar atempadamente  aos agricultores. E que não se menospreze a importância da agricultura para a coesão e valorização do interior". Só falou, para ficar completo, propor a reconstituição duma Autoridade Florestal Nacional, que sempre foram os Serviços Florestais, seja direcção geral ou instituto, conforme o estatuto que se lhe queira dar. 

Até convém recordar que já se chamou acertadamente Direcção Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, pois as águas interiores sempre foram entendidas como dependendo seriamente da florestação e faziam parte das preocupações da tutela; e um sector importante era o do combate à erosão e a correcção torrencial, através dum Gabinete sediado em Leiria e dirigido por uma grande autoridade a nível mundial, o Engº Mário Galo, com quem tive o privilégio de trabalhar. Foi uma especialização dos engenheiros florestais que muita sabedoria receberam do Prof. Zózimo do Castro Rego, outro Mestre que devia ser recordado.  Com a enorme  desarborização  das serras provocada pelos incêndios,  a erosão é provável  que tenha aumentado - mas alguém  monitoriza esse grave factor de desequilíbrio ecológico?

 Também há dias o eng.º silvicultor Octávio Ferreira, último Administrador Florestal da Mata de Leiria, escrevia no mesmo sentido um texto  que é um grito de alarme :"Sr. Primeiro Ministro, por favor, arrume de vez as florestas"; "dê-lhes a estabilidade, a organização e a estrutura  necessárias para uma gestão sustentável ao longo dos tempos, pois em resultado da desarticulação e constantes alterações dos últimos anos, ardeu um milhão de hectares de arvoredo, perderam-se muitas vidas humanas e quase desapareceu a nossa "jóia da coroa", a Mata Nacional de Leiria."

Já tenho insistido que  os políticos ( como os "eminentes" ministros que tem estado á frente da agricultura e das florestas) deviam ler um livrinho escrito pelo Mestre de primeira água que foi o Prof. Manuel Gomes Guerreiro e intitulado " A floresta na conservação do solo e da  água" - fazia-lhes bem, tal como  aos meninos e meninas que tomam decisões nestes domínios. E deviam saber uma máxima que já vem do direito romano - ager-saltus-silva - como premissa para aceitarem ocupar  os seus  cargos ministeriais.

Reformular a estrutura deste sector primário é fundamental para a sustentabilidade do nosso território, mandando para as urtigas esta sapiência liofilizada de alguns iluminados que levaram o dr. António Costa, que destas matérias nada  percebe, a enveredar por um caminho  tão desastroso.

Nestes tempos indiscutíveis ( excepto para os ignorantes falaciosos que os acham parte dum ciclo normal) de aceleração das alterações climáticas em que no nosso país a água é cada vez mais um recurso vital e raro, a nossa agricultura "oficial" continua a apoiar os pomares industriais de regadio, onde os investidores vão lá receber os lucros como numa aposta de casino- dura enquanto rende ; e os pequemos agricultores da agroalimentar ( que deveria ser um sector prioritário) não tem água para as suas hortas e pomares - tal tem sido a orientação e a pouca  capacidade de prevenção e monitorização por parte  dessa agricultura oficial.

Ainda há dias o  Presidente da Associação dos Bombeiros protestava contra o papel dado à GNR no combate aos incêndios rurais, quando quem sabe do assunto são eles, os bombeiros, que  sempre cumpriram a sua tarefa em harmonia com os guardas florestais - que também  foram parar à GNR e perderam o papel eminentemente nacional que desempenhavam  na gestão e defesa das áreas de matas e de matos.

Essa falta de eficiência da GNR e da Protecção Civil ficou bem patente no incêndio de Agosto de 2018 em Monchique, em que assistiram ao avanço do fogo durante uma semana, deixando que ele ultrapassasse a linha de festo da Fóia, arrasando as encostas a sul -  um desastre monumental. É só um exemplo que estudei de perto.

E para concluir por agora :  concentração de cada vez mais poder no MAI é uma política concentracionária mais própria de uma democracia musculada que ocupa a seu bel prazer a maioria (senão a totalidade?...) dos cargos do Estado do que de uma governação  verdadeiramente democrática. Esperemos para ver...




Loucura e mediocridade política 

Esta guerra imposta pela Rússia à Ucrânia está a revelar como imperam no mundo tanta loucura, tanto desnorte civilizacional e por isso tanta mediocridade política que acabam por cair em cima das populações que sofrem as consequências.

Putin revela-se então como um ditador pouco evoluído, um déspota nada esclarecido e assim de  uma enorme mediocridade política. Não é o único? - pois não, mas é dele que se fala agora. 

A loucura  e o atestado de pouca evolução ideológica  vem de  querer recompor o poder da antiga URSS sem a chama que a ergueu, que foi o comunismo marxista leninista significativamente importante numa fase da evolução do mundo moderno. Todos os ditadores tem a sua percentagem de loucura e de auto endeusamento, pensando-se como os grandes mentores das civilizações- apesar de a História demonstrar que acabam sempre no descrédito e na derrota.

Putin revela que não foi capaz de  entender que a ocupação da Ucrânia hoje não iria  ser feita com a mesma passividade com que anexou a Crimeia; se bem que a reacção de agora, quase universal, tenha sido de uma dimensão espantosa, ele deveria ter previsto uma estratégia faseada suficientemente maleável que lhe permitisse travar a tempo - em vez disso está agora metido numa estrondosa  alhada. Mesmo que ocupe a Ucrânia ou que, pela força, mude o seu Governo e reponha uns fantoches, isso leva tempo e entretanto vai ficando isolado de tudo e de todos e não parece espectável que a China lhe venha dar um apoio tão grande e prolongado que o aguente do isolamento que o mundo inteiro lhe está a mover.

E esta guerra tem dado lugar a aspectos caricatos em alguns aspectos como num país da Europa, Portugal, democracia burguesa  que dá a liberdade de opinião a todos incluindo aos seus inimigos ; a reacção do PCP mostra-se  de  um atraso ideológico desconcertante, o BE envergonhadamente vai dado uma no cravo e outra na ferradura e alguns intelectuais que se posicionam como estrategas da esquerda a botarem cá para fora longas dissertações com o mesmo tom- e o argumento é sempre o mesmo para todos eles:  a NATO e os EUA tem feito coisas destas e bem piores  pelo mundo fora, sem a repercussão que agora se está  a dar ao coitado do Putin...

Já falei disso em data anterior.  Mas gostava de que alguns dos actuais membros do PCP tivessem visitado as democracias populares  com que sonham que existiram na Europa ( e continua em Cuba, na Venezuela, tudo paraísos da Humanidade).  É que eu visitei alguns desses paraísos e nem queiram saber a felicidade em que viviam aqueles povos!

Eu apoiei a chamada geringonça pelo que significava de chamar á responsabilidade do Poder o PCP e o BE,  uma franja ainda larga de eleitores portugueses, admitindo que as suas ideologias iam derivando para uma  esquerda mais exigente em termos sociais e daí resultar uma política de esquerda mais exemplar. Mas esta posição  assumida por esses partidos num caso tão escandaloso em termos de civilização e de democracia, como é a invasão da Ucrânia, são sinal de que alguns dos seus dirigentes não mudaram, cristalizaram. E isso vai repercutir-se  em cisões dentro daqueles partidos, eu acredito nisso, veremos a prazo... Espero que muitos dos portugueses que votam nesses partidos meditem no que significa apoiar uma invasão de um país  independente, que tem direito a decidir, por si, da sua própria vida. E que os filiados e intelectuais que tenham outra visão do que pode ser um socialismo avançado - mas democrático- se posicionem e não queiram morrer lentamente,  que é o que vai acontecer ao PCP e ao BE se continuarem a posicionar-se desta infeliz forma .

Ouvi falar um João Ferreira ( que votou com outro seu colega - que me pareceu muito mais ortodoxo e monolítico- no Parlamento europeu a favor do Putin, dá a sensação de que estava a falar por dever de ofício, empregando os mesmos argumentos, é certo,  mas de forma pouco convicta ( terei mais uma triste revelação se não for assim...)

Mas ouvir falar um tal Bernardino, que era de Loures,  foi de uma convicção tão genuína que dá pena -  gente  ainda nova a pensar assim... E dos intelectuais arregimentados, ler p.e., o Boaventura S. Santos a esgrimir contra a NATO e os actos cometidos pelos EUA,  dá a impressão que não tem outra forma de desculpar o Putin - quando os erros dos outros não  desculpam estes. 

Para além das consequências imediatas  da guerra, elevam-se outras muito preocupantes com ela relacionadas como é  o caso das centrais nucleares que podem ser afectadas, mesmo apenas por erro, pelos bombardeamentos, como faz notar o António Eloy.

Só a Ucrânia tem 15 reactores, e em Chernobil a radioactividade aumentou certamente pelo simples passar dos rodados dos tanques e carros pesados levantando poeiras; a loucura dum ditador como Putin não o vai levar ao ponto de atacar um reactor, pois a própria Rússia seria um dos alvos que mais sofreria com uma acção dessas. Mas a loucura dos ditadores não tem limites - Estaline, Hitler, Pol Pot. etc, são testemunhos ainda no século XX!!