Apontamento político
1- A poluição do troço superior do rio Tejo é agora notícia de telejornais e primeiras páginas. Só agora, porque agora o caso é tão preocupante e visível que , à falta de outras notícias para encher os noticiários, a poluição do rio serve muito bem!!
Já há meses atrás denunciei o pouco protagonismo, para não dizer outra coisa pior, do Ministro do Ambiente sobre a poluição na zona de Vila Velha de Ródão, pois tendo eu mesmo lá passado em meados de Outubro e visto - como qualquer pessoa podia ver - a porcaria que corria pelo rio abaixo, uns dias depois o Ministro do Ambiente, que andou por lá, disse que não havia poluição e estava tudo controlado.
Agora vem as multas e medidas como parar a fabrica uns dias, quando em vez disso teria de haver uma monitorização permanente por parte do Ministério, evitando situações de calamidade como a que está acontecer agora. Seja por falta de recursos ou por falta de convicções, ou por ambas, temos um Ministro do Ambiente fora da política que devia contagiar a população, sem manifestar entusiasmo e firmeza na defesa da ecologia no nosso território.
E temos sempre de falar no triste acto de ajoelhar diante da Espanha no assunto de Almaraz, quer porque as ordens do Governo fossem as de aguentar e bico calado, quer pela já denunciada pouca convicção; O Sr. João Pedro não reconhece o verdadeiro perigo do prolongamento da vida da central nuclear nem o que representa de ameaça a construção do Armazém para recolha de resíduos - senão convictamente te-lo-ia denunciado, nem que fosse contra a orientação do Governo - a nossa dignidade não deve ter peço!... Como escreveu o António Eloy o Sr. João Pedro declarou que Almaraz era assunto encerrado - encerrado ? essa agora!! - é um do maiores perigos que pende sobre Portugal na actualidade.
Estive há dias em Ferrel para comemorar com alguns dos que participaram na luta de mais de 40 anos, contra a energia nuclear em Portugal, e não se deixou de comparar a mobilização que naquela altura, sem telemóveis nem internet. se conseguiu para que a população se levantasse e a apatia de hoje , só comparável à apatia da política de Ambiente, que nem um Governo de esquerda, traindo a sua obrigação, consegue por em marcha!!
2 - Já cansa denunciar a ausência do Estado na política florestal desde que foram extintos os Serviços Florestais. Há dia referi a legítima e justificada oposição da Associação Nacional de Municípios à orientação do Governo para que sejam as Autarquias a proceder à limpeza das matas ; depois vem agora o mesmo indicativo para as bermas e taludes das estradas e caminhos, zonas onde começam muitos incêndios - sempre foi assim, não é de agora. Também aqui são o Estado e ainda as Autarquias a retirarem-se das suas obrigações, quando acabaram com os cantoneiros.
E ainda vamos ver quem é que se vai encarregar da limpeza dos leitos secos e dos taludes das linhas de água, porque anteriormente eram os guarda-rios que tinham essa tarefa, e importunavam os proprietários de terras marginais para limparem as suas terras,
Quer dizer que esta deriva liberal de menos Estado para melhor Estado, que um partido dito de esquerda adopta sem rebuço, tem-se traduzido na extinção de guardas florestais, de cantoneitros e de guarda rios, tres modestas profissões que eram fundamentais para a conservação e o ordenamento do território.
Bem sei que estas são apenas palavras que vão cair em saco roto, mas não calar é um sinal de sobrevivência !!