sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 Fim de ano

31 de Dezembro de 2021

Que belo dia hoje, e ao mesmo tempo que péssimo dia| - conforme a óptica de quem o aprecia. E eu aprecio nas suas ópticas...

Fui á praia, como faço desde que me recordo  há um ror de anos, nos Açores, na Madeira e aqui pelo Algarve, e fui tomar o meu banho de mar que serve para "limpar as misérias" do ano que acaba. Amanhã tomarei o primeiro banho do novo ano, faça sol  ou chovam picaretas...  Está um belo dia na óptica do utilizador, pois um sol radioso e sem uma brisa dá vontade de sorrir, é  no entanto incompreensível no pino do Inverno - daí ser um péssimo dia em termos de condição climática. Não me lembro de temperaturas assim no Algarve.

Veja-se que almocei ao ar livre, um repasto voltado para Trás-os-Montes pois tirando o bacalhau que é pescado lá fora, ainda assim foi regado com azeite de Romeu ( um dos melhores azeites portugueses, acreditem) e com vinho tinto Mogadouro Reserva, delicioso, do melhor que se pode encontrar neste País de tantos vinhos bons; este não se encontra fora da região. por ser pequena a produção. Trouxe mais vinhos transmontanos,  todos muito desconhecidos mas muito bons. que valem por isso mesmo  por serem de pequena produção e ainda não terem entrado pelo caminho do vulgar e da grande produção.

As misérias do país e do mundo

É inevitável nestes dias de fim de ano não pensar no que foi o ano que acaba hoje, E 2021 foi um ano marafado começando por mim que estive ameaçado com uma daquelas doenças que faz calafrios... Mas parece que me safei, é o que dizem os entendidos. Depois tive outro susto, também afastado o perigo potencial, de novo  voltaram a dizer os mesmos entendidos...

Mais importante que eu é o que se passou por aí, começando pelo País. E é um resumo resumido

A tristeza dum governo de esquerda  democrática

Não  é possível deixar de recordar a tristeza que foi este Governo agora apenas em funções até às eleições de Janeiro, daqui a um mês. António Costa que é considerado um politico hábil e perspicaz deixou  este Governo afundar-se em trapalhadas monumentais, com os ministros mais incompetentes e, para ter o pessoal "na mão", fartou-se de arregimentar para os seus apaniguados  o maior número possível de lugares de charneira no Estado.

Com a Presidência da UE, que nitidamente  lhe interessou mais que esta "porcalhota" cá da terra, deixou que  sujeitos  sem o mínimo nível intelectual  assumissem posições e tomassem decisões impensáveis num governo de esquerda democrática, que devia ser ideologicamente um exemplo de eficácia e isenção na defesa das res publica. Ingénuo que eu sei que  sou, naífe...

A arrogância que A. Costa  emprestou à sua presença como chefe do Governo transmitiu-se aos ministros - cada um de nós julga aqueles que acha mais afrontosos e para mim nem foi a Ministra da Saúde ( a quem ninguém inveja  o lugar e a vida que teve desde que rompeu esta pandemia): mas o Cabrita, insuportavelmente estúpido e arrogante, a da Agricultura insuportavelmente desaparecida, sem cara nem  obra para mostrar: o do Ambiente, incompetente e arrogante na sua incompetência, que agarrou ávidamente aquele tacho de ministro como podia ser em qualquer outra pasta, pois a ignorância é muito atrevida e  quando sair lá lhe arranjam outro tacho; o do Ensino Superior que não faz jus ao seu mestre com quem poderia ter aprendido alguma coisa e deixou que as Universidades, na sua maioria, chegassem a este estado de dormência ( é o melhor que se pode dizer...) E outros ministros de quem nem se ouve falar e que fazem o quê?

O pateta do Ambiente resolveu responder a um texto, que eu também subscrevi sobre a situação a que chegaram as AP e assinado por personalidades com toda a sua vida dedicada ao Ambiente e às AP.  Valia muito mais que tivesse deixado passar do que vir com aquele chorrilho de baboseiras, arrogância  (diz que antes dele foram só tretas, agora é que está tudo no melhor - como é possível ser tão atrasado mental ou chico esperto que vai dar ao mesmo ?) e mentiras.

A pandemia que nos aflige

Nem se pode deixar de dizer uma palavra sobre esta peste  que nos caiu em cima e da qual, os que se safarem, nunca mais esquecerão até ao fim  das suas vidas. Se ela se transformar em mais uma forma de gripe crónica mas aguda como outras que foram aparecendo  então do mal o menos, pois que fique e que a farmacologia nos venha a oferecer defesas no futuro próximo.

O que acho espantoso é que no meio desta infecção, com os ditos e contraditos dos especialistas  em que uns eminentes  dizem que é A e outros igualmente eminentes dizem que não é A é B, ( e quando a DGS toma posição por A tem contra ela todos os da B, e se tomasse posição pela B teria contra si os  da A - ora  é o que faz a direita para sobreviver  só para ser  anti PS, como o bastonário da Ordem dos Médicos e o Sindicato Independente com quem faz "parceria" e que tomam sempre o lado oposto ao da DGS, ( apesar do Instituto Ricardo Jorge, que apoia as directivas a tomar pela DGS, acolha especialistas da maior alta competência).  É a política rasteira, para lá de eventuais críticas que possam ser feitas à DGS  e á Ministra -  mas quem em todo o mundo. neste domínio, não andou aos zig-zags?

O que me faz dar a volta são os que arrogantemente se negam a ser vacinados seja porque razão for. Quem se vacina não se está só a proteger-se a si, está a impedir a transmissão da doença aos outros, é uma situação de calamidade publica.  Em regime democrático nada se deve impor, a liberdade de  vacinar ou não é um  direito, mas a maior liberdade impõe a maior responsabilidade. 

Com que cara esta gente se assume acima dos vulgares mortais que se vacinam, e  tem o descaramento de não assumir depois a responsabilidade  respectiva ?  - quando a maioria dos infectados nos hospitais são não vacinados. que estão a ocupar cuidados médicos e camas que podem fazer falta a outras pessoas com outras patologias? Deviam ser obrigados a pagar os cuidados médicos  com a sua hospitalização, é o mínimo que se lhe poderia exigir; além das limitações de acesso a diversos eventos, pois nenhum de nós está para admitir conviver com um sujeito daqueles que não sabe se está a infectado, nem está minimamente protegido, Até há pais que não vacinam os filhos contra o sarampo  que é tão perigoso e pode espalhar a doença ! Com que direito, hem ?

A miséria pelo mundo

Só  um calhamaço poderia levar descritas todas as misérias que vão pelo mundo, e todos nós - como eu - olhamos para elas e ficamos na mesma, sem darmos um passo - mas que passo? Neste fim de ano posso começar por qualquer, é difícil estabelecer uma hierarquia de misérias.

As migrações

Desde que o homem se desenvolveu em etnias e povos que se deram migrações, foi o que possibilitou povoar o planeta. Historicamente  foram as "invasões" que se sucederam que formaram muitos dos países que hoje existem. 

 Houve sempre causas naturais - a fome, as secas, a exaustão de recursos- e causas politicas, de que o caso mais flagrante foi a fuga dos judeus da Palestina, século após século.

Neste século XXI é chocante a hipocrisia de todos, até de mim que escrevo estas notas, perante os dramas que estão a suceder todos os dias, mês após mês, de Verão e de Inverno, com  milhares de migrantes que atravessam os desertos desde o Afeganistão até ao Sahara, que atravessam o Mediterrâneo e morrem aos milhares, ou  encostados ás vedações cobertas de neve das fronteiras de onde não passam, afogados no mar ( homens, mulheres e muitas crianças), presos em campos de concentração ( onde apenas a  misericórdia de algumas ONG os socorre). E todos os governantes falam disto, reúnem-se em conferências, almoçam e jantam e vão dormir descansados porque trataram do assunto.  

E a hipocrisia dos países muçulmanos, que têm tanto dinheiro e  que são incapazes de socorrer os migrantes muçulmanos, desde  o Afeganistão,  da Síria, do Iémen. etc  - onde pára o Islão ?

Só este assunto dava para páginas e páginas.

A escabrosa situação da Palestina

Israel formou-se a custa da influência do sionismo depois da 2ª Grande Guerra, sobre a banca e os poderosos políticos de origem judaica  que controlavam os governos dos EUA e da Grã Bretanha. Deixemo-nos de tretas, foi  pela força que os judeus que vieram de todos os países de onde foram escorraçados, entraram na Palestina, desalojaram para cima de 400.000 habitantes tirando-lhes as casas, as terras, os negócios e metendo-os em colónias forçadas. Não tiveram - e décadas depois continuam a não ter - qualquer misericórdia para com os pobres rurais daqueles terrenos sem desérticos; esqueceram-se dos horrores que eles mesmo sofreram às mãos do nazis e um pouco por todo o mundo, esqueceram-se de que pediam misericórdia e não a obtinham - e agora fazem o mesmo ! Onde estava o Jeová nesses anos para os proteger?...
Mais um assunto que dava para muitas páginas.

A fotografia de uma mulher ainda nova a ser consolada por outras mais velhas quando atras de si as máquinas israelitas destroem a sua casa, deveria envergonhar todos o mundo .  Onde anda Alá nestas alturas ?

A democracia em risco em quase todo o mundo

Estamos  no mundo numa espécie de novo ciclo em que os autoritarismos brotam até onde se pensava que a democracia  (chamada de burguesa pelos comunistas ( que,  de resto, dela se aproveitam sempre que podem...)  parecia instalada, lembremo-nos de Trump e dos milhões de americanos que gostam daquilo.

A democracia que dizemos ocidental encarna o mais elevado que o espírito e a dignidade dos seres humanos pode alcançar - cada homem é livre e assume a responsabilidade dessa liberdade e a garantia da alternância de quadrantes ideológicos dentro da mesma lógica que coloca, acima de tudo,  a liberdade.

Para se viver em  democracia é preciso que o regime  seja justo, seja isento, seja igualitário, coloque o interesse colectivo acima dos interesses particulares e individuais sem destruir a individualidade e a capacidade e criatividade  do indivíduo.

É difícil e dispendioso viver em democracia como aquela em que têm vivido os países da Europa Ocidental depois da 2ª Guerra, ou a Austrália,  os EUA ( até  à aberração do Trump) ou o Canadá e poucos mais. Exige uma formação cultural e uma herança histórica que vem desde a Revolução Francesa e os povos em que esta ( apesar de todos os seus abusos)  não se fez sentir, nunca chegaram a interiorizar a democracia -  aguentam qualquer iluminado que fale em patranhas fáceis de entender, como acontece a quem esteve muitos anos sob a opressão das ditaduras nos países europeus do Leste. São facilmente atraídos, na maioria, para o autoritarismo. 

É curioso que Espanha e Portugal, que também viveram muitas décadas sob ditaduras fascistas, quando estas caíram retomaram avidamente a democracia -  eu acredito que isso aconteceu porque antes tivemos  um longo período de aprendizagem da democracia desde o século XIX - e ela entranhou-se. 

O mundo conheceu depois da 1ª Grande Guerra o surgimento de ditaduras de direita  como contraponto ao apelo à ditadura comunista; salvaram-se os países onde a democracia estaria mais entranhada e mais autodefendida, embora nesses países  tenham surgido naturalmente sectores de direita fascista ou próxima  (nos EUA, na própria Grã Bretanha houve simpatizantes, em França foi por demais evidente,,,)

Outro assunto que dará para páginas e páginas de reflexão,..

Eram 11 h da manhã ouvi na rádio que passara o ano nas Ilhas Fiji, daqui a uma horas será por cá.  Pode ser que 2022 seja melhor, este 21 foi uma lástimas sob todos os pontos de vista, para Portugal e muito pior para outras partes do Mundo. O csarismo de Putin, o comunismo" chinês e o seu recuo nas liberdades de Hong  Kong  (no resto da China nem se fala, pois vive tudo em beleza e harmonia celestiais, guiados pelo farol do PC chinês- que inveja para outros PC...); o pesadelo brasileiro do Bolsonaro; os miseráveis afegãos sem uma palavra de censura do resto do mundo islâmico ( para que a gente se vá lembrando...); a fome e a guerra na Etiópia, no Iémen, no Corno de África; os polos da Terra a derreterem  e as indústrias a fingirem que não acontece nada; a sujeira que reina nas redes sociais de que eu apenas tenho um ligeiríssimo contacto por via indirecta...

Que mundo este ! 

Só voltarei a escrever em 2022, ano do centenário do nascimento do meu velho e grande amigo Gonçalo, dos oitenta anos do início do curso de  arquitectura paisagista, de sete anos sobre o falecimento do outro  velho amigo e mestre  Ilídio de Araújo, de dez anos sobre a  morte do outro grande amigo e também mestre António Viana Barreto!! que datas !!



terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 Nestes dias que correm...

Tempo de Natal

Com a pandemia a estender-se sem fim à vista, com meio mundo por vacinar  por não ter acesso às vacinas e uns cretinos ditos civilizados a não se quererem vacinar por "ideologia", o Natal deste ano vai ser um triste simulacro. Natal não é só para os cristãos por razões  de religião,  ele foi adoptado pela maioria das pessoas com ou sem religião, como a festa da família. E a família deve ser honrada com uma festa. 

Mas é também um  pretexto para se socorrerem os indigentes. os sem abrigo, os desviados da boa sorte - e aqui tanta desgraça que ocorre por esse mundo fora.

 Já não bastavam as doenças, as fomes crónicas, a pobreza endémica de milhões de seres humanos, cada vez maiores demonstrações da rotura da Terra, das alterações do clima e das actividades telúricas um pouco por todo o Mundo - já não bastava tudo isto e ainda temos cada vez mais autoritarismo, mais regimes despóticos que se aproveitam  das facilidades ( e das fragilidades) da democracia para  elegerem chefes que mal chegam ao poder o que fazem é alterar as regras, modificar  as Constituições, alterar a independência do poder judicial moldando-o  aos seus desejos de domínio. Se olharmos para a História do mundo, em especial do Ocidente, vemos como ciclicamente até onde se pensava que a democracia estava forte e exemplar, ocorrem fenómenos como o Trump, o Bolsonaro, o Orban da Hungria, o Erdogan da Turquia, e aqui há uns anos no Egipto com a Irmandade Muçulmana.

Aqui neste rectângulo temos assistido como o desempenho de um mau Governo que se dizia de esquerda democrática e deveria, por isso, ser exemplar, tem contribuído para o descrédito da democracia, com clientelismo descarado, ocupação geral de todos os cargos possíveis pelos que possuem cartão do PS ou dão garantias de lealdade - quando um partido da esquerda democrática deveria premiar o mérito, certamente com alguns dos seus em certos lugares chave mas chamando para lugares do aparelho do Estado pessoas capazes sem lhes perguntar - ou mesmo sabendo - a que ideologia pertencem.

Foi assim nos primeiros anos do regime democrático, quando se pensava que tudo era possível em liberdade e confronto limpo de ideias até á primeira purga feita pela AD em 1979-80 - eu testemunhei e fui um dos últimos  "saneados".  Daí em diante foi  um constante apelo ao clientelismo, foi  acenar com mordomias, tanto do PS como do PSD só que este... esteve menos anos seguidos no Poder.

As asneiras e tiros no pé deste Governo do A. Costa tem sobretudo feito crescer é a corja do Chega, que com um discurso fácil, apontando os deslises, a estupidez crónica dum Cabrita, as irregularidades na Justiça, ( e fala-se menos porque ninguém se interessa por isso, no  morcão do do Ambiente) e prometendo aquilo que, se atingisse o Poder, não faria, atrai muita gente até com instrução e inesperadamente que eu julgava acima dessa atracção.

Perguntavam-me ontem - então os exageros radicais do Chega são maus e os radicalismos do BE são bons? E esta lógica impõe-se porque falha redondamente a eficácia, a justeza de decisões (mas abunda em arrogância) dum partido de esquerda democrática que deveria  exactamente ser o fiel do equilíbrio entre aqueles dois radicalismos. O PCP existe mas é um cadáver adiado, mantendo-se incrustado no leninismo como se o exemplo de décadas dessa distorção do marxismo não  bastasse para arrepiar caminho como ain da há dia explicava muito lucidamente o Carlos Brito.

Em tempo de Natal e com eleições daqui a uns 30 dias, com a pandemia a aumentar e a alterar a vida de cada vez mais pessoas, era pedir muito ao PS que pusesse a mão na consciência e enveredasse por um caminho diferente; há muitos militantes que acham que isto está mal, mas nada dizem, são excluídos do Poder logo a seguir. Já vimos isso...

O fim do CDS

O CDS tem visto sair grande parte dos seus militantes para a IL e até para o Chega, e é pena ver que um partido fundador da democracia portuguesa ( embora tivesse votado contra a primeira Constituição) seja esvaziado assim.   Os ratos num navio, quando vêem o barco a afundar-se, pulam para qualquer coisa que passe ao lado.

Um desses ratos que pulam fora foi um cronista do Publico, Francisco Mendes da Silva, que acaba a última crónica com esta pérola: "É uma infelicidade que nos últimos anos o PSD e o CDS se tenham deixado bloquear intelectualmente pela desconfiança das ideias liberais..." E depois : "Não vejo como possa prescindir do liberalismo económico e social..." E termina " O liberalismo é o oposto ao socialismo. A direita ou é liberal ou não é alternativa".

 Esqueceu-se que ele pertenceu ao CDS que é (  era...) um partido da democracia cristã, agora ignorada como sendo uma oposição ao socialismo, o que significa que ele estava lá por ser o mais à direita que encontrava no mercado.

Personalidades como Amaro do Costa,  Freitas do Amaral, Adriano Moreira, Bagão Felix, para citar só estes, defenderam a democracia cristã como alternativa ao socialismo democrático , como aconteceu e acontece em toda a Europa; e revela um desconhecimento lamentável para o ex-militante da democracia cristã que a Rerum Novarum, a partir da qual nasceu a doutrina social da Igreja, condenava tanto o marxismo ( não era propriamente o socialismo) como o liberalismo, por serem ambas ideologias não democráticas e castigando os povos com restrições imorais. E podemos invocar o guru do liberalismo ( que o nosso cronista deve adorar, caso o conheça...)  Fukuyama, que escreveu a tontice do Fim da História depois da queda do bloco soviético, mas que em 2019 reconhecia que nunca esperou que os desvios liberais tivessem levado à eleição de Trump e que a culpa era da esquerda democrática por  não ter sido capaz de segurar as suas posições. Ora esta, hem ?

Fico hoje por aqui.













sábado, 18 de dezembro de 2021

 O triste mundo em que vivemos

O nosso clima

Apesar de tantos avisos, uns atrás dos outros, de investigadores e cientistas há anos e anos, de que estamos a caminhar para a rotura do planeta em termos de condições climáticas e de perda da Biodiversidade, a maioria dos governantes tal como a esmagadora maioria das populações, continua como se nada estivesse a acontecer - o que interessa é garantir a esmola chamada salário que se recebe ao fim do mês ( quando recebe)  que dá para o pão e para o circo mediático  que está montado, para ensurdecer nos festivais de música com os mais altos decibéis que o ouvido humano aguenta e dão para aturdir,  ulular e extravasar as fúrias internas. Já vão acabando as touradas, talvez possam voltar a surgir os torneios de gladiadores como substituto - com a falta de emprego talvez seja uma opção - bizarra mas opção...

Claro que uma pequena minoria das sociedades humanas vive à grande com a situação e se esses forem apanhados por um cataclismo planetário  súbito como já  acontece em vários pontos do mundo  (como furacões, subidas do nível do mar, tempestades tropicais, inundações repentinas, secas extensas devastadoras) essa minoria consegue escapar porque tem meios para se deslocar  - ou se não escapa morre feliz!

Já vivo há uns 35 anos aqui pelo Algarve, no mesmo lugar do barrocal, e tal como os meus vizinhos, também eu testemunho que nunca houve por aqui temperaturas tão elevadas desde o Verão -  não foi tanto o Verão que foi mais quente,  o resto dos meses é que não arrefecem...). Este ano estamos de novo numa seca prolongada, não tem chovido quase nada, recordo que aí por 2003-2004 também houve uma seca prolongada em que chegou a haver restrição no abastecimento urbano de água no extremo do Sotavento,  mas continuaram a ser regados os campos de golfe... Aqui á minha volta secaram quase todos os furos, os aquíferos ficaram esgotados, mas antes tinha havido um maior  período chuvoso e as albufeiras das barragens ainda aguentaram algum tempo, Mas agora os níveis das albufeiras estão em níveis críticos e se não chover até  ao Natal (  que é daqui a uma semana...) diz a vox populi que pouco ou nada choverá depois e a chuva que vier no tarde já não  resolve as necessidades quer da agricultura ( qual agricultura, não  é?...)  quer dos aquíferos pois em regra são chuvas repentinas e torrenciais( como as que já caíram 2 vezes este Outono) esgotam-se nas enxurradas e pouca água entra nos "abismos".

O perclaro Ministro do Ambiente e das Florestas, na sua voz gutural repleta de sabedorias, diz que está tudo controlado e, a reboque de opiniões de alguns defensores da dessalinização da água do mar, que ele começou por desvalorizar e  rejeitar,  lá acabou por dizer que merece ser estudado. isto faz desconfiar pois o senhor não merece muita confiança. Pode ele  querer dizer que já está algum grande grupo económico a tratar da dessalinização, em vez de  ser o Estado a tratar do assunto, pois para um governante socialista tudo quanto é estatal é mau e tudo quanto é do privado é que é bom...

 E esse perclaro Ministro logo no 1º Governo de que fez parte mandou deslocar ao Algarve um Secretário de Estado para...tentar privatizar as Águas do Algarve, que estão tão mal na mão  pública  (mas as Autarquias algarvias de todos os quadrantes recusaram,,,)

Escândalos todos os dias

Estamos a viver da bondade da EDP que era altamente lucrativa e desde que foi privatizada passou a meter esses lucros gigantescos ( para um País da nossa dimensão) nos bolsos dos chineses "comunistas" e de alguns portugueses ( estão  agora a fingir que  tratam disso na justiça, mais de dez anos  depois.,..); estamos a gozar com a bondade da     privatização da TAP e da sua  nacionalização apressada que não a vai salvar ; vivemos da bondade da privatização da ANA e dos preços sempre a aumentarem nos serviços dos aeroporto; estamos a  viver da bondade dos CTT, que era um serviço público crucial nomeadamente para o interior do País (a par das Juntas de  Freguesias que a clarividência do Miguel Relvas e do Passos Coelho reduziu para baixar despesas públicas...),., correios que fecharam postos nas terras pequenas que não davam lucro e tiveram o privilégio de criar um  banco, coitados, para se safarem...

Os escândalos de corrupção ( já nem se pode ouvir falar do Rendeiro e da saga que o persegue) ocupam as primeiras páginas de toda a comunicação social, são nos Municípios,  no futebol, nas polícias, já os houve nas Forças Armadas, saltam como coelhos das tocas.


Vou parar por aqui. senão arrisco ficar todo o dia a escrever estas notas...







terça-feira, 7 de dezembro de 2021

 Uma manhã gloriosa

Estas notas já se sabe que são para mim, embora alguns amigos a ele acedam; agora tenho vindo menos ao blogue, porque estou a trabalhar num livro que me dá "água pela barba" e que não cito, para se falhar não dar parte de fraco... Só dois amigos que passaram por cá viram mas esses não falarão.

Hoje voltei à praia, passava das 9h da manhã e estava a caminho da barrinha. O oceano teria atingido o máximo da baixa-mar e uma enorme faixa húmida que o mar deixou descoberta era uma planície magnífica para caminhar e chapinhar; o areal imenso, dourado,  um sol aberto sem a mais pequena nuvem no horizonte e, olhando para as extremidades da extensa praia, nem uma única silhueta humana, que manhã! A praia toda só para mim !!

Há dois dias vim cá, estava um dia parecido mas com uma aragem do norte, um "grisu" gelado que me impediu de tomar banho, pelo contrário hoje apenas uma leve brisa que até dava gosto de a apanhar na fachada... Tomei uma banhoca monumental, a água - não sei qual a temperatura oficial - para mim estava em boa temperatura que me permitiu mergulhar e nadar sem sentir frio.

Há mais de 30 anos que faço isto, vir 2 ou 3 vezes por semana à praia não para criar o "bronze" mas para caminhar e nadar; durante muitos anos até à chegada da pandemia tinha um amigo que vinha comigo, regularmente, mas sem dar cavaco afastou-se e como a amizade é uma relação biunívoca e não compete sempre ao mesmo "puxar" pela relação,  se um não quer partilhar uma actividade que já era rotina, deve comunicar ao outro. Não o fazer é cortar a relação.

Paciência, a pandemia afectou muta gente, até radicalizou pessoas  que associam as dificuldades e os problemas da saúde publica á política e aos políticos de que não gostam - visão redutora e lamentável, mas acontece.

Uma manhã como a de hoje reconcilia-nos com a vida, com a Natureza, e eu só a trocava por uns dias de chuva que está a fazer tanta falta ao Algarve; apesar do matacão do Ministro do Ambiente que nos saiu na rifa estar sempre a dizer que está tudo controlado, controlado uma ova! As albufeiras estão em níveis preocupantes e apesar de  ter sido anunciado por "SExa" que se pensava na dessalinização da água do mar, o silêncio sobre a matéria pode querer dizer duas coisas : ou está mesmo tudo pardo  ou estão preparam um negócio com algum privado, talvez chinês ou  quejando. E na agricultura continua a excelência do Director Regional a incentivar os pomares de abacate, que não cessam de aumentar, porque pensar em culturas alimentares para reduzirem a nossa importação desse bens não dá para grandes produtores exportarem. 

Bom, da verdadeira excelência deste dia já vou na falsa excelência de alguns protagonistas.  

O que é que fazem os farenses para não virem a uma praia destas? talvez andem a passear pelos centros comerciais a dificultar a vida a quem lá vai mesmo só para compras  o ficam pelos cafés.

Um dia destes em pleno Dezembro, mesmo no Algarve, é um absurdo em ternos climáticos e apesar de ter sido para mim uma manhã gloriosa como tempo de recreação e actividade física, não deixo de  pensar paradoxalmente  que vamos pagar estes dias com "língua de palmo".

E afinal começou a chover !!

Depois da manhã gloriosa de sol, céu azul limpo e uma temperatura acolhedora, ao fim da tarde...começou a chover, chuva miudinha como convém, para ir entrando a pouco e pouco na terra. E noite dentro  continua. Haja deuses !!






sábado, 4 de dezembro de 2021

 A espuma dos dias

O Presidente da República e a eutanásia

Marcelo Rebelo de Sousa arranjou novos argumentos para adiar a aprovação da lei de regulamentação da eutanásia.  Com um mal disfarçado cinismo inventou desculpas para que as suas convicções católicas conservadoras viessem ao de cima - é imperdoável. Ele de resto demonstra que não é o Presidente de todos os Portugueses mas  apenas dos da direita  radical e, afinal,  dos...comunistas.

A actual lei tinha sido aprovada por maioria confortável no  Parlamento, tendo votado contra o CDS, o Chega, alguns deputados do PSD e sete deputados do PS e o PCP - lá na saudosa União Soviética ninguém morria voluntariamente, eram sempre obrigados...Eu no mesmo dia enviei uma "carta ao director" do Público que até hoje não foi publicada, reconhecendo que era um pouco , digamos, áspera, mas se os leitores não podem expressar com veemência (sem faltar ao respeito) as suas convicções, onde está a liberdade de expressão? Por isso aqui vai :

"Marcelo Rebelo de Sousa igual a si mesmo". 

O Presidente da Republica (PR) com a sua beatice, ao vetar a lei sobre a eutanásia, mais uma vez demonstrou não ser o Presidente de todos os portugueses mas apenas de ocasionais facções, desta apenas dos católicos mais conservadores e dos comunistas, porque há muitos católicos com posição diferente. Não deixa de ser curiosa esta aproximação entre a direita mais conservadora e os comunistas...  Na Assembleia da Republica votaram contra a lei de regulamentação da eutanásia o CDS, o Chega, o PCP (também na saudosa União Soviética  não se deixava morrer ninguém por vontade própria...), alguns deputados do PSD e uns poucos do PS, mas a maioria inequívoca votou a favor. Se os que votam contra assistissem ao sofrimento de alguém próximo, mesmo com os propalados cuidados paliativos que, a quem está consciente, em nada aliviam o sofrimento psicológico, talvez mudassem daquela opinião sobre o sofrimento salvífico, de que o so0frimento redime -redime o quê? Da perda da dignidade?

É lamentável que em Portugal continue a haver tanto atraso civilizacional e que o PR o encabece. "

Como eu disse, a carta é  áspera, mas a minha irritação por esta hipocrisia e beatice, faz-me escrever coisas mais desagradáveis.

Os tiros no pé do Governo

Na verdade este Governo, começando pelo próprio António Costa, está a rebentar pelas costuras. Costa é incapaz de remodelar o Governo, seja por arrogância, por manhosisse ou simplesmente porque ninguém com credibilidade quer entrar para esta desconchavo, ou um por um misto destes motivos todos.

A demissão do cabrita que agora aconteceu tem como evidência que o tipo não queria mesmo demitir-se, foi empurrado pelo Costa e  certamente por "influencers" do PS, pois a posição daquele homem era insuportável por mais tempo., A desfaçatez com que ele se referia ao acidente com que matou um trabalhador, começando por mentir há tempos ao dizer que o desgraçado atravessou a estrada em obras não assinaladas - veio a Brisa e assegurou que as obras estavam devidamente assinaladas: depois dizendo que era apenas um passageiro do carro,  a empurrar toda a culpa do acidente para o motorista; depois a voltar ao assunto dizendo que um atravessamento da a autoestrada teria que ser averiguado - é preciso ser mesmo patife!

Desde sempre foi um traste, desde a morte do ucraniano no aeroporto de Lisboa, por agentes do SEF - levou meses sem qualquer referência ao caso e só quando a comunicação social levantou de novo o assunto é que veio dar desculpas esfarrapadas. E o disparate continuou, e A. Costa, que é considerado um animal político, está a perder qualidades.  Em vez de remodelarem o SEF naquilo que estivesse mal, decidem extingui-lo - e agora afinal  adiam a extinção porque precisam do SEF devido ao encerramento de fronteiras e às regras de entrar nas fronteiras. É de patetas!

Quando foi dos incêndios há uns anos, demitiram a Ministra da Ad, Interna, Constança Urbano de Sousa, porque ocorreu uma enorme tragédia, mas a culpa nem era dela, a culpa era do Ministro das Florestas que por acaso era também o do Ambiente, que nunca implementou uma política florestal adequada, (aliás o A. Costa foi quem deu a primeira machadada quando era ele o MAI...). E com as tragédias que ocorreram com o Cabrita este manteve-se até ser empurrado, porque a sua desfaçatez era tão grande quanto a incompetência.