domingo, 21 de junho de 2020

Racismo, anti racismo e a História
A estúpida morte de Floyd por um polícia norte americano branco, apoiado por mais 3 ou 4 colegas a assistirem à cena sem intervirem, veio despoletar em todo o mundo uma vaga de combate ao racismo que, como se sabia, estava latente e vai continuar, em todas as sociedades ocidentais. Nestas sociedades é compreensível que o negro nutra ressentimento contra quem o escravizou, menos compreensível e muito menos admissível é o racismo dos brancos contra os negros, de quem se serviram e a quem sempre maltrataram - não há razões históricas para esse racismo apenas a estupidez humana e o pior que o ser humano tem no seu íntimo.
Mas não só - nos países africanos lavra um outro racismo agora contra o branco, e este é inevitável porque todos aqueles países e povos foram colónias de brancos que durante séculos mantiveram relações de supremacia sobre a população preta local. Há assim razões históricas para, nas populações pretas, lavrar um racismo contra quem os explorou e em muitos casos escravizou. 
É escusado iludirmos-nos, todos nós conhecemos entre nós e não só nas camadas sociais mais baixas,  como se despreza o preto, a par de outras etnias como os ciganos. Sobretudo no mundo rural os ciganos têm a sua forte dose de culpa pela má imagem que têm, devido aos furtos habituais. Aqui no Algarve, alguém que deixe alfarroba ensacada na sua propriedade por mais de um dia de certeza que quando lá for já lá não está e frequentemente são apanhados carros de ciganos carregados de alfarroba que evidentemente não possuem. Além de outros tipos de furtos, e de aproveitamento de benesses sociais que deixam o povo zangado. Pode dizer-se que os não ciganos também roubam e não é pouco, por isso é que se chama de racismo.
Está agora no dia a dia a destruição de estátuas de figuras mais ou menos controversas, que a população negra ataca e de que se aproveitam alguns tipos batidos na desordem para causarem o caos.Mas aí podemos reflectir ; os africanos que emigram vem dos países que foram colonizados e, mesmo depois das independências  porque a vida continua má nessas terras, emigram para os países colonizadores e não podem  ou não devem exigir que tudo seja da sua feição; cada povo tem os seus heróis, alguns é certo foram tão maus que nem os povos de hoje deviam deixar essas estátuas de pé. Mas muitos foram patriotas decentes, como Churchill  ou o Padre António Vieira que foi perseguido pela inquisição por defender os índios americanos. E como escrevia há dias o Rui Tavares se houvesse em Angola uma estátua da rainha Giga, que lutou contra os portugueses que eram esclavagistas, também tinham que derrubar essa estátua porque ela possuia legiões de escravos. E deixo um episódio passado comigo ; há uns anos eu e minha mulher éramos os únicos portugueses num grupo de franceses que visitava a ilha de Goreia, em Dakar. No Museu da Escravatura o cicerone explicava que os negreiros que ali faziam negócio eram portugueses, etc, etc. No fim pedi a palavra e disse-lhe que no salão do Museu havia um painel com os nomes dos principais negreiros que negociavam na ilha e nenhum era português,  havia  holandeses. ingleses e franceses- ficou engasgado e disse que os portugueses eram pequenos comerciantes, não tinham referência  no painel... Disse-lhe depois que dos barcos que chegavam às praias africanas não saíam marinheiros a entrar por terra dentro para arrebanhar escravos  - eram os chefes das aldeias que os traziam aos barcos, acorrentados, e os vendiam.Chefes que eram animistas e muçulmanos ( o cicerone era muçulmano...). Nunca vi nenhum chefe africano pedir desculpa por terem vendido milhares de conterrâneos. O homem embatucou e fez-se um silencio geral, onde eu disse que era preciso contar a História toda e não apenas uma parte.
Os esquerdistas que falam da escravatura como se tivesse sido inventada pelos portugueses não devem ter lido  Marx, pois ele escreve que a escravatura correspondeu a uma fase da economia mundial - absolutamente reprovável ao máximo, sem dúvida,  mas todos os povos e religiões a praticaram durante milhares de anos -e os muçulmanos que não se esqueçam disso.  É um erro de incultura olhar a História passada com os olhos de hoje.Fico por aqui agora.






quinta-feira, 18 de junho de 2020

A ética é uma batata
Costuma dizer-se que a lógica é uma  batata mas a Ética também passou a ser. O Parlamento, casa da democracia, aprova uma lei ad homine direccionada para que Mário Centeno não possa ser nomeado Governador do Banco de Portugal - é uma absoluta falta de ética mas que responde a outra : o PS cada vez mais nos habitua a querer organizar todos os aparelhos do Estado com o seu pessoal, e ao nomear M. Centeno para o BP não comete nenhuma ilegalidade mas revela, mais uma vez, uma grande falta de ética política.
Estas coisas não podem continuar a acontecer, a 1ª Republica caiu porque o país estava farto da balbúrdia, do constante assalto ao poder pelo partido do  Afonso Costa e as forças conservadoras e reaccionárias juntaram esforços e foi o que se viu. Nesta altura a extrema direita levanta a cabeça em toda a Europa e no Mundo, com ditadores e auto-proclamados pais das pátrias a mostrar que vão distribuir a justiça por igual para todos. Já sabemos como isso acaba. Em Portugal ao fim destas décadas de democracia, muitas mais que a 1ª República, é certo,  os reaccionários  saíram da sombra e começam a tomar posições. É preciso que o Costa de hoje que não é Afonso mas é António, pese bem o que está arriscando em nome de todos os portugueses. Basta de negociatas e amiguismos - vamos a ser respeitadores da Ética para que esta deixe de ser uma batata. 

Comportamento social e pandemia
Começam a surgir cenas em vários pontos do país que denotam que muitos portugueses estão fartos do confinamento e desatam a fazer encontros e festarolas como se nada acontecesse por cá. As pessoas estarão fartas do confinamento, mas ainda muitas parece que não entenderam que o "bicho" continua por cá e desperta ao mais pequeno deslize. Na China começou uma verdadeira 2ª vaga que acabará por cá chegar e tanto mais depressa quanto começarem voos internacionais e quanto mais pessoas deixarem de ter um mínimo de medidas de segurança. Não é preciso andar de máscara na cara pela rua; eu moro no campo a poucos quilómetros da aldeia mais próxima e na estrada passam pessoas de máscara na cara.  Mas antes isso do que fazer ajuntamentos sem cuidado de manter distâncias de segurança. Vai ser necessário aplicar  penas  pesadas,  eu que até sou um tanto dado a baldas, nessa coisa de evitar contactos procuro seguir as directrizes sanitárias. Vamos ver nos próximos 2 meses de Verão como o pessoal vai andar por aí...







quarta-feira, 10 de junho de 2020

10 de Junho
Mais umas comemorações do "dia da raça", mas o certo é que todos os países têm o seu dia nacional. Este ano por causa da pandemia foram cerimónias pindéricas e não precisavam de o ser assim tanto. É que nos Jerónimos cabiam mais que as oito pessoas  sem com isso trair as distâncias e medidas de segurança sanitária em vigor. Cheira a excesso de zelo e a hipocondria...
Este ano foi escolhido para ser orador na cerimónia o Cardeal Tolentino de Mendonça. figura maior das letras. Não é preciso ser católico para reconhecer e apreciar a craveira intelectual e ética do cardeal poeta e aguardo pelo texto da sua oratória para poder apreciar. Há dois anos foi o Prof. Sampaio da Nóvoa, que também dispensa elogios. Fica por esclarecer o mistério daquilo que passou pela cabeça do Presidente da República no ano passado para ter escolhido um cronista ou jornalista (?) minorca, João Miguel Tavares, para ser o orador do 10 de Junho. Há na direita tanta gente com mérito acima daquele sujeitinho, há tanto velho e  famoso jornalista que nunca teve semelhante honra - porquê ir buscar um  tipo tão medíocre, que se diz liberal mas que acho que os liberais se esquecem que ele existe.  Fica o mistério...

RACISMO
Continuam as repercussões da morte de Floyd nos EUA, e certamente esta morte vai valer alguma coisa  pela reacção generalizada  contra o próprio Trump que desvalorizou o assassinato.
Esta pandemia e certos acontecimentos que vão ocorrendo tem a potencialidade para fazer mudar alguma coisa no mundo. Veremos

quarta-feira, 3 de junho de 2020

O racismo sempre presente
O que se está a passar nos EUA é, infelizmente, revelador do regresso - ou antes do relançamento - do racismo.  Não é regresso porque essa aberração do ser humano nunca desapareceu nem regrediu, apenas está, por vezes, mais tempo em estado latente.
Com a presidência dum cretino como Trump, todas as forças mais reaccionárias, negacionistas, populistas do pior que o ser humano pode conceber, encontraram o suporte para voltar em força. A morte estúpida de um homem por um polícia perfeitamente indiferente aos apelos desesperados do preso, com outros 3 ou 4 polícias a verem o espectáculo e nenhum a intervir, durante ao que dizem por 8 ou 9 minutos, é uma cena tão primária que nos espanta como é que pode acontecer no século XXI.
Agora os EUA estão a ferro e fogo, a fúria de milhares de pessoas  a protestarem contra o racismo provoca prejuízos enormes e não se sabe se também morrem mais pessoas.