domingo, 29 de abril de 2018

Ria Formosa ou areal ?
Fotos de Mário Lázaro

Há dias denunciei o estado lamentável em que se encontra a Ria Formosa desde que foi aberta a nova barra, Agora apresento algumas fotografias que revelam bem o desastre ecológico que está a acontecer desde que a nova barra foi aberta.
Ao fundo deste areal deve estar a boca da barra...





Isto é a Ria Formosa em frente à barra

sexta-feira, 27 de abril de 2018

As ideologias interessam

Os sectores da direita liberal, pura e dura, afirmam correntemente que não há lugar para ideologias, não interessam ideologias, o que interessa é gerir a  realidade, mas esta é a sua , deles, ideologia. Mais nenhuma !!  Ora as ideologias interessam, são elas que definem o caminho da governação  das sociedades, goste-se ou não.
Não vou abrir um campo de discussão sobre o tema : nunca me preocupei em difundir as minhas convicções e debater as minhas ideias, apenas as divulgo e deixo aos outros simplesmente a sua aceitação ou negação.  Nunca fiz nem faço proselitismo.
Como declaração de interesses  devo afirmar que , sob o ponto de vista social, sou de esquerda, entendendo desta forma que defendo uma ideologia que privilegie o domínio do social sobre o económico ; mas também sou aguerridamente pela liberdade, defendo-a  como o sentimento mais importante que o ser humano pode desfrutar. Aliás todos os seres vivos lutam desesperadamente pela sua liberdade e quanto mais conscientes mais elevam essa luta.

Ser de esquerda ou de direita faz diferença, e faz cada vez maior sentido, ao contrário do que dizem os liberais.

Sempre entendi o marxismo como uma teoria muito importante para a compreensão da vida e da história das sociedades humanas, mas nunca fui marxista mesmo na altura em que era moda ser ou, mais tarde, em que era "oportuno" ser marxista. E nunca fui porque nunca aceitei todos os postulados e diversas lacunas e contradições que nele se contêm;  por exemplo, só a palavra ditadura, seja lá do que for,  põe-me os cabelos em pé, não aceito qualquer regime ditatorial sob nenhum pretexto. Não vou também prolongar a discussão sobre estes temas, que eram debatidos com paixão na década de 60 do século passado, em que me envolvi nas lutas académicas de 1962 e nelas estive do mesmo lado dos comunistas das várias correntes que já nessa altura se confrontavam - mas os alvos da nossa luta eram os mesmos -  o fascismo salazarista e o regime ditatorial "corporativo". Mas dei muita vez a pensar comigo mesmo se os regimes do Leste seriam assim tão maus como eram descritos pelo regime. Porém quando depois de Abril de 74 tive oportunidade de ir visitar países do bloco soviético, o que vi deixou-me terrivelmente mal impressionado; continuo a acreditar que muitas pessoas que se dizem comunistas se tivessem visitado isoladamente como eu aqueles países ( Roménia, Hungria, Checoslováquia Yugoslávia) e não em viagens organizadas pelo "Partido", podendo ver o que quisessem e falado com a gente do povo sem ser vigiado, ficariam vacinados . Todos os males que encontramos nos nossos regimes democráticos  existiam lá  em maior grau mas, pior do que cá, nunca eram denunciados : a corrupção, a nota que se metia no bolso do funcionário para se ultrapassar uma qualquer burocracia, o enriquecimento ilícito dos  membros da Nomenklatura ( como é que de um dia para o outro  apareceram tantos multimilionários na Rússia?). a miséria de vastas camadas da população - e nada se podia denunciar !
Todos os regimes de ditadura proclamam que têm os melhores propósitos de enaltecer e salvar a Pátria, e todos acabam na mesma : abusos sobre abusos e ninguém denuncia a falta das liberdades fundamentais para  o ser humano!! 
E como passo daqui para a esquerda ?
(Continua ...)

quinta-feira, 26 de abril de 2018

26 de Abril de 19 86
O desastre de Chernobil

Passam hoje 32 anos sobre o desastre nuclear de Chernobil, o pior desastre nuclear que já aconteceu, depois dos bombardeamentos atómicos do Japão em 1945, que destruíram as cidades de Hiroshima e Nagazaki.
É preciso recordar esta data e erguê-la como estandarte da luta contra a energia nuclear.
Naquele dia , na Ucrânia que estava inserida na União Soviética, deu-se a explosão do reactor nº 4, numa acumulação de  defeitos do equipamento e erros humanos. Uma enorme nuvem de poeira radioactiva espalhou-se por milhões de hectares, e dado o carácter do regime político que então vigorava  desconfia-se que se não fosse a Suécia - que recebeu fortes doses dessa poluição-  apressar-se a noticiar o terrível acidente, talvez nunca se tivesse chegado a saber tanto sobre o que aconteceu  na verdade.
Cerca de 100.000 pessoas foram deslocadas da região, morreu muita gente logo com o acidente e ao longo dos anos foram morrendo e adoecendo gravemente muitas mais.
Ainda hoje muitas toneladas de resíduos radioactivos altamente perigosos estão fechados numa estrutura de aço que cobre o reactor. 
A certeza científica dos cientistas e dos  promotores  da energia nuclear fica desmascarada com a série de acidentes que se conhecem - porque deverão ocorrer muitas mais situações de perigo eminente que, por não terem tido consequências mais graves, nem são noticiados. Até aqui perto de nós, portugueses, em Almaraz.
Em 1957 houve os primeiros acidentes nucleares conhecidos, em Setembro no Japão em Mayak com a produção de plutónio para uso nas centrais  nucleares, e em Outubro na Grâ Bretanha, em Windscale.  Em 1979 deu-se o acidente de Three Mile Island, nos EUA, que apesar de muito grave esteve perto de se ter transformado numa catástrofe. Em Setembro de 1999 de novo no Japão, um grave acidente em Tokaimura. E em 2011 foi o infelizmente célebre acidente de Fukushima, de novo no Japão.
Acidentes nucleares podem ocorrer em qualquer momento e sem aviso prévio, sempre com argumentos desculpadores de quem é responsável. Nós temos aqui perto da fronteira a central de Almaraz, que já ultrapassou o seu tempo de vida  mas que agora os promotores e os políticos castelhanos querem prolongar por mais 20 anos.  É um absurdo, os Governos portugueses ajoelham diante do Governo  castelhano, a União Europeia não toma posição e o povo português continua na indiferença perante um risco evidente que existe, onde só as promessas do lado castelhano  são escutadas. Aquela  decisão de construir o famigerado armazém em Almaraz é a garantia de prolongamento da vida da central, mas parece que "está tudo controlado"!
Que os deuses nos protejam  porque dos políticos portugueses, castelhanos e europeus não virá protecção nenhuma. Mas como já disse no comunicado que emiti ontem, se tivermos a desgraça de ocorrer um acidente grave em Almaraz, veremos as torrentes de lágrimas de crocodilo que cairão dos olhos  desses bem aventurados políticos.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Vida após a morte
Divagações
( Estas divagações valem o que valem, são pessoais)

Há uns anos já que aderi ao Movimento pela Morte Assistida, porque não acredito que haja outra vida depois e por isso terminar esta vida com dignidade e sem sofrimento é um imperativo de consciência. Dito isto, vamos a divagações, sobre ocorrências que podem induzir a ideia de que existe realmente outra vida.
Espírito, alma, consciência, são conceitos que motivam os seres humanos desde o alvor  da Hominização. Eles são sobretudo objecto das religiões, de todas as religiões, embora com diferentes tradições.
O facto de ao longo de milhares de anos de evolução, pelo menos que se conhecem a partir da pré-História, sempre ter existido a crença de que à vida e à morte se seguirá outra forma de vida, não é suficiente para provar  que, se  essa crença  existe é porque a tal vida após a morte existe mesmo.
O espiritismo, que se desenvolveu bastante no século XIX,  não conseguiu nunca a credibilidade total, múltiplas situações de fraude descobertas serão apenas a ponta do icebergue das fraudes não descobertas.
Uma coisa bem diferente são as situações de quase - morte, em que por doença ou acidente algumas pessoas estiveram quase a ser consideradas mortas biologicamente mas recuperaram , vindo depois com descrições de estados de vida  luminosa de que conseguem lembrar-se. Uma delas foi o escritor Cardoso Pires.
São, sem duvida, situações reais em que o trabalho cerebral não terá desaparecido mesmo com ocasiões de morte aparente de outros órgãos vitais, e em que reminiscências arquivadas no sub-consciente são trazidas à recordação do sujeito, ao recuperar a totalidade das suas funções vitais.
Há abundante bibliografia sobre estes casos de pessoas que "regressam " à vida depois de quase - morte ; e o facto de serem designados estados de quase - morte quer dizer isso mesmo, não foi a morte que ocorreu, foi quase a morte. Quem quiser deliciar-se com essas descrições tem à disposição  um apreciável número de literaturas, com grande realce para as obras do budismo e os seus homens santos.
Não existem evidências científicas dessa vida após a morte, apenas crenças de origem religiosa. A fé não é racional é um sentimento de acreditar totalmente mesmo sem que haja provas que demonstrem a veracidade da crença. E há vários graus de resposta à crença : os agnósticos dizem que não há nada que comprove a existência dos deuses, mas acreditam que existem ou podem existir; e os ateus, que não acreditam na possibilidade da existência de deuses,
 Criptomnésia, percepção extra -  sensorial, telequinésia, predição, são outras tantas "disciplinas" que tratam de problemas do funcionamento aparentemente inexplicável da mente humana.
Há explicações e diversas teorias científicas para ir ao encontro das situações  de quase  morte. O mau funcionamento do cérebro nas ocasiões próximas da morte -  turvação da consciência,  medo e a medicação aplicada a doentes em fases quase terminais podem estar na origem de situações dessas.
Há medicamentos que podem provocar sentimentos de estar "fora do corpo" ou sensações de estar a atravessar túneis escuros em direcção a uma luz brilhante ; são situações  que ocorrem  depois de traumas, de graves deficiências do sistema nervoso, de comas profundos e prolongados, etc.  A modificação dos estados de consciência podem explicar os fenómenos da quase morte, do êxtase, da luz brilhante, etc.
De tudo isto ficam algumas  certezas : as neuro ciências não param de progredir e de descobrir o que até há uns tempos atrás eram assuntos da crença e da "alma";  e há ainda muito a investigar e a conhecer sobre a capacidade do cérebro humano e sobre a forma de suscitar ou incentivar determinadas actividades cerebrais, certas categorias de energia e outros aspectos que sempre foram, até agora, considerados para-normais.

domingo, 22 de abril de 2018

A Ria Formosa e a Ilha de Faro

A Ria Formosa tem sido alvo de intervenções desastradas que em nada contribuem para a sua preservação. Todos sabemos que este sistema lagunar se não for intervencionado pelo homem tenderá a colapsar, pois  a entrada de  água praticamente é só a do mar que entra pelas barras já que os caudais de ribeiras que ali desaguam  são de pouca monta.
Ainda se está para perceber a vantagem de ter aberto a última barra, a pouco mais de um quilómetro de distância  da que existia e estava a ser colmatada, em vez de se ter procedido a umas duas dragagens por ano da barra antiga, já de si aberta contra o parecer não só de técnicos como de pescadores locais. Essas dragagens ficariam certamente por menos custos que as obras vultuosas da abertura da nova barra -  para além do estrago que provocou no sistema lagunar.
Eu sou um frequentador da Ria Formosa e da Ilha de Faro desde há uns trinta anos, praticamente todas as semanas do ano e, quer sozinho quer acompanhado por amigos entre eles o dr. Mário Lázaro, companheiro de caminhadas e  banhos de mar e de navegações de caiaque,  tenho acompanhado a evolução do sistema lagunar e  das ilhas-barreira.
Desde que a última barra foi aberta  que não só a costa como o interior da Ria se transformaram no pior sentido : a extensão de areais é cada vez maior, a areia que entra pela barra tem-se depositado na Ria e na maré baixa praticamente não corre água nenhuma. A transformação é por demais visível e rápida. Antes era habitual verem-se cardumes de pequenos  peixes ( cavalas,  taínhas, etc) na babujem da margem da Ria, pequenos invertebrados e até polvos que apareciam próximo do areal. Hoje não há nada. A profunda alteração que as dragagens provocaram nos fundos da  laguna levaram à sua morte como sistema vivo.
A "duna", construída sem critério compreensível e sem qualquer medida de fixação ,  com os dragados do fundo da ria já quase desapareceu, levada pelo vento mas sobretudo pelo mar.
Estes últimos meses assistimos a grandes temporais que afectaram a praia da Ilha de Faro de forma muito grave. A topografia da praia foi alterada, desapareceu uma boa parte da faixa que podemos dizer semi-dunar que ladeava a estrada e o mar agora galga-a e espalha-se pela via, arrastando toneladas de areia.
Mas na zona a nascente  em que as dunas foram fixadas - trabalhos realizados  há uns 20 anos pelo Parque Natural quando era dirigido por quem sabia o que devia ser a função desta AP, chamava-se Nuno Lecoq  -  os estragos foram mínimos, as dunas aguentaram a investida do mar e mesmo com os vendavais que ocorreram praticamente não se deram grandes movimentos de areias.
Hoje a praia está com uma topografia imprópria para os utentes, transformada numa sucessão de montes  e depressões e numa rampa inclinada que não permite ao mar espraiar-se  - nem se dá pela baixa- mar! Se ficarmos à espera que a Natureza reponha o facies normal da praia, bem podemos esperar - e nem é seguro que ela volte a ter uma configuração própria para banhistas, com o Verão aí à porta.
É urgente uma intervenção com máquinas , e embora eu pudesse dar palpites quanto ao que fazer, deixo essa tarefa aos entendidos... O certo é que a areia está  a ser  levada todos os dias em quantidades colossais  pelo mar nas marés altas e essa areia vai para onde ? Adivinha-se.
Não acredito que alguém mexa uma palha para resolver a situação da praia da Ilha de Faro - Câmara Municipal , Turismo, Parque Natural, Autoridades Marítimas, com tantas instâncias responsáveis estamos para ver se alguém faz alguma coisa de positivo, além de andarem a rapar a areia da estrada e a voltar a coloca-la no areal.  Mas se actuarem, cá estarei para dar por isso, eu e os habituais utentes da Ilha de Faro e da Ria Formosa.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

A espuma dos dias

2 - Intervir na Paisagem - A sessão que decorreu no Centro Nacional de Cultura no dia 12 passado, conforme estava previsto, foi bastante interessante porque colocou frente a frente a minha visão da Arquitectura Paisagista, plasmada no livro com o titulo acima indicado, e a do Colega e Amigo Leonel Fadigas, com outro seu livro intitulado "Território e Poder - o uso, as políticas e o ordenamento ".
Foi uma sessão de ameno debate que durou até perto das 9h da noite, com bastante participação de arquitectos paisagistas mas não só, pois estavam  lá outros profissionais. Mas afinal quando o Fadigas diz que o ordenamento e a gestão do território  não são questões exclusivamente técnicas, são, em muito, questões políticas, acaba por concluir o que também eu afirmo e a maior parte dos nossos colegas de profissão : intervir na paisagem também é intervenção política. (estas palavras sublinhadas estiveram para sair como  subtítulo do meu livro de textos. E e cada sessão eu não deixei de referir que o Prof. Caldeira Cabral nos ensinava que a arquitectura paisagista é uma arte política, porque interfere com a vida dos seres vivos e contribui para gerir o seu comportamento e inserção nas paisagens.

1 -  A corrupção - Não passa um dia em que a comunicação social não saia com novidades de mais um caso se indigitada corrupção, que surge nos mais diversos lugares : na polícia, no exército, nos autarcas, nas escolas;  agora até querem apontar os deputados das Regiões Autónomas porque recebem o subsídio da Assembleia da Republica, extensível a todos os deputados -  ilhéus ou continentais -  e ainda recebem o desconto nas viagens para as ilhas a que têm direito todos os residentes  nos arquipélagos, sejam deputados ou não. Aqui eu não vejo corrupção : os deputados ilhéus pagam os seus bilhetes de avião só que pagam como residentes na ilhas que efectivamente são e não têm que ser descriminados negativamente  por esse facto. 
Ainda bem que se detectam cada vez mais casos de corrupção e isso é uma vantagem da democracia. Mas a mesma comunicação social deixa de apontar alguns casos : a SIC tem andado a publicar uma grande reportagem sobre o processo em que está envolvido José Sócrates, entre outras grandes figuras da vida publica e económica -  e ainda bem. Só que gostaria de saber como é que a SIC consegue  apresentar gravações dos interrogatórios feitos pelo Procurador, no gabinete deste ou pelo menos nas instalações  do MP,  em sessões do processo que está em curso, gravações que estão cobertas pelo segredo de justiça. Como é que essas gravações saiem cá para fora ?  Não é o ou a jornalista que assalta o escritório do Procurador e rouba as gravações - portanto alguém "lá de dentro" as fornece. E não há almoços grátis, ou há ? E isto não é corrupção  da pior dentro de um caso que está a julgar um caso grave de  corrupção ? Tal está a moenga, hen ?




quinta-feira, 12 de abril de 2018

Intervir na paisagem

No Instituo Superior de Agronomia  decorreu ontem,11 de  Abril,  a apresentação e discussão do meu livro com aquele título e que teve uma boa assistência no Salão Nobre do ISA. Para mim, além do mais, foi um regresso àquela sala, que era a antiga Biblioteca onde passei tantas horas  estudar, já lá vão 60 anos...
As pessoas participaram e houve um pequeno debate que só não se prolongou porque já a hora do almoço ia adiantada...
Hoje vai haver nova sessão, agora no Centro Nacional de Cultura, em que estarei eu e o Leonel Fadigas, cada um com o seu livro, num confronto de ideias e posições que espero  venha a ser interessante

domingo, 8 de abril de 2018

Síria, a vergonha do século XXI

Como é possível que o mundo assista impávido e acomodado aos  crimes contra a Humanidade que se estão a perpetrar na Síria ?! Todos os envolvidos tresandam a hipocrisia e sem vergonha. O Ocidente tem particulares responsabilidades, em especial a França e a Grã-Bretanha que se esqueceram dos anos de convivência com os povos do Mediterrâneo e possibilitaram a carnificina que continua todos os dias a ser praticada.
O ditador sírio é mais um dos muitos facínoras que pululam pelo Próximo e Médio Oriente, e tivesse a Síria petróleo como tem o Iraque e há muito que os EUA, campeões da democracia, já teriam acabado com ele  como fizeram com  o Sadam, Falta é o petróleo para justificar a "reposição da democracia"...
De Putin e dos russos não é de esperar outra forma de actuar senão irem desmentindo sistematicamente os criminosos actos que matam milhares de pessoas, incluindo centenas de crianças, vítimas  do calculismo e das estratégias de domínio territorial; dos turcos não se pode esquecer o que foram e são historicamente os otomanos, capazes de  exterminar qualquer ameaça ao que designam por unidade da nação turca ( os curdos que o digam).
Os diplomatas de todas as partes envolvidas reúnem-se regularmente nas suas sessões de ataque e defesa das suas posições e calmamente adiam a discussão para o dia seguinte, vão jantar e divertir-se como convém às suas elevadas  posições sociais - e que nessa noite sejam lançados ataques químicos e bombas destruidoras  sobre bairros sírios já quase inexistentes como locais de habitação, pouco lhes interessa. 
É uma vergonha sem qualquer desculpa que a Europa, os EUA, o Mundo inteiro, continuem a assistir a esta carnificina em pleno século XXI.  Um novo holocausto, metodicamente aplicado como o que dizimou os judeus às mãos do nazis A Humanidade tem um lado negro que se constrói com tudo quanto há de pior na alma humana - e é esse lado negro que está mais uma vez ao de cima.

sábado, 7 de abril de 2018

A espuma dos dias

 1- Ainda a politica florestal e os incêndios - Da Comissão Técnica Independente (CTI) que tratou dos incêndios florestais, entre outras afirmações, realço  que "os incêndios ou são atacados logo no início ou é muito difícil suprimi-los"- mas então  qualquer técnico florestal medianamente qualificado não sabe isto desde sempre ? Quem pelos vistos não conhece são os políticos que desmantelaram a estrutura de prevenção e gestão florestal e continuam a mandar cá para fora leis e mais leis sem irem à raiz do problema. Segundo o Publico, refere ainda o Presidente da CTI,  que de resto me merece a maior consideração,  como conclusões dos relatórios, tres questões : ausência de prevenção estrutural contra incêndios, por falta de estratégia nas últimas décadas- pergunto eu, a quem devia caber esta estratégia, apenas à GNR ou aos Bombeiros?- para compensar o abandono do mundo rural e de medidas para a gestão da floresta ...( lembraram-se de perguntar ao actual Ministro Capoula Santos porque desmantelou o Corpo de Guardas Florestais ? E conclui que "O problema, que resulta da inexistência de uma cultura de afirmação da importância da floresta e, nos últimos anos, do alheamento das políticas públicas destas realidades, não estará resolvido a curto prazo". Pois não estará, nem a curto nem a médio prazo.
Dêem as voltas que derem à legislação e injectem o dinheiro que quiserem, inventem palavrões e estruturas para fingir que se sabe muito destas coisas ( faixas de gestão de combustível,  uma Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Florestais, etc) - um Ministro que tem responsabilidades desde há décadas na política seguida, copiada pela direita no anterior Governo e continuada neste, não dará nunca a mão à palmatória.

2- O PSD e  a Função Pública - O PSD sempre defendeu o menor Estado para ter um melhor Estado. Vem agora dizer que até apoia as propostas da " extrema esquerda" para aumento dos funcionários públicos e JÁ! Já, mas com algumas nuances : reforma do Estado e redução do número de funcionários. Cá está, a reforma do Estado para o PSD e toda a direita é reduzir o Estado e entregar ao sector privado muitas das tarefas que agora  são públicas. Esta é a reforma do Estado que o PSD, e certamente também o  CDS, quer fazer.
O sector privado funciona muito melhor que o sector publico não é assim que afirmam? Claro, estamos muito melhores com a EDP privada e na mão do Estado chinês do que quando era portuguesa, os CTT estão agora muito melhores do que quando eram públicos, a ANA que não pára de aumentar as taxas dos aeroportos , está muito melhor que antes; as bermas e taludes das estradas que eram limpos pelas equipas de cantoneiros, agora que parecem bermas das picadas de África estão muito melhores; as ribeiras e linhas de  água que eram mandadas limpar pelos guarda-rios, agora estão ao abandono e por isso...muito melhores; e por aí adiante.

3 -Lula da Silva -Certamente que o popular ex-Presidente tem culpas no cartório, terá ficado deslumbrado com o Poder ( acontece a muito boa gente...) mas foi julgado com provas circunstanciais e não com provas ou corpo de delito; o crime de que mais se fala é um  apartamento de que nunca foi apresentada prova ser seu. O Procurador terá afirmado de que não tinha provas mas tinha a sua convicção - isto é que é justiça !! A anterior Presidente Dilma foi destituída não por corrupção, nunca a acusaram disso, mas por ter feito mau uso do Orçamento do Estado (meio mundo faz o mesmo em quase todos os países...), E quem a destitui -  60% dos deputados que votaram a destituição estão implicados em casos de corrupção. Contra o  actual Presidente Temer há provas, incluindo registo de conversas, que o implicam em actos de corrupção, mas nem sequer o ameaçam de destituição...
Se não fosse Lula da Silva estar à frente nas sondagens para Presidente do Brasil e talvez não dessem tanta importância aos "crimes" de que é acusado. Que justiça é esta  !!




quinta-feira, 5 de abril de 2018

Uma nova guerra fria
Esta questão do eventual atentado contra a vida do antigo espião e da filha, perpetrado em Londres, está muito mal contado e ainda vai dar muito que falar. 
Por mim acho que a atitude prudente do Governo português, nesta matéria, justifica-se perfeitamente, pois a  quase histeria que deu a tantos países ocidentais só porque havia a suspeita de que tinham sido os russos a organizar o "complot",  não parece aceitável assim  sem quaisquer dúvidas. Já tivemos a guerra do Iraque, onde  os EUA e a Grã Bretanha afirmavam a pés juntos que se estava perante um odioso caso de uso de armas químicas pelo ditador iraquiano e veio a provar-se mais tarde que tudo não passou dum conjunto de mentiras alicerçadas de forma inteligente para convencer os aliados e, no fim, dar força aos EUA e aos seus apetites de petróleo... E , claro, a pressa que Durão Barroso teve em alinhar com a euforia aliada devia ter ficado na memória dos PSD de cá para  refrearem  agora a sua excitação belicosa e terem outro comportamento.
Não quero com isto dizer que  ilibo o regime de Putin de ser capaz de fazer atentados deste calibre  - claro que é capaz de fazer isto e muito mais e estar-se borrifando para as consequências. Mas não se vêem as vantagens que poderia ter nesta altura em proceder assim com o Ocidente, quando a economia russa está periclitante.
Para já o Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico está apanhado numa descarada mentira e o Laboratório independente  não pode confirmar que a droga tenha vindo mesmo da Rússia ; por outro lado este assunto caiu que nem ginjas  para a Primeira Ministra britânica, que está em apuros e com esta trapalhada arranja motivos para desviar as atenções do povo  do Reino Unido. A mim tudo isto me cheira a esturro. 
E Portugal poupou os inconvenientes de cortar relações com a Rússia sem haver uma certeza, uma garantia, de que o crime foi mesmo da autoria dos russos, SE vier a provar-se que os russos são os autores, então sim, Portugal não poderá deixar de tomar outra atitude diplomática, Até lá a prudência também é uma arma diplomática.

terça-feira, 3 de abril de 2018

A hipocrisia das nossas democracias
e o confronto Castela - Catalunha

A farsa trágica em que se  está a transformar a tentativa de independência da Catalunha, dá bem a noção da hipocrisia que domina nas nossas democracias europeias, para falar só do nosso continente.
Eu insisto - e desenvolvi anteriormente -  que a Espanha é uma invenção de Castela, uma forma de oprimir outros povos peninsulares  com a miragem duma legalidade e duma integridade de um país que à força arrebanhou os outros povos vizinhos.
Já mais que uma vez neste espaço  eu denunciei  a falta de respeito pela vontade dos catalães e a falta de solidariedade europeia e portuguesa pelo povo catalão, a quem é negado o direito que nós, portugueses, reclamámos para nós e pelo qual lutámos durante séculos; apenas fomos mais afortunados que catalães e bascos que sonham com o  mesmo objectivo.
Podemos considerar que os independentistas não actuaram da melhor forma neste processo,  mas o Governo dos castelhanos de Madrid  ultrapassou todos os limites que devem nortear o exercício da política em democracia. 
A prisão sucessiva dos lideres catalães e a sua perseguição através da Europa são uma vergonha e são também o sinal do caminho resvalante em que assenta o exercício do Poder em muitos países da Europa. Alguns países, como a Bélgica, ainda dão a saber ao mundo que não alinham nos actos persecutórios de políticos por razões de liberdade de expressão e de opinião; mas já a Alemanha  dá sinal contrário, veremos o que vai fazer no final do processo de prisão do Presidente eleito da Catalunha.
Em Portugal poucas são as vozes  que se levantam na comunicação social  contra a situação que Castela está a promover. A hipocrisia ou a indiferença campeiam entre nós, Mas há algumas vozes...
Há dias no Publico Manuel Loff começava um extenso texto com estas palavras "O Estado espanhol passou todas as marcas na sua campanha punitiva do independentismo catalão."
Um Manifesto a favor da liberdade dos presos políticos saíu ,pelo menos que eu saiba, no jornal Publico.
 E Miguel Esteves Cardoso que já anteriormente se manifestara abertamente contra a atitude castelhana, escreveu na sua coluna habitual também  no Publico e intitulada "A nossa vergonha" :" Querer que a Catalunha seja independente não pode ser, por definição,  uma traição à Espanha. Os independentistas só podem trair o país que consideram ser o deles : a Catalunha" e termina "...é uma vergonha europeia e uma vergonha portuguesa. É também uma hipocrisia flagrante.".
Se Madrid não entrar por um processo de revisão da Constituição que preveja o caminho do Estado Federal, ninguém pode garantir que a "Espanha" não venha com o tempo a transformar-se num barril de pólvora, com os seus povos a quererem sacudir  a pata castelhana, a bem ou a mal.
Para já a democracia musculada , que já existe em vários países  que até há poucos anos eram democracias aceitáveis, está a expandir-se  lenta mas inegavelmente - e já chegou a Castela.