sexta-feira, 28 de abril de 2023

 O planeta a caminho da rotura

Não têm faltado avisos e recomendações sobre o caminho em direcção ao precipício que a Humanidade  está a imprimir ao planeta. O planeta não morre nem explode, os seres humanos e muita da vida, cujo fenómeno devíamos  celebrar todos os dias, é que desaparecem.

Continuo a pensar que todos os técnicos que acompanham as investigações e estão conscientes da realidade, devem dar publicidade a todos esses avisos, tal faz parte da consciência cívica de cada um de nós que tenha noção das suas  responsabilidades cidadãs - e motivar as pessoas, a opinião publica mais ou menos indiferente, é uma tarefa de todos os que podem propalar os avisos. JÁ ME TÊM DITO, NÃO VALE A PENA ESCREVER OU FALAR, QUEM DEVIA LER ESTES ARTIGOS NÃO LÊ - TALVEZ ALGUNS LEIAM OU VENHAM A SER OBRIGADOS A LER. NÃO PODEMOS É DEIXAR DE INSISTIR.

É que, por mais avisos sérios dos investigadores que estudam a ciência física das mudanças climáticas, não só continuam a existir os negacionistas e os egoístas que se aproveitam dos lucros que ainda podem ter ( carpe diem, aproveitemos o presente e esqueçamos o futuro) como os Governos dos que dizem acreditar tomam apenas ténues medidas que dão alguma esperança mas muita desconfiança sobre a sua eficácia.

O IPCC que funciona na ONU como ponta avançada da investigação, todos os anos publica os seus relatórios que são cada vez mais  aflitivos.

O apregoado limite de 1,5ºC já  deixou de ser cenário para uns 950 milhões de pessoas no mundo para quem a realidade  é  a  da escassez de água, o stresse térmico e hídrico ou a desertificação de vastíssimas regiões. Mas ultrapassar aquele limite do 1,5ºC ainda provocará impactos mais catastróficos.

No nosso país não se foge á regra geral, embora na Europa se tenham vindo a dar, apesar de tudo, os passos pequenos mas  importantes  : muitas palavras de circunstância mas poucas medidas concretas; e no entanto os cientistas afirmam que ainda é possível,  talvez já não eliminar, mas  desacelerar o progresso das  alterações climáticas.

O fundamental e obrigatório será parar o uso de combustíveis fósseis, que são a principal causa do aumento do efeito de estufa. Os níveis de CO2 aumentaram 47,3% e o metano (CH4) aumentou 157,8% - o primeiro permanece na atmosfera por uns 2000 anos, o segundo uns 12 anos mas é muito mais potente e perigoso que o anidrido carbónico.

Algumas das medidas fundamentais são  a recuperação de ecossistemas florestais, rearborização de  maiores áreas com as espécies adequadas, práticas agrícolas mais sustentáveis com a experimentação de novas culturas adequadas às actuais e futuras condições climáticas-

O aumento das áreas florestadas tem que ter em conta o risco dos incêndios, os quais podem ser cada vez  mais intensos - daí a exigência de estruturas eficazes e mais económicas  de gestão e defesa das áreas florestais ao longo de todo o ano e não concentrar esforços apenas no combate aos fogos -assim é ir atrás dos prejuízos e não procurar evitá-los

A remoção do carbono é a chave para atenuar a evolução actual do processo climático e envolve além das medidas acima afloradas, o restauro das zonas húmidas costeiras e litorais, a manutenção de charcos, sapais, turfeiras, pradarias marinhas - são todos absorventes naturais de carbono. Hoje já se preconiza a expansão da cultura de algas em áreas maiores  e mais profundas que possibilitam a reciclagem do plancton marinho, armazenando no fundo dos oceanos maiores quantidades de carbono; e até aumentar a alcalinização das águas oceânicas.

O cenário é pois suficientemente grave para que se tomem medidas urgentes e consistentes a nível mundial  - aos olhos de toda a gente são visíveis os fenómenos de secas e stresse térmico, o recuo dos glaciares sem precedent0s nos últimos milhares de anos, o nível da água dos mares a subir, pondo já em risco milhares de pessoas em áreas costeiras e ilhas do Índico e do Pacífico. 

Mas aqui ao pé  de nós também: ainda em recente estadia na Ria Formosa foi constatado que os sapais que nunca eram cobertos pela maré, agora - e nem sequer são as maiores marés do ano -  ficam todos submersos, quem anda na Ria há décadas pode testemunhar este facto.

 No nosso mundo as condições das populações e dos seus Governos  não são nada as que mais favorecem os cuidados a ter com o planeta:  com a continuação da suja guerra imperialista na Europa, os conflitos irracionais um pouco por todos os continentes e a precaridade de vida de milhões de pessoas, é  difícil esperar que as autoridades da maior parte das nações tenham suficiente convicção, meios e vontade para actuarem com vista às alterações climáticas. 

Segundo o IPCC 3,6 milhões de pessoas vivem em regiões altamente vulneráveis às ameaças resultantes das mudanças climáticas, incêndios no Ártico e na Sibéria, a Antártida a perder milhões de m3 de glaciares, a escassez de alimentos na América Central e do Sul, na Ásia e na África subsaariana - não se podem adiar mais as medidas concertadas para retardar o tal caminho para o abismo. 

Eu pertenço a uma geração que despertou para os problemas ambientais e tentou fazer alguma coisa a favor do nosso património comum; muitos de nós começamos agora a convencer-nos que falhámos, não se deu o alargamento de consciência civilizacional que tornasse a nossa opinião pública mais exigente quando nem sequer os políticos profissionais  a assumem. A maioria dos nossos políticos têm traído a mensagem que as gerações anteriores tentaram fazer ouvir.

Todos os que sabem o que está a acontecer neste planeta que,  visto do Cosmos, é (ainda) azul, todos temos obrigação de alertar e fazer chegar as preocupações da Ciência a essa opinião pública- opinião publica portuguesa que anda anestesiada com tanta trafulhice e tanto golpe baixo na nossa via publica comum.










 O papel !! Qual papel?

Afinal o papel, os papeis, existiam e foram entregues pelo Governo "confidencialmente" à Comissão de Inquérito da Assembleia da República - só que antes de os deputados terem tido tempo para os  ler todos... foram parar "confidencialmente" aos órgãos de comunicação, social.

Esta palhaçada  deve ter um fim (in)feliz- ou se descobre quem os deixou fugir ou nem vale a pena voltar a falar em CI do Parlamento.

 Uma linha de indicação da fuga de informação pode ser quais os jornais ou Tvs é que tiveram acesso aos papeis. E se foi do próprio Governo que saiu a fuga para desacreditar a CI? Tudo é possível, que mais irá acontecer???  Atenção aos próximos episódios...- e comprando com as poucas vergonhas da 1ª Republica, afinal a História repete-se...





quarta-feira, 26 de abril de 2023

 O papel

O papel? Qual papel? Não há papel ? O papel não se pode mostrar. Mas então há papel? Qual papel? Não há papel... Há papeis, mas são internos . Papel interno? Sim, só entre nós. Mostre o papel. Mas não há papel...

Havia uma história destas pelos "Gato fedorento", que fazia rir. Agora aparece essa história no real, o documento, não é documento é só um ou... vários documentos internos  entre os vários Ministros do Governo, ainda sobre a questão da TAP. Onde vai parar o ridículo - se é que pára?

segunda-feira, 24 de abril de 2023

 25 de Abril sempre

Amanhã não escrevo ( salvo acontecer  algo de imprevisível) e hoje deixo a minha história do meu 25 de Abril que não foi brilhante...

A seguir ao golpe das Caldas da rainha,  em Março de 74, quando os spinolistas quiseram antecipar-se ao MFA, eu vivia na Madeira e no final do mês vim a Lisboa. Como sempre fui ao fim da tarde ao Montecarlo, o café que existia sob o cinema Monumental - e foi um hábito que me ficou depois das cargas policiais em 1958 a quando das eleições a seguir a um comício do Humberto Delgado no Liceu Camões. 

Encontrava-me ali regularmente com  velhos conhecidos, entre eles o Ernesto Melo Antunes de que vou falar por uns momentos. 

Eu fui aspirante miliciano quando ele era alferes, na Bateria de Belém, em Ponta Delgada. Era comandada pelo ten. coronel Marçal Moreira, um oficial distinto e culto, mas porque era da oposição nunca passou daquele posto e a comandar uma bateria - resultado, vivia cancibado e o gabinete de despacho dele era o bar do quartel,  onde havia boas bebidas... De quinze em quinze dias um oficial tinha que fazer uma palestra e quando chegou a vez do Melo Antunes ele falou sobre os exércitos dos países de leste realçando,  dizia ele, que ali  o exército servia causas de serviço publico civil. No fim o Comandante disse que tinha gostado muito da palestra mas o alferes teria de escrever outra porque aquela ele não podia enviar para o Quartel General...

Dei-me sempre muito bem com ele e eu  era o único dos demais oficiais que me encontrava com ele na praia do Pópulo em casa da Dª Rosa Flores, tia da namorada com quem veio a casar, e com o dr. Borges Coutinho mais tarde Marquês da Praia ( por morte do irmão) e  chamado "marquês vermelho". Ali falávamos de coisas da politica, da situação do país ( ainda não tinha começado a guerra colonial mas estava-se à espera que acontecesse).

Nesse fim de tarde de finais de Março em que fui ao Montecarlo encontrei-me lá com o Melo Antunes, que estava nos Açores e "tinha vindo" a Lisboa e disse lhe mais ou menos " vocês não fazem uma bem feita, outra vez uma intentona falhada". E ele respondeu "vais ver que vai sair uma bem feita, espera para ver". E aconteceu o 25 de Abril.

Mais tarde em Lisboa, encontrávamo-nos  nos  corredores do Conselho de Ministros, em São Bento, onde eu ia acompanhando o GRTelles e a primeira vez que o vi,  interpelei-o -  porque  não me dissera nada naquele encontro de Março;  respondeu que era tão arriscado e ainda incerto naquela altura que não me quis ligar ao assunto para eu não vir a sofrer consequências. Engoli essa...

Em 24 de Abril de 74 estava no Funchal o Prof Hans Werkmeister, com quem eu iria trabalhar em Maio através duma bolsa que consegui, e ele tinha ido à Madeira por causa duma importação de plantas que foi fazer com outro grande amigo meu, o Engº Rui Vieira. 

Nessa noite estávamos no Hotel Savoy na eleição de Miss madeira, que iria ser uma sobrinha de um outro amigo meu, o Carlos Silva; estávamos todos na mesma mesa; a miúda foi eleita e ali pelas 2h da madrugada despedimo-nos porque o Werkmeister ia na manhã seguinte para a Alemanha. Nem imaginávamos o que estava a acontecer em Lisboa...

No dia 25, a meio da manhã, telefona-me o alemão para dizer que ainda lá estava, não havia aviões porque tinha havido uma revolução em Lisboa.  Foi assim que tomei conhecimento do 25 de Abril!!

Depois em Maio segui para a Alemanha e regressei em Novembro, e soube à distância do que acontecera por cá e da subida do Vasco Gonçalves a 1º ministro... Outra história para outra altura...








domingo, 23 de abril de 2023




Suavizar a língua

O nosso Lula e ainda bem que é ele agora à frente do Brasil, depois da noite negra protofascista do  Bolsonaro, suavizou a linguagem mas não dobrou a língua...  Com aquela de ter condenado desde o início a invasão russa, lá aceitou ( muito provavelmente com a mãozinha do Marcelo) que  o  Ocidente deve ajudar a Ucrânia, mas que deve haver um grupo de países que não contribui com armas para nenhum dos lados, que promova a paz. mas lá dizer ao Putin:  pára com os combates e retira as tropas, isso ele não diz nem ele nem os "pacifistas" de serviço" .

sábado, 22 de abril de 2023

 

Não há maneira de dobrarem a língua...

Há coisas em que não transijo, coincidam com  argumentos da esquerda ou da direita, tanto se me dá. E começar uma guerra, para mais na Europa, umas décadas depois da 2ª Grande Guerra que de europeia passou a mundial, é um acto que não perdoo nem aceito meias palavras - ou se está de acordo ou se está contra, os "pacifistas" que vão para as urtigas!!

Esperei pelo discurso do Lula para entender o que ele seria capaz de dizer, mas com a habilidade dos "pacifistas", embora reconhecendo  que Rússia não devia ter invadido, reconhecendo o direito à integridade territorial da Ucrânia,  o que ele disse em voz forte, e repetiu, é que os EUA e a UE contribuem para que a  guerra continue - depois tentou suavizar a acusação porque precisa da Europa. Para ser neutral era preciso dizer, por estas ou outras palavras: a Rússia tem que parar os combates e retirar as forças armadas invasoras E isso ele não diz

Os EUA e a UE não devem   contribuir para a guerra, quer dizer que não devem fornecer armas aos ucranianos - porque dessa forma a guerra acabaria e viria a paz, porque os "Putin" deste mundo procedem assim: a Ucrânia para eles seria esmagada pelos russos, logo acontecia a paz,  perdia a sua independência e a seguir todos os antigos países da URSS teriam o mesmo destino.  Qualquer duvida? Os "pacifistas" acham que se trata de uma operação militar especial tal como  os comunas cá do burgo que nunca falaram de invasão porque isso contradizia o camarada Putin de quem eles esperam que volte a reconstituir o grande império do sol radioso. O imperialismo americano ( que os deixa falar e protestar é maléfico) mas o imperialismo russo ( que mata, envenena e mete  na cadeia os que se atrevem a falar contra) é bom, trás de novo  o sol radioso da Sibéria...

Portanto, Lula amigo, diz forte e bom som, no mesmo palco e com a mesma exuberância,  para a Rússia parar os combates e retirar as tropas e então estaremos de acordo com o teu  pacifismo.

Mas lá dobrar a língua é que os "pacifistas" à moda do Lula não fazem...



quarta-feira, 19 de abril de 2023

 

Parecia que adivinhava...

Há 4 dias  apresentei aqui uma "carta ao director" do Publico  que não chegou a ser publicada, em que denunciava o ping pong entre Belém e o Tribunal Constitucional  sobre a lei da eutanásia. Parecia que adivinhava, o beato do PR voltou na devolver a lei ao Parlamento com   questões de ca-cara-cá. Além de tudo o  mais é uma falta de respeito do PR pela Assembleia da Republica  que pela 4ª vez reviu a lei para atender a questões ridículas, sempre com a " suprema preocupação" de proteger o doente. Safado, é  o que ele é.

E lá vem o parvo do Ventura ( parvo vem do latim parvus, que quer dizer pequeno, insignificante) da razão desta vez ao PR e o não menos  minorca do Montenegro a dizer quase o mesmo embora dentro do PSD muitos deputados estejam a favor  E pensar que um minorca destes aspira  a ser primeiro ministro de Portugal!  Pobre Portugal, mesmo! 

Este socialismo democrático...

O PS comemora 50 anos, criado ainda na ditadura.  Muita mudança aconteceu desde então a ponto de quem é mesmo convictamente,  da esquerda democrática ter dificuldade em se rever nas políticas agora seguidas. Eu nunca fui associado do PS mas é evidente que a minha ideologia sempre foi a social democracia europeia; conheci-a em França e durante os vários meses que, por duas ocasiões,  vivi na Alemanha, tive oportunidade de perceber a valia das convicções democráticas da social democracia - liberdade acima de tudo, liberdade de opinião,  de associação, de expressão, respeito pela propriedade privada até ao ponto em que não colida com os interesses colectivos. 

Só em pormenores se distinguia da democracia cristã, as duas ideologias que rivalizavam maioritariamente  na Europa e um pouco pelo mundo europeizado, esta última sendo mais ligada ao conservadorismo que, apesar disso  era manifestamente democrática - nada tinha a ver com esta extrema direita que hoje pulula como cogumelos.

Viveram-se as  décadas de maior paz e harmonia, criou-se e enraizou-se o Estado de Direito como Estado Social - o mais avançado sistema que a humanidade já produziu  desde sempre.  Tudo isso está de novo em colapso com a revisão neoliberal das sociedades europeias. E como desde o século XIX o liberalismo cria as bases para as políticas  extremistas, à esquerda e a direita.

Diz-se que a História não se repete - talvez não, mas sucedem-se situações muito semelhantes em diferentes períodos da vida do planeta humanizado. 

Só no último século, a 1ª Grande Guerra foi consequência do desvario capitalista das nações europeias e do seu asfixiante desejo de domínio;  deu origem à expansão dos fascismos e nazismos, num lado do espectro, e ao comunismo do outro lado; sucedeu  a grande depressão americana e a necessidade  do Estado intervir e pôr cobro aos desvarios  do liberalismo. Keynes  foi fundamental e por isso ganhou a oposição à esquerda dos marxistas que o viram sabotar o seu posicionamento extremista ( a "democracia" popular sob a ditadura do proletariado,   uma engrenagem de clientelismo inadmissível!) e à direita  os liberalistas que o acusaram  de sabotar o capitalismo ( capitalismo selvagem, como eles gostam). E veio  2ª Grande Guerra,  e as coisas só melhoraram quando caíram  os fascismos e quando a URSS soçobrou, restando os esqueletos que, como Putin na Rússia, continuam a movimentar-se  entre mortos-vivos...

Bom, afastei-me do essencial que era dizer que o PS está longe, muito longe, da sua ideologia fundadora. Já com o Pinto de Sousa  o liberalismo estava na calha em grande velocidade, por isso Sarkosi e Merkel lhe davam apoio: agora com esta linha do Costa já nada resta da social democracia  e por isso alguns socialistas históricos e com valor já declararam que não se revêem neste PS.


A política agrícola é ridícula 

A Ovibeja não convidou para a sua inauguração a Ministra da Agricultura (mas há Ministra disto? ) porque não lhe passam cartão. Quer a CAP quer a CNA estão de costas voltadas para a incompetência duma tutela ministerial  que faz tudo ao contrário do que deveria ser feito. E aquelas duas Confederações representam todo o espectro politico dos agricultores, da direita à esquerda.  Mas o que falha não é a ministra, o que falha é a política seja qual  for o tonto que aceite ir para lá.

 E para uma política agrícola tão rasteira não há nenhum técnico competente e com consciência  profissional que aceite ser ministro, vai para lá  só quem quer um tacho ou ter o seu minuto de fama - mesmo que seja má fama...

Lula e os pacifistas

Está na moda os pacifistas que gritam, que querem a paz, que querem os beligerantes sentados à mesa; o recém chegado Lula quer fazer figura entre os grandes "não alinhados" (estão apenas alinhados nos negócios  aproveitando os combustíveis  a 1/3 do preço, que a Rússia lhes vende) e diz à Europa e aos EUA que deixem de alimentar a guerra. Não dizem à Rússia para retirar as tropas, não dizem ao agressor que pare a agressão - querem é  que o agredido  baixe os braços - não têm lata para o dizer assim francamente. Se a Ucrânia deixar de receber armamento para se defender - não é para atacar ninguém - perde a guerra e  vem a paz. É essa paz que querem os pacifistas ?  Porque se a   Rússia quisesse apenas  que houvesse paz, não tinha mentido, não tinha feito manobras durante semanas ao longo da fronteira, mentindo e dizendo que não havia guerra e de um dia para o outro invadiu a Ucrânia. Não foi assim ?  Os pacifistas acham que Putin,  o democrata, o libertador dos povos,  não quer apenas reconstituir o Império soviético? Ou esse imperialismo já é aceitável? Perguntem ao Navalny e aos outros opositores qual é a democracia do Putin que os pacifistas apreciam... Digam a verdade ou calem-se- não se pode estar com um  pé em cada lado no  caos de uma agressão. Puxa,  tanto cinismo! NÃO suporto uma guerra destas na Europa ( ou em qualquer outro lado, claro, mas cada um preocupa-se com  a sua vizinhança).







terça-feira, 18 de abril de 2023

Este belo tempo de Verão

Cada vez mais a alteração do clima se faz sentir como há anos vem a dizer os investigadores, nomeadamente o IPCC que monitoriza os parâmetros físico-químicos e biológicos da Terra. Estamos em Abril com temperaturas acima de 28, 29 ou 30ºC - o que é um tremendo disparate climático, um exagero: à volta da minha casa já os relvados estão secos e a terra começa a gretar. Sinto constrangimento, apesar de saber tão bem este calor, depois dum Inverno particularmente frio e desconfortável para quem estava habituado aos Invernos algarvios.

Tenho ouvido com frequência, como agora neste momento, a 9ª Sinfonia de Beethoven, uma música que me transmite bem-estar - a tal Alegria que a sinfonia pretende  transmitir. Em 7 de Maio vai fazer 199 anos que foi apresentada, para o ano comemoram-se 200 anos dum dos maiores produtos ( para mim o maior em termos musicais!) da genialidade humana.

Pegando no Hino à Alegria de Shiller, Beethoven,  já quase surdo, foi capaz de conceber naquele seu cérebro perturbado, esta composição tão complexa e ao mesmo tempo  tão harmoniosa - tão bela!! É das coisas que me faz repousar a mente, e ficar mais descontraído. O 3º andamento, começado agora,  então abre-me a esperança para o final que é tão poderoso - agora é mesmo só harmonia!!


Faz esquecer por momentos os horrores da guerra, da fome, da sede do sofrimento de milhões de pessoas inocentes que sem culpa nenhuma vêem recair sobre si um castigo que não mereciam.




sábado, 15 de abril de 2023

 

 A morte medicamente assistida.

Continua a saga da lei sobre a morte medicamente assistida, que se tem revelado como mais um caso de antagonismo clássico  entre conservadores reaccionários e progressistas, confronto que está para lá da dicotomia esquerda e direita.

Como escreveu neste jornal um especialista, as sucessivas mudanças - qual ping pong entre Belém e o Tribunal Constitucional - parecem afinal destinarem-se mais a sossegar a consciência das pessoas que decidem ( ultrapassando  a Assembleia da República!!) do que quererem a melhor opção  para quem sofre sem remédio.

O suicídio assistido será sempre uma possibilidade, mas para quem já assistiu a um doente terminal, consciente do seu estado a quem os propalados cuidados paliativos adormecem a dor física mas nunca o sofrimento psicológico,  não pode negar a não ser cinicamente e por hipocrisia, que, com todos os cuidados medicamente irrecusáveis, só a eutanásia pode ser a solução.

Quem como doente terminal pede para si a eutanásia não está a impor essa vontade a outras pessoas, ao contrário dos que querem impedir esse acto de misericórdia que pouco se importam com o sofrimento e a vontade do doente.

Carta ao director, enviada a 6 de Abril  ao PUBLICO e nunca publicada

 Republica e democracia

Nos primeiros anos da Republica, após o derrube da monarquia,  a pouca vergonha era tanta que os portugueses se fartaram e receberam com euforia a revolta que desceu do Norte e acabou em Lisboa para implantar a ditadura - durara 16 anos! A ditadura durou quase 50!!

Comemoram-se em 2024 - próximo ano - os  50 anos em que se escorraçou a ditadura e voltou a democracia - e  a preocupação com a nossa vida publica não pára de crescer.

É aflitivo o estado de falta de  ética  e as poucas  vergonhas, as autênticas estórias de conteúdos de alcova,  que se descobrem todos os dias,  já não  todos os meses  mas  todos os dias !!

A sujeira da TAP  veio destapar toda a teia de corrupção, compadrio, manipulação política, a um ponto tal que pessoas -  talvez demasiado ingénuas (como eu...) - não queriam acreditar!

É o maior excesso de pouca vergonha e de falta de ética, tudo à volta sempre dos mesmos e das pessoas das mesmas famílias, num circulo fechado e restrito que revela a situação de isolamento em que se encontra o António Costa face ao resto da sociedade. 

Como é possível? Será que de repente um homem considerado um dos maiores políticos da nosso tempo deixou que as poucas vergonhas façam parte do seu currículo? Será que não se apercebe do mal que está a fazer à democracia,  à gestão pública e à ideia do que deve ser uma esquerda democrática? Dá para acreditar que seja por arrogância ou  apenas por estupidez natural?

Claro que toda a direita e em especial os abutres da extrema direita, os chegas e quejandos,  se aproveitam desta séria ininterrupta de vergonhas e crescem como as hidras cresciam com os seres de que se alimentavam.  Como custa ouvir uns chegas e uns "liberais" a terem razão,  porque se aproveitam dos pontapés na ética que o PS continua a praticar!!

Por muito que me custe, não posso deixar de pensar no desaire da 1ª Republica e de como a extrema direita se aproveitou do descalabro das instituições; e, para agravar, hoje   por toda a Europa os fachos  estão de novo a crescer a olhos vistos,

Vá de retro Satanás!!

Se juntarmos a isto outras situações como são os inadmissíveis casos de assédio sexual até  em Universidades, as falcatruas de bancos, banqueiros e políticos, os acontecimentos quase semanais de corrupção nas autarquias, a displicência com que os governantes  assumem posições que a seguir são desmentidas, enfim,  até eu que nunca fui moralista começo a achar que a sociedade está podre. 



domingo, 9 de abril de 2023

 Divagando...

Há filosofias saídas da mente de alguns privilegiados do pensamento que dizem verdades que acabamos por reconhecer como sendo também as nossas ideias....se pensarmos nisso.

Pensar na vida e na morte é inevitável, mas nem todos entendem que existe um único processo; a morte existe depois de um tempo de continuidade do processo vital, ela é o culminar desse processo. Nietzsche  foi um dos que expôs essa ideia e, estando em desacordo com ele em muitos aspectos, não posso deixar de aceitar que foi um génio e à frente do seu tempo - até do nosso tempo onde se continua,  em alguns sectores mais retrógrados e conservadores ( no mau sentido), a laborar nos mesmos equívocos.

Devemos viver a vida ao máximo, sempre foi o meu lema! 

Aceitar a vida tal como ela se nos apresenta e com que nos confronta - quem assim procede está em consonância com a Natureza, com a física e a química que presidem ao processo vital ao qual nós podemos dar um jeito dentro de certos limites mas não podemos alterar o percurso  em definitivo  - a não ser pela morte...

A  vida é a maior "obra de arte do universo, é nela que  conjugam todos os grandes valores que foram despoletados pelo Big Bang e nada espera de nós nem de nós necessita seja para o que for; se esta forma de vida desaparecer outra nascerá ( ou até já terá nascido...) em qualquer local do Cosmos.

A matéria existe antes que se tenha qualquer conhecimento dela; a matéria é anterior ao pensamento e às ideias que se foram construindo depois.

O pensamento não é nada de espiritualmente superior, ele resulta da própria evolução material do ser humano, foi-se ampliando  à medida que o cérebro e a concentração de energia foram acompanhado a evolução biológica dos seres animais superiores. A História do Pensamento revela essa mesma evolução no tempo. Desde  os seus primórdios que os homens pensam e meditam sobre a matéria que os rodeia.

Quando Demócrito concebe o átomo  havia quase um vazio à sua volta, ele mesmo não tinha qualquer conhecimento para defender ou descodificar essa teoria. Mas a "ideia" do átomo divisível em partículas cada vez mas pequenas estava na própria génese do pensamento.

O  homem deve a si mesmo e às suas evolução biológica e  evolução de consciência ( esta não como  propôs  Teillard de Chardin devida à dádiva dum Deus maior, mas como  resultado do seu próprio processo biológico) a sua posição de supremacia no mundo do planeta onde esta forma de vida se desenvolveu.

O antropocentrismo  levou a excessos de convicção de o homem finalmente ser um ente  que se sobrepôs à sua origem natural- isso  levou à degradação e erosão dos alicerces da própria Natureza e ainda hoje estamos a pagar  - sem dúvida a começar a pagar - as alterações  que as acções humanas produziram nos ciclos naturais.

Termos consciência desta nossa força é não só essencial  como é o motivo para um aperfeiçoamento da nossa vivência - e as imensas capacidades das tecnologias que se têm criado, e que podem jogar para lados antagónicos, terão forçosamente de evitar a continuação do suicídio colectivo que poderá  levar ao desaparecimento da forma devida que é a nossa.










 Manuel Baptista

Estou em Penafiel uns dias, melhor em Carrasede,  e acabei de saber pelo Sul Informação que morreu o Manuel Baptista. Não se esperava a morte dele, coisa que acontece muitas vez sem a gente se aperceber.  É uma perda nacional e só lamento não ter tido mais oportunidades para com ele conviver mais de perto, apesar de termos boas relações.   Este ano está a ser  "rico" em mortes ilustres, esta deixa uma grande, enorme, lacuna na arte em Porrugal.