segunda-feira, 26 de março de 2018

Espanha  ? Antes Castela e Catalunha!!
Para mim a Espanha não existe como nação, a Espanha é uma ficção,  uma invenção  de Castela para dominar a Península Ibérica, que era habitada por uma infinidade de etnias, cujas  designações variam com a origem historiográfica que as elenca, como celtas, íberos, celtíberos, lusitanos, turdetanos, astures, galegos, indigetas, sordones, lacetanos, etc.
Quando Roma estabeleceu a sua província da Hispania, achou-a constituída por todas essas etnias. Não era uma nação, era uma região habitada por muitos povos. Com o tempo os povos peninsulares acabaram por se concentrar em algumas comunidades mais coesas, com linguajar próprio, cultura identitária e acumulando tradições seculares, 
No litoral fixaram-se os bascos, os galegos, os lusitanos, os andaluzes e os catalães, ficando os castelhanos a ocupar o centro da Meseta.  Estes, com poucos recursos e sem saída parta o mar, tornaram-se guerreiros, única forma de subsistirem, o que historicamente é comum a  muitos povos conquistadores a quem faltava espaço vital para evoluírem
Castela soube tirar partido de ter de ser atravessada pelos outros povos que entre si quisessem comunicar sem ser pelo mar, criando -se rotas comerciais e guerreiras de fácil acesso ; e através dos casamentos reais entre os titulares dos diversos Reinos que se constituíram, foi cimentando a sua hegemonia, Os Portugueses cedo conseguiram a sua independência que mantiveram  graças a uma vigilância permanente e a várias  guerras  contra a invasão e a ocupação . Os catalães também sempre o tentaram, até em 1640.  Chegaram ser um reino poderoso que governou até na Sicília, criaram a sua republica nos anos 40 que foi esmagada por Franco e este, se a Alemanha tivesse ganho a 2ª Grande Guerra, não deixaria de se voltar também para Portugal .
O que estamos a assistir agora é mais uma vez Castela, com a sua ferocidade e a sua hipócrita ideia de democracia desde que seja a " sua democracia" a espezinhar e a humilhar a Catalunha e os catalães.
Um juiz , por trás do qual se escondem Raroy  e os políticos castelhanos, comanda hoje  toda a política catalã - uma vergonha ; e encontrou noutro país de "excelente polícia colaborante", a Alemanha, o parceiro ideal para fazer aquilo que por exemplo a Bélgica não faria : prender Puigdemon. Castela volta a encher as prisões com presos políticos que não praticaram violência nem distúrbios públicos, que não praticaram nenhum crime de lesa-pátria porque a pátria deles é a Catalunha, anexada à força por Castela em nome da figura histórica  de Espanha.
O sacrifício dos catalães não será em vão; é apenas mais uma  questão de tempo, demore o tempo que demorar.
E relembro mais uma vez  que na Constituição Portuguesa que está em vigor se diz expressamente que Portugal reconhece o direito à autodeterminação e independência de todos os povos e o direito à insurreição contra todos os abusos de poder sobre os povos. E então o que está acontecer na Catalunha não é um legítimo acto de insurreição de um povo que quer ser independente ? A hipocrisia política não tem limites !!

domingo, 25 de março de 2018

Ilídio Alves de Araújo


Ontem 24 de Março, a Câmara Municipal de Celorico de Basto levou a feito no seu Salão Nobre uma sessão de homenagem ao meu Mestre e Amigo Ilídio Alves de Araújo, que faleceu no dia 15 de Janeiro de 2015 , um dos mais ilustres filhos daquele Concelho, natural de lugar de Pedroso, em pleno Planalto da Lameira que ele tanto amava e a cuja vivência  se  manteve fiel até ao fim dos seus dias.
Mantive com ele uma longa e frutuosa amizade, sempre que eu ia ao Porto pelo menos uma manhã era destinada a conversarmos no seu atelier que nos últimos anos virara apenas gabinete de História.
Tive ocasião, ontem de voltar a recordar em breves palavras o grande homem do saber que foi Ilídio de Araújo, e estiveram presentes a viúva,  dois irmãos e uma irmã, os filhos e netos, e uma plateia cheia de gente que o quis recordar. Também falou a Teresa Andresen, igualmente devotada admiradora daquele notável Arquitecto Paisagista que pertenceu à geração dos primeiros grandes licenciados na "arte e ciência de ordenar o espaço em relação ao homem"  como ensinava o Prof. Caldeira Cabral, e de que ainda resta vivo o Gonçalo Ribeiro Telles.
Eu estive com o Ilídio pouco mais de uma semana antes de ele falecer, e parecia aparentemente que estava como eu já o encontrara outras vezes antes, com a doença a corroê-lo por dentro sem quase sinais visíveis que a detectassem - mas ambos sabíamos que não era assim. Vestido com um pequeno " robe de chambre", seco mas com as feições tranquilas,  já com as mãos envoltas em ligaduras, batendo com dificuldade nas teclas do computador, ainda me mostrou alguns textos dos que estavam gravados num CD reunindo mais de 800 páginas, que me entregou. Bebemos um cálice de um bom vinho do Porto, e comemos uns bolinhos caseiros que a Dª.Cândida,  a esposa, nos trouxe e despedimos-nos com um longo abraço, sem uma palavra, sabíamos que era o último ; veio até à porta e essa é a última imagem que guardo dele enquanto eu descia as escadas ; acenando com a mão, sem um esgare que manifestasse emoções.
Disseram-me os filhos que nessa semana seguinte ele desistiu de lutar, psicologicamente entenda-se, deu entrada no hospital e já não voltou vivo de lá. Isto fica para memória futura. Como disse o Prof. Pedro Ferré da Universidade do Algarve, o Ilídio era uma verdadeiro Príncipe do Renascimento!

quarta-feira, 21 de março de 2018

A espuma dos dias

Estive ausente duas semanas, o que permitiu um certo distanciamento temporário face às questões e questiúnculas da nossa terrinha, e suspendeu as notas deste blogue. Vou retomar a focar alguns casos que saltaram para a primeira linha das novidades.
1- A seca, as chuvas, os incêndios e a floresta- Nestas duas semanas em que estive ausente as chuvas caíram com alguma abundância, o que para já afasta o espectro da seca que traria o caos ao país; mas não ficou nada resolvido em definitivo. Tal como alguns disseram será preciso que haja uns 2 a 3 meses de chuvas abundantes para que os aquíferos e as albufeiras voltem a uma situação de desafogo ; é possível que em Abril e até em Maio ainda venham a ocorrer precipitações com algum significado. Mas veremos se o Ministério da Agricultura ( e teoricamente das Florestas) e o do Ambiente aprenderam a lição à custa de um valente susto; quanto aos incêndios florestais  se o próximo Verão voltar a ser, como as previsões climáticas têm indicado, de altas temperaturas e baixos índices de humidade atmosférica, o risco dos fogos vai manter-se.  Se existisse uma Autoridade Florestal Nacional com a sua estrutura implantada no território que garantisse ao longo do ano a vigilância e assegurasse junto dos proprietários a limpeza adequada dos matos e matas, o risco seria consideravelmente menor. O relatório da Comissão Técnica acabado de entregar parece (parece, pelo menos) apontar nesse sentido. Mas o desmantelamento dos Serviços Florestais  efectuado pelo PS, hoje de novo no Governo, e assumindo  como sua a continuação da política que foi apanágio de Assunção Cristas no anterior Governo, não deixa antever que este PS de hoje faça diferente. O futuro dirá...

2 - A demissão do Secretário Geral do PSD - Porque é que esta gente da política quer ser doutor ou engenheiro à força? Não lhes basta ser o que são se forem dignos e decentes ? Já começa a ser assunto corrente esta dos políticos "adquirirem" títulos universitários. Neste caso, mais uma vez, ter a lata de vir desculpar-se dizendo  que nunca tirou proveito de ser convidado para professor nos EUA, dá para comentar :  então para que colocou esse cargo no currículo !? Ainda por cima querem fazer de nós parvos...

3 - Grandeza e elevação - O Presidente da Republica veio dizer no seu discurso na gala do desporto, que é necessário grandeza e elevação no desporto em geral e no futebol em especial. De boas palavras está  o futebol tão cheio como o inferno de boas intenções.
Se querem devolver alguma decência ao futebol - não sei como é que isso se consegue  mas  comecem  por mandar para a reforma as direcções pelo menos dos tres principais clubes de futebol, que são os primeiros responsáveis pela crispação, baixo nível  e falta de decência que hoje lavram no chamado desporto - rei. Com esta categoria de dirigentes, todos eles sem excepção, não há volta a dar ao primeiro escalão do futebol português, um campo minado de negócios mais ou menos escuros de que nunca se chega a saber a verdade. 


4 - As redes sociais - Está agora a levantar-se  grande celeuma com as peripécias do facebook e só estranho que tenha tardado tanto a surgirem. Quem não pertence ás redes sociais não existe, e eu que não uso nem o facebook nem o twiter não existo... Para mim uma sociedade civilizada tem de regular-se por regras, e a comunicação social tem regras, as quais quando são violadas possibilitam o recurso à justiça.
A mim tanto se me dá que me ataquem, ofendam ou elogiem nas redes sociais que eu não tomo conhecimento disso, se quiserem dizer-me alguma coisa façam-no pelos meios da comunicação social escrita ou audiovisual. O escândalo do facebook agora revelado é apenas mais um sinal do icebergue  que anda por aí à deriva, até que as sociedades se disponham a regular definitiva e eficazmente a internet.

domingo, 4 de março de 2018

Meteorologia Popular
O povo sabe provérbios e ditados que se baseiam em séculos de experiência de gerações sobre gerações. A Ciência ri-se desses ditos mas uma coisa é verdade, acertam muitas vezes-  e então em assuntos de meteorologia não se pode dizer que as previsões dos cientistas ( que de resto eu respeito muito e são objecto do meu estudo) sejam mais seguras.
O dia 2 de Fevereiro para além de ser o dia do Regicídio, é no Norte o dia da Srª das Candeias e aqui  no barrocal, para as senhoras velhinhas minhas vizinhas, dia de Stª Maria. E ensinavam isto : Sta Maria a sorrir ( dia de sol), está o Inverno para vir; Stª Maria a chorar ( dia de chuva) está o Inverno a acabar. Garanto que há mais de 20 anos que sigo este ditado e dá sempre, mas sempre, certo. Como eu gosto de colher as favas no tarde, dizia-me a minha vizinha e amiga Tia Inácia, que se esperava pelo dia 2 de Fevereiro e se a previsão fosse  "do Inverno estar para vir" então semeavam-se as favas. E bateu sempre certo.
Este ano, 2018 no dia 2 de Fevereiro esteve um belo dia de sol - e vejam a invernia que tem estado a acontecer !! Os meteorologistas não sabem explicar e por isso dizem que são coincidências - coincidências pelo menos há uns 20 anos que dão certo...

Interrupção

Por umas duas semanas a partir de hoje o blogue vais ficar inactivo, pois ausento-me para umas férias. Quando regressar  pode ser que tenha alguma coisa da viagem que vou encetar que valha a pena registar. Veremos.

Arquitectura e arquitectos

O que está a acontecer em Lisboa com os projectos de arquitectura previstos para a Praça das Flores e para o  Largo do Rato, vem ilustrar uma situação que não é nova. 
Alguns arquitectos que atingiram o "estrelato" comportam-se como podendo fazer tudo o que o seu génio lhes suscita sem ter em conta o papel que a arquitectura desempenha na sociedade, Acham-se  no direito de impor a uma cidade o que eles entendem que é muito bom, sem quererem saber se esse é o sentimento de quem vai passar a conviver com as suas "obras de arte".
Repetindo argumentos já usados por vários autores e por mim mesmo noutras ocasiões, importa dizer que a arquitectura sendo uma das Belas Artes é também  uma arte social intrinsecamente ligada ao habitat das pessoas. Uma escultura, um quadro ou uma obra de musica cada um as vê e ouve se gosta, mas vira-lhes  as costas se não gosta,
Já uma obra de arquitectura erguida numa rua ou numa praça  é imposta a todos quantos lá passam ou vivem mesmo que se sintam constrangidos por qualquer mamarracho considerado obra de arte pelos seus autores e, o que é mais grave,  pelos "geniais" decisores municipais para quem o gosto não se discute - ora o gosto discute-se e sobretudo quando se trata de uma imposição que para sempre ficará a ocupar um espaço que a população, a tal que "não tem gosto", vai ter que aguentar.
Um arquitecto que projecta para o espaço publico tem que ter em conta o genius locci do lugar; ele não está a projectar num espaço vazio ou destruído por uma guerra ou por um cataclismo, está a renovar o tecido urbano que  por vezes  - muitas vezes - representa a alma do lugar e faz parte da imagem quotidiana para quem lá vive ou ali usufrui o espaço ;  deve por isso ter em conta o ambiente arquitectónico, social e cultural que existe e respeitá-lo.
Vir argumentar que não se pode pôr em causa a "autoridade do autor" e se tem que aceitar o que cada  um desses grandes artistas quer produzir, é para se responder que mudem de terra e vão projectar  entre pessoas "mais cultas", noutro país qualquer, noutro continente... A  importância que algumas  estrelas da arquitectura ( não são todas, felizmente) se atribuem a si mesmas, tem levado a ofensas ao património local, que para quem vive  nele é chocante - não faltam exemplos.
Um pouco de humildade e respeito pelo habitat onde se pretende construir devia  fazer parte da actuação  de alguns arquitectos e levar as autoridades municipais a terem em conta a opinião dos seus munícipes em assuntos que são evidentemente do foro da discussão do "gosto" e " não gosto", mas que colectivamente deve prevalecer  a vontade geral numa sociedade democrática. Nada de imposições em matérias que não são fundamentais para a vida urbana!!