sexta-feira, 24 de maio de 2019

A Europa - Vou estar ausente o fim de semana ( mas já votei antecipadamente...)  e quando voltar a escrever já se saberá como vai ficar o Parlamento Europeu.
Ao contrário de muita gente - e talvez me engane - eu não estou convencido de grandes triunfos da extrema direita e muito menos de ameaças fascistas ou até nazis como já por aí  se quer  dar a entender.  
Vamos assistir a um crescimento desses votos em partidos populistas, racistas e xenófobos, mas serão muito mais em todos os outros partidos. Além disso ao mesmo tempo que tem vindo a crescer a propaganda desses grupos de direita radical, também por toda a Europa  tem havido um crescendo de partidos de esquerda moderada e de ecologistas, que reagem contra a apatia dos velhos partidos tradicionais que não são capazes de se renovar.
O liberalismo é assim,  é como uma hidra de muitos tentáculos. que encolhe e estende consoante o ambiente é ou não favorável e aproveita gulosamente os excessos da direita radical facilmente subornável pelos cantos de sereia do dinheiro ; a falência das ideologias moderadas como a social democracia e a democracia cristã, também elas incapazes de resistirem aos apelos neo-liberais e aos atractivos que os poderosos interesses económico-financeiros manobram com mestria,  faz parte do ciclo de etapas do comportamento das sociedades humanas. Mas o triunfo do fascismo e ideologias quejandas, não, por muito que assustem agora, para mim creio que "não passarão".  Umas franjas das novas gerações podem ser atraídas para esse lado da "dark force" mas a maioria das novas gerações vai exigir aquilo que a moderação pode oferecer, o controle dos desmandos do poder económico-financeiro ( o que não é o mesmo que o regresso dos comunismos, também eles enterrados na arca das velharias). a liberdade de expressão e de criatividade, a caminhada da Humanidade para a unidade e para o tal ponto Ómega que previa Teillard de Chardin... /( mesmo que eu dispense a intervenção divina para essa caminhada).
Vamos ter um PE mais fragmentado, mas as ideologias democráticas vencerão - e acredito cada vez mais as das esquerdas  democráticas e respeitadoras do Homem.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Um fantástico país , o Líbano  Faltava-me conhecer o Líbano para conhecer praticamente todo o Mediterrâneo, esta região que me fascina,  verdadeiro berço da civilização  ocidental, o Mare Nostrum dos romanos que antes foi domínio de fenícios e gregos e que através destes conheceu as ideias e os avanços de sumérios, persas, egípcios...
É espantoso vir encontrar aqui florestas de folhosas mediterrânicas frondosas e, nas montanhas mais altas,  as célebres florestas de Cedrus libanii ainda com tanta pujança, acima de 1500 m de altitude com abundância de nevoeiros e de neve apesar de já estarmos em meados de Maio!  Rios caudalosos que nós bem  gostaríamos de ter por cá, o famoso vale de Bekaa que é uma enorme planície fértil, verdejante, pomares e vinhas com produção de vinhos a quererem ombrear com os melhores - tudo surpresas!
O Mediterrâneo está ali no seu melhor - aquelas águas de azul tão profundo como o firmamento, sem marés e apenas pequenas ondas a morrerem nas praias; e no seu pior - a poluição , aqui deixada acontecer de forma inadmissível : ao longo da bela baía de Beirute, bordejada por uma praia contínua de alguns quilómetros, há várias bocas enormes de canos de esgoto a lançarem caudais volumosos de águas negras para a praia e para o mar, indiferente às pessoas que ali se passeiam e aos hoteis de turismo implantados à borda da água !!
O Líbano hoje vive em paz e parece tranquilo e com harmonia entre as suas populações tão diversas; estávamos agora em pleno Ramadão para os muçulmanos, com os seus estandartes e proclamações mas entre imagens da Virgem ou de Cristo em crucifixos !! Mas é um caldeirão em ebulição, um barril de pólvora... 
A guerra civil que o país conheceu entre 1975 e 1982, com a entrada de milhares de refugiados da Palestina, envolveu os cristãos contra os muçulmanos,  os exércitos da Síria e de Israel, e as milícias da OLP já que esta quis fazer do Líbano a sede da sua acção e com autonomia como se fosse um Estado autónomo. Cometeram-se atrocidades que ainda hoje são dolorosamente recordadas, Beirute ficou em ruínas quer pelos combates dos maronitas cristãos, quer pelos bombardeamentos da Síria e de Israel que invadiu o país em 1982. Houve tréguas conseguidas pelos países ocidentais, Israel porém só abandonou o território em 2000; mas também a Síria que tinha ocupado o norte libanês, ficou e só saiu face à pressão internacional e do próprio povo que começou a hostilizar as forças ocupantes.
É evidente que tanto a Síria como Israel acalentaram - e acalentam... - o sombrio desejo de ocuparem o espaço libanês, com tantos terrenos férteis, com tanta água, com um litoral tão importante e portos de mar estratégicos...
Houve mais escaramuças e conflitos sobretudo devidos ao Hezbolah, inicialmente milícias xiitas que combateram Israel, apoiados pelo Irão, mas que finalmente se tornaram um partido político e interiormente nunca fizeram actos de terrorismo.
Podemos dizer que existem uns 42% de cristãos maronitas e alguns poucos de outras confissões cristãs, e vivem sobretudo no Monte Líbano e nas regiões do norte do país; os xiitas uns  24%, habitam  em especial no sul do Líbano, em Tiro e a sul e norte de Beirute; os sunitas , uns 25 ou 26% estão maioritariamente na zona ocidental do vale de Bekaa, nos bairros centrais de Beirute e em cidades como Tripoli e Byblos a norte mas também Sidon a sul.E ainda uma minoria de druzos, que habitam sobretudo no Monte Líbano e a sul do país. 
Pode-se viajar em plena segurança por todo o país e Beirute como a Fénix, vai renascendo das ruínas e hoje é já uma cidade moderna, com boa arquitectura em torres elevadas, e apenas os bairros periféricos são de prédios velhos e mal conservados, Mas todas as avenidas novas e as marginais são bem o exemplo de uma cidade com planeamento urbanístico a querer fazer esquecer os anos negros do passado recente,
Voltarei a falar do Líbano um dia destes.





sábado, 18 de maio de 2019

Estou há uns dias sem escrever estas notas; antigamente escrevia as notas à mão, não propriamente um diário, mas apontamentos frequentes. Hoje é mais cómodo aproveitar a tecnologia do computador, onde se pode escrever e arquivar sem mais esforço...
E a principal razão, além de uma coisas para fazer, foi a  viagem ao Líbano, e isso merece uma crónica dedicada. Hoje aqui é só para anotar algumas ocorrências que não quero deixar de  registar.^
O famigerado Brexit - Já passou todos os limites da decência esta questão dos britânicos saírem ou não saírem da UE. 
Vão-se  embora, larguem-nos da mão e acabem com esta palhaçada em que transformaram um processo político que, vindo da apregoada mais antiga democracia do mundo, deveria ter sido um exemplo de  comportamento entre diplomacias europeias. Talvez por a democracia já ser muito antiga esteja agora a abrir   brechas, e também certamente porque os ingleses ( mais do que os outros "países" do Reino Unido)  e sendo os principais entusiastas pela saída, ainda não se tenham convencido que já não são tão importantes como eram há cem anos atrás e que o Império Britânico...já foi!  Agora por causa da indecisão em que vivem vão ter que organizar eleições para o Parlamento Europeu, mesmo que venham a sair dele daqui a uns meses. E temos de ouvir o desplante dum desses arautos da supremacia british dizer que sendo eleito vai lá estar apenas para fazer a vida negra aos ouros 27 membros da UE. Isto admite-se ?!!!
A campanha portuguesa para as eleições europeiasA campanha para as eleições europeias, em Portugal, está uma tristeza. Discute.se tudo menos as questões europeias. O PS é o bombo da festa, já se sabe que o Partido que estiver no Poder leva de todos os lados, mas agora é a direita trauliteira   que está a transformar  o debate num constante ataque não às ideias  mas ao carácter do candidato do PS.  Não tenho nada que defender o rapaz, mas sabe-se que como político foi uma má escolha, sem grande carisma, porém o que deveria ser discutido era o que ele defende para a Europa. Os partidos da esquerda, mesmo que não estejamos de acordo com muitas das suas propostas e do seu posicionamento face à UE, apresentam ideias e concentram-se realmente na Europa, mas  o CDS e o PSD apenas falam das coisas internas do país, dos fogos florestais, da fraca economia, desancam no PS e no pobre do candidato não pelas ideias que defenda mas pelas suas qualidades e nada, mas nada, sobre questões europeias.É uma vergonha e uma tristeza. Então a esquerda apresenta ideias, e a direita não tem nada para a presentar? Será porque as ideias da direita sobre a UE são as mesmas do PS e...ficava mal tanta coincidência ? Realmente este espectáculo é uma tristeza!