sábado, 22 de julho de 2017

As ribeiras do Algarve
As fotografias mostradas abaixo revelam o estado de conservação das chamadas "ribeiras" do Algarve que são linhas de água temporárias e sujeitas ao regime torrencial; poucas são as que se encontram limpas.
Olhem para estas fotos e pensem no que acontecerá quando vierem as grandes chuvadas que ocorrem no Outono, por vezes com violência. Quando havia guarda-guarda rios não só os proprietários  de terras nas margens eram obrigados a manter limpas essas margens, como as equipas dos guarda-rios  faziam a limpeza e manutenção dos leitos e das margens de que não se conheciam os proprietários.
Com menos Estado temos muito melhor Estado, só que os portugueses ainda não deram por isso.
Desaparecerem os guarda-tios, como desapareceram os guardas florestais e os cantoneiros, sendo que estes últimos mantinham as bermas e taludes das estradas livres de pegarem fogo com uma ponta de cjgarro que nelas caia.
Tres profissões que eram fundamentais para a salubridade e o ordenamento do território e que agora deixaram de existir, tudo em nome  de cortar nas despesas do Estado. Seria para rir se não fosse trágico.

Estado das ribeiras do Algarve

Ribeiras do Algarve



terça-feira, 18 de julho de 2017

A Humanidade gera monstros em todo o mundo


Eu sou daqueles  que acredita no Homem, não preciso de deuses para explicar o mistério da hominização, basta-me acreditar na Evolução. Penso que o Homem vai evoluindo sempre, primeiro como dizia Teillard de Chardin ( com quem concordo em quase tudo  mas  dispenso a entrada de Deus)  uma evolução sobretudo biológica no início, depois, cada vez mais, uma  evolução de Consciência. E nesse caminho multimilenar o Homem vai progredindo e caminhando para uma igualização para lá de credos, cores, raças..
Mas as forças de retrocesso que coincidem com as energias de progresso  na mente dos homens, têm por vezes ascendentes terríveis.
A Humanidade cria monstros, tem-os criado ao longo dos milénios  como sabemos pelos "arquivos" da Pré e da Proto História até aos dias de hoje. Por vezes surgem fases da vida dos povos, em todos os continentes, em que monstros humanos sacrificam milhares e milhares dos seus iguais como nenhuma outra espécie animal é capaz de fazer.
Mas já no século XX é bom não esquecer as tragédias mais ignominiosas que aconteceram, se é que podemos ter uma escala de ignomínia. Tivemos Estaline e Hitler, que provocaram milhões de vítimas por questões ideológicas ou apenas patológicas, que quase posso apelidar de satânicas. Lembremos-nos do Goulag soviético na Sibéria e na perfídia dos chamados Processos de Moscovo, e no delírio satânico das SS alemãs e dos campos de morte  onde à entrada existia um letreiro a dizer que o trabalho liberta...Pensemos  no genocídio perpetrado por Pol Pot na década de 70, no Cambodja; da barbárie de Idi Amin no Uganda também nos anos 70;  a carnificina dos Balcãs, em plano sul da Europa, que se julgava impensável depois da última Grande Guerra. Veio depois o terrorismo da Al Qaeda que desde 1988 começou a aterrorizar o mundo ocidental, levando a cabo  atentados sobre vítimas inocentes, e já neste século XXI ainda surgiu o Daesh que tem levado as atrocidades a um ponto mais que medieval, quase de filmes de terror barato, onde se praticam as piores infâmias.
É preciso que uma grande maioria de seres humanos continue  a centrar em si a prática do bom senso e a garantir a sanidade mental e comportamental dos povos, para que se possa mais uma vez erradicar este flagelo do terrorismo islâmico e conseguir algumas décadas de paz, Pesem embora os pequenos conflitos locais em todos os continentes, que para quem sofre e morre não são pequenos, mas quero dizer que não atingem a dimensão colossal dos terrores a que assistimos até aqui,
É preciso continuar a acreditar no Homem e na sua capacidade  inata para sobreviver e caminhar para a utopia do homem novo que tantos anunciam em vão.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Ainda o "assalto" aos paióis de Tancos



Esta história do "assalto" (entre "") está cada vez mais mal contada. No que se refere à responsabilidade sobre a seguranças dos paióis, como já disse antes, ela é do comandante da unidade ou unidades que têm os paióis à sua guarda. Isto não tem discussão.
Sobre a possibilidade de ter sido um assalto seguido de roubo, a qualidade e quantidade dos materiais que se dizia terem sido furtados punha de parte a ideia que o roubo se tivesse efectuado pelo buraco da rede que foi mostrado na comunicação social.
Mas o que parece saber-se agora é que afinal o que foi roubado foram munições antigas e prontas para serem abatidas; e que as faltas podem muito bem ter tido origem ao longo do tempo, por as munições serem usadas em instrução e ninguém dar baixa delas... 
Por fim colocam-se duas questões : uma é a notícia ter saído primeiro num jornal espanhol - quem é que deu essa informação?
A outra questão é a ocasião : agora que o Governo estava debaixo de fogo serrado por causa dos incêndios trágicos da zona do Pinhal, fazer sair esta questão (se tanto mais ela for uma série de disparates mal embrulhados ) tem um propósito nítido de embaraçar António Costa e nem que para isso seja preciso tentar emporcalhar as Forças Armadas.
Ou me engano muito ou ainda se vai descobrir a mãozinha da direita, de alguma direita trauliteira, por trás deste falso assalto e falso roubo. Veremos.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

O assalto e roubo dos paióis de Tancos

Já se esperava  que os partidos da direita viessem pedir o mais fácil, neste grave acontecimento, e que é a demissão do Ministro da Defesa. Até parece que o estado em que estão as condições de protecção e vigilância dos ditos paióis foram alteradas pelo actual Governo, em relação àquilo que estava no tempo em que a direita governou.
Mas também revelam, tanto à direita como à esquerda, desconhecimento sobre a forma como funcionam as forças armadas, neste caso o Exército. Só isso explica o escândalo que parece ter sido, para quem esperava ouvir  a proposta de lapidação do Ministro,  o Chefe do Estado Maior do Exército vir dizer que a culpa do que aconteceu não era do Ministro, era dos militares, . Claro que era,  e não vale a pena vir com argumentos de falta de  verbas, de cativações, etc
Os paióis e outras instalações militares estão sob a responsabilidade de comandos directamente afectos a elas., que fixam as normas que os regem.
Eu  penso no meu caso  : comandei uma Companhia em Angola e tinha um paiol; era uma Companhia Independente, dependia directamente do Brigadeiro Comandante do Sector. 
Se houvesse alguma coisa com o paiol da minha unidade, fosse assalto, roubo, incêndio, etc, o responsável nunca seria o Brigadeiro, era eu o responsável pela manutenção e segurança daquela instalação. Os paióis de Tancos estão entregues a uma ou mais unidades que os gerem e são responsáveis por eles, portanto escusam de vir com tretas pois os culpados directos são os comandantes dessas unidades.
Mas é de acreditar que o roubo se efectuaria sempre, mesmo que as tais vigilâncias e rondas funcionassem. Um roubo desta magnitude ?-Então pensam que não foi planeado ao milímetro  e que aquele material pesado saiu pelo buraco da rede ? Sabem quanto pesa um caixote com rockets ou com munições ? Saíram de lá às costas? 
Só foi possível efectuar um assalto daqueles com uma forte conivência interna, seja lá de quem for, de alguém que conhece bem por onde entrar, quais os intervalos das rondas (ou até a sua inexistência), e que sabia escolher o material que interessava. 
Eu até nem tenho grande simpatia pelo Ministro, mas neste caso ele tem tanta culpa no assalto como qualquer outro politico, incluindo os políticos do anterior Governo que não repararam na falta de segurança dos paióis de Tancos.
Continua a faltar idoneidade, decoro e bom senso no debate político em Portugal.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Venturas e desventuras dum Governo


O Governo que tem estado a governar sob a sigla de "geringonça" estava a tornar-se um caso de sucesso pouco habitual para as regras deste país, onde a politiquice toma muitas vezes o lugar do bom senso e do decoro. Os avanços sociais e económicos muito acima do que toda a gente esperava, tem sido motivo de elogios internacionais até de organismos de onde haveria pouco a esperar.
De uma semana para a outra o estado de graça caiu a pique, e convém parar um pouco para reflectir, passado o mais "quente" da surpresa sobre os factos inomináveis que ocorreram.
1 - Assisti, como milhões de portugueses, e de espanto em espanto, ao desenvolvimento do fogo da região de Pedrógrão, e como já vi e até bem de perto alguns fogos florestais,  fiquei surpreendido com a rapidez com que o incêndio progredia. 
Sabe-se que o fogo de copa, nomeadamente em pinhais e eucliptais, progride depressa e, com o sub bosque repleto de material combustível , com a falta de desbaste e limpeza do arvoredo ( as imagens das matas ardidas pareciam paliteiros, tal era a densidade de paus  que ficaram de pé) e com ventos favoráveis, o fogo tende a caminhar com rapidez - mas não na forma como aconteceu. As pessoas falavam em línguas de fogo que passavam por cima das suas cabeças, em chuva de fogo e outras expressões que vão muito para além do que acontece num incêndio florestal, mesmo de grandes proporções.
Finalmente o estudo científico do fenómeno, que não se faz de um dia para o outro e sob pressão, acaba por nos dizer que ocorreram um ou mais fenómenos meteorológicos pouco frequentes, mas não raros, conhecidos por downburst, que estarão na causa da dispersão fulgurante dos incêndios. O ar muito quente origina colunas descendentes de ar frio, com muita energia, que chegam ao solo e se dispersam em todas as direcções. Isso acontece  com alguma frequência nomeadamente no Alentejo, só que o grande azar foi a coincidência de  pelo menos um desses fenómenos ter acontecido sobre o incêndio que lavrava.
Houve  certamente várias falhas de comunicação, houve descontrole dos comandos do incêndio, houve certamente outras causas  humanas que não deveriam ter acontecido, ( mas que acontecem muitas vezes no meio de um incêndio florestal e nem se dá por isso ) e o que aqui digo não é para desculpar essas falhas - em condições meteorológicas normais, o incêndio teria crescido e teria progredido mas não da forma descontrolada que ocorreu.
E isto faz toda a diferença.
Vieram então uns "especialistas" que se formaram de repente em alguns órgãos de comunicação social, e também por acaso ligados à direita e aos interesses das grandes empresas de celulose, apostrofar quem se demarca da expansão do eucalipto, embora todos eles dizendo-se que não têm qualquer simpatia pelo eucalipto... Eu por mim já reconheci que o facto dos eucaliptais propriedade das empresas de celulose serem dos que menos ardem, é  porque têm aquilo que andamos muitos a denunciar há décadas: porque são ordenados e limpos o que não acontece às restantes matas, porque já não há guardas florestais nem sapadores suficientes para ordenarem e limparem a área florestal portuguesa. Mas que a área de eucalipto deve ser  restringida é uma condição básica para uma política de gestão florestal correcta.
Portanto muitos dos políticos e "especialistas"que se apressaram a gritar impropérios contra a ineficácia do Governo ( é sempre o mais fácil de apregoar) se tiverem um resto de pudor e bom senso, calem-se e meditem no que pode acontecer e ultrapassar a capacidade humana de resposta.
2 - O outro caso é o assalto aos paióis de Tancos.
Este refere-se a  um dos sintomas mais graves da nossa sociedade portuguesa. Ninguém acredita que um assalto daquela natureza, com aquela escolha de material a roubar, com a eficácia com que decorreu, pode ter acontecido sem a conivência e a intervenção de pessoas lá de dentro. 
Pode haver e certamente há,  falta de verbas  para reparar a rede, e outras coisas desse tipo. Mas então há quantos anos aqueles paióis estão assim ? 
Neste tipo de  armazém não basta o cabo quarteleiro que eu tinha na minha Companhia, para vigiar o paiol. Então não deveria ter portas especiais de segurança máxima, até com código de abertura ? Pedir  ao Ministro que se demita, é fácil ,ele é tão responsável directo como foram os Ministros dos Governos anteriores. Com quatro ou cinco unidades a funcionar em Tancos, não há militares suficientes para patrulhas e vigilância  aos paióis ? Foi por acaso ou coincidência  que não houve vigilância durante uma data de horas precisamente na altura escolhida para o assalto ? Alguém duvida da mãosinha lá de dentro ?
Um assalto destes obrigou a ajuda de dentro, o que significa corrupção. Esse é o sintoma que eu assinalei logo de início. Já temos casos de corrupção que cheguem na vida publica, em pessoas da governação, até nas polícias, até  entre magistrados,  -  agora nas Forças Armadas ? 

sábado, 1 de julho de 2017

O assalto ao paiol ( ou paióis...)

Acrescento "paióis" porque ninguém garante, de forma que possamos acreditar, que só foi assaltado um paiol em Tancos.  É de uma gravidade  enorme !!
A sucessão de factos graves que estão a acontecer revelam bem a pouca credibilidade que nos transmite a Administração Pública e digo isto com pesar, porque sempre fui defensor de um Estado capaz de gerir a sociedade ; mas as constantes e já antigas arremetidas para a diminuição das funções  do Estado, a favor da excelência da administração privada, teria mais tarde ou mais cedo que resultar no caos.
O slogan neoliberal de menos Estado para melhor Estado está a ter as suas consequências; e se um Estado totalitário, seja na esquerda marxista seja na direita fascista, é para mim inconcebível e inaceitável,  o desmantelamento das funções do Estado Democrático, em tudo quanto é de relevante carácter nacional, é muito preocupante , porque também mais tarde ou mais cedo pode dar lugar a reacções extremas.
Assaltar os paióis de Tancos ? Então gastam-se tantos milhões em sistemas de vigilância, em coisas mirabolantes, e não existe segurança nos locais de maior risco do país ?
Espera-se que o PSD e o CDS não venham agora fazer chicana política com este grave acontecimento, mas a falta de decoro é tanta que são bem capazes de vir proclamar gritos de horror pela falta de segurança  e exigir medidas e explicações.  É que eles estiveram  4 anos no Governo e, pelo que se vê, não tomaram medidas para garantir a vigilância e a segurança dos estabelecimentos militares. Devem por isso  perguntar  aos Ministro e Secretária de Estado que foram responsáveis no seu Governo pela pasta da Defesa, porque é que não tomaram providências ; tiveram sorte em não ter havido nenhum assalto com esta dimensão no seu mandato pois tinham dado pelo  buraco...