sexta-feira, 28 de junho de 2019

A  Terra reage
Em todos os continentes e latitudes a Terra começa a revelar a sua  reacção ás transformações que os homens têm vindo a introduzir nos seus sistemas. O planeta não quer saber quem é que está a provocar modificações nos seus ciclos vitais, quem é que está a alterar as proporções que os ciclos de vida geram há milhões de anos. Nem quer saber que existem homens ou quaisquer outros seres vivos que estão na origem destes fenómenos.
A Terra passa perfeitamente sem os seres humanos como passou serenamente sem os dinossauros, ela desde há muitos  milhões de anos que acerta as suas estruturas  e o seu comportamento àquilo que é o seu destino gerado no sistema solar.  E quando tiver que voltar a acertar a forma como as suas placas "ósseas" - as placas tectónicas - se encontram ligadas entre si, irá  fazê-lo como se desse um grande espirro ou tivesse um forte ataque de tosse - a Vida que existe sobre essas placas é que  não terá forma de se opôr...
Há homens gananciosos, estupidamente egoístas e ignorantes, mas com poder de vida e de morte  sobre milhões de outros homens, que continuam a ignorar os avisos que a Terra está a enviar - de que está a ser demais tanta provocação,  que a sua capacidade de adaptação atingiu os limites que podem iniciar as mudanças do seu comportamento.
Tudo indica que se hoje mesmo parassem os actos agressivos que a Humanidade está a infligir à Terra, a sua reacção levaria muito tempo a reencontrar o equilíbrio. Há um grau de aquecimento global que planetariamente  é inaceitável e a Terra tomará as reacções que  naturalmente lhe pertencem, para mudar os seus ciclos e as relações  entre os seus parâmetros vitais  mesmo que isso cause a morte ou a infelicidade de alguns seres vivos que para ela valem todos o mesmo. Os homens - alguns homens - é que parece não perceberem isso. 

domingo, 16 de junho de 2019

Carta sobre o Ministro do Ambiente
No seguimento de mais umas declarações do Ministro do Ambiente ao "Expresso" escrevi uma carta ao Director daquele Jornal que veio publicada no último número daquele semanário, de 15 de Junho. mas como saiu  muito truncada, entendo que a devo dar a conhecer na sua integridade essencial. Aqui vai pois.
" Exº Senhor Director do Expresso
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Já não é a primeira vez que o actual Ministro do Ambiente faz declarações  que muitos consideram provocatórias, mas agora entendi que é necessário repor alguma verdade.
O mais inadmissível que o senhor já disse, e repete, é que não é um ambientalista e dá para perguntar para que serve no Ministério do Ambiente um manga de alpaca - para fazer currículo? Porque se ele tivesse convicções ambientalistas podia ter acontecido este Governo do PS ter tido outras posições em assuntos fundamentais, de que apenas começo por referir o aceitar sem veemente protesto na EU  a construção do armazém para resíduos nucleares em Almaraz, que só por si evidencia o prolongamento da vida útil daquela decrépita instalação por mais umas décadas - atitude de um Governo português e de um Ministro que é simplesmente deplorável. Mas é o PS que temos.
Se ele fosse ambientalista considerava a Conservação da Natureza um pilar fundamental da política de Ambiente e nunca pactuaria com a situação das Áreas Protegidas e o ICN estarem a meias com as florestas no Ministério da Agricultura, pactuando com a decisão do anterior Governos de direita - direita que sempre desejou essa situação desde o Governo de Durão Barroso (podia explicar mas ocupava muito espaço).
Quanto ao PS não receber lições ambientais de ninguém, é para rir,  com pena o digo. Alguém se lembra de políticos do PS que tivessem ficado na memória por aquilo que fizeram ? Houve o primeiro Secretário de Estado Prof. Gomes Guerreiro que era uma personalidade extraordinária de convicções ,  depois quando o PS apresentava alguém com capacidade - e houve - nunca tinha apoio para deixar obra feita; foi o que aconteceu p.e com o Arqº Gomes Fernandes  com quem trabalhei, que sabia o que queria, mas pouco deixaram fazer. De resto recordam-se  Gonçalo Ribeiro Telles, Carlos Pimenta e mais alguns mas nenhum foi do PS, repito que com pena o digo. Agora é que acordaram todos para as Alterações Climáticas !
Espera-se realmente que um próximo governo se for do PS encontre um ambientalista que possa fazer e o deixem fazer uma política ambiental interveniente e eficaz. Com este titular não, certamente,

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quinta-feira, 6 de junho de 2019

A deriva autoritária e outras questões...

Quase sem darmos por nada estamos cada vez mais a deslizar para uma deriva autoritária, Há dois Ministérios que hoje dominam o panorama governamental - e a vida quotidiana das pessoas e das instituições - O Ministério das Finanças e o Ministério da Administração Interna.
Das Finanças já sabemos que sempre que um Governo é fraco é o Ministro que governa - foi assim desde Salazar, foi evidente com Passos Coelho e o seu Ministro patusco que falava em 33 rotações, e é assim com este Governo das esquerdas unidas. Esquerdas unidas só para os assuntos que servem os eleitorados de cada partido que suporta o  tal zingarelho governativo ( para não estar sempre a falar de geringonça).
Outro é o Ministério das polícias , o MAI, que  dá ordens  e quer comandar tudo. Quando se associam os dois dá aquele absurdo da  cobrança de impostos na autoestrada, próprio de uma republica africana ou sul americana mas absolutamente escandaloso num país com 900 anos de História da Europa ocidental onde nasceu, floresceu  e está a querer morrer a Democracia.  As desculpas esfarrapadas  não convencem ninguém de que o esquema organizado que se preparava para entrar em vigor por esse país fora era mesmo estratégico do Governo, ninguém se convence do contrário ( e depois casamentos, funerais, ofertas de prendas de aniversário, etc, etc). O MAI está presente no dia a dia de toda a governação, Relembremos que foi um MAI, António Costa, que em 2006 de uma penada mandou os guardas florestais para a GNR, dando a primeira machadada no fim dos Serviços Florestais; acabou com uma hierarquia de conhecimentos e organização que ia do guarda florestal. do mestre florestal dos engenheiros até aos Administradores florestais e criou mais um efectivo de polícias no MAI. Desde que existe Estado moderno e em todo o mundo os fogos florestais são combatidos - e eram também por cá - pelos respectivos serviços florestais e pelos bombeiros, com auxílio eventual a meios aéreos, em Portugal apenas se ouve falar dos grandes feitos do MAI e da Protecção Civil. numa atitude autoritária que, parece, a população aceita...
O Prof Francisco Rego queixa-se de que o Governo não liga nada às recomendações e propostas do Organismo  a que ele preside e que deveria ser a autoridade sobre fogos florestais - querem ver que ele não percebe que isso foi criado só para tapar a boca aos protestos porque quem decide  sobre fogos florestais ( e vigilância e tudo!...) é o MAI ?
Por decisão do Governo da direita as Áreas Protegidas foram fundidas com o que restava dos funcionários florestais, velha aspiração dos sectores especulativos da floresta industrial e da expansão urbano-turística, e o Governo do PS achou muito bem e não reverteu a medida. Nem a presença do PEV entre os partidos de esquerda que o apoiam comoveu o Primeiro Ministro; agora, nesta ano da graça de 2019, começaram ele e os seus responsáveis, a falar de alterações climáticas e grandes preocupações com as coisas do Ambiente; indiferente à opinião desfavorável e  generalizada, o dr. António Costa continua a apoiar o seu Ministro do Ambiente mesmo depois de ele ter declarado alto e bom som que não é ambientalista. Esta imposição de um manga de alpaca  para dirigir uma politica fundamental no século XXI que é a Politica Ambiente, revela bem o desinteresse estrutural do Governo  e do PS por essa politica -  e é uma atitude autoritária que devia cair mal - e ter consequências -  numa população civil  bem organizada, o que não acontece.
Aspectos nitidamente autoritários são por exemplo as acções da fiscalização do transito em que, sem justificação e em mandato judicial, a polícia manda abrir a porta da mala do carro e inspecciona o conteúdo; é um abuso mas toda a gente acha bem e ninguém protesta; ou quando um magistrado vai entregar um mandato de prisão a casa de um cidadão ( ou até no Parlamento, como já aconteceu) e leva atrás de si a televisão e os jornalistas - é um escandaloso abuso sobre as liberdades individuais dos cidadãos.
Outras questões avulso...
-A corrupção é notícia de abertura de jornais e telejornais; membros do Governo acusados de favores políticos, o vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre está a ser julgado ; greves dos guardas prisionais põe em risco a segurança nas prisões e a saúde dos presos; um polícia exemplar denuncia actos de racismo entre alguns agentes - não sobre toda a corporação mas sobre casos isolados de policias. e é obrigado a demitir-se, sinal dos tempos; o Presidente do IPO do Porto e dois autarcas são acusados  de troca de favores  por influências, só o facto de a noticia ser dada mesmo que os visados desmintam, já é um sinal muito mau; Joe Berardo goza com o Zé Povinho em pleno Parlamento, deve milhões e milhões e anda por aí a pavonear-se - e o que terá acontecido a um processo internacional que recaía sobre ele por ter "trazido" largas dezenas de plantas cicadales duma Reserva Natural da África do Sul para a Madeira ?
- De vez em quando Passos Coelho ou Miguel Relvas falam para dizerem que ainda estão vivos e...à espera de novas oportunidades.
- Anda toda a gente entusiasmada com o crescimento do PAN, mas poucos se apercebem que ´é um partido animalista e às vezes, só às vezes, ecologista - basta ler o programa eleitoral na net onde as coisas vagas que todos os partidos desde a esquerda à direita dizem  são posições suas.  É melhor que nada ? É, mas não dá para confiar demasiado.
E sobretudo que os deuses nos livrem de António Costa e o PS virem a ter maioria absoluta; com a direita que temos hoje ( que os mesmos deuses a mantenham assim por larg...o tempo)  e tão propícia a autoritarismos,  uma maioria absoluta com esta orgânica e com a mentalidade que hoje temos na governação, seriam abusos sobre abusos sobre as nossas liberdades.






segunda-feira, 3 de junho de 2019

Ainda a Europa
O canal Mezzo acabou de nos transmitir o espectáculo da comemoração do 14 de Julho de 201\7 em Paris.  Em frente à Torre Eiffel assistiu-se a um deslumbrante serão com a mais bela música europeia e algumas  das vozes mais espectaculares com o fundo musical  da Orquestra Nacional de França. Terminou com a Marselhesa cantada em coro pelos muitos milhares de pessoas, muitos milhares mesmo, que enchiam todos aqueles espaços,  com um magnifico jogo de luzes que  preencheu aquela noite  parisiense. E os valores da Marselhesa são eternamente europeus!!

E eu dei comigo a pensar que só a Europa pode fazer coisas destas e transmitir a todo o Mundo até onde pode ir a sensibilidade e a grandeza do espírito humano. Paris ou Berlim ou Viena ou Roma  ou Bruxelas, com diferentes grandiosidades e sentido universal também Lisboa ou Madrid - quer se queira quer não foi desta Europa que se iluminou o resto da Humanidade, mesmo quando o não querem reconhecer e tentam impor valores seus que pensam apagam ou ofuscam os valores europeus.
Foram as sociedades europeias que conseguiram pela sua organização, pela  sucessivamente mais evoluída consciência social, pela ultrapassagem das peias impostas pelas religiões ( impostas e de que maneira !!) conseguiram dizia eu criar os valores civilizacionais do Tempo Moderno.  Imagine-se o negrume dos primeiros séculos da Idade Média, onde um Cristianismo expansionista e de propósitos totalitários para a vida dos povos e dos países comandava toda a vida, desde submeter os reis de todos os países  até fomentar as guerras santas contra os infiéis e dando as regras para o comportamento diário, laboral e familiar de todos os seres humanos que estavam sob a sua alçada.
Pense-se como foi arrojado o Renascimento, nascido dos impulsos inovadores da burguesia mercantil e dos nobres iluminados que com eles partilhavam ideias, anseios, desígnios de arte e de mentalidades... Foi graças a uma economia florescente e a uma população onde medravam elites pensadoras e de ambições universais, que a Europa deu novo impulso à Humanidade; e da barra do Tejo saíram os primeiros navios renascentistas  que iriam abrir o mundo aos olhos dos europeus os quais.  para além do Mare Nostrum,  pouco mais conheciam do que as costas atlânticas do norte.
Mais tarde o Iluminismo e a Revolução Francesa foi quem fez nascer o Estado Moderno, primeiro europeu e depois em todo o resto do mundo.
Digam o que disserem, foi com a Europa que o destino da Humanidade sempre se decidiu, e quando hoje outros polos de crescente importância, no Ocidente e no Oriente, ameaçam polarizar a vida planetária, eu continuo a acreditar que será da Europa que ainda vai sair o modelo de nova sociedade para o século XXI e para os séculos que aí virão,..
Alguns assustam-se com a subida de importância de alguns neo fascistas e neo nazis, eivados de nacionalismo espúrio e ódio racial ao estranho que lhe bate à porta, que se verifica agora nas eleições europeias; sem retirar a necessidade de se estar atento, eu creio que a grande massa dos povos europeus - não há um povo europeu, há povos europeus que souberam construir ao longo dos séculos uma ideia de civilização. Isso é ser europeu. Mas a grande massa dos povos vai querer  justiça social, vais querer de novo cortar as cabeças da hidra do liberalismo que está por trás, como sempre esteve,  das vicissitudes dos últimos séculos que passaram.
Eu acredito na Europa, desde que a união saiba respeitar as diferenças que a História atribuiu a cada povo - a diversidade na unidade global não é o mesmo que qualquer forma de perda de soberania ou de federalismo, não senhor. Mas seremos capazes se, respeitando as diferenças de cada um, construir de novo uma Europa que imponha novos valores ao mundo - e sobretudo ao mundo islâmico, o que merece outra reflexões porque estas já vão muito longas.