Navegação
à vista
Os
portugueses fizeram alguma coisa por esse mundo fora quando sabiam navegar a
médio e longo prazo, desenvolvendo as ciências e as técnicas que permitiam um
certo domínio sobre a governação das viagens e a politica a elas relativa.
Mas
como disse o poeta, que pensava mais e melhor que todos os nossos políticos e
intelectuais encartados, os portugueses ficaram demasiado cansados depois da
descoberta do caminho marítimo para a India.
Hoje governam-nos com políticas de terra à
vista, sem alma nem garra, o dia-a-dia dos cêntimos amealhados que se prometem
com grande espavento, mas que depois não se entregam para uso nas rubricas mais
exigentes, sempre à socapa, para as contas serem excedentárias e fazermos
figura na União Europeia onde alguém espera arranjar um lugarzito para uma gloriosa
reforma dourada.
O
Ministério do Ambiente já nos habituou, desde o anterior titular, a fazer de
conta que tempos uma política ambiental e muito melhor agora do que era antes
quando estava tudo mal. Tão boa que se trocam até velhos e honrados sobreiros por torres eólicas –e isso é dito
desta forma com tanta desfaçatez porque julgam que o povão é pateta e aguenta,
mas… não será prosaicamente apenas mais
um negócio da EDP?
Finalmente
decidiram que temos um problema com a seca.
Para
não alarmar o Pais o Ministro começou por dizer que este ano, em termos de seca,
estávamos melhor que o ano passado; só que há dois países, um a norte do Tejo e
outro a sul. Então lembrou-se disso e lá deixou escapar que afinal aqui pelo
Sul…estamos pior do que no ano passado. E vamos continuar a agravar as nossas condições
de vida a não ser que o Ministério tenha alguma combinação qualquer com os
deuses e saiba que este Outono vai chover a potes. Porque se não chover a potes
cá estaremos para ver como viveremos.
Se não estivéssemos a ser governados por navegando
à vista ( e vista curta), há mais de uma década que deviam estar em construção
não uma mais várias estações de dessalinização da água do mar – a única garantia
que permite assegurar a água potável; é que os milhões de portugueses que
habitam ao longo da faixa litoral estão a usar água obtida e armazenada no interior
cujas populações não têm outra alternativa. A nível do Mediterrâneo – e há
décadas já o Prof. Gomes Guerreiro proclamava que somos uma região
mediterrânica banhada pelo Atlântico - somos o país mais atrasado em recorrer a
esse meio de obter a água; e até um país atlântico de economia difícil mas
exemplarmente bem governado, Cabo Verde, tem toda a sua população servida por
esse método de obter água de qualidade.
Aqui
, com grande aparato ( e grande
investimento em euros) vai utilizar-se o caudal morto das barragens, que
é uma medida extrema, pois todos sabemos que se trata de águas residuais do
fundo, altamente poluídas que exigem tratamento exigente para serem utilizadas.
Não vão lançar aquela água directamente nas redes ou vão? A tal estação
dessalinizadora virá para as calendas…
Porque não vão aprender a fazer politica a médio e longo praxo, para
já neste domínio, como fizeram a
Espanha, Marrocos, a Argélia, etc e aprenderem a deixar de governar à vista em termos
de ambiente ( e em termos de toda as politicas, como é gritante para o sector agro-florestal? Já
começam a acreditar que as consequências das alterações climáticas estão mesmo
a cair sobre as nossas cabeças ou ainda se está naquela de ser apenas um ciclo
e tudo voltará ao normal? E o sector
agro-florestal?... É melhor ficar por aqui.