domingo, 25 de março de 2018

Ilídio Alves de Araújo


Ontem 24 de Março, a Câmara Municipal de Celorico de Basto levou a feito no seu Salão Nobre uma sessão de homenagem ao meu Mestre e Amigo Ilídio Alves de Araújo, que faleceu no dia 15 de Janeiro de 2015 , um dos mais ilustres filhos daquele Concelho, natural de lugar de Pedroso, em pleno Planalto da Lameira que ele tanto amava e a cuja vivência  se  manteve fiel até ao fim dos seus dias.
Mantive com ele uma longa e frutuosa amizade, sempre que eu ia ao Porto pelo menos uma manhã era destinada a conversarmos no seu atelier que nos últimos anos virara apenas gabinete de História.
Tive ocasião, ontem de voltar a recordar em breves palavras o grande homem do saber que foi Ilídio de Araújo, e estiveram presentes a viúva,  dois irmãos e uma irmã, os filhos e netos, e uma plateia cheia de gente que o quis recordar. Também falou a Teresa Andresen, igualmente devotada admiradora daquele notável Arquitecto Paisagista que pertenceu à geração dos primeiros grandes licenciados na "arte e ciência de ordenar o espaço em relação ao homem"  como ensinava o Prof. Caldeira Cabral, e de que ainda resta vivo o Gonçalo Ribeiro Telles.
Eu estive com o Ilídio pouco mais de uma semana antes de ele falecer, e parecia aparentemente que estava como eu já o encontrara outras vezes antes, com a doença a corroê-lo por dentro sem quase sinais visíveis que a detectassem - mas ambos sabíamos que não era assim. Vestido com um pequeno " robe de chambre", seco mas com as feições tranquilas,  já com as mãos envoltas em ligaduras, batendo com dificuldade nas teclas do computador, ainda me mostrou alguns textos dos que estavam gravados num CD reunindo mais de 800 páginas, que me entregou. Bebemos um cálice de um bom vinho do Porto, e comemos uns bolinhos caseiros que a Dª.Cândida,  a esposa, nos trouxe e despedimos-nos com um longo abraço, sem uma palavra, sabíamos que era o último ; veio até à porta e essa é a última imagem que guardo dele enquanto eu descia as escadas ; acenando com a mão, sem um esgare que manifestasse emoções.
Disseram-me os filhos que nessa semana seguinte ele desistiu de lutar, psicologicamente entenda-se, deu entrada no hospital e já não voltou vivo de lá. Isto fica para memória futura. Como disse o Prof. Pedro Ferré da Universidade do Algarve, o Ilídio era uma verdadeiro Príncipe do Renascimento!

1 comentário:

  1. Caro Fernando Pessoa, tenho a lhe agradecer todo o acompanhamento que tem feito à obra de Ilídio de Araújo. Não tem uma tarefa fácil, mas tem toda a coragem necessária para por no prelo muita da obra desconhecida de Ilídio de Araújo. Obrigado pela edição da sua fotobiografia, obrigado por tudo e pena é que a terra que ele tanto amava, se calhar não o reconheça da mesma forma. Se calhar fruto das "personalidades" de cada um. Abraço.

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