A espuma dos dias...
Forçado por razões de força maior a estar longe do blogue, retomo agora algumas notas das miríades de coisas que poderiam ser recordadas para memória futura.
1- O escândalo das barragens da EDP
O negócio da venda das barragens da EDP tem saltado para as primeiras páginas da comunicação social, e além das Finanças meterem os pés pelas mãos, lá aparece o tamanco do Ministro do Ambiente envolvido em mais um negócio, sempre na fímbria da legalidade, e isso tem sido um apanágio deste actual Governo de António Costa (AC) - as coisas passam-se todas no limiar do legal, mas eticamente são deploráveis.
O que mais me perturba e penaliza é ser uma governação de um anunciado socialismo democrático que devia ser um exemplo de lisura e de gestão da res publica, e acaba por ser o exacto contrário; se uma esquerda democrática tem ministros como o do Ambiente, da Administração Interna, da Justiça ( as trapalhadas mesmo que impostas por AC, descredibilizam quem parecia ser uma mulher eficiente), da Agricultura ( que é como se não existisse), da Saúde (embora se desculpe em parte pelo enorme esforço de ter apanhado com a pandemia onde nem a OMS nem a União Europeia tem sido capazes de trilhar um caminho escorreito ) - qualquer direita faria melhor.
2 - A História passada vista com o solhos de hoje
Já ultrapassa largamente a decência intelectual as baboseiras que se tem dito e escrito a propósito da nossa História, do colonialismo, da escravatura etc.
Só por um enviesamento ideológico, muitas vezes para apanhar o comboio do sensacionalismo e para estar in, é que continua a olhar-se e a criticar a História passada com os olhos de hoje.
Colónias houve sempre, desde que há Estados mais fortes e outros mais fracos, e o Mediterrânio - para só falar deste teatro mais perto de nós - é um excelente tratado sobre as colónias. Falando apenas nestes dois, a Grécia teve colónias em vários pontos, desde a Ásia Menor, à Líbia, à Magna Grécia. Roma teve a Grécia como colónia e teve outras inúmeras colónias mesmo quando lhes dava a designação de províncias ( tal como o Salazar fez no século XX...) - então os gregos e os romanos de hoje devem ter vergonha de terem tido aquelas colónias ? Ou por ter sido há muitos, muitos séculos, são de aceitar? Ah, mas os portugueses exploraram os territórios de outros povos- e os gregos e romanos, não ?
Se falarmos de colonialismo moderno é outra coisa.
Uma "historiadora" muito apreciada pela direita, disse que Salazar não criou o Imperio Colonial, recebeu-o de vários séculos de História - pois é, ai é que está a má figura dos portugueses, è que quando todos os países europeus colonialistas estavam a dar a independência às suas colónias, Portugal manteve a ferro e fogo as suas colónias eufemisticamente chamadas de províncias ultramarinas - para tentar enganar quem? Depois de termos sido pioneiros a dar a independência ao Brasil no século XIX, tivemos o atraso civilizacional que foi o salazarismo e a sua ideia medieval do Império - mas saiba-se que ainda hoje há monárquicos absolutistas a acusarem D. Pedro IV de ter sido um traidor...
E quanto à escravatura é outra conversa do mesmo género, sobre a qual já tenho escrito algumas vezes. K. Marx considera a escravatura uma fase da história da economia, que existiu em todos os continentes e em todos os povos e civilizações; não vejo nenhum país preocupado em pedir desculpa pela escravatura que os seus antepassados praticaram, por que esse pedido de desculpa é em si mesmo um absurdo.
Retirar daqui a acusação para hoje em dia se dizer que quem não sente essa culpa está a defender a escravatura, é uma baboseira. É impensável, por ser moralmente insuportável, alguém se propor a fazer escravos, no entanto quer o nazismo quer o estalinismo o que fizeram ao criar os "campos de trabalho" ( o trabalho liberta, como escreviam os nazis) ou o gulag da Sibéria, foi escravatura da mais bárbara,
Quanto aos portugueses terem que abdicar e envergonhar-se da sua História e dos feitos que fizeram e que estavam correctos na sua época, é só um aproveitamento populista dos "ventos da História" e para parecer progressista, como aquela proposta de derrubar o Padrão dos Descobrimentos...
Volto a escrever o seguinte : os barcos dos comerciantes de escravos (portugueses, holandeses, franceses, ingleses, espanhóis...) chegavam às praias africanas e não desembarcavam tropas para irem terra dentro arrebanhar os escravos - eram os chefes das aldeias, animistas ou muçulmanos, que acorrentavam os homens e os vinham vender às praias - já se viu algum chefe africano de hoje pedir desculpa aos seus povos por os chefes antepassados terem vendido os seus conterrâneos?
E fico por aqui.
3 - Disparates do confinamento
Tive de ficar uma noite num hotel de média qualidade, com uma diária que incluía pequeno almoço. De manhã deixaram do lado de fora da porta o pequeno almoço, que incluía sumos de fruta - mas não podiam deixar chá, leite ou café. Percebe-se ?
4 - A raspadinha do património
Só faltava ao Governo do AC mais esta anomalia : lançar uma raspadinha para financiar o património. Trata-se como todos sabem dum jogo que interessa sobretudo às camadas mais pobres da sociedade, com parcos rendimentos, a quem o vício do jogo fará gastar mais uns euros para tentar ganhar alguma coisa. Mais palavras para quê? É uma vergonha.
5- A direita em folia
Um cronista minorca, que ganha a vida a defender ideias liberais e a denunciar a esquerda e as suas capacidades de juntar centro com extremos, escrevia há dias que a direita tem de se expandir se quer ganhar eleições, e então o PSD só terá futuro se se juntar à "nova direita ( Chega e IL)" - assim, sem reticências, pois juntos têm mais de 13% de votos. Não sei o que a IL dirá desta sua inclusão no mesmo pacote do Chega...
Sem comentários:
Enviar um comentário