quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Olhando para a política internacional...

1-  A situação na Geórgia só não se transforma, para já,  noutra guerra de expansão do czar Putin porque os  custos económicos e sociais da guerra na Ucrânia estão a deixar a Rússia pelos cabelos, quer em mortes e feridos nas suas forças armadas quer na sua eco0nomia. 

Esta chamada de tropas da Coreia do Norte para combaterem  na Ucrânia, é uma derrapagem para a frente na guerra e vai ter, é mais que certo, consequências muito gravosas para a segurança mundial.

Na Geórgia teme-se o pior da parte de Putin, mesmo que agora as acções não passem de provocações.

Eu estive na Geórgia há uns tempos atrás, e relacionei-me com um jovem de quem, pode dizer-se,  fiquei amigo, mas por razões óbvias não identifico. Já nessa altura se temia que as eleições que iriam decorrer no fim de Outubro seriam problemáticas. O Partido que está no poder o Sonho Georgiano,(SG) ganhou as anteriores eleições porque se afirmava fervorosamente a favor da União Europeia  (EU); já o partido da oposição dissera o mesmo, mas quando chegou ao Governo, por pressão de Putin, virou o bico ao prego, por isso nas eleições anteriores ganhou o SG. E a cena repete-se, por pressão da Rússia que já ocupa 20% do território  georgiano,  voltou-se para Putin.
O jovem de quem fiquei com boas relações, quando eu lhe pedi há dias que  me dissesse o que se estava a passar, mandou este mail cheio de erros de inglês, mas dá para perceber
:

Hello, Mr. Fernando
I don't have enough energy to write u all this, because the situation is very sad. They robbed us the election. We have proofs but now it is hard to find against such a big money and influence. Everyone knows here that they robbed us with the proaganda of fear of war, but mostly with money and corruption like in Venezuela.

Sorry for not writting u until but I really was very sad and without energy. Let's see what hapends, there will be manifastations.
Thank you and good luck!

Creio que se nota aqui  bem o drama dos georgianos, na perspectiva de não poderem entrar na UE - por muitos erros e contrariedades  que a Europa da UE possa ser acusada, ainda é o derradeiro mundo da democracia em que queremos viver - e os georgianos   também querem.

 Veja-se como o húngaro Orban, verdadeiro "cavalo de tróia" de Putin dentro da UE, se apressou a ir àquele País garantir que a Geórgia, com fraude se fosse necessário, ficaria ligada à Rússia.

O depoimento que o jovem me mandou é o testemunho da pouca vergonha das eleições.

Eu mandei a seguinte carta para o PUBLICO mas até hoje não foi publicada :


 “As eleições na Geórgia”

Aqui há uns meses durante uma viagem que fiz ao Cáucaso, estive uns dias na Geórgia e conheci lá  um jovem, que já tinha feito um curso de aperfeiçoamento na Europa, e ficámos amigos; ele, não sendo filiado em nenhum Partido, já estava muito preocupado com o que seriam as eleições que acabaram de se realizar este mês.

Escrevi-lhe agora a pedir que me dissesse alguma coisa sobre o que se passou e ele enviou-me esta curta resposta, em muito mau inglês, mas dá para perceber o drama daquele povo tão cioso da sua independência. Atrevo-me por isso a transmitir a sua resposta,

Hello, Mr. Fernando
I don't have enough energy to write u all this, because the situation is very sad. They robbed us the election. We have proofs but now it is hard to find against such a big money and influence. Everyone knows here that they robbed us with the proaganda of fear of war, but mostly with money and corruption like in Venezuela.

Sorry for not writting u until but I really was very sad and without energy. Let's see what hapends, there will be manifastations.
Thank you and good luck!

Depois da “visita-surpresa” de Orban à Geórgia, a dar o beneplácito ao resultado das eleições, sabendo-se que ele não passa de um “cavalo de Tróia” de Putin dentro da EU,  o mínimo que a EU poderá fazer é exigir a publicação das actas das mesas de voto e recolher a opinião e as provas dos sectores que contestam o acto eleitoral.

 Esta é a voz dum jovem culto, que não identifico, e que aspira ver o seu país um regime democrático, como aspira a maior parte da população, pelo menos das muitas pessoas com quem lá falei sobre o assunto. “


Não vale a pena dizer mais nada.

2 O morticínio mantido pelos fascistas de Israel

É impressionante a barbárie que os sionistas comandados por Netanyahu continuam a perpetrar, já não só na Palestina mas invadindo o Líbano como se fosse terra de ninguém. Com a arrogância que foi sempre a causa de dispersão dos judeus, porque nenhum povo os tolerava, desrespeitam todas as leis internacionais, atacam a própria  ONU de uma forma que parece vir do maior país do mundo ( é pequeno mas tem o nuclear..) e com a concordância de facto dos EUA; com esta atitude, daqui a uma semana Trump ganha as eleições,  e o mundo vai entrar num caos ainda maior. Oxalá os americanos tivessem um vislumbre da desgraça que advirá daquele imbecil louro, que usa sempre as mesmas palavras, e não são mais de 50...







segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Estando fora do escritório não tenho nem mails nem blogue. E logo nestes dias em que sucederam factos espantosos que, vá lá, colocaram Lisboa ao nível de outras capitais europeias onde tumultos raciais são frequentes,  por isso  eis-nos a caminho do progresso social !!

Uma coisa foi patente neste dias de tumultos : um homem que por ser negro foi abatido por um policia que só sabia atirar a matar,  não sabia a atirar para as pernas ou os pés do individuo . Uma cronista  ilustre escreveu que se esta cena se tivesse passado na Avenida de Roma e  com um homem  branco o desfecho teria sido diferente...



Crónica da sociedade (3)

Uma frase atribuída a Fredric Jameson, o filósofo americano que faleceu em Setembro passado aos 90 anos, diz-me muito porque em parte também penso assim, sem no entanto aceitar todas as suas propostas : O futuro não é mais do que a repetição monótona  do que já existe.

Tal como se diz que a História não se repete, eu entendo que ela se repete, não sempre com cenas idênticas, mas com episódios semelhantes e ciclicamente reaparecidos; porque as causas sociais e politicas criadas pelos homens, desde que pensam e filosofam sobre a vida e a morte, sobre o ser consciente e as relações entre população e elites de poder, desembocam em crises sociais,

As guerras que ocorreram pelo menos desde o século XIX aconteceram depois de desenvolvimentos político-sociais e económicos que, se formos olhar com pormenor, descobrimos as mesmas causas geradas pelos processos de depressão  que o liberalismo  económico- financeiro provoca  também ciclicamente .

Fredric também afirmou : "é para nós , hoje, mais fácil a destruição da natureza e do planeta Terra do que o fim do capitalismo." Eu concordo com a preocupação que está encerada neste pensamento, mas penso que o capitalismo não desaparecerá  de todo porque é inerente à mente humana - mas, isso sim,  será fortemente controlado e por isso  transformado num  capitalismo social, expressão que parece equívoca e um conceito que  a esquerda mais combativa dirá ser  impossível acontecer . 

Mas é o desenvolvimento do poder das massas populacionais que forçará,  num futuro talvez não muito distante, a que se inverta a forma de repartição e distribuição da riqueza, sem que isso implique que a noção do que "è meu",  do que "é nosso" possa desaparecer. Se não acredito na utopia do socialismo ecológico como o padrão do futuro, penso no entanto que a situação de rutura dos recursos e dos ecossistemas, a asfixia que forçará cada vez mais a cultura de massas suficientemente  forte e dinâmica que levará por diante  - pois o desespero é uma mola imparável nas reacção das massas - a transformação  do capitalismo pornográfico dos dias de hoje. Os 5 homens mais ricos do planeta duplicaram as suas fortunas e mais de 5 mil milhões de outros seres humanos vivem abaixo do nível  da pobreza com uma larga faixa en risco de morte por subnutrição, sede, e doenças do foro alimentar.

As propostas  do marxismo, que durante décadas no século XX e ainda alguns resquícios que se estenderam para a actualidade, já demonstraram à saciedade  que não trazem  a felicidade das populações, mas geram oligarcas podres de ricos, na  Rússia,  na China e em todos os outros países desse ranking. Esse marxismo pertence à História da Humanidade. O risco está agora na subversão das democracias liberais causadas pelos erros que politicos mail preparados ou  corruptos   e que servem de motivo para se imporem sociedades iliberais  que já pululam por aí. Mas o que eu penso sobre o futuro a encaminhar-se para um capitalismo social não será para já - a não ser que as circunstâncias do planeta e da  condições da atmosfera que o rodeia venham a impor uma radicalização dessa transformação por meios mais violentos  do que pela assunção  e interiorização do futuro inevitável.

Tudo isto precisa de mais funda pesquiza mental e desenvolvimento de aspectos ainda pouco explícitos . Lá chegaremos.








quarta-feira, 16 de outubro de 2024


 A vergonhosa guerra promovida por Israel

Enviei ao Publico a carta abaixo transcrita, publicada em15 de Outubro, As frases sublinhadas foram cortadas na publicação

Carta ao director do PUBLICO  intitulada  "Assombro"

" O que se está a passar no Próximo Oriente,  ultrapassa tudo quanto pode ser aceite pela Humanidade neste século XXI. A guerra que Netanyahu está a extender ao Líbano já nada tem a ver com a carnificina praticada pelos muçulmanos, a  todos os títulos insuportável. Mas ao contrário da opinião  de um certo cronista que se atirou a Guterres, tirando a máscara que certa direita ostenta, o Secretário Geral da ONU pôs o dedo na ferida ao dizer que aquele terrorismo não nasceu do nada - há mais de 70 anos que Israel e os EUA  entravam a criação do Estado Palestiniano,  fazendo gato-sapato das directivas da ONU. Israel, guiado pelas mãos  dos  sionistas mais ortodoxos, tem feito as maiores tropelias em nome da sua defesa e está a aproveitar o pretexto para obter terra queimada e inabitável de todo o território que aquele imperialismo considera ser a "terra prometida" - que inclui o Líbano. A sorte dos mais de 100 reféns que continuam nas mãos dos terroristas deixou de interessar  ao primeiro ministro que é ele, de resto,  um criminoso que, se deixar de ocupar o lugar, será julgado por diversos crimes que lhe são atribuídos. Há muitos crentes judeus que não são sionistas e ficam agora abrangidos por esta onda internacional de anti semitismo. Mas o maior assombro ocorreu agora quando ele ordena ao exército da ONU que está no Líbano para se retirar para  ele poder matar à vontade, bombardeando  já até Beirute! É um escândalo e uma vergonha para os EUA, a que se junta a hipocrisia  dos países muçulmanos  que têm força  e poder suficientes para exigirem um outro exército internacional na faixa de Gaza e travar o imperialismo sionista.  Estamos à beira de uma catástrofe e ninguém faz nada para a deter. Dai o assombro que nos choca a todos".

 

Fernando Santos Pessoa


quarta-feira, 9 de outubro de 2024

 Crónica da sociedade (2)

O mundo em que vivemos atravessa uma das piores crises gerais de que há conhecimento. Sabemos que, ao longo da História, se criaram situações de graves conflitos que redundaram em tragédias, e o mais próximo de nós. o século XX, conheceu duas guerras mundiais, guerras de abuso de uns países sobre os outros como os EUA e as suas intervenções no Médio Oriente, no Vietname. no Afeganistão; a URSS e, depois da sua queda, a Rússia nos países europeus e asiáticos que ocuparam e tentaram reconquistar, a China abafando o Tibete; guerras mais pequenas em África  onde a região do "corno de África" nunca deixou de estar em luta .

Mas neste século XXI seria de esperar que, assumida a  consciência dos problemas de manutenção da Vida que já  não podem ser desmentidos, se entrasse num tempo de paz e convivência mundiais. Mas não.

Em plena Europa, onde se desenrolaram os maiores conflitos do século XX que deveriam servir de claro aviso, estala a invasão de um país -a Ucrânia por outro, a Rússia -  exactamente com as mesmas declarações expansionistas e demagógicas com que Hitler desencadeou a 2ª Grande Guerra: invadir regiões limítrofes para proteger as populações russófonas e aumentar a sua área de influência. Hitler invadiu os países à volta da Alemanha para proteger as populações germanófilas e aumentar o seu espaço viral. Qual a diferença?

O pavor da pata russa amedronta todos os países que se safaram da URSS e adquiriram a independência. Eu estive em Setembro uns dias na Geórgia onde a Rússia, já com este Putin, invadiu e ocupa 20% do território, ameaçando os poderes georgianos de nova  intervenção se falarem em entrar para a União Europeia. Que dizer também da Moldávia, já que com a Roménia  e os países bálticos o "czar" não terá a veleidade de atacar.

Sempre, nestes casos de guerras de conquista (Alemanha nazi e Russia de ontem e de hoje) se trata de países de onde desapareceu a democracia, assumindo regimes autoritários,  policiais e absolutamente escravizantes da sociedade. E há quem goste disso, mesmo depois de terem conhecido a liberdade, porque há muita gente "fraca" de ânimo , que tem medo do confronto e prefere a "ordem" e a autoridade - e a possibilidade de, pertencendo a essa "ordem", poderem assumir funções e adquirirem riqueza que de outro modo lhes fogem das mãos.

E eis que no Próximo Oriente o histórico antagonismo de judeus e palestinianos muçulmanos voltou a rebentar de forma catastrófica. Claro que o pretexto foi dado pelos terroristas do Hamas, mas como disse corajosamente  António Guterres, o acto de 7 de Outubro do ano passado não saiu do nada.

Há mais de 70 anos que Israel faz o que quer, invade, mata, ocupa, despreza as directivas da ONU, claro que com o beneplácito dos EUA.  E quem se atrever a apontar o dedo às causas da tragedia de 7 de Outubro, sem que com isso esteja  minimamente a desculpar a carnificina que os terroristas praticaram,  é logo apelidado de anti semita. Anti semita uma ova! 

A informação que nos chega diariamente é sobretudo proveniente da parte hegemónica da ordem actual mundial; Israel pratica crimes contra a humanidade tão graves quanto os praticados pelos grupos terroristas, só que nem toda a informação  chega à opinião publica ocidental ( porque à opinião publica não ocidental se calhar ainda  pior, de sentido inverso).

Só para vermos um exemplo: Israel bombardeou moradias em Teerão e matou lideres do Hamas - alguém acusou Israel de ter atacado um país independente que é o Irão? Mas toda a comunicação social fez eco de que o Irão retaliou e enviou mísseis para o país judaico - credo, é preciso que Israel reaja! Os americanos fazem de nós parvos, continuam  a apoiar sem peias os crimes que Israel comete todos os dias. Existem mais de 100 reféns israelitas nas mãos do Hamas; pensar nos horrores que aqueles que estiverem vivos estarão a passar, causa calafrios. Então a sobrevivência e resgate dos prisioneiros deveria ser a prioridade de Netanayhu - mas não. Um ditador deste calibre, é o que ele é, apesar de ter sido eleito democraticamente ( Hitler também foi e Putin, etc), não se importa de sacrificar 100 conterrâneos para atingir nos seus fins, por isso em vez de fazer os possíveis e impossíveis para um cessar fogo, agora está a invadir outro país independente, o Líbano.

Eu visitei o Líbano há meia dúzia de anos e encontrei um país exemplar - se o deixarem viver sem o molestar; estive lá pela altura da Semana Santa cristã, havia imagens da Virgem Maria e bandeiras cristãs entre bandeiras do Hamas e do Hezbollah. Atravessava-se um período de acalmia. O grande vale de Becka são milhares de hectares do melhor solo agrícola e com água - aqui está uma das invejas quer os israelitas quer da Síria ( venha o diabo e escolha um destes) - os judeus mais ortodoxos dizem que o Líbano é parte da terra prometida, será uma questão de tempo até reivindicarem também ficar por lá...

E esta conversa não acaba aqui...