Estando fora do escritório não tenho nem mails nem blogue. E logo nestes dias em que sucederam factos espantosos que, vá lá, colocaram Lisboa ao nível de outras capitais europeias onde tumultos raciais são frequentes, por isso eis-nos a caminho do progresso social !!
Uma coisa foi patente neste dias de tumultos : um homem que por ser negro foi abatido por um policia que só sabia atirar a matar, não sabia a atirar para as pernas ou os pés do individuo . Uma cronista ilustre escreveu que se esta cena se tivesse passado na Avenida de Roma e com um homem branco o desfecho teria sido diferente...
Crónica da sociedade (3)
Uma frase atribuída a Fredric Jameson, o filósofo americano que faleceu em Setembro passado aos 90 anos, diz-me muito porque em parte também penso assim, sem no entanto aceitar todas as suas propostas : O futuro não é mais do que a repetição monótona do que já existe.
Tal como se diz que a História não se repete, eu entendo que ela se repete, não sempre com cenas idênticas, mas com episódios semelhantes e ciclicamente reaparecidos; porque as causas sociais e politicas criadas pelos homens, desde que pensam e filosofam sobre a vida e a morte, sobre o ser consciente e as relações entre população e elites de poder, desembocam em crises sociais,
As guerras que ocorreram pelo menos desde o século XIX aconteceram depois de desenvolvimentos político-sociais e económicos que, se formos olhar com pormenor, descobrimos as mesmas causas geradas pelos processos de depressão que o liberalismo económico- financeiro provoca também ciclicamente .
Fredric também afirmou : "é para nós , hoje, mais fácil a destruição da natureza e do planeta Terra do que o fim do capitalismo." Eu concordo com a preocupação que está encerada neste pensamento, mas penso que o capitalismo não desaparecerá de todo porque é inerente à mente humana - mas, isso sim, será fortemente controlado e por isso transformado num capitalismo social, expressão que parece equívoca e um conceito que a esquerda mais combativa dirá ser impossível acontecer .
Mas é o desenvolvimento do poder das massas populacionais que forçará, num futuro talvez não muito distante, a que se inverta a forma de repartição e distribuição da riqueza, sem que isso implique que a noção do que "è meu", do que "é nosso" possa desaparecer. Se não acredito na utopia do socialismo ecológico como o padrão do futuro, penso no entanto que a situação de rutura dos recursos e dos ecossistemas, a asfixia que forçará cada vez mais a cultura de massas suficientemente forte e dinâmica que levará por diante - pois o desespero é uma mola imparável nas reacção das massas - a transformação do capitalismo pornográfico dos dias de hoje. Os 5 homens mais ricos do planeta duplicaram as suas fortunas e mais de 5 mil milhões de outros seres humanos vivem abaixo do nível da pobreza com uma larga faixa en risco de morte por subnutrição, sede, e doenças do foro alimentar.
As propostas do marxismo, que durante décadas no século XX e ainda alguns resquícios que se estenderam para a actualidade, já demonstraram à saciedade que não trazem a felicidade das populações, mas geram oligarcas podres de ricos, na Rússia, na China e em todos os outros países desse ranking. Esse marxismo pertence à História da Humanidade. O risco está agora na subversão das democracias liberais causadas pelos erros que politicos mail preparados ou corruptos e que servem de motivo para se imporem sociedades iliberais que já pululam por aí. Mas o que eu penso sobre o futuro a encaminhar-se para um capitalismo social não será para já - a não ser que as circunstâncias do planeta e da condições da atmosfera que o rodeia venham a impor uma radicalização dessa transformação por meios mais violentos do que pela assunção e interiorização do futuro inevitável.
Tudo isto precisa de mais funda pesquiza mental e desenvolvimento de aspectos ainda pouco explícitos . Lá chegaremos.
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