quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O caos anunciado chegou

Portugal está a arder do Norte ao Sul
Há décadas que as matas portuguesas - a área florestal - foi sendo deixada ao abandono. Ministros da Agricultura e Florestas e Secretários de Estado dos  sucessivos Governos ,por inacção ou em alguns casos por intenção,  deixaram que os Serviços Florestais (SF)  fossem sendo erosionados, decaindo em capacidade técnica e em meios. Desde os Governos de Cavaco Silva em que os responsáveis ministeriais e directores gerais das florestas eram funcionários das empresas de celulose, que  o ordenamento das matas e a sua melhoria em termos de espécies nobres, foram postos de parte para se fomentar a plantação de eucaliptos. Até que um Governo do PS começou por mandar os guardas florestais para a GNR, acabando assim com um corpo profissional que tinha mais de um século, e o último Governo PSD/CDS enterrou de vez os SF.
Devemos ser o  único país do mundo com uma área florestal tão grande proporcionalmente  à dimensão  do território, que não dispõe dum Corpo de Guardas Florestais. Ao juntar no ICN os florestais, criando o ICNF, criou-se a maior asneira que este país já conheceu em termos de vida pública : arruinou-se o ICN que era responsável pela política de Conservação e deixou-se entrar as Áreas Protegidas no caos absoluto e no descrédito; e ao mesmo tempo arruinou-se a capacidade dos SF de gerirem as áreas florestais como era sua função.
Sem a quadrícula de postos e casas florestais onde os guardas residiam e vigiavam as serras, ao mesmo tempo que tinham a acção de incentivar e obrigar os proprietários de matas e os madeireiros a limparem o sub bosque e os detritos dos abates de arvoredo, sem a cadeia de conhecimentos que partia dos silvicultores e passava pelos velhos Mestres Florestais até aos guardas , a área de matas e matos ficou entregue ao abandono e pasto fácil dos incêndios naturais uns,  mas criminosos a maior parte. Quem lucra com esta situação ? - os madeireiros que compram madeira semi-ardida ao preço da erva mijona, e os meios privados de combate aos incêndios.E assim chegámos ao desastre deste Verão, em que condições excepcionalmente gravosas de temperaturas elevadas e humidade muito baixa, e falta de capacidade e de firmeza dos comandos da Protecção Civil, possibilitou que morressem 100 pessoas e a destruição de 500 mil hectares de matas. O inferno instalou-se e por mim, que estou tão mal disposto com tudo isto, não adianto mais nada.

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