A minha posição sobre esta greve dos Motoristas de Matérias Perigosas já foi explicada e com a continuação do processo não tenho nada que me faça mudar de ideias. Aqueles trabalhadores têm direito a reivindicarem melhores condições de trabalho e de remuneração, e os patrões, como quase sempre, fazem todos os possíveis para os explorar ao máximo e atirarem as culpas para os sindicatos: mas desta vez os sindicalistas estão a ser conduzidos por um oportunista, advogado, político, que actua pela sua agenda própria e se serve da causa justa do motoristas para os seus propósitos pessoais e políticos.
No passado dia 9 enviei uma carta ao Expresso, que não sei se terá sido publicada online, porque não tenho acesso, nem sei se será publicada na edição impressa. Por isso aqui segue o extracto da carta naquilo que interessa ao assunto.
Só já depois de enviar esta carta se soube, embora não confirmado, que o Pardal advogado é candidato às Legislativas no Partido...do Marinho e Pinto. Se for verdade, só falta dizer que bem que se entenderão os dois... ( É que eu não esqueço o que o M e P fez ao MPT...)
"Sou defensor dos sindicatos como instrumentos indispensáveis
para a defesa dos direitos dos trabalhadores, e a liberdade
sindical é tanto maior quanto mais aberta é a democracia -
sabemos isso. Organizados por sectores laborais, os sindicatos
tradicionalmente têm como seus associados os trabalhadores de
cada sector laboral com qualquer tipo de carteira profissional.
Agora contratar um economista, um engenheiro ou um advogado para
dirigente de um sindicato com quem esses quadros nada têm a ver
nem com a actividade laboral dos profissionais, afigura-se me uma
aberração e uma atitude atentatória da dignidade dos
trabalhadores. O actual vice Presidente advogado dum dos
Sindicatos de motoristas, surge como um mercenário e é um
atestado de menoridade que os próprios trabalhadores passam a
eles mesmos. de não serem capazes de tratar dos seus assuntos .
Ter uma assessoria jurídica para apoio do sindicato, é uma coisa,
creio que todos os sindicatos podem ou devem ter, coisa diferente
é contratar um sujeito que nada tem a ver com a classe, que nunca
meteu a mãos num volante de camião - pelo contrário tem a
desfaçatez de se deslocar ás reuniões sindicais ao volante de um
pobre Maserati - e os trabalhadores não se sentem vexados ? A
comunicação social, incluindo o Expresso, já começou a "fazer a
folha" aos antecedentes do sujeito vaidoso e prepotente, que é
advogado apenas há 2 anos ( como é que já tem a fortuna
respeitável que aparenta?) , com rabos de palha que ele nunca até
hoje desmentiu. Os trabalhadores ainda não perceberam que estão a
servir de excelente publicidade gratuita a um vaidoso
oportunista que usa as reais razões de queixa dos motoristas pela
forma como são tratados pelos patrões ? Que com este papel , em
que não se importa de voltar a população portuguesa contra os
motoristas, ele está apenas a angariar mais clientes ? Se a lei
das organizações sindicais permite que os sindicatos possam
contratar mercenários para seus dirigentes, então a essa lei deve
ser alterada a favor da dignidade dos trabalhadores e da sua
verticalidade profissional. Que a entidade patronal tem sérias
culpas na situação, isso tem, mas só um sindicato digno e de
espinha dorsal vertical se pode opor.
É o que se afigura dizer, sendo que o direito à greve e a
militância sindical são direitos sagrados dos trabalhadores e da
sua dignidade , que a democracia deve estimular e aperfeiçoar.
Com os melhores cumprimentos "
É claro que o desprestígio deste comportamento e deste tipo de greve se presta a toda uma onda de críticas ao sindicalismo e às greves, até porque do outro lado deste Sindicato que pretende romper com o espírito e a boa fé do sindicalismo organizado, está uma ANTRAM que não é flor que se cheire; as condições impostas aos motoristas só são alteradas graças a movimentações destas; e o porta voz dos patrões neste processo "está bem" para o Pardal.
Não conheço a lei da greve nem a que regula a orgânica dos sindicatos, mas sei que, se ela hoje permite a contratação de mercenários para os corpos dirigentes, que nada têm a ver com a profissão dos trabalhadores associados, está errada e deve ser revista neste ponto : os sócios ( e por maioria de razão os dirigentes) dos sindicatos terão de ser trabalhadores do sector laboral a que se refere cada sindicato e possuidores de carteira profissional. Repito : a bem da dignidade os trabalhadores.
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