A propósito do 5 de Junho - e não só...
No calendário nacional e internacional há dias para tudo, tudo se comemora, mesmo acontecimentos ou causas que apenas dizem respeito a minorias - mas as minorias têm os mesmos direitos cívicos e humanistas que as maiorias.
Quantas vezes são elites minoritárias que conseguem levantar as grandes questões de que as maiorias nem se lembram ou não têm força para tal - as grandes mudanças e as grandes utopias saem frequentemente das minorias mais sensíveis e, quando são mesmo essenciais, a elas acorrem as grandes massas. Foi assim entre nós com o 25 de Abril de 74, que alguns poucos levaram a cabo mas que no fundo interessavam à maioria do povo.
Restam neste caso os saudosistas e os pseudo-historiadores, como uma tal Bonifácio que assina nos jornais como historiadora e que proclama, do alto da sua imensa sabedoria e da sua autoridade, que único estadista português do século XX foi Salazar - pois claro, que outro havia de ser ? Tal como os seus correligionários, pelo menos em ideias parecidas, vêm agora apelar à queda desta 2ª República para se instalar uma 4ª república, parecida com a que eles consideram ser a 3ª republica, o caduco e anacrónico regime ditatorial do Estado Novo. Na ponta esquerda também há quem queira reescrever a História como sempre foi apanágio das ditaduras, uns "historiadores" do mesmo calibre.
Não sou historiador, mas sempre li e estudei a História, tenho uma razoável pequena biblioteca de História, e por isso ao ver estes escrevinhadores que interpretam a História ao sabor das suas ideologias, não posso deixar de reconhecer o alto nível dum José Matoso e de quanto a sua independência intelectual contribuiu para nos oferecer a História de que todos nos podemos orgulhar.
No próximo dia 5 de Junho comemora-se mais um Dia do Ambiente, assunto que também começou a ser levantado por minorias e, a pouco e pouco, tem vindo a alargar a adesão de mais pessoas conscientes daquilo que representa defender o Ambiente. Só não se alarga á grande maioria das populações porque os Poderes instituídos não querem fazer esse trabalho de envolvimento da opinião pública porque os interesses instalados vivem desses constantes ataques ao Ambiente - e os Poderes dependem deles...
Em Portugal a melhor comemoração seria termos um Governo que, em vez de retórica e de palavras de circunstância, nos reconstruísse um Ministério do Ambiente com gente de convicções e capaz de ser impertinente o suficiente para discutir as políticas sectoriais que atentem contra o fundo de fertilidade e a perenidade o território, tornado paisagem pela acção dos homens. É pedir demais...
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