quinta-feira, 1 de setembro de 2022

 E depois dos incêndios

A tragédia dos incêndios ainda não acabou e, certamente com o Verão prolongado que se avizinha nem os incêndios acabaram. Temo pelo Sul, pela Arrábida e pelo Algarve onde em Setembro ocorrem  fogos, aqui pelo barrocal.

Mas a grande  tragédia  que se abateu e abate sobre as serras conclui-se com as chuvas de Outono e Inverno, sobretudo sempre que sejam de regime torrencial como é característico das condições mediterrânicas alargadas pela alteração do clima ( será que ainda há negacionistas a preferirem os seus negócios, os seus pomares de regadio com esse gasto supérfluo de água e outras teorias negacionistas?).

Um dado difícil senão impossível de calcular, mas que deve dar um número astronómico,  são os m3 de água gastos pelo combate terrestre e aéreo aos incêndios, água toda ou quase toda originada nas albufeiras  que já estão em grande parte nos seus limites mínimos- água que tanta falta fará para o consumo humano  - não é trágico ?

Mas pior talvez : com as chuvas serão milhares e milhares de toneladas de cinzas e terras finas que vão escorrer pelas encostas, correr pelos talvegues e entupir ribeiras e albufeiras.

Existiu em tempos ( que será feito ?) nos S. Florestais um Serviço de Correcção Torrencial, com sede em Leiria,  fundado e chefiado por um técnico de renome mundial nessa matéria, o Engº Mário Galo. Ele inventou um tipo de barragem evolutiva que se implanta nas pequenas linhas de água e represa os carrejos que venham encosta abaixo, podendo regularmente ser aumentada. Eu tenho esse projecto e construi bastantes nas linhas de água de Porto Santo.

Creio que hoje já ninguém liga a isso, é uma despesa de que não se vê resultados evidentes e por isso não dá votos (  tal como reparar as perdas de água nas redes de distribuição urbana, estima-se em 40%, porque é dinheiro a "enterrar" e também não dá votos...

Ninguém se lembra de fazer o aproveitamento dos nateiros que se acumulam no fundo das albufeiras e este ano, em que estão tantas delas em reservas mínimas (por toda a Europa também), era possível gastar uns milhões que a Europa nos manda para escavar esses fundos das albufeiras. Primeiro porque se aumentava a capacidade de armazenamento, e depois porque aquele solo acumulado nos fundos e agora a descoberto é o melhor solo que saiu das encostas, podia perfeitamente ser reutilizado em regiões onde o solo é fraco.  Mas por cá  preferimos gastar o dinheiro noutras coisas mais evidentes






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