Montijo e incoerências dum Governo que se diz de esquerda
Já muito foi escrito sobre o Governo que tomou posse há poucos dias e apresenta agora o seu Programa.
E, cereja em cima do bolo, a APA acaba de aprovar o EIA sobre o aeroporto do Montijo - mesmo a tempo de ter acabado a discussão do Programa no Parlamento.
Se precisássemos de mais uma prova das incoerências deste Governo, estava aqui neste EIA, nas suas medidas para "minimizar" os impactes negativos do aeroporto naquela localização e na desfaçatez com que avança para uma obra desta dimensão - no espaço e no tempo - com a ligeireza de apreciação que foi feita.
Não é só por ligeireza, todos sabemos que por trás estão "outros valores mais altos que se alevantam", mas a condução do processo de localização do novo aeroporto de Lisboa diz bem da qualidade da política ambiental que o Governo segue. Das ONGs ambientalistas a Zero, tanto quanto sei, foi até agora a única que se pronunciou declaradamente contra a decisão, outra associação até pactua com as medidas preconizadas, como se existisse alguma forma de minimizar os impactes do aeroporto sobre o estuário em plena Reserva Natural - as Áreas Protegidas (APs) estão completamente ao abandono - assim mesmo, ao abandono -, a desmoralização dos técnicos competentes só é comparável em dimensão à incompetência e subserviência dos que as dirigem.
Como já escrevi noutras alturas, se as condições do estuário e as características da construção do aeroporto são as mesmas do primeiro EIA que chumbou o projecto, como é que um segundo EIA agora pode dizer coisas diferentes sem falhar no essencial e cair no ridículo? Propõem-se vários milhões de euros para "proteger as aves", ou como dizia na TV o director da APA, os "pássaros". Quanto às aves que frequentam uma estação ecológica de importância mundial, a solução estará em colocar uns grandes cartazes a dizer " passarinhos e passarões- vão para outro lado, não faltam aí espaços disponíveis!! "
Mas já ouvi um autarca dizer que não basta pensar apenas nas aves é preciso pensar nas pessoas e na economia da região - claro, há quem não consiga ainda perceber que as condições ambientais são igualmente aplicáveis aos seres vivos irracionais e aos racionais, estes aqui é que não fazem sempre uso da sua razão para se protegerem das agressões. Por muito que o aeroporto agrade ao autarca de Montijo, para a população que reside na região já foi por demais realçado o que vai ser o martírio dos ruídos - e podem dar os milhões de euros que quiserem para os "minimizar" que não vão baixar a poluição sonora ( e química ) do tráfego aéreo. Assim como estão a minimizar os riscos que abalizados comandantes da aviação - aqui eu sou leigo mas acredito neles - têm feito sobre a presença de aves de grande porte na aterragem e descolagem dos aviões. Infelizmente depois vão correr lágrimas de crocodilo mas o Governo já será outro ( espera-se...).
Por outro lado, Engenheiros abalizados já demonstraram na TV, para quem quis ouvir e ver, que a consolidação dos aterros a fazer para cumprir o projecto do aeroporto vai ser difícil e custar rios de dinheiro, por causa da altura de lodo e da profundidade a que estará o terreno fixe.
Tudo isto somado ás ligações rodoviárias, fluviais e ferroviárias que , tal como os items atrás citados e outros por citar, fariam parte de uma Avaliação Ambiental Estratégica que um Ministério do Ambiente digno desse nome deveria ter "imposto" ao seu próprio Governo, o que não fez, certamente por no início do mandato não dever saber o que isso era e talvez também porque "outros valores mais altos se alevantavam" e nada como obedecer ao chefe...
Por outro lado, Engenheiros abalizados já demonstraram na TV, para quem quis ouvir e ver, que a consolidação dos aterros a fazer para cumprir o projecto do aeroporto vai ser difícil e custar rios de dinheiro, por causa da altura de lodo e da profundidade a que estará o terreno fixe.
Tudo isto somado ás ligações rodoviárias, fluviais e ferroviárias que , tal como os items atrás citados e outros por citar, fariam parte de uma Avaliação Ambiental Estratégica que um Ministério do Ambiente digno desse nome deveria ter "imposto" ao seu próprio Governo, o que não fez, certamente por no início do mandato não dever saber o que isso era e talvez também porque "outros valores mais altos se alevantavam" e nada como obedecer ao chefe...
Eu até ia falar nas incongruências deste Governo nos domínios que me interessam mais directamente ( outras além destas, como a patetice de repetir nos títulos dos lugares dos departamentos do Governo o interesse pelo "interior" do país, o mandar as florestas para o Ambiente, etc) e a indiferença da opinião publica, a conivência de muita comunicação social e a aceitação das esquerdas. Mas vai ficar para outra ocasião, isto já está longo demais.
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