sexta-feira, 1 de maio de 2020

1º de MAIO 
Tal como o 25 de Abril também hoje o 1º de Maio foi celebrado, certamente contra a vontade daquela gente que já sabemos quem  é. Com as medidas de segurança inevitáveis nesta situação de pandemia ou peste ( porque é uma peste !), cumpriu-se o dia em que os trabalhadores se manifestam para reivindicar os seus direitos e nesta crise é mais que evidente que muitos trabalhadores estão a ser sacrificados. 
Sou daqueles que distinguem o patrão do empresário, porque  o empresário tem consciência daquilo que vale ter a empresa com bons trabalhadores que contribuem com o seu esforço para o êxito.
Patrão é o de antigamente que pelos vistos ainda  continuam a proliferar, são os donos de empresas que apenas pensam em ter os maiores lucros possíveis, sem qualquer estímulo para quem trabalha e os ajuda a ganhar.
Sem dúvida que o sindicalismo está em mudança, porque há no mundo laboral e no mundo político quem não queira perceber que o século XXI não é o século XIX, que o tipo de trabalho mudou, que o proletariado no seu sentido clássico tem cada vez menos peso na economia e são as classes médias, desprezadas ou pelo menos pouco valorizadas nos inícios do marxismo, que hoje dominam o mundo do trabalho. E as classes trabalhadoras hoje são cada vez mais instruídas, mais  conscientes e mais capazes de administrar os seus destinos sem as estruturas anquilosadas dos velhos sindicatos. Isto só reforça a necessidade de que seja repensado o sindicalismo, que as formas de luta embora não desprezem a greve, como arma máxima da luta, passam por acordos discutidos entre as Comissões de Trabalhadores das empresas e o patronato ou o empresariado. Os contractos colectivos continuam a ser a melhor forma de garantir a defesa dos direitos de trabalhadores cada vez mais instruídos e menos atreitos a serem arrebanhados, mas as negociações têm que ser flexibilizadas e levarem a acordos  faseados - a economia hoje é traiçoeira e nada é fixo e duradouro.
O surgimento de sindicatos independentes é um fenómeno que deve fazer as confederações parar para pensar;  muitos desses novos sindicatos são conotados com partidos da direita, o que também é novidade no mundo do trabalho - falta testar a sua eficácia quando os governos forem dessa direita...

Há dois dias ouvia na rádio uma delegada da JOC a falar dos trabalhadores e do 1º de maio, e se não soubesse a sua proveniência julgaria que estava a ouvir um sindicalista da esquerda mais reivindicativa. A JOC hoje em dia não tem tido grande papel na sociedade, pelo menos não se nota; mas eu recordo que durante o salazarismo era uma fortíssima força de resistência.  Já poucos se lembram do Padre Abel Varzim  que foi  um líder  da JOC e era um dos mais incómodos adversários do regime.  Em 2014 comemoraram- se os 50 anos da sua morte, a morte de um homem culto,  excepcional e fora do seu tempo e que hoje seria fundamental para dar continuidade ao catolicismo que o Papa Francisco promove.
Ai está mais uma grande figura da resistência ao salazarismo e só porque não era de nenhum das forças políticas ou sindicais que hoje existem, deixou de ser lembrado.










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