Uns dias em que, por demasiados afazeres e constantes deslocações, me não deram ocasião para escrever estas notas - e pronto, ocorrem coisas sérias, muito sérias, neste rectângulo, para não falar do que vai pelo resto do grande mundo.
Eu começo pelo falecimento do Vicente Jorge Silva, ocorrida ontem, e que representa a perda de uma das referências do jornalismo português que já vinha do tempo da *outra senhora". Conheci-o e até privei com eles durante os mais de 7 anos em que vivi na Madeira e ele assumiu a direcção do jornal "cor de rosa", o Comércio do Funchal. Este tinha sido dirigido pelo José Manuel Barroso, que entretanto saiu e o Vicente assumiu a direcção. Era na época um jornal de oposição tanto quanto a censura o permitia, se bem que na Ilha a Censura fosse menos rígida que no Continente. E eu próprio escrevi para lá algumas coisas, sob pseudónimo, pois a minha condição de funcionário publico não permitia esses "desvarios"...
Havia um pequeno grupo que não se reunia, propriamente, mas que conversava habitualmente, e de que faziam parte a então esposa do Vicente, uma jovem muito inteligente que trabalhava do Turismo, e o então Padre Paquete de Oliveira, pároco da Sé onde o pessoal ia ouvir as homilias do domingo por aquilo que ele denunciava a partir do altar, e que mais tarde deixou a sua função e foi um sociólogo importante neste país e no jornalismo.
Jornalistas como o Vicente Jorge Silva fazem falta, cada vez mais, neste tempo de tanta confusão ideológica e onde tudo se parece a virar do avesso...
A disciplina de cidadania
Uma data de bonzos da direita, com o enfeite do Sousa Pinto diz ele, pela esquerda, assinou um abaixo assinado contra o carácter obrigatório duma disciplina sobre Cidadania, por motivos de objecção de consciência. Se fosse uma disciplina de Religião e Moral como era a que havia no anterior regime se calhar alguns deles não seriam contra... mas o curriculum que tem sido dado a conhecer na comunicação social é todo de matérias que qualquer jovem aluno de uma democracia precisa de saber - não são os pais que o vão ensinar em casa. É ao Estado que compete, com independência e sem sectarismo, ensinar não uma ideologia seja ela qual for, mas ensinar todas aquelas matérias que constam do currículo e se algumas são dadas em disciplinas distintas, até é
útil que uma disciplina as agregue e crie unidade aos saberes que fazem dos jovens cidadãos democratas.
Não empurrem à força a democracia para a esquerda, eu costumo dizer que o corpo social - a sociedade - é como o corpo humano, tem mão direita e mão esquerda, se faltar uma fica-se maneta, se amarrarem as duas limitam-se seriamente os movimentos possíveis...
Não empurrem à força a democracia para a esquerda, eu costumo dizer que o corpo social - a sociedade - é como o corpo humano, tem mão direita e mão esquerda, se faltar uma fica-se maneta, se amarrarem as duas limitam-se seriamente os movimentos possíveis...
Os tempos que correm são propícios a que os valores retrógrados da História e da política, a lei e a ordem, as boas maneiras e o respeitinho se tornam ideias-chave do Estado. Desde Trump. Bosonaro, Erdogan e cá pela Europa Putin, o outro da Bielorussia, Orban e alguns outros a despontarem por aí, são o melhor aviso para que se dissipem os nevoeiros sobre os valores autênticos da democracia - e esta aprende-se na escola, mesmo que em casa os pais ( muitos querem lá saber!) possam corrigir coisas que não gostam de ver nos filhos.
Hei-de voltar a este assunto.
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