quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

 O que vai pelo mundo e por cá

Por mais incrível que pareça, vivendo numa região turística portuguesa, na Europa e não num qualquer remoto lugar sub-sahariano, voltei a estar uns dias sem internet- a eficiente e "competente" Altice acha que esta zona de fim de rede, onde moram poucos habitantes ( poucos cliente) não merece investimento. Em menos de um mês sucede a mesma coisa - em Novembro estive 10 dias sem internet e  nem vou repetir as trocas de comunicação que então se deram ... Retomemos então a normalidade enquanto a rede aguenta.
1 - 250 anos - 16 de Dezembro, possivelmente, e há 250 anos, em Bona,  nasceu Beethoven, o maior génio  de todos os tempos na música, a música por sua vez mais melódica sem ser  delicodoce e viril e poderosa sem ser  ensurdecedora que já se escreveu. Torna-se quase incompreensível que a maior parte da sua obra, nomeadamente as grandes Sinfonias tenha sido escrita quando já estava surdo, A maravilhosa e empolgante 9ª Sinfonia!- Beethoven nunca a terá ouvido,  a surdez já era quase total.
Quer dizer que a música, as ligações entre instrumentos, a gradação, os timbres, a melodia, tudo isso estava dentro daquele cérebro.
Custa a entender que a chamada música erudita, composta na sua grande maioria na Europa, não seja considerada uma música universal e haja civilizações e culturas, nomeadamente as muçulmanas, que não a cultivam pois tudo o que não seja musica de louvor divino não tem valor para a alma humana. Coisas destas espantam-me, não percebo, até porque há indivíduos árabes ou iranianos, chineses e japoneses, que se tornaram grandes intérpretes e rivalizam com os melhores ocidentais - mas os regimes e as religiões como que boicotam a extensão dessa maravilhosa arte aos seus povos, é  uma tristeza! Eu já passei horas no interior de mosteiros budistas  no Tibet ou no Butão, ouvindo os mantras e as músicas monocórdicas  que forçam a uma introspecção, quais drogas que nos ministram, e é bom - mas toda a vida a ouvir aquilo ? No interior das mesquitas de vários países já tenho estado nos períodos de oração e ouvido uns zumbido musicais  que servem naquele momento, mas mais nada depois... Como é que se pode viver uma vida intelectualmente rica sem ter, pelo menos de vez em quando, umas sessões de boa música de Bach, de Haydn, de Mozart, de  Shubert, de Chopin, ou de Méssian - ou de Beethoven? Somos capazes de imaginar estarmos por cá a ouvir apenas o cantochão ( que é muito bonito) e  as orações musicadas das igrejas cristãs?  Como a inteligência é igualmente universal entre todos os seres humanos de todos os povos e culturas, uma das questões com que me interrogo muitas vezes é porquê a arte fica tão limitada nesses povos e nessas religiões que são autenticamente castradoras da personalidade dos seres humanos - até porque, como já disse, dessas mesmas partes da humanidade saem grandes intérpretes das chamadas artes ocidentais. Não me venham com a história do eurocentrismo e da supremacia racista branca, se o ocidente europeu se desenvolveu mais neste sentido é porque houve alguma razão para isso - nada tem a ver com supremacia cultural, antes certamente económica que mais depressa se generalizou a todo o mundo. Estamos agora a assistir ao expansionismo chinês mas se quisermos ser bons observadores veremos que eles o que fazem é servir-se habilmente dos valores ocidentais e pouco nos transmitem dos seus valores próprios, para além dos dragões  nas danças rituais... Onde já vou só porque celebro hoje os 250 anos de Beethoven!

 Na minha pequena sala de estar, que é assim por decisão própria e por  apreciar o intimismo das pequenas velhas casas rurais,  existem 3 retratos ( eu que não sou muito dado a heróis) : um busto do Eça de Queirós ( como um Eça faz hoje falta neste jardim à beira mar mal plantado!), uma fotografia do Fernando Pessoa (com quem a alma humana atinge uma espécie de estratosfera) e um retrato ( por sinal de má qualidade) de Beethoven. 

O "Concerto para violino e orquestra" é  sublime, se alguém não conhece faça o favor de tentar ouvir e deixe-se extasiar.


2- 120 anos
Eça de Queiroz - está a chegar ao fim o ano em que comemoram os 120 do seu falecimento e seja pela pandemia, seja pela habitual inércia cultural e intelectual portuguesa para além do que seja o pequeno diz-que-diz  quotidiano, quase passou despercebida esta comemoração. Agora querem transladar os restos mortais para o Panteão . Vá lá, apressem-se porque o ano está a chegar ao fim...

3 - O Estado criminoso 

A morte do ucraniano, assassinado às mãos de tres agentes policiais do SEF, em instalações do aeroporto de Lisboa, é um crime  perpetrado pelo Estado português, por agentes do Estado, actuando em nome do Estado que se torna assim um Estado criminoso.
A gente pasma como é possível que isto aconteça e que só agora, nove meses depois, porque saltou para as primeiras páginas, vem o Governo bradar aos céus que uma coisa destas não podia ter acontecido. E o próprio MAI a dizer que não há indícios de outros crimes destes terem acontecido porque os inquéritos nunca assinalaram mortes ilegais. Mas estão a fazer de nós parvos ou quê? Então o primeiro relatório do incidente da morte deste ucraniano não diz também que tinha sido uma morte acidental? O investigador chefe olhou para o vídeo gravado na altura, falou com os tres energúmenos seus subordinados e não encontrou motivos para perceber que a morte tinha sido violenta e provocada por mero ódio ? Todos os anteriores relatórios sobre violência praticada nas catacumbas do aeroporto, que atestaram nada de muito grave, podem ser falsos como este também era!
E o Ministro acha que cumpriu o seu dever e nem sequer por vergonha - que ele disse que sentia - nem por isso  se demitiu . E o Primeiro Ministro por muito que lhe custe ver atingir amigos do peito e  por coisas deste calibre,  por muito que lhe custe, devia ter a dignidade de lhe pedir ( ao menos pedir,,,) que se demitisse. Por uma gravidade  diferente se demitiu a anterior Ministra, quando os incêndios rurais tiveram como causa principal a falta de  uma política florestal adequada e a falta de uma organização nacional de defesa e gestão da floresta de que ela não era culpada e de que o  próprio dr. António Costa  é  grande responsável, por ter dado a machadada principal nos Serviços Florestais, Pouca vergonha a mais.
4 - As eleições presidenciais
Quase ninguém vai dar pelas eleições presidenciais, dado este clima de temor pela  pandemia em marcha. Coisa que não preocupa nada o actual Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, autêntico suporte dizem a direita mais extremista e a esquerda em geral dos Governos do PS pela simples razão - disfarçada  sempre pelo "interesse nacional" - de que precisa dos votos socialistas para ser eleito sem problemas. Mas é evidente para todos que o segundo mandato de Marcelo não vai ser igual ao primeiro, e ele que é estruturalmente da direita vai fazer tudo para desgastar  o PS e abrir a porta à direita  mesmo, como já admitiu, que isso signifique aceitar o Chega. Ora não ! É evidente também que António Costa sabe muito bem que será assim mas ao seu próprio programa de vida não interessa, tem outros horizontes em vista e que quem  cá ficar que se aguente...
Não deixa também de ser curioso que toda a gente se preocupe com o Chega e com André Ventura, em especial a comunicação social que os traz ao colo e é a comunicação social a principal responsável pela publicidade feita àqueles dois expoentes da direita extremista. Parece que não querem ver - ou vêem e fingem que não - que o Ventura é um bluf, sem cultura política nem convicções de direita radical, bem falante e chico-esperto com certeza,  o que ele tem é um enorme apetite e uma excepcional capacidade de ir buscar os assuntos mais contundentes para apoiar. Não se nota nele - eu não noto, talvez seja falha minha... - grandes convicções ideológicas o que se nota é o  sábio aproveitamento de tudo quanto possa cair bem na grande massa de portugueses iletrados e/ou pouco ou mal formados ideologicamente, que querem ver as suas causas resolvidas Digamos que ele é um Trump em ponto pequeno e à portuguesa, 
Agora com quem  ninguém parece tomar atenção e é muito mais perigoso em termos ideológicos são os liberais acantonados (apenas alguns...) na IL. Esses são convictos e sabem que tipo de sociedade querem ; o mercado do laissez faire, laissez passer, o assistencialismo aos mais pobres e o recurso à saúde  privada equiparado à publica, para a livre escolha; claro  que só os ricos têm essa capacidade de escolha. Mas depois o Estado paga aos pobres para irem ao privado -  IL e os seus até agora apagados sequazes esses sim são perigosos -  é bom saber-se quem são e onde estão...

5- Democracia de novo assegurada nos EUA
A autêntica palhaçada que têm sido as eleições presidenciais nos EUA está a chegar ao fim, por agora. Virem dizer que os EUA são o exemplo e o farol da democracia no mundo - vão cantar essa loa lá para a China ou para a Arábia Saudita, aí  devem gostar...
Que a vitória de Biden não faça esquecer que 70 milhões de americanos votaram no maior idiota, mentiroso e  mentecapto  que o Ocidente já conheceu. 
E o sistema de eleição em que deixam de contar os votos da sempre válida  lei "um homem um voto" para contar uma eleição de um colégio eleitoral que pode falhar na última hora,  com uma Justiça que por pouco falhou  face aos assaltos que Trump lhe encomendou, não é exemplo de democracia para ninguém.
Com Biden pode ser que alguma normalidade volte ao Ocidente e que a figura dum louco e desvairado deixe de ser exemplo para outros tantos títeres deste mudo em convulsão.
6-Brexit
Finalmente o desacordo entre a UE e a GB está a chegar ao fim,  Sem acordo em assuntos fundamentais para a economia, eu acredito que virão muito maus tempos para os britânicos. Claro que os principais responsáveis são os ingleses, convencidos com a sua Rainha de que ainda têm o Império quando governavam, punham e dispunham no mundo inteiro. Talvez os escoceses lhes dêem a volta...







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