O FMI e nós
Noticiou há dias a imprensa, nomeadamente o Publico, a saída de um livro intitulado Fiscal Politics no qual o FMI nos dá opiniões políticas, saídas da pena de tres coordenadores daquele excelso organismo, entre eles o inefável Victor Gaspar - aquele Ministro que falava em 33 rotações e que se despediu do Governo de Passos Coelho/Portas, porque primeiro a política que ele tinha encetado dois anos antes não dera bons resultados, e depois porque faltava liderança política no Governo. Passos embrulha...
O FMI sempre teve pretensões de se imiscuir na política dos países onde actua, mas desta vez vem mesmo fazer teoria de economia política como convém a embaixadores da estratégia liberal ( qual neo-liberal, é liberal à moda antiga!!). Enquanto não pomos mão nesse livro, é segundo as transcrições da responsabilidade do jornalista que nos surpreendemos.
A democracia para aqueles sábios economistas deve ser uma chatice, " é uma competição para ganhar votos das pessoas e conquistar o direito a exercer o poder (politico)". Depois divaga sobre a entrada de muita gente na discussão dos orçamento - uma maçada, esta gentinha a querer atrapalhar as decisões dos que sabem o que estão a fazer!
Como já se sabe desde há muito, para o capitalismo financeiro liberal (ou libertino) as ideologias são coisa do passado, não fazem sentido, pois a "realidade" é aquela que a economia de mercado determina, mais nada. Ideologia ( de esquerda, já se percebe..:) no orçamento só estraga os propósitos dos orçamentos liberais - o dinheiro deve ir para tudo mas o menos possível para rubricas de carácter social, por exemplo.
Provocar constrangimentos orçamentais à livre expansão dos negócios é um aborrecimento, daí que só com regras rígidas como as que nos são impostas pela UE é que se consegue governar. Deficit de 3% - porquê? Não podia ser 3,5 ou 4% ? Dívida publica de 60€% - porquê? Não podia ser de 65 ou 70? Dizem que esses eram os parâmetros da Alemanha na altura e então "democraticamente" impuseram-se esses valores a todos os Estados Membros.
Percebe-se também cada vez melhor porque é que a solução de governo à esquerda que triunfou em Portugal, goste-se ou não, além de fazer grandes engulhos aos PSDs nacionais, causa a maior apreensão aos liberais libertinos da economia europeia, alemães à cabeça e tanto mais quanto a tal geringonça for andando com resultados que provam que se pode chegar às mesmas metas, mesmo injustas e impostas arbitrariamente, por outros caminhos. E se o exemplo de Portugal se péga por aí? faz bem o FMI em trazer umas dicas aos bons alunos, para satisfazer Shauble e aquele holandês de caracóis com laca de nome arrevesado .
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