domingo, 8 de agosto de 2021

 Sociedade de imbecis e incompetentes

Da troca de desabafos que frequentemente trocamos os dois, transcrevo parte da mensagem que hoje o Jorge Paiva me enviou :

"Meu Caro 

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Estou numa fase de revolta. Agora praticamente toda a gente começa a acreditar nos efeitos desastrosos das alterações climáticas. Então. é ver quase diariamente, na Comunicação Social, os sabujos do Ambiente a exporem as suas sabedorias sobre o problema.  Agora nós ( tu, eu e outros) não precisamos de declarar nada, nem de fazer nada, pois há mais de tres décadas que lutámos e demonstrámos o que está  a acontecer e o que aí vem. Ninguém nos ligou. Agora não é preciso demonstrar nada. Já começaram as consequências que nós apontámos durante anos. O pior está para vir, pois isto já está imparável. Claro, uma besta de um americano, afirma ( li hoje num jornal) que "temos que nos habituar a viver e a trabalhar todo o dia em casa, com ar condicionado". Claro que esta besta só pensa nele e julga que os outros só servem para trabalhar para ele ter condições de vida, Desculpa, mas vivemos numa sociedade plena de pessoas imbecis e incompetentes."

Compreende-se a frustração, modestamente eu que sou apenas um simples estudioso mas compenetrado da responsabilidade das nossas sociedades, mas muito para além de mim, para além dos simples activistas e pensadores sobre as condições de vida e de sustentabilidade dos territórios, centenas de cientistas e investigadores portugueses e de todas as nacionalidades e instituições  respeitáveis há décadas que avisam para o caminho de difícil retorno que o mundo tem vindo a seguir, 

E o que resulta daqui? Acordos internacionais que todos os governos assinam, desde Kyoto a Paris, mas sem que haja depois  tomadas de posição sérias e eficazes que ninguém quer assumir. Já nem é necessário referir uns alarves como Trump  ou o Bolsonaro e outros títeres do mesmo calibre, pois as grandes empresas e grupos financeiros controlam os Governos ditos democráticos. Até em Portugal, á nossa pequena escala, sabendo que seremos um dos territórios  das latitudes mediterrânicas mais afectados pelos fenómenos extremos ligados às mudanças climáticas as quais, tendo sido provocados pelos seres humanos, acabaram por ser absorvidas pela dinâmica natural de aquecimento do planeta - até pois à nossa escala, para lá das palavras de retórica e das grandes medidas anunciadas e de que nada ainda resultou, por um Governo que se diz de esquerda democrática mas se esqueceu dessa condição, continuamos  a contrariar as condições de sustentabilidade que podiam assegurar um nosso futuro menos problemático.

Eu mesmo já abordei inúmeras vezes alguns dos nossos problemas, incluindo a ausência de experimentação agrícola que garanta culturas adaptadas ao futuro que aí vem, a busca de produção de água por dessalinização e uma política florestal nacional independente da indústria da celulose que assegure a cobertura florestal adequada ao nosso país; e pelo menos nos últimos dois meses em  "Florestas e matas", "A água é um recurso publico", " De mal a pior", "Monchique está a arder, quem diria?, etc,

E sei, tal  como o Jorge Paiva,  que quem nos lê são as pessoas que já concordam connosco, os outros querem  lá saber! A frustração é enorme e estou em crer que só quando as pessoas sentirem mesmo na pele o terrível futuro que chegará e vier afligir os filhos e os netos - podem chamar-me cassandra... - e  então se revoltem massivamente é que haverá um  Governo capaz de se reformar e de reformar toda a orgânica e toda a filosofia de gestão do território. E pela Europa fora, e pelo Mundo fora...






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