quinta-feira, 12 de agosto de 2021

 A nossa condição mediterrânica

O chefe da aldeia do Asterix costumava dizer que aquilo que mais temia era que o céu lhe caísse em cima da cabeça: ora o céu está mesmo a cair em cima das nossas cabeças, cada vez mais perto de nós, em várias latitudes e em especial na região do grande Mare Nostrum.
Esquecemo-nos em Portugal, com frequência, que  estamos na latitude mediterrânica e em especial no Algarve, onde se espelham todas as características desta sub-região euro-africana; como disse o Prof. Manuel Gomes Guerreiro, o Algarve é uma região mediterrânica banhada pelo Atlântico.
Uma séria insensatez  acompanhada de clientelismo político-partidário particularmente eficaz nas asneiras, faz por esquecer as limitações dos factores fundamentais para a sobrevivência de um povo : o solo e a água.
O Ministério da Agricultura, ( que sempre foi também das Florestas excepto nos esclarecidos últimos Governos que o PS teve o desplante de nos oferecer) tendo  desde há uns anos a esta parte desinvestido na investigação e na experimentação agro-florestal - os ilustres colegas agrónomos e silvicultores que foram postos na prateleira que o confirmem, se estiverem para isso) - a adaptação do nosso sector primário a alterações climáticas caiu no esquecimento. Culturas de ciclo curto e pouco exigentes em água  isso deve ser lá para os "mouros", nós estamos na Europa, é outra coisa! E embora nas palavras de alguns governantes já tenha entrado o palavreado das alterações climáticas, que se resolvem atirando com milhões para cima dos "casos" e, depois de aprenderem - por tanta vez se falar delas -  que há espécies autóctones, passou agora a ser a panaceia anunciada com pompa - finalmente as autóctones!!, mesmo que Monchique continue a ser coberto de eucaliptos (apesar de pequenas iniciativas que procuram contrariar essa situação).
E como culturas pouco exigentes em água são as  mais adequadas, aí está a expansão, fomentada pelo Ministérío da Agricultura, dos ...abacateiros para o demonstrar.
O mapa abaixo saiu no "Publico" num artigo de Patrícia Carvalho, com fonte do IPPC. Querem ver que se enganaram nas cores ?

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