domingo, 27 de fevereiro de 2022

 A guerra inútil e perversa

Todas as guerras são inúteis e perversas, porque significam que os homens em vez de dialogarem se matam uns aos outros -  mas há guerras que têm de ser feitas quando a nossa sobrevivência está em causa.  Nesses casos a nossa guerra de defesa deixa de ser perversa e pode ser útil... Claro que cada lado adverte que a sua causa é  útil e boa mas há valores universais  que se sobrepõem à vontade de quem decide a guerra.

Nós, portugueses, ao longo de quase 900 anos travámos muitas guerras porque não nos queriam dar aquilo que nós tínhamos de sagrado - a liberdade e a independência, e estes são valores universais e comuns  não apenas aos seres humanos mas a todos os seres  sencientes, aqueles que  pensam e/ou  que sentem. Não há nenhum bichinho, por mais humilde que seja, que não aspire à sua vida livre, sem peias,  a não ser aquelas auto-consentidas que justificam a sobrevivência.

Nós também fizemos guerras perversas e inúteis porque as fizemos quando  já havia consciência universal ao direito de todos os povos para se  auto-administrarem. Eu não desconheço o colonialismo que de resto foi praticado  durante séculos por todos os povos com poder para isso, de todas as religiões  e continentes. Por isso não alinho na denúncia, que acho pateta, de querer revisitar a História com os olhos e as ideias de hoje- diferente é, em pleno século XX, com todo  peso da nossa civilização e da nossa cultura, termos querido travar a História e manter territórios ocupados por nós sem a sua autodeterminação - isso é  que foi criminoso. Já tratei desse assunto noutra  altura, aqui veio a talho de foice.

Esta guerra que  Rússia faz contra a Ucrânia é uma guerra inútil e perversa.  Inútil porque mesmo que Putin leva a sua avante, será sempre a prazo; perversa porque é um regime despótico, czarista, antidemocrático a querer impedir a descolonização de um  país que historicamente foi sempre jogado como moeda de troca, querer impedir que mantenha a sua independência e a sua  liberdade. É como a Espanha continuar a pisar os bascos e os catalães que, historicamente, sempre lutaram pela sua independência e bem gostava de também anexar Portugal em nome da unidade espanhola - bem, o tentaram ao longo dos séculos..._ Há assim grande diferença entre esta situação e a da Ucrânia face aos russos?

Por isso, em ternos caseiros,  chegou a altura de pôr tudo em pratos claros : o PCP apoia a invasão da  Ucrânia pela Rússia, quando faz parte da sua história terem-se sempre oposto ao colonialismo.  Agora com Putim  é diferente... O PCP guarda uma secreta esperança... de que um comunista, que o foi toda a vida, ao leme do KGB ( não se manda pela borda fora uma vida e um sentimento destes), que denunciou como a maior tragédia da Europa a   queda da URSS, a esperança é de que ele volte a reconstruir a União Soviética, o Sol bem alto  que ilumina o mundo... Portanto ficámos a conhecer a manhosice do PCP quando defende as amplas liberdades para os trabalhadores e o povo. Putin foi eleito em democracia por leis democráticas que vigoraram na Rússia só enquanto ele não assumiu o Poder- a partir dai, como todos os ditadores da esquerda e da direita, fez a revisão das leis e repôs a pouco e pouco a "democracia popular" com que baptizou, logo à nascença, as 2 novas  republicas  roubadas à Ucrânia. Que bom seria o mesmo para Portugal, hem?

Não me venham com  as  patranhas sobre a agressividade da NATO e dos EUA, as calamidades que os americanos já provocaram no mundo - a guerra  suja do Vietnam, as intervenções na América do Sul, a invasão forjada na mentira do Iraque, o fiasco do Afeganistão, etc, etc. - para  justificar agora o direito da Rússia de atentar contra a soberania da Ucrânia. Se condenamos energicamente os EUA ( e lembrando que metade dos americanos votaram  em Trump e o apoiam...) não podemos com honestidade juntar qualquer favorecimento a Putin e à sua guerra perversa  e inútil - porque acredito que a Ucrânia reviverá, como reviveu Portugal e um dia há-de reviver a Catalunha.

E vejam na ONU quem é que votou a favor dos Russos... A ONU pouco ou nada faz, mas pelo menos representa a opinião da globalidade das nações do mundo - veja- se a manhosice da China, que se abstém e as "poderosas democracias" que votaram contra  Putin... 

Daria para mais, mas estou apertado de tempo, Hei-de regressar ao assunto...







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