terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 O desmoronar dum Governo...e do Estado

Só faltava isto na vida da política portuguesa, ver a pouco e pouco um Governo a desabar e entrar no pântano do insuportável esvaziamento da ética, da dignidade, do sentido de Estado. Tudo graças a uma maioria absoluta que, mais uma vez, os portugueses resolveram dar. Já na anterior   maioria deste género, com  o Cavaco, os últimos tempos tinham sido de derrocada, de buzinões, de desgaste, mas os portugueses  esqueceram-se e lá voltaram ao mesmo com este António Costa. Maioria absoluta que  inesperadamente saiu da eleições porque um bom número de eleitores do "centro" desconfiou da possível  ligação do PSD de Rui Rio aos "chegas"- ninguém esperava uma tal abundância de votantes no PS.

E António Costa revela que não está à altura de governar numa condição de poder quase absoluto,  digam  o que disserem, seja por arrogância, seja por estar a pensar mais na Europa do que neste rectângulo à beira mar implantado.

Agora é mentira sobre mentira, corrupção à vista caso a caso, não passa um dia sem que sejamos confrontados com mais poucas vergonhas, até de um homem que parecia sério e capaz de alterar a vida dentro do PS, o Pedro Nuno Santos, que afinal também se esqueceu de que tinha autorizado uma "pequena"  despesa, a tal "subvenção" de quinhentos mil euros à gestora da TAP, nomeada para Presidir à NAV e depois renomeada para o Governo; presidentes de Câmaras apanhados em actos de corrupção e compadrio - quantos devem andar, por esse país fora, agora com o rabinho entre as pernas e escondidos na multidão, antes que reparem neles...

Lá aparece, aqui e ali, alguém do PSD também metido em trafulhices pela simples razão de que este Partido  está há muito tempo fora do Poder e perdeu Câmaras e cargos.

Depois crescem os "chegas", autêntico conglomerado de oportunistas a usufruírem das fragilidades da democracia para melhor acabarem com ela apesar de uma retórica que o povinho adora- dizer mal de todos, apontar o dedo - e até têm razão, mas fariam muito pior, pela amostra dos políticos que têm à frente, se atingissem o poder.

Mas grave é o crescer da IL, porque os liberalistas não brincam em serviço.  Já  várias vezes tenho feito referência ao mito da hidra, quando lhe cortavam uma cabeça nasciam logo outras. O liberalismo económico-financeiro tem sido assim desde o século XIX, provoca as maiores crises mundiais, são escorraçados, mas ao menor deslize  aí está de novo a hidra. Tem sido assim desde a grande depressão dos EUA, depois sucessivamente em anos de crises  em que só a aplicação de medidas keynesianas com o Estado a injectar dinheiro na economia permitiu aguentar o equilíbrio mundial.

Com a queda da URSS os liberalistas entraram em êxtase, e um dos seus gurus,  Fukuyama, pateticamente previu o fim das ideologias, o fim da História, como até lhe chamou - ficaria apenas a lei do mercado. O Prémio Nobel de Economia J. Stiglitz não teve receio de denunciar em 2019  que o neoliberalismo prejudicou gravemente a democracia nos últimos 40 anos.

 Pois acabo de ouvir o manda chuva em retirada a IL a dizer aquilo que o PS adoptou de medidas liberais sugeridas ( e já em 2005 eu denunciei este socialismo liberal...), e o que era preciso fazer em termos liberais para a felicidade chegar ao país,.. 

Como é possível  ter um PS a criar esta pouca vergonha?! Toda a falta de medidas de médio e longo prazo para o sector primário tem apenas um objectivo, liberalista, de resto conseguido : impor a agricultura industrial e indústria da celulose.

A IL é mais perigosa em termos de futuro que os "chegas", pois têm um  projecto multisecular e uma cartilha reinventada sempre que uma crise estala.









Sem comentários:

Enviar um comentário