terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

 A nossa democracia

A gente  pasma com as autênticas patifarias que se estão  praticando por uso, ou melhor, puro abuso, das liberdades que a democracia nos consente.

A primeira   república  durou 16 anos e rapidamente  conseguiu reunir tantos anticorpos que baqueou a 28 de Maio de 1926; depois da longa noite fascista que durou até 1974, conseguimos recuperar a democracia, frágil  mas aparentemente com energia que já aguenta 50 anos. Mas não vale abusar...

Quer haja quem não queira ou não goste  que se puxe pelos galões, a  verdade é que na Europa é que se  foi construindo o edifício conceptual  e a progressiva mentalização da pessoas para a liberdade e a democracia.

Na Antiguidade Epicteto, ele mesmo escravo no século I dC, deixou estas palavras :"Soberano  de si  próprio é todo aquele  que face ao que quer e ao que não quer, tem a liberdade de o conservar ou de o recusar."

No século XVII Espinosa proclamou que" a liberdade é inalienável, a liberdade natural que é intrínseca ao ser humano, e antecede a liberdade que nos é outorgada  pelas leis que nos devem governar ."

O homem, como qualquer ser  vivo superior, procurou no início satisfazer sobretudo as suas  necessidades básicas, sem outra preocupação alem de  assegurar a  sobrevivência sua e do seu agregado familiar, mais tarde com maior organização, a liberdade do seu grupo ou etnia, e por aí fora até à complexa organização do Estado.

Só um homem livre sabe o que é  democracia e se torna responsável por ela; o ideal democrático baseia-se no primado da soberania da lei votada livremente por todos - todos os cidadãos são iguais perante a lei e responsabilizados pela falta de respeito aos ditames sociais e políticos  escolhidos pela "vontade geral"  como dizia  Rousseau,
Começou na Grécia, ainda imperfeita, atravessou os séculos da autoridade divina de reis e Papas,  renasceu contra as autoridades através de enforcamentos, das fogueiras, das torturas perpetradas  pelas minorias no Poder,  e brotou com o Renascimento, as Descobertas que deram a conhecer o mundo, as alquimias que foram desvendando os segredos dos elementos  naturais ...
  

No século XVII Montesquieu, no seguimento do que já Maquiavel escrevera nos finais do século XV, reconheceu que havia três regimes possíveis - a republica, a monarquia e a ditadura e ensinava  que a republica seria o sistema político mais justo porque a dinâmica que desenvolvia  o seu desempenho, o sentimento que a faz durar e perdurar, é a virtude. Esta virtude ou motivação ética é da natureza republicana.

(continua)








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